A Banca Canarinho, todos conhecem, mas ninguém sabe onde fica.
Texto: Édi Prado
E não adianta perguntar nem para os
frequentadores assíduos, que batem cartão todos os domingos. Mas se quiserem
saber onde é a Banca do Dorimar, ahhhhhhh, sim! Ela é a referência
inclusive da Praça Veiga Cabral, criada oficialmente junto à instalação da Vila
de São José de Macapá, em 04.02.1758.
A história da Banca do Dorimar começa
em 19.03.1974. Dia do Padroeiro São José. Tudo começou quando o
paraense, Dorimar Marques Monteiro, do município de Vigia
no Pará, que chegou ao Amapá em 1955, decidiu deixar o emprego na Indústria e
Comércio de Minérios (Icomi).
Ele, que era garçom do restaurante executivo, em
Serra do Navio, estava insatisfeito. E não havia
oferta de emprego melhor que a multinacional Icomi. O cunhado dele, Chico
Leite, era proprietário da Agência Zola. A maior livraria e revistaria da
cidade na época. E vendo a angústia de Dorimar resolveu oferecer uma banca de
revistas para ir se arrumando.
Depois de muito pensar aceitou o
desafio. Chico Leite mandou buscar uma banca de Belém e a instalou na
Rua Cândido Mendes, com a Presidente Vargas. No lugar oposto de onde está
hoje. Era concorrente para o Nena Leão que já estava absoluto no mercado.
A esposa dele, Ana Maria Pontes Monteiro, abraçou a causa e foi trabalhar
com ele na banca. “Ela sempre foi meu esteio que me dá segurança e me
apoia nas decisões”, revela Dorimar.
“A banca não tinha nome.
Era tempo de Copa do mundo de 1974. A Seleção Canarinho estava em
toda a parte e cantada em versos, prosas e samba. Taí um bom nome: Banca Canarinho”,
relembra o batismo.
No início, a banca era do tipo
itinerante e de metal. No caso de fiscalização é só transferir para outro
lugar.
Depois se mudou definitivamente para onde está hoje. Após 15
anos de funcionamento, construiu uma banca em alvenaria, dando um
novo visual na esquina da Avenida Presidente Vargas e Rua Cândido Mendes, na
Praça Veiga Cabral. No ano de 2000, quando Anníbal Barcellos era prefeito da
cidade de Macapá, a Banca do Dorimar foi instituída como
Área de Preservação Cultural, através da Lei nº 1062/2000-PMM. Pronto. Estava
seguro e legalmente assentada a Banca Canarinho, que sempre é chamada
de "do Dorimar".
“Foi daqui deste trabalho que eduquei
meus filhos, fiz várias amizades e formei outra grande família de clientes. Nem
vou citar nomes. Sei que posso esquecer um montão. Recordo do tempo
em que era representante do O Liberal. O jornal chegava lá
pelas 11 h da manhã. Era o único voo. E desde as 9 h já tinha gente esperando o
jornal chegar. E foi criando o hábito do pessoal de vir aos
domingos para a Banca conversar, trocar figurinhas e se atualizar dos
fatos da cidade”, relembra.
Além disso, a banca já
rendeu bons frutos a Dorimar . Alguns títulos e comendas, como o Título
Honorífico de Cidadão Macapaense, concedido pela Câmara Municipal de Macapá;
Título de Honra ao Mérito, da Assembleia Legislativa do Amapá, Honra
ao Mérito da Associação Comercial do Amapá (ACIA) e o Prêmio de Maior
Vendedor de Jornais, concedido pelo Jornal do Dia, prêmio que faz
coleção. “Ainda vou mandar fazer um grande painel com as fotos dos
frequentadores, como homenagem e reconhecimento pela fidelidade”, sonha Dorimar.
E não só de livros e revistas e venda
de bilhetes para shows, futebol e outras atrações, vive a Banca do Dorimar.
Além de se transformar em ponto
de encontro de artistas, jornalistas, radialistas e gente do povo que
se mantém atualizado, além dos intelectuais da cidade de Macapá. Por ali
trafegam milhares de pessoas em busca de informação, entretenimento, ou
simplesmente uma pausa embaixo das frondosas mangueiras.
Quando completou 40 anos
da Banca do Dorimar, houve uma grande festa popular
aproveitando os festejos do Padroeiro São José. Foi promovido o
encontro de gerações e culturas diversas. O Sarau foi marcado pelo
encontro das matrizes culturais amapaense e brasileira, que ecoaram em forma de
batuques e poesia pelos arredores da Praça.
A abertura foi realizada pelo grupo
tradicional Berço do Marabaixo, seguido pelo Grupo Folclórico Amigos
da Toada, que trouxe para o sarau a apresentação intitulada “Tambor de bem
querer”, uma homenagem à miscigenação da cultura local.
Teve de tudo como se fosse um grande
arraial cultural. A Cia. de Dança Afro Baraká reforçou a matriz africana com
coreografias resultantes de aprofundadas pesquisas coletivas. A poética
ficou por conta do Movimento Poesia na Boca da Noite, que
estendeu o pano estampado na praça e os integrantes distribuíram poesias
aos quatro ventos. Houve também a exposição de telas do pintor
Miguel Arcanjo que retratam a biodiversidade da paisagem local. No mesmo
estande, o “Capitão Açaí” satirizava os super-heróis com uma pitadinha de sabor
regional, obra de Ronaldo Rony.
A programação atraiu a atenção das
pessoas que transitavam pelo centro comercial de Macapá, muitas se juntaram à
roda de festejos e permaneceram por lá até o encerramento com as apresentações musicais: Zé Maria Braga, Mayara Braga e
outras atrações.
RESUMO HISTÓRICO - A primeira banca de revista da capital
amapaense, surgiu ao lado do Clip Bar, em frente ao Mercado Central de
Macapá.
Foi montada pelo empresário Francisco de
Assis Monteiro Leite que conta detalhes de sua iniciativa:
"Eu fiz uma banquinha de madeira, pedi licença da PMM para colocar uma banca de revista e o banqueiro era o Nena Leão.
Depois tiramos a banca de fora do Mercado e a instalamos dentro; era a maior e mais completa de Macapá. A
segunda banca, a primeira de alumínio, foi instalada na Praça Veiga Cabral,
onde tinha o terminal de transportes para Santana e aí foram disseminadas na cidade". (Fonte: Tribuna Amapaense)