(Reprodução de arquivo)
Para
contar a história da capelinha de Nossa de Fátima, nada melhor do que
reproduzirmos, trechos da Crônica do amigo Milton "Sapiranga" Barbosa, publicada no blog de
jornalista Alcinéa Cavalvante, em 18 de agosto de 2009, sob o título: A capelinha, o padre, escoteiros e
molecada.
Milton (foto)
- que foi um antigo morador do Bairro da Favela, e com sua privilegiada memória
- nos presenteia com detalhes históricos, impressionantes.
A
capelinha: Ele
inicia contando que “com o encanto e o charme de uma igreja do interior, a capelinha de Nossa Senhora de
Fátima, foi construída para arrebanhar fiéis do bairro da CEA (atual Santa
Rita), que crescia de maneira muita rápida, até porque, funcionários da
Companhia de Eletricidade do Amapá-CEA, estavam adquirindo terrenos no novo
bairro e também como uma maneira de diminuir o número de fiéis da igreja
matriz, que já estava ficando pequena para comportar o povo católico de Macapá
e os que chegavam de outros estados.”
E conta quem foram seus construtores: “Os
moradores da Favela, que trabalhavam de carpinteiros, pedreiros, pintores e
auxiliares de serviços gerais, foram convocados para atuarem na construção da
igrejinha, num terreno próximo ao marco zero da estrada Macapá- Santana (atual
Duca Serra), onde hoje existe o Hospital de Emergências, que já foi o Pronto
Socorro Oswaldo Cruz (...).
Conta ainda que “junto com a
capelinha, foi construído um barracão/escola, que servia também para reuniões
dos Marianos, das Filhas de Maria e para exibições de filmes. Ao lado da capela
ficava o campinho de pelada e nos fundos deste construíram a sede dos
escoteiros São Maurício (uma bandola 4 por 6 , com uma espécie de palco no
alto, que cabia apenas uma mesa de ping-pong e uns 2 ou 3 armários, mas que era
por nós orgulhosamente chamada de sede)”.
O padre: “O padre Salvador
Zonna foi o titular da capelinha. Era um italiano de bom porte físico, com uma
fisionomia séria, de poucos sorrisos. Mas era só fachada. Padre Salvador era
boa praça, tanto que suportava as traquinices dos moleques Moacir, Mucura,
Boquinha, Deverde e Tique-imbiga, este o mais danado de todos e que era sempre
expulso do barracão tão logo o filme começava. A expulsão do Tique era o
momento aguardado por todos, pois antes de sair da sala, ele se virava no rumo
do padre e gritava: “õ,õ,õ,õ bubagem.” E saía correndo na frente do padre, que atrapalhado pela batina e
pela ligeireza do moleque, nunca pode dar-lhe um corretivo. Mas no outro dia já
estava tudo bem entre o padre e o muleque, até uma nova sessão do seriado do
Tarzan.”
Os escoteiros e a molecada: “Como os escoteiros, em sua maioria, eram coroinhas e ajudavam em todas
as atividades promovidas pela igrejinha, o padre Salvador dava todo apoio ao
grupo de escoteiros comandado pelo chefe Madureira, tendo como chefes
auxiliares Juracy Freitas (Jupaty), Orlando Brandão, Duquinha e Pedro Cardoso.
Também pertenciam ao grupo de seguidores de Baden Power o Moacir, Ceará,
Picolé, Diógenes, Boneco, Sapo, Grilo, Dejacir, Manoel Guedes, Jorge e Marcos
Albuquerque, Alcione Cavalcante, os Wálter Maia e Damasceno, João Dutra, Rui e
Antônio Maia, Garrincha, Pedro, etc, etc.
Depois que o objetivo que levou a
construção da capelinha foi alcançado e o número de fiéis já era grande,
obrigou a construção de uma igreja propriamente dita, maior e mais confortável.
Construíram então a nova igreja de Nossa Senhora de Fátima e a capelinha foi
demolida.
(Foto: Reprodução/Google imagens)
A nova Igreja de Fátima, foi inaugurada em 19 de dezembro de 1965.
Boas
Lembranças: Milton finaliza citando um trecho da música popular brasileira: “Como Adorinam Barbosa eternizou na canção ‘Saudosa Maloca’, “cada
tábua que caía, doía no coração” de todos que a frequentaram, casaram, fizeram
a primeira comunhão, foram batizados ou crismados na capelinha de Fátima, que
junto com o padre Salvador, os integrantes do grupo de escoteiros São Maurício,
são boas lembranças de minha infância feliz, vivida no meu querido bairro da
Favela.”
Fonte: Milton Barbosa via blog da Alcinéa e site da Diocese de Macapá
Fiquei profundamente emocionada com o relato acima. Pude visualizar cada memória descrita e lágrimas escorrem em meu rosto ao saber que meu pai, Pe. Salvatore Zona, marcou a vida de muitas pessoas e deixou boas lembranças na memória daqueles que o conheceram. Desejo que a história de nossa Macapá e daqueles que fizeram parte dela jamais seja esquecida! Maria Teresa
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