sexta-feira, 16 de novembro de 2012

ARINALDO GOMES BARRETO – homem de uma só palavra!

(Foto: Reprodução)
O Pioneiro Arinaldo Gomes Barrreto nasceu em 1939, filho de Luiz Gomes Barreto e Evença Gomes Barreto. Era pai do ex-Deputado Estadual e Vereador recém-eleito - Lucas Barreto e de José Cantuária Barreto, o Zeca Barreto, Promotor de Justiça do Amapá e blogueiro e também irmão da professora e artista plástica Nina Barreto Nakanishi, entre outros.  
Zeca Barreto conta que seu pai “era um homem simples, filho de nordestinos e, como não podia ser diferente, não levava desaforos para casa. Costumava receber amigos para um bom papo e passava horas conversando e se esquecia do tempo.”
“Era um homem cheio de vontade de viver. Sua inteligência, seu senso de humor inconfundível e sua sinceridade, eram dignos de causar vergonha a quem o acompanhava. Ele não conseguia mentir, tampouco fingir, simplesmente falava, contrariando o que ele sempre nos ensinava: “pense tudo quanto fale e não fale tudo quanto pense”. Ele falava tudo o que pensava, sem rodeios.”
“Tinha muitos amigos da sua difícil infância quando a família mudou para Macapá. Ainda era criança, apenas 5 anos, sem pai, que morrera precocemente, e pouco tempo depois, já ajudava na venda de pirulitos de maracujá que “Vó Evença” fazia.
(Foto ilustrativa/Google images) 

Colocava tudo numa tábua perfurada, pregada na ponta de um cabo de vassoura, e saia para vender com seu inconfundível bordão: “Olha o pirulito que bate-bate, pirulito que já bateu, quem gosta de mim é tua mãe, quem gosta da tua mãe sou eu!”. Era o Arinaldo, piruliteiro,...”
Os amigos de Arinaldo, daquela época “ainda se lembram das gozações e de quão bom ele era de peteca (bolinhas de gude). Era campeão e ganhava tudo, latas e latas, que também vendia para quem perdia. Mas, já adulto, sua principal diversão era a pescaria e tinha uma lista pronta com tudo o que deveria levar nas suas viagens para não esquecer de nada, inclusive os temperos para a comida. O grande problema era a “divisão” (como ele falava) do produto da pesca com quem era ruim de linha. Dizia: “esse parceiro é só blefe e eu ainda tenho que dividir por igual!”, seguido de uma gargalhada. Pura gozação!”
“Tinha verdadeira fixação por leitura e era muito bem informado. Passava horas lendo suas revistas e livros, principalmente de medicina veterinária, e discutia com os profissionais da área que davam assistência técnica na sua fazenda, empreendimento que era referência por ser a primeira a criar gado holandês puro no Amapá e a única que tinha ordenha de leite totalmente automatizada a vácuo, sem qualquer contato manual. Orgulhava-se de dizer que tudo o que possuía havia sido obtido com o esforço de uma vida de trabalho honesto.”
Arinaldo Barreto trabalhou por longos anos na Radional, que localizava-se em uma das casas na esquina da Av. Mendonça Furtado com a rua General Rondon no centro de Macapá.
Por ser técnico em eletrônica, participou da equipe que integrava a Sociedade Anômima Técnica de Rádio do Amapá – SATRA, que fundou a ZYD-11 - extinta Rádio Equatorial deMacapá, segunda emissora de amplitude modulada do Amapá,  que foi fechada pelo Governo Militar, em 1964. Após o fechamento da Equatorial, Arinaldo participou da primeira equipe que criou a Rádio Educadora São José de Macapá, terceira emissora de AM, de Macapá, que tinha como acionista maior a Prelazia de Macapá.
Zeca Barreto  assegura que seu pai “era um homem íntegro e de uma só palavra. Durante anos fiz a contabilidade da pequena loja de eletrônica que tínhamos (a Magnaton) e lembro que ele nunca pagou uma conta com atraso. Era extremamente cuidadoso com os seus negócios e tinha verdadeira aversão a dívidas, tanto que nunca tomou dinheiro emprestado em banco e sequer financiou os carros que possuía. Aplicava o dinheiro e quando já tinha o suficiente comprava à vista. Às vezes discutia com ele sobre isso, já era Economista, tinha uma visão diferente, mas era a forma como ele tratava os negócios e eu respeitava.”
“Meu pai era o mais novo de dez filhos e foi o primeiro a partir, aos 55 anos de idade no dia  6 de abril de 1995. Foi uma dor que parecia não ter fim, quase insuportável para todos nós, sobretudo para a mamãe que parece nunca ter superado a sua partida. Sofri muito e até abandonei o curso de Direito por seis meses por não conseguir me concentrar. Foi muito difícil, pelo seu sofrimento que o Lucas, minha mãe e eu acompanhamos de perto durante os quatro meses de tratamento. Mas deixou o Delmir, meu irmão mais novo, sua cópia fiel, para que nos lembremos sempre da sua presença.”
Adaptação do texto de Zeca Barreto (*)
(*) José Cantuária Barreto (Zeca Barreto) - Promotor de Justiça do Amapá e blogueiro - é filho de Arinaldo Gomes Barreto.
Texto original sob o título “Saudades de filho”, postado no domingo, 14 de agosto de 2011 no blog “Meu Pirão Primeiro” by Zeca Barreto.
(Última atualização dia 17/nov/2012)

2 comentários:

  1. Lázaro. Obrigado pela lembrança do meu querido e amado Pai e pela referência ao blog. Reconheço que fiquei lhe devendo algumas informações após a conversa que tivemos pelo telefone, pelo que lhe peço sinceras desculpas. É que estive ocupado com a obra da minha casa e acabei sem tempo para procurar fotos com a minha mãe que, diga-se, ficou muito feliz ao saber da sua lembrança.
    Grande abraço.

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  2. Confirmo exatamente tudo isso, convivia essa verdade do Tio todos os dias nas minhas ferias.
    Uma madrugada entrou no quato e deixou cair uma tampa de panela nos acordando e falo:
    -Oooo, deaculpa!
    "Mas ja que acordou vamos pra cozinha conversar"
    Pos religiosamente fazia o café e passava manteiga no para para todos os vaqueiros que trabalhavam na fazenda, voltava logo pra casa na na sede da fazenda aos domingos pra assistir globo ruarl ou pesca e CIA.
    Otimas lembranças.
    Tristi perda, pos convivi todu de perto e realmete sofremos.
    Mas suas historias sao as melhores lembrança.
    Lembro de uma frase:
    " Esse senhor é meu patrao!"
    Infalivel pra tirar um sorriso.
    Esse era Tio Arinaldo.

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