quinta-feira, 22 de setembro de 2016

Foto Memória da Política Amapaense: Eleições Presidenciais de 1950

Hoje trago, para ativar a Memória da Política Amapaense, uma foto que encontrei, já há algum tempo, num dos arquivos históricos da cidade, mas que não havia identificado de que se tratava. Não encontrei, num primeiro momento, nem pessoas ou ambientes que me facilitassem a identificação daquela ação registrada nas imagens. Finalmente, através de uma postagem da amiga Rita Goebel - uma atuante colaboradora e integrante do grupo do Memorial Amapá - ocorrida em julho passado, tive finalmente, a resposta que tanto procurava.
Num único comentário que a matéria recebeu, o jornalista Ernani Marinho deixou registrado, de forma clara e brilhante, ricos detalhes de um momento político eleitoral, vivido no país.
Ele conta que “nas eleições presidenciais de 1950, o governador Janary Nunes apoiou o candidato do PSD (Partido Social Democrático), seu partido, Christiano Machado, que concorreu com Getúlio Vargas, candidato do PTB (Partido Trabalhista Brasileiro).
Segundo Ernanio candidato vitorioso foi Getúlio Vargas, do PTB, com o Brigadeiro Eduardo Gomes, da UDN, em segundo. O candidato de Janary ficou em terceiro.
Diz ainda que,com a posse de Getúlio na Presidência da República, a expectativa geral era que viesse a substituir Janary Nunes no cargo de governador, o que não aconteceu. Getúlio o manteve no cargo.
Ernani complementa dizendo quepesou, em favor de Janary, para a sua manutenção no cargo de governador, o fato de que tinha a mesma formação militar de Getúlio, além de estar desenvolvendo com sucesso administrativo a implantação do Território, assim como ter demonstrado grande liderança nas eleições, já que Christiano Machado só ganhou a eleição no Amapá e no Pará, este também governado por um militar, o Gen. Barata.
Sabendo, agora, de que evento se tratava, resolvi editar um post para o Porta-Retrato, reproduzindo a foto e sua história para os nossos leitores.
Voltei ao Ernani, para identificar o local daquela manifestação. Ele só sabia que era em Macapá.
Recorri então ao amigo Nilson Montoril, que mesmo em férias com a família, longe do Amapá, nos atendeu e complementou:
Em 1950, o candidato do Partido Social Democrático-PSD, era Cristiano Machado, que concorreu com Getúlio Vargas (PTB), brigadeiro Eduardo de Gomes e outros candidatos.
Janary Nunes, que tinha sido nomeado governador do Território Federal do Amapá por Getúlio Vargas, em 27 de dezembro de 1943, foi o único gestor público filiado ao PSD que se manteve fiel a seu partido.
Na eleição de 5 de outubro de 1950, Cristiano Machado superou com boa margem de votos de todos os adversários ficando na terceira posição no computo geral. A Única coisa deferente que os eleitores de Cristiano Machado usaram foi um boton colorido em forma de broche."
"A imagem de propagandistas do PSD foi captada na atual Avenida Presidente Vargas quase esquina com Cândido Mendes, em frente à sede do partido.
O prédio era da família do coronel Manuel Theodoro Mendes (pai de Dona Carmem Mendes e avô do Machadinho da PMM). 
As duas mangueiras são as que estão perto da banca do Dorimar, na Praça Veiga Cabral. ”
Saiba quem foi Cristiano Machado:
Cristiano Monteiro Machado nasceu em Sabará (MG), no da 5 de novembro de 1893, filho de Virgílio Machado e de Marieta Monteiro Machado.
Bacharel pela Faculdade Livre de Direito do Rio de Janeiro em 1918, de volta a Minas Gerais foi oficial-de-gabinete do presidente do estado, Raul Soares, entre 1922 e 1924. Nesse último ano, assumiu uma cadeira na Assembleia Legislativa de Minas Gerais. Prefeito de Belo Horizonte entre 1926 e 1929, em março de 1930 elegeu-se deputado federal. Renunciou ao mandato em setembro para ocupar a Secretaria do Interior do governo estadual de Olegário Maciel. Partidário da Revolução de 1930, que levou Vargas ao poder em novembro desse ano, nesse mesmo mês deixou a pasta do Interior.
Em maio de 1933, conquistou uma cadeira na Assembleia Nacional Constituinte e em outubro de 1934 foi eleito deputado federal. Renunciou ao mandato em 1936, para ocupar, em setembro, a Secretaria de Educação e Saúde Pública de Minas Gerais, no governo de Benedito Valadares. Deixou o cargo no início de novembro de 1945, em decorrência da deposição de Getúlio Vargas (29/10/1945) pelos chefes militares e do consequente término do governo Valadares. Ainda em 1945, filiou-se ao Partido Social Democrático (PSD), em cuja legenda foi eleito deputado à Constituinte de 1946.
Em 15 de maio de 1950, foi lançado candidato à presidência da República pelo PSD nas eleições que se realizariam em outubro. Dois dias depois, o conselho nacional do partido ratificou oficialmente essa decisão, que entretanto ainda dependia de confirmação na convenção nacional.A ala getulista do PSD do Rio Grande do Sul (favorável à indicação de Nereu Ramos) recusou-se a aceitar a candidatura de Cristiano Machado.
Ainda em maio, membros do Partido Social Progressista (PSP), de Ademar de Barros, comunicaram que não apoiariam Cristiano, já que a candidatura de Getúlio Vargas, do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), apoiada por Ademar, seria lançada em 17 de junho. Embora o PSD ficasse dividido, o nome de Cristiano Machado foi aclamado no dia 9 de junho, na convenção nacional do partido. Em julho, a maioria do Partido Republicano (PR) manifestou-se favorável ao candidato oficial do PSD, indicando o seu afiliado Altino Arantes para a vice-presidência. Cristiano fez ainda uma aliança com Hugo Borghi, candidato ao governo de São Paulo pelo Partido Trabalhista Nacional.
Nas eleições de 3 de outubro de 1950, a chapa Cristiano Machado-Altino Arantes (PSD-PR) concorreu com as de Eduardo Gomes-Odilon Braga (União Democrática Nacional) e Getúlio Vargas- João Café Filho (PTB-PSP), entre as mais importantes. Vargas saiu amplamente vitorioso, contando, inclusive, com votos de vários redutos do PSD. A transferência dos votos de Cristiano para Vargas caracterizou um processo de esvaziamento eleitoral que ficou conhecido no jargão político como "cristianização". A chapa udenista ficou em segundo lugar.
Em 1953, foi nomeado embaixador do Brasil junto à Santa Sé. Tendo assumido o cargo em outubro, faleceu pouco depois, em Roma, no dia 26 de dezembro de 1953.
Foi casado com Celina Magalhães Gomes. Viúvo, casou-se pela segunda vez com Hilda von Sperling.
Seu arquivo pessoal encontra-se depositado no Centro de Pesquisa e Documentação da História Contemporânea do Brasil (Cpdoc) da Fundação Getúlio Vargas. (Disponível em cpdoc.fgv.br/)

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