quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Fortaleza de São José de Macapá: Nos tempos de abandono

A “vetusta” (velha) Fortaleza de São José - inaugurada em 19 de março de 1782 - é o segundo mais importante monumento histórico de Macapá. Vem depois da igreja Matriz de São José, inaugurada em 5 de março de 1761.
Visão geral da área da Fortaleza de Macapá, totalmente tomada pelo mato, e com clara evidência de abandono, com sério comprometimento da estrutura física dos prédios situados na área interna do forte. Em muitos deles, com o telhado totalmente destruido. Ao fundo da foto vemos um prédio com paredes altas e sem telhado que é a entrada principal do forte.
Do período colonial ao Brasil Império, a Fortaleza de São José de Macapá foi ocupada e utilizada por pelotões das respectivas guardas, portuguesa e Imperial, atendendo aos interesses estratégicos. Porém, com o advento da Proclamação da República em 1889, e a participação do Brasil na conjuntura Internacional da economia de mercado, a Fortaleza gradativamente perde sua função principal e entra num processo de total abandono, situação esta que permitiu o saque de vários objetos como artefatos de guerra, canhões, pedras e tijolos, etc.
Nesta foto, tirada (ao que parece de cima do faról) a partir do baluarte N.S. da Conceição, vemos a parte dos fundos da Fortaleza de Macapá, onde muitos anos mais tarde foi instalada a estrutura do Círculo Militar. Ao fundo, vemos parte do rio Amazonas e uma faixa de terra que seria hoje a avenida beira rio até a localidade do Araxá, às margens do Amazonas.
Foto do lado norte da Fortaleza de Macapá, mostra o aspecto de abandono do forte, às margens do Igarapé do Igapó (também chamado Fortaleza). Foto, (ao que parece)  também tirada do mesmo local das anteriores, presumivelmente, do alto do farol.
Muito embora, algumas vezes a Fortaleza estivera sujeita aos serviços de capina por ordem de intendentes do município de Macapá, mas o longo período de abandono estende-se até 1946, quando na Fortaleza se instalou o Comando da Guarda Territorial (policia ostensiva) órgão do recém criado Territorial Federal do Amapá (1943). E para tal efetivação, este Comando realizou grandes serviços, como a reposição dos telhados arruinados de quatro prédios e da Casa de Órgão; confecção em madeira, de janelas, portas e portões, reutilizando peças originais como dobradiças, ferrolhos e cravos, por ali encontrados sob os escombros; capina (interna e externa), além de retirada dos arbustos dentre as pedras das muralhas, assim como a eliminação de frondosas árvores crescidas nos Terraplenos cujas raízes impactaram os tetos abobadados das casamatas, provocando seríssimas; restaurações de vários pontos degradados, como a substituição de tijoleiras dos pisos, muretas e rampas de acesso; desobstrução dos mais aparentes Canais de Drenagem das Águas Pluviais; Confecção em madeira das carretas que servem de bases para os canhões. Sabendo que todo este trabalho não teve o devido acompanhamento técnico em restauração, mas é reconhecida a competência que tiveram em realizá-lo ao buscarem aproximação com a realidade original, representando desta forma, uma vertente do processo de restauração.
Nesta foto tirada a partir da terra firme, vemos, sob outro ângulo, o lado norte da Fortaleza onde passava o leito do Igarapé do Igapó. Nota-se o baluarte N. S. da Conceição, destacando também o faról, que foi instalado no início do século 20. 
Nas duas fotos acima vemos uma equipe de visitantes - a maioria com uniformes militares - efetuando inspeção nas áreas de entorno do forte, que estava há muito anos totalmente abandonado e totalmente tomado pelo mato alto, e com as instalações seriamente comprometidas, e  - as peças em madeiras - totalmente destruídas e demoronadas.
A ocupação e utilização desse Monumento Histórico pelo Governo do Território do Amapá, revitalizado e destacando sua importância e o Instituto do Patrimônio Histórico Artístico Nacional - IPHAN, se interessa procedendo o Tombamento sob o Processo nº 423/T/50, inscrição nº 269 do livro de Tombo Histórico em 22 de março de 1950. 
Em 1979, a Delegacia do Serviço do Patrimônio da União - DSPU, concede a cessão da Fortaleza ao Governo do Território Federal do Amapá, através de um Termo de Entrega para fins de preservação, neste sentido são realizados alguns serviços emergênciais no monumento, mas sem o devido acompanhamento técnico em restauração. Destaca-se que o Termo de Entrega referido deveria ser ratificado em dois anos, o que não ocorreu. Mesmo assim, o Governo do Território continuou executando os serviços visando a preservação e a conservação do Patrimônio Histórico.
Texto de Hermano Araújo - Historiador
Fotos: Reproduções/Google images
Fonte: Informações históricas: site do Governo do Amapá

3 comentários:

  1. Este blog é magnífico. Tenho muita curiosidade pela história do meu Estado.

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  2. Muito bom. Especialmente saber que teve o trabalho de muitos para a preservação

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