quarta-feira, 20 de novembro de 2024

MEMÓRIA DA CULTURA AMAPAENSE > DONA VENINA, GRANDE DAMA DO MARABAIXO DO AMAPÁ

Tia Venina marcou a história das mulheres da família e do Quilombo do Curiaú, situado na Zona Rural de Macapá. A sua trajetória é uma inspiração para a luta pelo empoderamento feminino das mulheres negras no Amapá. As homenagens do blog Porta-Retrato a ela, neste dia da Consciência Negra.

Antônia Venina da Silva nasceu em 17 de dezembro de 1909, no Quilombo do Curiaú, e dedicou-se ao cuidado não somente dos nove filhos, mas também da comunidade à qual pertencia. Os relatos são unânimes ao afirmar que, naquele coração de mãe, havia espaço para todos. Ela viveu por 86 anos, trabalhou como agricultora, rezadeira, dançarina de batuque e marabaixo e curandeira de garganta.

Após a morte do esposo, Tia Venina, como era conhecida pela vizinhança, assumiu a responsabilidade de cuidar sozinha de toda a família.

A neta Isis Tatiane da Silva, de 43 anos, disse que sua avó "era uma mulher muito avançada para o seu tempo e realmente viveu aquela vida. Ela dançava, cantava batuque e marabaixo, e tinha a habilidade de curar a garganta. Somente ela tinha esse dom no Curiaú", recorda Isis.

A mulher sempre teve uma voz ativa e lutou com muita determinação para manter viva a memória do povo quilombola. A família relata que, durante a tarde, os jovens a procuravam para ouvir histórias dos tempos idos e conhecer a ancestralidade.

Os estudantes interessados em realizar pesquisas e trabalhos acadêmicos também se dirigiam a ela, pois sabiam que ela guardava uma memória viva e vibrante da história do Quilombo.

Para Tia Venina, a educação sempre foi o melhor caminho, por isso ela incentivava a buscar o conhecimento.

Integrantes da Associação Mulheres Mãe Venina do Curiaú — Foto: Reprodução / G1

As bandeiras de resistência levantadas pela mulher "a frente do seu tempo" produziram frutos. Em 20 de julho de 1997, dois anos após a sua morte, foi fundada a Associação Mulheres Mãe Venina do Curiaú.

O objetivo inicial era realizar manifestações e eventos culturais para a comunidade. No entanto, com o decorrer do tempo, o grupo começou a desenvolver trabalhos voltados para a educação ambiental e, sobretudo, para o empoderamento feminino.

Para Iracema da Silva, neta de 51 anos, a escolha do nome da associação foi coerente com a trajetória de vida da avó dentro da comunidade. As netas mencionam que é possível notar que as matriarcas do Curiaú orientam as próprias famílias com base no exemplo de vida de Tia Venina.

Foto: Reprodução /Facebook

Walter Jr., publicitário e presidente do Instituto Memorial Amapá, a classifica como uma das "Guardiãs do Marabaixo". "Venina não participou apenas do Marabaixo, mas também foi uma guardiã da nossa cultura, uma mulher que lutou para preservar as raízes culturais do nosso povo. Graça a ela e a tantos outros, o Marabaixo é hoje reconhecido como uma das manifestações mais significativas da nossa identidade cultural."

Além disso, ela era uma tacacazeira dedicada, dotada de uma alegria inconfundível e um amor pela cultura que ultrapassava o tempo e o espaço. Walter diz, em sua narrativa, a pura verdade: "Conversar com a Venina era como abrir uma janela para um mundo repleto de energia, tradição e resistência. Ela demonstrava uma disposição extraordinária para amanhecer cantando e dançando com os ladrões de Marabaixo, algo que me fascinou profundamente."

Homenagem honorífica.

Em dezembro de 2020, foram instaladas estátuas de cinco figuras relevantes da cultura e educação amapaenses em quatro pontos distintos de Macapá. Tia Venina também foi uma das homenageadas.

Estátua da Tia Venina fica no bairro Laguinho — Foto: Rafaela Bittencourt/Rede Amazônica 

O monumento fica na esquina da Rua Eliezer Levy com a Avenida Mãe Luzia, no bairro Laguinho. Os artistas a reproduziram, com um colar, um sorriso no rosto e ainda segurando a saia rodada representativa de quem dança Marabaixo. 

Créditos: G1/PMM e Memorial Amapá

Fonte: Pe. Paulo Roberto Matias Souza (via Facebook)

domingo, 17 de novembro de 2024

MEMÓRIA DO ESPORTE AMAPAENSE > ANTÔNIO VILELA, UM CARTOLA COMO POUCOS

Encontrei essa pauta no Bau de Lembranças do meu amigo João Silva e a transcrevo no blog Porta-Retrato como uma homenagem póstuma a uma figura singular e especial do mundo empresarial e desportivo.  Conheci Seu Antônio Vilela quando trabalhei na mineradora ICOMI, em Santana, no Amapá, nos anos 1970 até 1977.

Um audacioso desportista que ajudou a fundar o Independente Esporte Clube. Ele era magro, mediano, falava bem e andava rápido. Que tinha como sua paixão o futebol. 

Antônio Vilela - Reprodução Facebook

Antônio Vilela, carioca, foi para o Amapá instalar a lavanderia da ICOMI e lá permaneceu até sua morte. João Silva relata que a dedicação de Vilela ao Carcará da Vila Maia era tão intensa que, contra a vontade de sua esposa, vendeu um imóvel pertencente à família para ajudar na construção da sede social do IEC, clube fundado por ele e do qual foi presidente por quatro mandatos. Vilela faleceu aos 77 anos, em 1984, e foi homenageado com o nome do estádio "Vilelão", construído no centro de Santana, a segunda maior cidade do estado, e que ainda aguarda sua conclusão.

Ele fez parte de um grupo de cartolas que marcou a história do IEC, como Claudio Lucio Monteiro, Raimundo Oeiras, Malquesedec da Silveira, Rosemiro Rocha, Rubens Albuquerque, Francisco Nobre e José Muniz. Imaginem a apreensão da esposa de Vilela ao descobrir o destino de uma residência adquirida com o esforço de muitos anos de trabalho. Em tempos anteriores, o amor pelo clube era predominante e os dirigentes se dispunham a investir seus próprios recursos, inclusive deixando de lado os bens da família para beneficiar o clube que amavam.

Conta-se que, ao escolher o nome "Independente", o grupo fundador do IEC quis deixar claro o desejo de que o novo clube se distanciasse tanto de Santana quanto da ICOMI.

Fonte: João Silva/Facebook

sábado, 16 de novembro de 2024

MEMÓRIA DA EDUCAÇÃO NO AMAPÁ > LEMBRANÇA DE TRÊS PIONEIRAS DE MACAPÁ

O blog Porta-Retrato - Macapá compartilha hoje, uma lembrança de três pioneiras da Educação no Amapá, extraída do acervo pessoal do Pe. Paulo Roberto Matias Souza.

No registro da década de 1970, imagens das professoras Ofélia, Joelina e Raimunda dos Passos em frente à Escola Estadual “Alexandre Vaz Tavares”.

Fonte: Pe. Paulo Roberto Matias Souza

sábado, 9 de novembro de 2024

MEMÓRIA DO FUTEBOL AMAPAENSE > CRAQUES DO AMAPÁ CLUBE

Uma lembrança do jogador Boró, do Amapá Clube, de 1964, é reproduzida no blog Porta-Retrato-Macapá, juntamente com os seus companheiros Membeca, Suzete, Armando Pontes e Mucuim (Estácio Vidal Picanço). Ele está no meio. Era o treinador da equipe.

João Pignataro, mais conhecido como Boró, jogou pelo Amapá Clube nos anos 40 (nos campos da Matriz, hoje Praça Veiga Cabral) e 50. Ele era apaixonado pelo "Alvinegro da Presidente Vargas".

Fonte: Franselmo George

sexta-feira, 8 de novembro de 2024

MEMÓRIA DA IGREJA CATÓLICA – BISPOS DE MACAPÁ

RESGATE HISTÓRICO

Dois, dos sacerdotes que aparecem, em destaque, nesta foto dos anos 1950, foram bispos na Prelazia de Macapá. Falo de Dom Arcângelo Cerqua e Dom João Risatti.

DOM ARCÂNGELO CERQUA

Dom Arcângelo Cerqua, do PIME, nasceu em Giugliano, na Itália, no dia 2 de janeiro de 1917, filho de Antônio Cerqua e Maria Assunta Cecere. Foi o primeiro bispo da Diocese de Parintins. Arcângelo ingressou na Congregação do Pontifício Instituto das Missões Estrangeiras (PIME) e foi ordenado sacerdote em 29 de junho de 1940, na Catedral de Milão, pelas mãos do Cardeal Schuster. Em 16 de março de 1948, recebeu o crucifixo missionário e partiu da Itália rumo à Amazônia. Chegou à Bahia em 16 de abril e a Macapá em 29 de maio. Nesse mesmo dia, assumiu o cargo de vigário de Macapá. Com a criação da Prelazia de Macapá, tornou-se seu vigário-geral. Dom Arcângelo Cerqua faleceu na Itália em 16 de fevereiro de 1990.

DOM JOÃO RISATTI

Dom Giovanni (João Risatti), nasceu em Trento/Itália, em 1 de dezembro de 1942. Emigrou da Itália para o Brasil em 1972, em missão na cidade de Parintins, no Amazonas. Sua consagração episcopal ocorreu em 1988. Assumiu o bispado da Diocese de Macapá do ano de 1993 até a sua Páscoa, que aconteceu em missão na Itália, no dia 9 de setembro de 2003, vítima de infarto do miocárdio. Exerceu uma Pastoral profundamente dinâmica e missionária, tendo realizado diversas obras para a Igreja Católica no Amapá, dentre elas a tão sonhada Catedral de São José.

Fontes: Pe. Paulo Roberto Matias Souza/Wikipédia e Diocese de Macapá

quarta-feira, 6 de novembro de 2024

MEMÓRIA DO COMÉRCIO AMAPAENSE > PIONEIRO PEDRO NERY DA CRUZ

Na parte externa do lendário Mercado Central de Macapá, na Avenida Antônio Coelho de Carvalho, está o Bar Du Pedro. O blog porta-Retrato-Macapá traz hoje a história de Pedro Nery da Cruz, dono do Bar Du Pedro.

Pedro Nery da Cruz, nascido em Macapá, em 15 de janeiro de 1915, era filho de José e Raimunda Nery da Cruz. Com a esposa, Maria Dalva Sandim Nery, teve onze filhos, sendo quatro homens e sete mulheres, 35 netos e 27 bisnetos. Pedro Nery iniciou a sua carreira em Belém do Pará em 1940, como taifeiro no Barco São Luiz Gonzaga, propriedade da família do seu primo Clóvis Dias, que transportava cargas e passageiros no trecho Belém/Afuá/Macapá/Belém. Em 1957, Pedro se mudou com a família para Macapá, onde começou a trabalhar com bar e mercearia na doca da fortaleza e, posteriormente, no bairro do Trem, sempre acompanhado do primo Clóvis DiasNa época, o Amapá era governado pelo capitão Janary Nunes e a mineradora Icomi estava em franca expansão. O bairro do Trem era um canteiro de obras. No cruzamento da Rua Odilardo Silva com a Avenida Desidério Antônio Coelho, foi instalado o Bar e Mercearia São Luiz Gonzaga, com grande movimentação dia e noite, devido às partidas de sinuca. 

No início da década de 1960, ele administrava o Bar São Luiz Gonzaga, localizado na lateral do mercado central. Posteriormente, com o primo Clóvis Dias, conseguiu a transferência do espaço para o seu nome. A clientela, em sua maioria composta por açougueiros, peixeiros e feirantes, chamava o estabelecimento de bar do Pedro (vai comprar no Pedro). Ele escolheu o nome fantasia BAR DU PEDRO, uma vez que o DU, por erro do pintor letrista, foi bem aceito pelos frequentadores da hora, que pediram para deixar ficar. 

A marca Bar Du Pedro está eternizada. Seus apoiadores sempre foram filhos, cunhados, primos, sobrinhos e netos, assim como a esposa Dalva e as filhas, que, de casa, eram responsáveis pelas iguarias, bolos e pastéis, aumentando a renda familiar. Pedro Nery foi torcedor dos clubes do Remo, Esporte Clube Macapá e Botafogo.  Gostava de ler e ouvir a programação das emissoras de rádio, especialmente os programas "A Voz do Brasil" e "Voz da América". Pedro Nery deixou o bar em 1997, aos 82 anos. A partir daí, Antônio Modesto, genro e Nilson Nery, neto, assumiram a responsabilidade pelo estabelecimento comercial. Ele faleceu aos 90 anos, no dia 16 de dezembro de 2005, no Hospital São Camilo, vítima de parada cardíaca, e seu corpo repousa em paz no Cemitério de N.S. da Conceição, no centro da cidade.

Em 2006, o filho Luiz Gonzaga, acompanhado da esposa Maria da Conceição Lourinho, e dos filhos Cláudio e Pedro Neto, assumiram o Bar Du Pedro. Com a recente alteração do espaço mercadológico, o bar permanece aberto durante as tardes e noites.

Pedro Nery Neto é o líder do novo movimento vivido pelo Bar du Pedro, o mais antigo em funcionamento no estado.

Um boteco com ares de bar.

Nota do Editor:  Biografia elaborada com informações de Luiz Sandim Nery, filho do biografado, a quem agradecemos!

quarta-feira, 30 de outubro de 2024

MEMÓRIA CULTURAL DO AMAPÁ - COMUNIDADE QUILOMBOLA DE ILHA REDONDA

 A região de Ilha Redonda, tem cerca de 170 anos de história. Aproximadamente 90 famílias residem lá, sendo que 9% dos habitantes são descendentes.

A denominação Ilha Redonda é atribuída à formação de florestas de pântano e terra firme, além de campos de terra firme. As florestas de terra firme e inundadas seguem a forma circular das ribanceiras, vastas áreas de campos (serrado), formando uma espécie de ilha no seu centro.

Em meados do século XIX, a família de origem portuguesa Siqueira Picanço Lobo, acompanhada de seus escravos de sobrenome Tacacá, aportou em Mazagão. Em decorrência da epidemia, deixou Mazagão e se estabeleceu em uma região rural afastada da vila de São José de Macapá, conhecida como São Pedro de Ilha Redonda.

A família se expandiu e ocupou uma vasta área, que se estendia do rio Amazonas até o esparica km 17, de leste a oeste, desde a extremidade do Curiaú, que na época era uma fazenda, até as margens do rio Matapí, totalizando aproximadamente 40 mil hectares de terras.

Sua produção era baseada na criação de grandes e pequenos animais, na agricultura de roças de mandioca, café, tabaco, cana de açúcar e pomares de frutas.

A cultura religiosa incluía celebrações de criador ou santo, realizadas com doações provenientes das promessas feitas pelos devotos de cada santo. Os negros mantinham os batuques separados, sobretudo quando as colheitas eram bem-sucedidas.

Ao longo do tempo, a área precisou ser dividida, uma vez que os filhos estavam crescendo e formando famílias, exigindo a ocupação de toda a área. O mesmo ocorreu com os escravos.

A área foi dividida em seis: São Pedro da Ilha Redonda, Fortaleza ou Lagoa dos Índios. O coração da Ilha Redonda, atualmente Vila Coração. Nossa Senhora da Conceição, também chamada Lagoa de Fora. Retiro São Raimundo de Ilha Redonda, antiga propriedade onde tudo começou. São Sebastião de Ilha Redonda é a vila da comunidade atualmente. A Esparica da Ilha Redonda delimita o norte das terras.

A maior frustração dos patriarcas e matriarcas dessa família foi ver os netos e bisnetos formando famílias com os descendentes e bisnetos de seus escravos. Os mesmos, expulsos, foram residir na comunidade do Curralinho.

Ao longo dos anos, a população branca de origem portuguesa foi sendo substituída por uma população de pele mais escura, devido à mistura. A cultura predominante começou a introduzir o batuque nas primeiras noites de celebração. Com uma forte presença católica.

Em 1997, a comunidade de Ilha Redonda sofreu um grande impacto ambiental, com a implantação de um lixão a céu aberto, o que quase levou a comunidade à extinção. Foram nove anos de poluição causada por gases tóxicos, odor e moscas. Na vila da comunidade, havia apenas uma residência.

Hoje em dia, a comunidade de Ilha Redonda é reconhecida em todo o país como remanescente de Quilombo, após longas batalhas contra latifundiários que, por meio de métodos ilegais, tentaram expulsar os negros de suas terras.           

Fonte BLOG QUILOMBO DO AMAPÁ – (Com informações do senhor Benedito Sobrinho Lobo um dos bisnetos da senhora Fostina Siqueira Picanço).

sábado, 19 de outubro de 2024

LUTO NA COMUNIDADE MÉDICA DO AMAPÁ - MORRE JOCY FURTADO DE OLIVEIRA - MÉDICO ANESTESISTA

Na quarta-feira, 16, morreu em Macapá aos 76 anos de idade, o médico anestesista JOCY FURTADO DE OLIVEIRA. Ele estava na UTI do Hospital São Camilo, em decorrência de um acidente vascular cerebral hemorrágico. Foi submetido a uma cirurgia, mas não resistiu.

O macapaense Jocy Furtado de Oliveira, filho de Ituassú Borges de Oliveira e Francisca Furtado de Oliveira, era o irmão mais velho de Suely e José Furtado (In memoriam). Neto legítimo de Ernestino Borges, Intendente (prefeito) de Macapá entre setembro de 1921 e março de 1922. Jocy Oliveira frequentou o grupo escolar anexo à Escola Normal, dirigido à época pela professora Esther da Silva Virgolino, e se formou no Colégio Amapaense no ginásio e no científico. 

Em 1968, foi aprovado para o curso de medicina da Universidade Federal do Pará e se formou em 1973. Fez residência médica, de 1974 a 1975, em anestesiologia, no Centro de Ensino e Treinamento Integrado da Unicamp, São Paulo

Em 1977, casou-se com Oriete Sussuarana de Oliveira, com quem teve três filhos. No mesmo ano foi nomeado médico do Território Federal do Amapá e permaneceu no estado como médico anestesista. Foi presidente do Conselho Regional de Medicina do Amapá. Fundador e presidente da Sociedade de Anestesiologia do Estado do Amapá (SAEAP) e membro da Academia de Medicina do Estado do Amapá

No dia 13 de setembro de 2021 recebeu a medalha da Academia dos Notáveis Edificadores do AmapáO notável Guilherme Jarbas Santana foi o patrono e o Desembargador Carlos Tork entregou-lhe a medalha. O evento fez parte da campanha "Orgulho de ser Amapá", desenvolvida pelo senador Randolfe Rodrigues em parceria com a Prefeitura de Macapá, Assembleia Legislativa, Tribunal de Justiça e o Memorial Amapá.

Jocy ocupou também o cargo de Secretário de Saúde do Amapá.

A família informou que o corpo de Jocy Furtado de Oliveira foi cremado.

Fontes: Memorial Amapá e redes sociais

Fotos: Nascimento Kitt, Ascom do Senador Randolfe e do acervo do homenageado.

sexta-feira, 18 de outubro de 2024

ARTE E CULTURA DO AMAPÁ - DOCA DA FORTALEZA


A fotografia datada de 1950 inspirou Wagner Ribeiro a criar diversas obras, nas quais ele retrata cenas fascinantes de Macapá, tanto em paisagens do passado quanto do presente. Algumas dessas obras são baseadas em registros fotográficos históricos. Wagner Ribeiro é um artista plástico que se desenvolveu de forma autodidata, atuando como escultor, pintor, chargista, cartunista e decorador.

Ele relata que retratou a Doca da Fortaleza várias vezes, sempre atendendo ao pedido de alguém. 

De fato, é uma linda representação da antiga fachada de Macapá, que se tornou um registro significativo da evolução urbana da cidade. Atualmente, essa área está completamente transformada, tornando-se assim uma referência fotográfica.

Wagner menciona que a resposta do público ao observar essas obras é repleta de admiração e muitos elogios. Aqueles que solicitam as peças revelam frequentemente uma conexão pessoal com a região. "Os pais dessas pessoas ou tiveram negócios ou viveram nas proximidades", relata, citando o advogado Carlos Souza, que lhe mostrou a casa onde residiu. Da mesma forma, Romeu (JK) compartilhou informações sobre seu estabelecimento comercial. "Percebo que tanto a fotografia quanto a pintura carregam um significado sentimental profundo", finaliza.

Imagens: Telas de Wagner Ribeiro

terça-feira, 15 de outubro de 2024

MEMÓRIA DA JUSTIÇA AMAPAENSE > TRIBUNAIS DO JURI

RESGATE HISTÓRICO

Antes de 13 de setembro de 1943, Macapá ainda pertencia ao estado do Pará. Os tribunais de justiça funcionavam no antigo prédio situado na esquina das avenidas Presidente Vargas com Rua Cândido Mendes, Praça da Matriz, e no salão nobre da Intendência Municipal.

Sala do Tribunal do Juri na Comarca de Macapá, entre as décadas de 1930-1950.

Fonte: TJPA

Ultima atualização em 17/10/2024, às 23h35min

segunda-feira, 14 de outubro de 2024

HOMENAGEM AO DR. LINOMAR SEABRA DO ROSÁRIO (In memoriam)

Em registro datado de 5 de setembro de 2024, a Prefeitura de Macapá faz uma homenagem ao médico LINOMAR SEABRA DO ROSÁRIO. 

Por meio do Projeto de Lei nº 0210/2024-PMM, a Unidade Básica de Saúde situada no bairro Infraero I passa a ser denominada “UBS Dr. Linomar Teófanes Seabra do Rosario”.

Unidade Básica de Saúde (UBS) no bairro Infraero I (Reprodução)

Esta unidade, que anteriormente era conhecida como UBS do Infraero I, está localizada na Passagem Jhonatan Bezerra, nº 1945, no Bairro Infraero I, no município de Macapá.

Linomar Teófanes Seabra do Rosário, nasceu em Macapá-Ap no dia 27 de dezembro de 1947, primogênito de uma família de seis irmãos, filho de Pedro Francisco do Rosário e Therezinha de Jesus Seabra do Rosário. Foi estudante do Colégio Amapaense. Era casado, tinha três filhos homens, sendo dois engenheiros civis e um bioquímico. Formado em Medicina pela Universidade Federal do Pará em 1975, exerceu por mais de 30 anos suas atividades médicas nos hospitais de Pediatria, de Emergência, Unimed Macapá e Unifap. Era Pediatra e oncologista. Seu falecimento ocorreu em 15 de julho de 2009, e seu corpo repousa em paz no Cemitério de Nossa Senhora da Conceição, localizado no Centro da cidade.

Foto: Arquivo pessoal

Fonte: Família (Informações de Pedro Mauro Seabra

MEMÓRIA DA EDUCAÇÃO AMAPAENSE > PROF. WALKÍRIA LIMA

Walkíria Ferreira Lima foi uma professora amazonense que dedicou boa parte de sua vida à música amapaense. Ela gostava de música e, aos 10 anos, começou a tocar piano. Nos anos 50, Walkiria Lima chegou ao Amapá para lecionar canto orfeônico em escolas da rede. Passou no Alexandre Vaz Tavares, na Escola Normal e no Ginásio de Macapá. Nos anos 60, ela foi a primeira professora de piano do Conservatório Amapaense de Música, que passou a chamar-se Walkíria Lima. A docente também foi uma das fundadoras da Academia Amapaense de Letras, na qual ocupou a cadeira número 40.

Walkíria Lima casou-se com Isnard Brandão Lima, com quem teve um filho, o poéta Irnard Brandão Lima Filho. Ela possui três netos e sete bisnetos. A professora faleceu em 1979.

sábado, 12 de outubro de 2024

REVIVENDO LEMBRANÇAS DE DONA ANASTÁCIA DO ESPÍRITO SANTO (in memoriam)

A marabaixeira Anastácia do Espírito Santo faleceu em Macapá, em 12 de setembro de 2024, aos 81 anos de idade. Ela integrou a Associação Cultural Marabaixo do Laguinho por quase uma década.

Hoje se completam trinta dias desde a sua partida.

Dona Anastácia era muito feliz e orgulhosa no Marabaixo por ajudar a fortalecer a cultura negra do Amapá.

Anastácia Martial Josaphat do Espírito Santo, nascida na cidade de Macapá, em 11 de maio de 1943, moradora do bairro do Jesus de Nazaré, filha de Jean Baptista Josaphat e Denize Martial Josaphat. Fez o ensino médio na Escola Coaracy Nunes e concluiu o ensino fundamental no Colégio Comercial do Amapá, o antigo CCA.  Aos 17 anos, iniciou o seu primeiro emprego no Hospital Geral de Macapá, demonstrando interesse pela profissão de enfermeira e atendente dos médicos da época. Se identificou com a profissão e decidiu cursar Enfermagem, uma atividade que desempenhava com paixão e dedicação. Em diversas ocasiões, afirmava que gostava muito do que fazia e que faria outra vez pelo prazer de poder ajudar outras pessoas. Sentia orgulho pela profissão que escolheu para exercer até se aposentar. Se casou com Antônio Lino do Espírito Santo, com quem teve seis filhos: Suzana do Espírito Santo (falecida), Rosana do Espírito Santo, Antônio Lino Filho, Geovana do Espírito Santo, Divana do Espírito Santo e Denize do Espírito Santo. Ficou viúva em 1993. Teve a felicidade de ser avó de três netos (Tarique, Samuel e Bernardo) e uma neta (Amora Luiza). Ana Júlia, sua bisneta, não conheceu pessoalmente, que chegou recentemente. Mulher forte, resiliente e guerreira diante dos desafios da vida para manter a família unida e, junto com o marido, prover a educação e o estudo dos filhos.  Após a morte do esposo, residiu por alguns anos na Guiana Francesa, onde conheceu um francês, também falecido,  com quem permaneceu por mais de 20 anos, mas nunca esqueceu suas origens e o amor que sentia pela Universidade de Samba Boêmios do Laguinho, onde desfilou por vários anos, demonstrando grande paixão pelo Carnaval. Como sempre frequentou as rodas de Marabaixo, foi convidada por amigos para participar do Grupo Ladislau devido à sua alegria e carisma. Em 2008, começou a se apresentar como integrante do Grupo de Marabaixo durante as festividades do ciclo do marabaixo, acompanhada de suas colegas e amigas. Em algumas ocasiões, era levada por amigos ou por uma de suas filhas. Uma curiosidade é que ela aprendeu a nadar aos 65 anos, quando decidiu abandonar o medo e começou a se dedicar a essa atividade física, competindo em torneios de natação da Melhor Idade em Macapá, na piscina Olímpica, vencendo em algumas modalidades. Tinha muita vontade de cantar, dançar, estudar arte e pintar, o que a levou a se matricular na Escola Cândido Portinari. Se matriculou, inicialmente, no Teatro e, posteriormente, na pintura em tela. Aprendeu algumas técnicas de pintura, que registrou em telas expostas em sua residência. Ela adorava viajar, percorreu alguns países e estados brasileiros através de passeios turísticos, apreciava um bom vinho e desfrutar da companhia de amigos. Era vaidosa, mantendo-se sempre saudável e praticando caminhadas e natação semanalmente. Ao chegar aos ambientes, era logo percebida, devido à sua voz e gargalhada alta, que todos conheciam. Dona Anastácia Martial Josaphat do Espírito Santo, está sepultada no Cemitério de Nossa Senhora da Conceição, no Centro de Macapá, o mais antigo da cidade.

NOTA DO EDITOR:

Biografia montada graças ao esforço do amigo Ed Prado, com dados fornecidos pelas filhas da homenageada, a quem expressamos gratidão!

Conheci Dona Anastácia, quando era esposa do Antônio Lino do Espírito Santo, pois ele era motorista do Almoxarifado da Prefeitura Municipal de Macapá, órgão em que trabalhei a partir de 1979, após sair da Rádio Nacional de Macapá. (João Lázaro)

Fotos: Arquivo da família

MEMÓRIA INDUSTRIAL DO AMAPÁ > OLARIA TERRITORIAL > SEÇÃO DE MOSÁICOS E LADRILHOS

A alta demanda por materiais de construção durante a Segunda Guerra Mundial, incluindo as despesas de transporte, além da dependência total em relação aos prazos de entrega e aos custos elevados, foram fatores determinantes para a instalação da Olaria Territorial.

Associada à Olaria, surgiu a Seção de Mosaicaria, que produziu diversos produtos, como se pode ver no mostruário de mosaicos e ladrilhos construídos pela Olaria Territorial, registrado nesta foto.

Fonte: Relatório das atividades do governo do T.F. do Amapá apresentado ao presidente da república pelo governador Janary Nunes, pag. 128, ano 1944.

sexta-feira, 11 de outubro de 2024

JOAQUINZINHO – O ETERNO MARINHEIRO – ETERNIZADO NO MUSEU JOSEFA PEREIRA LAU.

O Mestre Joaquim Picanço do Espírito Santo, nosso eterno Marinheiro, permanecerá imortalizado na memória do Museu Afro Amazônico Josefa Pereira Lau. 

Fotos: Reprodução

A roupa que ele usou nas grandes festas de Macapá, como o Círio de Nossa Senhora de Nazaré, a Procissão de São José, o Sete de Setembro e o Treze de Setembro, permanecerá exposta ao público. Nazaré Lino Soledade, sobrinha do Mestre Marinheiro, filho do Rei Dom Sebastião, fez a doação. Aos 18 anos, Mestre Joaquim foi levado às profundezas do mar para conhecer a cidade encantada do Rei SABÁ. Ele foi orientado a usar sempre a roupa branca e, com uma exigência, usar a roupa até não poder servir mais.

Marinheiro, só” - figura conhecida na cidade por só andar de branco, vestido de marinheiro – era tido como místico, uma espécie de "pai de santo".

Fotos: Reprodução

"O macapaense Joaquim Picanço do Espírito Santo (Seu Joaquinzinho), mais conhecido como “Marinheiro" usava farda 24 horas por dia. Andava pela cidade com roupa de marinheiro sempre a rigor, com gorro ou casquete. Caminhava sozinho com suas botas negras de cano longo em busca de ervas e meizinhas (remédio caseiro) para tratar as pessoas que o procuravam na Seara Espírita São MiguelSanto de Deus e Virgem Maria - que ele atendia na Av. Salgado Filho, 600, no bairro Santa Rita. Ele dizia fazer parte da "Linha das Ciências Ocultas de Israel".

Ele morreu aos 96 anos, em 1º de dezembro de 2023, vítima de um câncer no pescoço. Seu corpo repousa em paz no Cemitério de São José, no bairro Santa Rita.

Fonte: Pe. Paulo Roberto Mathias, fundador do museu

Leia a história completa do Seu Joaquinzinho, aqui!

quinta-feira, 10 de outubro de 2024

MEMÓRIA DA MACAPÁ DE OUTRORA > SOCIEDADE TIRO DE GUERRA

 RESGATE HISTÓRICO

Para que a juventude pudesse adquirir os conhecimentos necessários à vida militar e se enquadrar nas reservas de segunda categoria do Exército, o governo do Território Federal do Amapá tomou a iniciativa de criar uma Sociedade de Tiro para solucionar o problema.

A Sociedade de Tiro de Macapá, fundada em 23 de julho de 1944, tinha 86 membros, sendo cinquenta deles candidatos a reservista. Sob a supervisão do Inspetor de Tiro e o estímulo do General Alexandre Zacarias de Assunção, Comandante da 8a Região Militar, aquela escola organizou a sua Escola de Soldados. Em dezembro, após uma análise minuciosa da documentação regulamentar, a Sociedade foi incorporada à Diretoria de Recrutamento, sob o nº 564.

Fonte: Relatório das atividades do governo do T.F. do Amapá apresentado ao presidente da república pelo governador Janary Nunes, pág. 141. ano 1944.

quarta-feira, 9 de outubro de 2024

MEMÓRIA DA CIDADE DE MACAPÁ > RESIDÊNCIA DO GOVERNADOR

 RESGATE HISTÓRICO
Residência Oficial do Governador do Estado do Amapá, localizada à Rua Binga Uchôa, em fotografias de 1944.
Fonte: Museu Histórico do Amapá

terça-feira, 8 de outubro de 2024

MEMÓRIA DA SAÚDE DO AMAPÁ > PRIMEIROS PROFISSIONAIS DO DEPARTAMENTO DE SAÚDE PÚBLICA, EM MACAPÁ

RESGATE HISTÓRICO

Primeiros profissionais do Departamento de Saúde Pública, em Macapá.

Diretores, médicos, dentistas, auxiliares e guarda-medicador.

Fonte: Múseu Histórico do Amapá

segunda-feira, 7 de outubro de 2024

MEMÓRIA DA SAÚDE DO AMAPÁ > UNIDADE MISTA DE SAÚDE

RESGATE HISTÓRICO

A primeira unidade de saúde do Amapá funcionava no antigo prédio do Senado da Câmara.

A partir da posse de Janary Nunes como governador do Amapá, em 1944, os antigos casarões foram submetidos a reformas significativas. As casas de taipa, que são feitas de barro, foram remodeladas com o mesmo material, dando uma aparência agradável. 

As edificações foram projetadas para servir à administração pública.

Unidade Mista de Saúde funcionou neste local e permaneceu em atividades até a instalação do Hospital Geral de Macapá, atualmente Hospital das Clínicas, na Av. FAB.

No local, funcionou o Palácio do Governo, a Central Telefônica e o Colégio Comercial do Amapá. Em 1970, o prédio estava bastante danificado e sem condições de ser reformado ou adaptado. 

Biblioteca Pública "Elcy Lacerda" foi construída na área, com um aspecto mais modesto do que o que vemos atualmente.

Fonte: Arquivo Histórico do Amapá

domingo, 6 de outubro de 2024

MEMÓRIA DA EDUCAÇÃO NO AMAPÁ > GRUPO ESCOLAR DE MACAPÁ

RESGATE HISTÓRICO

Fotos de 1944, mostram escolares em horário de recreio, brincando no Parque Infantil de Macapá, que funcionava na antiga Praça da Matriz, área hoje ocupada pelo Teatro das Bacabeiras, em frente ao antigo Grupo Escolar, na praça Veiga Cabral.

Fonte: Arquivo Histórico do Amapá

domingo, 29 de setembro de 2024

RELEMBRANDO...HOMENAGEM À HISTÓRIA E TRAJETÓRIA DO MANGA

O Manga partiu, mas deixou um legado e muitas histórias na lembrança de seus amigos...

Crônica da Vida

"O GAROTO DAS MARMITAS"

Por Humberto Moreira (*)

Foi quando eu morava na curva da Casa Santa Maria, ali no começo do bairro, que bati com os olhos naquele garoto branquelo e corpulento, que entregava marmitas. Se não me engano, a Dona Perpétua, mãe dele, vendia comida aos que trabalhavam nas redondezas do Mercado Central, edificação que não ficava longe da casa da minha avó. Naquela época, antes de completar 10 anos, eu ainda não sabia que iria manter uma relação de amizade com aquele garoto. Amizade sacudida por algumas discordâncias movidas por opiniões divergentes. Tenho certeza que a gente mantinha um respeito mútuo, fruto de longa convivência no mundo do futebol. Eu trabalhando desde o começo na imprensa esportiva e ele militando nos clubes da cidade como treinador. Estou falando de José Maria Gomes Teixeira, que nos deixou nesta sexta após se retirar das lides esportivas, deixando para trás uma longa trajetória no campo da Praça Nossa Senhora da Conceição, onde comandou por muito tempo a Associação Casados e Solteiros do Bairro do Trem. Manga era botafoguense, como eu e tenho certeza que, se permanecesse mais um pouco entre nós, estaria vibrando com a fase atual do Glorioso.

Juntos ultrapassamos as fronteiras da nossa aldeia correndo literalmente atrás da bola. Ele colocando seus times em campo e eu contando a história no microfone. Em duas oportunidades tivemos o prazer de dividir resultados importantes. Devo dizer antes que vida esportiva do meu amigo começou no Trem Desportivo Clube, onde foi atleta e depois técnico, revelando um sem número de jogadores. Cito aqui três ícones do nosso futebol, que, de alguma forma, foram orientados pelo Manga. Roberto Foguetinho, Vitor Jaime e Mário Sérgio. Estes viveram grandes momentos sob a batuta do treinador que, talvez tenha sido quem mais vezes exerceu o comando do rubro-negro. Mas Manga não ficou exclusivamente no Trem. Ele foi campeão no Amapá Clube comandando o craque Marcelino, que depois, faria sucesso no exterior (Los Angeles Aztecs, América e Necaxa). No Copão da Amazônia de 1989 ele conquistou o título com o Independente numa jornada que começou em Santarém e terminou no estádio Aluísio Ferreira, em Porto Velho. E eu estava lá com Paulo Silva contando essa história. Depois fomos a Guiana Francesa com a seleção amapaense, quando Haroldo Vitor Santos era presidente da FAF. A crônica representada por mim, Anibal Sérgio e João Silva. O jogo inicial contra a seleção da Liga local, foi um espetáculo inesquecível. O empate deixou a gente com orgulho de ser amapaenses. A seleção tinha craques como Miranda, Jorge Nunes, Nerivaldo, Eulan, Edinho, Vitor, Foguetinho e Camecrã. Os caras também tinham um time de respeito, com craques como Maluda (Chelsea e Seleção Francesa) e Darcheville, que jogou em clubes da Europa por muito tempo.

O segundo jogo foi em Kourou, contra o Geldar, time da Legião Estrangeira e o Trem ganhou por um a zero, com um gol do “Trator” Miranda. No comando estava ninguém menos que o Manga. O treinador ainda passou pelo Esporte Clube Macapá, Ypiranga e Santos. Vez em quando a gente batia de frente por não concordarmos com alguma coisa. Inteligente que só ele o Zé Maria sabia como me aborrecer. Ele mandou botar um número bem pequeno na camisa do Amapá Clube e embaralhou a formação, de maneira que o número onze estava com o lateral direito o número dois era um meio campista e assim sucessivamente. Tive que me virar para transmitir o jogo pois o número é o que identifica o jogador em campo. Hoje as coisas mudaram, mas antes os números eram fixos de um a onze. Esse foi mais um motivo de divergência. Mas a gente sempre acabava se entendendo.

José Maria Gomes Teixeira comandou por muito tempo a Copa do Mundo Marcílio Dias, que começou no campinho da tropa escoteira e se transferiu depois para a Praça Nossa Senhora da Conceição. Sempre em parceria com figuras como o narrador Manoel Biroba e o jornalista Pantaleão Oliveira. O evento é a maior competição amadora do país. Hoje são mais de 100 seleções disputando o título. Manga ficou na direção até começar a ter problemas de saúde. Passou o bastão para pessoas como Vitor Jaime e foi morar na Zona Norte. O nosso amigo também tinha o seu lado folclórico. Foi um dos criadores do futebol à fantasia nos carnavais e quando esteve no comando do Independente produziu vários “causos”. Contam os jogadores do elenco do “Carcará” que Manga era fã do goleiro Camecrã. Porém, esse jogador, que estudava advocacia em Macapá, não podia frequentar os treinos, pois tinha os seus afazeres. Além disso, os treinamentos eram realizados em Santana. O reserva era Apolônio, um goleiro muito bom também. Morando no município portuário, Apolônio não perdia nenhum treino. O time alviverde tinha um clássico para jogar no domingo seguinte. Na sexta Camecrã deu as caras no treino. Manga ficou com a batata quente na mão, pois Apolônio estava preparado para ser o titular pegando até pensamento. Mas o treinador matutou até arrumar uma maneira de barrar o goleiro reserva. Ele disse que ia fazer um treino sem bola com os dois goleiros. Simulou estar segurando uma bola e botou o Camecrã no gol. O técnico fingia que atirava a bola no gol e o goleiro titular fingia que pegava. Aí vinham os elogios para as supostas defesas de Camecrã. Após fazer isso várias vezes, o Zé Maria mandou Apolônio para o gol. O reserva não se fez de rogado. Só que desta vez o técnico mudou. Ele simulava ter jogado a bola num canto, Apolônio se atirava no chão e Manga calmamente fingia jogar a bola para o outro lado. Era como se ele usasse uma paradinha para tirar o goleiro reserva da jogada. Depois de repetir o engodo várias vezes, Manga disparou:

- Tá vendo. Estás sem reflexos. Vou ter que escalar o Camecrã.

E como esta foram várias histórias engraçadas protagonizadas pelo MANGA LOVE, que partiu (...) para se encontrar com o criador. Quem o conheceu sabe que ele foi um ser humano com erros e acertos como todos nós. Sua história é uma página importante no livro do futebol amapaense.

Quero deixar aqui minhas homenagens ao amigo que parte e dizer que ele vai fazer falta. Quando a gente falar nos treinadores de futebol amapaense vai lembrar com certeza daquele garoto das marmitas e da Copa do Mundo Marcílio Dias. Boa viagem Manga. Que a sua última jornada voltando para Deus seja tranquila.

(*) radialista, jornalista e cantor do Amapá