segunda-feira, 22 de abril de 2024

MEMÓRIA DA EDUCAÇÃO AMAPAENSE > PROFESSORA MARIA CAVALCANTE DE AZEVEDO PICANÇO (In memoriam)

A professora Maria Cavalcante, assim como outras docentes, chegou a Macapá no início do Território Federal do Amapá. Em reconhecimento ao seu trabalho, o blog Porta-Retrato-Macapá presta uma justa homenagem publicando sua biografia.

MARIA CAVALCANTE DE AZEVEDO PICANÇO nasceu no dia 02 de dezembro de 1929 na cidade de Belém, no Estado do Pará. Foi a segunda filha de Cleveland de Sá Cavalcante e Maria Antonieta dos Santos Cavalcante de uma prole de nove filhos. Concluiu seu curso primário no Grupo Escolar Dr. Freitas em Belém do Pará no ano de 1942 e o ensino secundário na Escola Normal do Instituto de Educação do Pará (IEP), formando-se normalista no ano de 1947. No ano seguinte mudou-se para o então Território Federal do Amapá, onde foi nomeada como professora do ensino primário para lecionar no Grupo Escolar de Mazagão, em 10 e setembro de 1948. Seguiu como professora no referido Grupo Escolar até 1949 quando foi transferida para Macapá, passando a atuar no Grupo Escolar Barão do Rio Branco até 1956. Atuou também no Grupo Escolar Azevedo Costa de 1957 a 1960, Grupo Escolar Modelo Guanabara de 1961 a 1964 e Escola Paroquial São José de 1965 a 1968.   Já no ano de 1969 passou a lecionar como professora do ensino médio, na disciplina de Língua Portuguesa, no Instituto de Educação do Território Federal do Amapá – (IETA), permanecendo nessa função até o ano de 1976. Ao longo de sua trajetória nas atividades de educação e ensino da juventude amapaense, sempre procurou manter-se atualizada, participando de inúmeras atividades e reciclagem na área e em 1975 formou-se em Supervisão Escolar pela Universidade Federal do Pará, passando a atuar como supervisora no IETA no período de 1976 a 1984. Encerrou sua carreira na educação em 10 de abril de 1985.

Foto: Arquivo Pessoal

Casou-se com o também professor Ubiracy de Azevedo Picanço, com quem teve quatro filhos, Maria de Nazaré Cavalcante de Azevedo Picanço, Maria Elizabeth Cavalcante de Azevedo Picanço, Ubiracy de Azevedo Picanço Junior e João Cleveland Cavalcante de Azevedo Picanço. A professora Maria Cavalcante faleceu no dia 13 de fevereiro de 1997, deixando entristecidos e saudosos seus familiares, amigos e ex-alunos. Seu corpo descansa em paz no jazigo da família, no Cemitério N. S. da Conceição, no centro de cidade.

Em sua memória o Governo do Amapá colocou seu nome na escola Escola Estadual Maria Cavalcante, localizada no bairro Brasil Novo, zona norte de Macapá.

Texto: João Cleveland Cavalcante de Azevedo Picanço, filho da biografada 

Agradecemos ao Bira Picanço que  nos forneceu a biografia de sua mãe.

 

sexta-feira, 19 de abril de 2024

FOTO MEMÓRIA – PIONEIROS DO AMAPÁ

Médico e amigo Leão Zagury envia, do Rio de Janeiro, para o blog Porta-Retrato-Macapá, mais uma rara relíquia de seu baú de lembranças! Nas imagens, ele, aos sete/oito anos de idade, com dois ilustres pioneiros do Amapá: Edilson Borges de Oliveira (*) e Clóvis Penna Teixeira. Edilson Borges, filho do intendente Ernestino Borges, foi o décimo terceiro prefeito do Município de Macapá e o terceiro da segunda república pelo PSD (Partido Social Democrático). Borges de Oliveira exerceu a administração de Macapá no período de janeiro de 1950 a março de 1951. Clóvis Teixeira trabalhou com Janary Nunes, foi Secretário Geral do Território do Amapá durante o governo de Raul Montero Valdez e ainda Representante do Amapá em Belém. Leão recorda que a fotografia dos anos 1950 foi tirada em Belém do Pará, durante o seu tratamento médico naquela cidade.

(*) irmão de Sandó e Aurino Oliveira

Foto: Leão Zagury/Arquivo Pessoal (Cortesia)

terça-feira, 16 de abril de 2024

PIONEIRO DO ESCOTISMO AMAPAENSE > CHEFE DÁRIO CORDEIRO JASSÉ (in memorian)

Chefe DÁRIO CORDEIRO JASSÉ, deixou seu nome nos anais do Movimento Escoteiro do Amapá. 

Foi dele a iniciativa de fundar no dia 13 de julho de 1947, em Macapá, a Associação de Escoteiros do Mar “Marcílio Dias”.

Em razão disso, o blog Porta-Retrato-Macapá presta-lhe merecida homenagem póstuma.

O paraense DÁRIO CORDEIRO JASSÉ, filho de José Jassé e Rita Cordeiro Jassé, nasceu em Belém/PA, dia 18 de maio de 1907. Enquanto permaneceu em Belém residiu na Rua dos 48, por trás da Igreja da Santíssima Trindade e na Avenida 25 de setembro, aos fundos do Bosque Rodrigues Alves. Na capital paraense ministrou aulas de educação física em diversos estabelecimentos de ensino e integrou o movimento escoteiro. Convidado para trabalhar em Macapá, Dário Jassé lá chegou em abril de 1947, sendo lotado na então Divisão de Educação e exercendo a função de Inspetor de Ensino. Fixou residência no bairro do Trem, onde a Prefeitura de Macapá havia concedido à associação que dirigia uma ampla área delimitada pelas Avenidas Cônego Domingos Maltez/Antônio Gonçalves Tocantins e pelas Ruas General Rondon/Eliezer Levy. De imediato foi demarcado um campo de futebol e iniciada a construção de um barracão. As instruções sobre o escotismo eram ministradas no revelim da Fortaleza de São José. No pentágono localizado à frente da Fortaleza, o chefe Dário Cordeiro Jassé ministrava os ensinamentos sobre escotismo aos componentes do Grupo Marcílio Dias. As aulas sempre ocorriam à tarde e atraiam dezenas de curiosos, principalmente crianças.

Família

Chefe Dário Jassé teve ao todo dez (10) filhos, frutos de dois relacionamentos: seis homens e quatro mulheres, duas delas são macapaenses: além de Rita Célia, que mora em Brasília, e Regina Clélia que mora em Macapá, havia um menino de nome Manoel que viveu poucos dias, e era o único filho macapaense. Os demais, todos paraenses: Lia, a mais velha de todos, ainda viva e lúcida, com mais de 90 anos (95/96) mora no Rio de Janeiro. Norma, Dário Maurício, José, Carlos Fernando e Raimundo Sérgio são falecidos. Nosso informante o paraense Antônio Mario, hoje (2024) com 77 anos, aposentado, também mora em Macapá há muitos anos, casado com uma das filhas do Seu Barbosa, reside na área da antiga Vacaria, no bairro do Beirol.

Morte e homenagens póstumas

Em 1953, doente, chefe Dário Jassé foi internado no Hospital do IPASE, no Rio de Janeiro, onde faleceu a nove de março. Em maio ele completaria 46 anos de idade. O corpo de Dário Jassé foi enterrado no cemitério São João Batista e o governo do Amapá arcou com as despesas de seu funeral. Dário Jassé era o Comissário Regional da União dos Escoteiros do Brasil, no Amapá e Clodoaldo Nascimento o subcomissário. No dia 3/4/1953, às 10 horas, o Grupo Marcílio Dias prestou-lhe homenagens na área da entidade que fundara. Houve hasteamento da bandeira nacional e colocação de uma placa homenageando o extinto. O tenente Glycério de Souza Marques teceu breves comentários sobre a vida do Professor Jassé. Compareceram à solenidade: o Dr. Hildemar Pimentel Maia, governador em exercício; Heitor de Azevedo Picanço, presidente da União dos Escoteiros do Brasil - Regional do Amapá; Jacy Barata Jucá, presidente da Associação Marcílio Dias e Clodoaldo Carvalho do Nascimento, Comissário Regional substituto. Cantou-se a canção do silêncio e a valsa da despedida. Jacy Barata Jucá e Heitor Picanço descerraram a placa Dário Jassé com os dizeres: “Marcílio Dias, Campo Escola Dário Jassé. Em 1958, o chefe Clodoaldo Nascimento foi ao Rio de Janeiro para providenciar a vinda dos despojos de Dário Jassé para Macapá, fato concretizado dia 17/11/1958, em avião do Lóide Aéreo Nacional.

A foto acima, registra o momento em que a carreta que transportava a urna mortuária do chefe Dário Cordeiro Jassé estacionava no pátio central da Fortaleza de Macapá e o chefe Raimundo Façanha direcionava a roda dianteira esquerda do pequeno veículo no sentido da capela de São José. Do lado oposto, entre os escoteiros que empurravam o carro vemos o chefe Luciano. No interior da carreta há dois lobinhos do Grupo Marcílio Dias. O lobinho que está perto do chefe Luciano é o Urivino Bandeira, ainda vivo. Dentre as pessoas que recepcionaram o chefe escoteiro falecido identificamos o senhor Belarmino Paraense de Barros, de roupa branca e o Inspetor da Guarda Territorial Ítalo Marques Picanço que faz a saudação escoteira. Observe que a urna mortuária estava na carreta e sobre ela foi postada uma flor de lis, o símbolo do escotismo. Esta urna ainda se encontra guardada no interior da Fortaleza. A urna mortuária, contendo na parte superior uma flor de lis, símbolo do escotismo, foi trasladada para a capela de São José, na Fortaleza de Macapá. À época, ainda se falava na construção de um memorial destinado aos pioneiros da implantação do Território do Amapá e a urna contendo os restos mortais de Dário Jassé seria guardada no citado monumento juntamente com os despojos de Joaquim Caetano da Silva. Com o passar dos anos, muitos mentores da ideia deixaram o Amapá e ela foi fenecendo. Durante muito tempo as urnas de Joaquim Caetano e de Dário Jassé permaneceram na sacristia da capela da Fortaleza. Transferidas para outro edifício do velho forte, elas passaram a figurar como reserva técnica do Museu Histórico Joaquim Caetano da Silva. Atualmente, a urna do patrono do museu está guardada no prédio da antiga Intendência de Macapá. A urna de Dário Jassé permanece como “reserva técnica” e mantida na Fortaleza. O historiador Nilson Montoril de Araújo afirmava com absoluta convicção que os restos mortais contidos na urna que está sendo mantida na Fortaleza são de Dário Cordeiro Jassé. Ele viu a urna chegar a Macapá e acompanhou o féretro até a Fortaleza. Naquele dia 17 de novembro de 1958, Nilson estava entre os escoteiros macapaenses, pois integrava o Grupo São Jorge. Dentre os pioneiros do escotismo no Amapá, ainda vivo o chefe José Raimundo Barata, com 96/97 anos e reside em Belém do Pará. Manoel Ferreira, o popular Biroba, que era um dos chefes dos escoteiros do mar também testemunhou o fato aqui narrado.

Texto de Nilson Montoril, adaptado para o Porta-Retrato, publicado originalmente no blog Arambaé, do próprio Nilson.

Nota do EditorAgradecemos ao amigo Antônio Mário, filho do biografado, que contribuiu com informações para atualização desta biografia! (João Lázaro)

segunda-feira, 15 de abril de 2024

CULTURA: FUTLAMA – PATRIMÔNIO CULTURAL E IMATERIAL DE MACAPÁ

Foto: Arquivo GE/AP
De acordo com o Museu do Futebol, o futlama é uma modalidade que os ribeirinhos das ilhas do Amapá praticam nas lamas formadas pela baixa maré às margens do Rio Amazonas. A movimentação das águas determina a forma do campo e o horário das partidas, onde é usada uma bola impermeabilizada para não encher de água. O "futebol na lama" surgiu de forma informal, quando amigos se reuniam nos fins de semana para jogar peladas na beira do rio, na década de 1990. Os praticantes são residentes nos bairros Santa Inês, Perpétuo Socorro e Cidade Nova. O principal local para os jogos é o trecho do rio situado ao lado do Trapiche Eliezer Levy, próximo à imagem de São José, padroeiro do Estado, com vista para o Complexo Beira Rio e a bicentenária Fortaleza de São José, locais de referência e cartões postais de Macapá. A prática requer maior cuidado, uma vez que a praia é lisa, e é necessário ter cautela para não causar danos ao adversário. Além disso, é um meio de entretenimento para atletas e familiares que assistem às partidas. A prática se tornou um esporte e, atualmente, conta com uma federação e um campeonato estaduais, que ocorrem entre agosto e outubro. A Federação Amapaense de Futlama foi constituída em 27 de agosto de 2007. 

Foto: PMM/Divulgação

O campeonato já teve três edições, com a participação média de 100 equipes, incluindo equipes femininas e masculinas, que participaram do evento. Além do torneio oficial, é possível encontrar pessoas jogando bola nos campos cobertos de lama à margem do rio, ao longo de todo o ano. Os times têm nomes que homenageiam termos regionais como "Tralhoto" e "Carataí", que são nomes de peixes da região amazônica. Os pássaros "Tico-tico" e "Beija-flor", "Pau-ferro" e "Maçaranduba", nomes de madeiras nativas, são alguns exemplos. Participam ainda as equipes de Acari, Boto Cor de Rosa, Peixe-Boi, Tucunaré, Candiru, Tilápia, Carpa, Gavião, União São João, Camarão, Vento D`água, Turu, Peixe Espada, Sereias, Amazonas, Água-Marinha, Abacaxi, Jacaretinga, Tubarão Branco, Falcão, Pratinha, Beta Azul, Orquídea, Kanário, Coração, Arraia, Jaú e Flamingo, etc.

As regras do futsal são as mesmas. O escanteio é diferente, pois pode ser cobrado com os pés ou com as mãos.

Em maio de 2021, o futlama foi declarado Patrimônio Cultural e Imaterial de Macapá por meio da Lei 2454/2021, de autoria do vereador Alexandre Azevedo, e sancionada pelo prefeito da capital, Dr. Furlan.

Fonte: Museu do Futebol

quarta-feira, 3 de abril de 2024

UM PIONEIRO DO AMAPÁ > JOSÉ OTÁVIO MAIA (in memoriam)

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Nossa homenagem póstuma a um dos Pioneiros do Amapá.

JOSÉ OTÁVIO MAIA um dos Pioneiros do Amapá, nasceu em Fortaleza, Ceará em 19 de junho de 1925, filho de José Augusto Brandão Maia e Maria Brandão Maia. Apesar de não ter formação superior, seu conhecimento empírico o permitiu executar diversas tarefas de forma segura e com excelente desempenho.  Chegou ao então Território Federal do Amapá em meados de 1945, recrutado para trabalhar como soldado da borracha, na extração do látex, suco leitoso esbranquiçado tirado da seringueira. Deixou a mata e foi para a cidade. A empresa ICOMI, sediada em Santana, ofereceu-lhe um emprego na estação ferroviária de Porto Platon.  Após alguns anos, no final dos anos 50, saiu da empresa para ingressar no quadro de funcionários do Governo do Território do Amapá. Viveu com a família por mais de 25 anos na Av. Raimundo Álvares da Costa, situada entre as Ruas Tiradentes e São José, em frente à antiga Garagem Territorial. Com desempenho e competência, ocupou cargos de relevância nos governos da época:  foi Diretor da Rádio Difusora de Macapá, trabalhou na Garagem Territorial e na Secretaria de Educação. Atuou como professor na Escola Industrial de Macapá, tendo, posteriormente, conseguido  sua aposentadoria. Era casado com a Sra. Norma Magalhães Maia, com quem teve 12 filhos, sendo que 4 já faleceram. Teve ainda 32 netos, 24 bisnetos e 02 tataranetos. Em 19 de fevereiro de 1992, aos 66 anos de idade, faleceu em Belém do Pará, vítima de um câncer na garganta e faringe. O corpo foi trasladado para Macapá e está sepultado no Cemitério de São José, situado no Bairro de Santa Rita.

Nota do Editor: Agradecemos ao Carlos Magno, filho do biografado, que nos auxiliou na elaboração desta biografia! (João Lázaro)