segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Antônio Pereira da Costa: o escultor dos Leões do Fórum

ANTÔNIO PEREIRA DA COSTA - Nascido a 17 de fevereiro de 1901, em Valadares, Vila Nova de Gaia, Porto – Portugal, Antônio Pereira da Costa era filho de Joaquim Pereira da Costa e Maria Rosa Costa, também portugueses.   
            Seu pai, integrando um grupo de artistas imigrantes portugueses e italianos, veio para o Brasil (Rio de Janeiro) por volta do início da segunda década dos anos 1900, a fim de executar trabalhos da sua arte, já que era escultor e estucador nato, aqui se naturalizou brasileiro.
            Com a morte de sua mãe, Antônio Costa deixou sua terra-pátria e veio também para o Brasil, onde chegou a 24 de setembro de 1914, então com treze anos e meio de idade, passando a ajudar seu genitor, a essa altura já em Belém, na execução de ornatos do Palacete Bolonha, nesta cidade.
            Ao perceber que precisava aperfeiçoar a sua arte, foi para o Rio de Janeiro, matriculando-se na Escola de Belas Artes, onde permaneceu de 1917 a 1920, quando, por falta de recursos, teve de abandoná-la e retornar a Belém. Antes, porém, executou trabalhos artísticos no prédio do Rio Cassino, dentro do Passeio Público, ao lado do Palácio Monroe.
            Em 1921, viajou para São Luís do Maranhão, com a incumbência de esculpir a imagem de Nossa Senhora da Conceição, no frontal da Catedral da cidade.
            Ainda em 1921, juntamente com seu pai, foi para Manaus, onde os dois realizaram trabalhos de restauração na fachada do Teatro Amazonas.
            Antônio Costa casou-se em 1922 com a pernambucana Lydia Bezerra da Silva, com quem teve oito filhos: Erotylde, José, Elza, Maria Rosa, Joaquim Agostinho, Antônio Filho, Mário e Terezinha.
            Em 1923, foi chamado novamente a São Luís, para esculpir o busto do então governador do Maranhão, época em que nasceu a sua primeira filha, Erotylde, a única maranhense.
            Ainda em São Luís, esculpiu também o busto do Dr. Tarquínio Lopes Filho, proprietário e diretor da “Folha do Povo” do Maranhão.
            Instalando-se em São Luís, seu pai, Joaquim Costa, lá montou uma fábrica de artefatos de cimento, como mosaicos e marmorites, transferindo-a, anos depois, com toda a maquinaria, para Belém do Pará, com o nome de “Plástica Paraense”, à Tv. Três de Maio, passando a fornecer mosaicos e outros produtos de melhor qualidade para casas comerciais, igrejas (Capuchinhos,p.ex.), Colégio Santo Antônio e várias outras construções. Muito tempo depois, com o falecimento de Joaquim e com a venda do prédio da fábrica, por motivo de força maior, Antônio removeu as máquinas para um modesto barracão no quintal de sua residência, à Tv. Mercedes, no Marco, onde, com o nome de Fábrica “São José”, continuou a fornecer aqueles artefatos para obras de construção no Estado.
            No Amapá, então Território Federal, a primeira viagem de Antônio Costa deu-se à época da Segunda Guerra Mundial, levado pelos americanos, com quem havia trabalhado na construção da Base Aérea de Belém, para participar da construção da Base Aérea do Amapá. Mais tarde, retornou ao Território, e ali deixou várias obras.(veja a listagem ao final)
            Existe em Macapá uma rua com o nome de Antônio Pereira da Costa, no bairro de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, homenagem da Câmara àquele que contribuiu com o seu valioso trabalho para o crescimento do Território Federal do Amapá, depois elevado a Estado.
            O artista, humilde por natureza, pois permaneceu pobre até os últimos dias, faleceu aos 82 anos de idade, em 1983, no mesmo hospital que construíra, em Macapá, exatamente a 3 de julho, dia em que, por “ironia do destino”, estaria retornando a Belém, para conviver definitivamente com seus filhos, netos e bisnetos (a esposa já era falecida). Voltou para Belém, sim, mas para lá ser enterrado.
            Como legado aos seus descendentes, deixou o exemplo maior de dignidade, integridade moral e amor ao trabalho.
 Texto de Erotylde Costa Leite – filha de Antônio Costa - extraído do blog Antonio Pereira da Costa (Velho Costa)
Antônio Pereira da Costa, riscava as plantas dos prédios e administrava os projetos das edificações em Macapá, entre esses RESIDÊNCIA GOVERNAMENTAL; HOSPITAL GERAL DE MACAPÁ; MATERNIDADE E PAVILHÃO INFANTIL DE MACAPÁ;
PRÉDIO DO FÓRUM - na construção civil e detalhes artísticos (escultura de dois leões e colunas);
Pedra do Guindaste - original, antes do acidente
NA BAÍA DE MACAPÁ – imagem de S. José na Pedra do Guindaste;
Detalhe histórico - Uma das versões da lenda sobre a Pedra do Guindaste registra que “para proteger a pedra e render homenagens a São José, que se transformou em padroeiro da vila durante a inauguração da Fortaleza de Macapá, os católicos mandaram esculpir a imagem do santo e a assentaram em cima da grande pedra.
A escultura foi encomendada para um dos maiores artesãos da época, o português Antônio Pereira da Costa, que esculpiu a imagem e originalmente a colocou de frente para a vila. A população acreditava que assim o santo velaria por todos os habitantes que ali moravam.
Nos anos 60 a fé dos habitantes de Macapá em seu padroeiro foi testada. O piloto de um navio de grande porte Domingos Asmar, fez uma manobra de maneira errada e se chocou com a grande pedra. A imagem de São José, dividida em duas partes, foi parar no fundo do rio e a pedra do guindaste completamente destruída. A sorte, como conta o Sr. Antônio Pereira, filho do escultor, foi que, como a maré estava alta, a imagem foi recuperada:
- Tem muita gente que acredita que a estátua imagem na frente da cidade não foi a que meu pai esculpiu, mas isso não é verdade. A imagem que quebrou, foi recuperada e colocada no lugar - ressalta seu Antônio.
Logo após o acidente o libanês Antônio Asmar -  dono do navio que também era um católico praticante – mandou construir um grande bloco de concreto no lugar onde estava a pedra do guindaste e a imagem, depois de restaurada, foi recolocada em cima do bloco. O único erro é que a imagem foi colocada de frente para o rio, o que gerou outra lenda:
- As pessoa dizem que depois que a imagem foi recolocada, São José decidiu não ser o nosso padroeiro porque em vez de proteger a cidade tinha que  se preocupar com os navios. Tudo é o que o povo conta – diz seu Antônio."
Fonte: (Trecho de uma entrevista concedida à repórter Araciara Macedo pelo filho do escultor Antônio Costa - reproduzida de um recorte de jornal de Macapá).
PRÉDIOS DAS LOJAS MAÇÔNICAS  “Duque de Caxias e Acácia do Norte” - na construção civil e ornatos; FRIGORÍFICO DE MACAPÁ; FÁBRICA AMAPAENSE; AS PRIMEIRAS CASAS CONSTRUÍDAS PELO GOVERNO, à Av. Presidente Vargas, com plantas suas; GRUPO ESCOLAR BARÃO DO RIO BRANCO; PRÉDIO DOS CORREIOS; PRAÇAS;
O busto de Tiradentes, no pátio do Quartel da Polícia Militar do Amapá, foi esculpido originariamente, conforme modelo, com uma corda em volta do pescoço, mas, por decisão superior, foi libertado desse inconveniente “colar”...
PÁTIO DE ACESSO AO QUARTEL DA POLÍCIA MILITAR – busto de Tiradentes (1982); POÇO DO MATO;
CIDADE DE AMAPÁ , a 250 km da capital – escultura da estátua do herói Francisco Xavier da Veiga Cabral, o “Cabralzinho” – monumento esse, colocado no mesmo lugar onde o valoroso brasileiro e seus caboclos repeliram com bravura a invasão francesa de terras amapaenses;
...e outras tantas obras executadas no período de 1945 a 1960.
É de sua autoria o busto do Deputado Coaracy Nunes, (que foi assentado em frente ao Aeroporto Internacional de Macapá) primeiro Representante do Amapá na Câmara Federal.

Detalhe histórico: Os leões do Fórum foram esculpidos pelo lusitano Antônio Pereira da Costa, a partir de uma forma confeccionada pelo Sr. Jorge Marceneiro (já falecido) que residia no bairro do Trem, na quadra dos Escoteiros do Mar Marcílio Dias. (Edgar Rodrigues) Saiba mais
(Repaginado em 10/12/2012)

6 comentários:

  1. Olá! Sou neta de Antonio Pereira da Costa. Estou construindo um blog sobre ele (http://velhocosta.blogspot.com.br/). Agradeço em nome de toda família a lembrança/homenagem ao meu avô. Cristina da Costa Rocha

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    1. Oi Prima distante, também sou Neto de nosso querido avô, prazer em conhecê-la... moro em Macapá, sou filho do Sr. Costinha da CEA, Antonio pereira da Costa Filho, e na época meu Pai me pediu para montar um software de Apresentação, especificando toda a Vida e Obra de nosso Grande Avô... seu Site será de grande ajuda para eu implementar ainda mais o soft.. obrigado por expor também a História dele.

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  2. JOÃO. EU TENHO CERTEZA QUE NÃO ERAM LEÕES, E SIM LEOAS.
    QUANDO MENINO AOS DOMINGOS AO IR OU VOLTAR DO HOTEL MACAPÁ, BRINCAVA SOBRE ELES.
    SÓ PODIAM SER LEOAS, POIS NÃO TINHAM "CULHÕES".

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  3. Meu caro Anônimo, tenho certeza que são leões e não leoas! Uma certa brincadeira, havia na época, em que se dizia que os leões estavam sentados e por isso não apareciam os ditos de sua preocupação. rsrsrsrs...

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  4. Cheguei nesta página após ver e fotografar o busto do ex-deputado federal Coaracy Nunes nos anos 40 e 50 no aeroporto internacional Alberto Alcolumbre em Macapá-AP, pois, fiquei impressionado com os traços bem feitos por um excelente escultor e aí estou conhecendo uns dos maiores de nossa região Norte no séc XX, sr Antônio Pereira da Costa. Trouxe-me, também, muitas recordações do LEÃO da frente do Fórum pois,quando criança gostava de subir nas costas deste leão. Excelente e parabéns. Heraldo Amoras_Monte Dourado-Pará-PA_www.panoramio.com/photo/110514246.

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