Chefe
DÁRIO CORDEIRO JASSÉ, deixou seu nome nos anais do Movimento Escoteiro do
Amapá.
Foi dele a iniciativa de fundar no dia 13 de julho de 1947, em Macapá, a
Associação de Escoteiros do Mar “Marcílio Dias”.
Em razão
disso, o blog Porta-Retrato-Macapá presta-lhe merecida homenagem póstuma.
O paraense DÁRIO
CORDEIRO JASSÉ, filho de José Jassé e Rita Cordeiro Jassé, nasceu em Belém/PA,
dia 18 de maio de 1907. Enquanto permaneceu em Belém residiu na Rua dos 48, por
trás da Igreja da Santíssima Trindade e na Avenida 25 de setembro, aos fundos
do Bosque Rodrigues Alves. Na capital paraense ministrou aulas de educação
física em diversos estabelecimentos de ensino e integrou o movimento escoteiro.
Convidado para trabalhar em Macapá, Dário Jassé lá chegou em abril de 1947,
sendo lotado na então Divisão de Educação e exercendo a função de Inspetor de
Ensino. Fixou residência no bairro do Trem, onde a Prefeitura de Macapá havia
concedido à associação que dirigia uma ampla área delimitada pelas Avenidas
Cônego Domingos Maltez/Antônio Gonçalves Tocantins e pelas Ruas General
Rondon/Eliezer Levy. De imediato foi demarcado um campo de futebol e iniciada a
construção de um barracão. As instruções sobre o escotismo eram ministradas no revelim da Fortaleza de São José. No pentágono localizado à frente da Fortaleza, o
chefe Dário Cordeiro Jassé ministrava os ensinamentos sobre escotismo aos
componentes do Grupo Marcílio Dias. As aulas sempre ocorriam à tarde e atraiam
dezenas de curiosos, principalmente crianças.
Família
Chefe Dário
Jassé teve ao todo dez (10) filhos, frutos de dois relacionamentos: seis homens
e quatro mulheres, duas delas são macapaenses: além de Rita Célia, que mora em
Brasília, e Regina Clélia que mora em Macapá, havia um menino de nome Manoel que
viveu poucos dias, e era o único filho macapaense. Os demais, todos paraenses:
Lia, a mais velha de todos, ainda viva e lúcida, com mais de 90 anos (95/96)
mora no Rio de Janeiro. Norma, Dário Maurício, José, Carlos Fernando e Raimundo
Sérgio são falecidos. Nosso informante o paraense Antônio Mario, hoje (2024) com 77
anos, aposentado, também mora em Macapá há muitos anos, casado com uma das
filhas do Seu Barbosa, reside na área da antiga Vacaria, no bairro do Beirol.
Morte e
homenagens póstumas
Em 1953,
doente, chefe Dário Jassé foi internado no Hospital do IPASE, no Rio de
Janeiro, onde faleceu a nove de março. Em maio ele completaria 46 anos de
idade. O corpo de Dário Jassé foi enterrado no cemitério São João Batista e o
governo do Amapá arcou com as despesas de seu funeral. Dário Jassé era o
Comissário Regional da União dos Escoteiros do Brasil, no Amapá e Clodoaldo
Nascimento o subcomissário. No dia 3/4/1953, às 10 horas, o Grupo Marcílio Dias
prestou-lhe homenagens na área da entidade que fundara. Houve hasteamento da
bandeira nacional e colocação de uma placa homenageando o extinto. O tenente
Glycério de Souza Marques teceu breves comentários sobre a vida do Professor Jassé.
Compareceram à solenidade: o Dr. Hildemar Pimentel Maia, governador em
exercício; Heitor de Azevedo Picanço, presidente da União dos Escoteiros do
Brasil - Regional do Amapá; Jacy Barata Jucá, presidente da Associação Marcílio
Dias e Clodoaldo Carvalho do Nascimento, Comissário Regional substituto.
Cantou-se a canção do silêncio e a valsa da despedida. Jacy Barata Jucá e
Heitor Picanço descerraram a placa Dário Jassé com os dizeres: “Marcílio Dias,
Campo Escola Dário Jassé. Em 1958, o chefe Clodoaldo Nascimento foi ao Rio de
Janeiro para providenciar a vinda dos despojos de Dário Jassé para Macapá, fato
concretizado dia 17/11/1958, em avião do Lóide Aéreo Nacional.
A foto
acima, registra o momento em que a carreta que transportava a urna mortuária do
chefe Dário Cordeiro Jassé estacionava no pátio central da Fortaleza de Macapá
e o chefe Raimundo Façanha direcionava a roda dianteira esquerda do pequeno
veículo no sentido da capela de São José. Do lado oposto, entre os escoteiros
que empurravam o carro vemos o chefe Luciano. No interior da carreta há dois
lobinhos do Grupo Marcílio Dias. O lobinho que está perto do chefe Luciano é o
Urivino Bandeira, ainda vivo. Dentre as pessoas que recepcionaram o chefe
escoteiro falecido identificamos o senhor Belarmino Paraense de Barros, de
roupa branca e o Inspetor da Guarda Territorial Ítalo Marques Picanço que faz a
saudação escoteira. Observe que a urna mortuária estava na carreta e sobre ela
foi postada uma flor de lis, o símbolo do escotismo. Esta urna ainda se
encontra guardada no interior da Fortaleza. A urna mortuária, contendo na parte
superior uma flor de lis, símbolo do escotismo, foi trasladada para a capela de
São José, na Fortaleza de Macapá. À época, ainda se falava na construção de um
memorial destinado aos pioneiros da implantação do Território do Amapá e a urna
contendo os restos mortais de Dário Jassé seria guardada no citado monumento
juntamente com os despojos de Joaquim Caetano da Silva. Com o passar dos anos,
muitos mentores da ideia deixaram o Amapá e ela foi fenecendo. Durante muito
tempo as urnas de Joaquim Caetano e de Dário Jassé permaneceram na sacristia da
capela da Fortaleza. Transferidas para outro edifício do velho forte, elas
passaram a figurar como reserva técnica do Museu Histórico Joaquim Caetano da
Silva. Atualmente, a urna do patrono do museu está guardada no prédio da antiga
Intendência de Macapá. A urna de Dário Jassé permanece como “reserva técnica” e
mantida na Fortaleza. O historiador Nilson Montoril de Araújo afirmava com
absoluta convicção que os restos mortais contidos na urna que está sendo
mantida na Fortaleza são de Dário Cordeiro Jassé. Ele viu a urna chegar a Macapá e acompanhou o féretro até a Fortaleza. Naquele dia 17 de novembro de
1958, Nilson estava entre os escoteiros macapaenses, pois integrava o Grupo São
Jorge. Dentre os pioneiros do escotismo no Amapá, ainda vivo o chefe José Raimundo
Barata, com 96/97 anos e reside em Belém do Pará. Manoel Ferreira, o popular
Biroba, que era um dos chefes dos escoteiros do mar também testemunhou o fato
aqui narrado.
Texto de
Nilson Montoril, adaptado para o Porta-Retrato, publicado originalmente no blog
Arambaé, do próprio Nilson.
Nota do Editor: Agradecemos ao amigo Antônio Mário, filho do biografado, que contribuiu com informações para atualização desta biografia! (João Lázaro)