João Espíndola Tavares, filho de Gracindo Nelson Espíndola e Raimunda
Emiliana Espíndola, nasceu em 27 de janeiro de 1927, na Região do Alto Maracá,
no Sítio Bom Jesus, uma região de difícil acesso, no município de Mazagão.
Em Mazagão, seu patrimônio era relativamente grande para um interiorano
da década de 40. Entre os bens, estavam galpões para a armazenagem de Castanha
do Pará, barco com motor de popa e motor de energia elétrica, que abastecia a
vila de moradores da propriedade.
João Espíndola - que também foi Prefeito de Mazagão - casou lá mesmo com
Perolina Penha Tavares. Desse enlace matrimonial nasceram os filhos: José Penha
Tavares, Maria Conceição Penha Tavares e Pedro Aurélio Penha Tavares.
João era um visionário doméstico, pois resolveu ir morar na capital,
Macapá, para que os filhos tivessem acesso à educação.
Já em Macapá, nasceram Maria do Socorro Penha Tavares e Paulo Roberto
Penha Tavares.
Com força de vontade e determinação, Espíndola também conseguiu sorver
conhecimento e concluiu o segundo grau (hoje ensino médio), na Escola Gabriel de
Almeida Café.
Além do sucesso no campo profissional e pessoal, João Espíndola foi um
estudioso da filosofia maçônica, e atingiu o ponto alto da nobre ordem, o “Grau
33”. Ele foi muito respeitado pelos membros da augusta arte real.
Espíndola, como era conhecido em Macapá, foi delegado, diretor da
Penitenciaria Agrícola do Estado (hoje IAPEN), entre tantos outros cargos
públicos.
Era um cidadão sincero, íntegro, carinhoso, especial, atencioso,
cauteloso, cordial, caloroso, honesto, qualificado, contemporizador e
fascinante. Em nota, a Maçonaria divulgou: “Durante sua estada entre nós,
sempre foi ativo colaborador e possuidor de um elevado amor fraterno”.
Nosso homenageado(in memorian), era sempre procurado por várias pessoas,
em sua residência, no centro de Macapá,
em busca de conselhos. Eram ricos, pobres, brancos, negros, de diferentes
posicionamentos políticos e religiosos. Às vezes, ele nem falava nada, só
escutava o desabafo daqueles homens, que já saiam do muro das lamentações
(apelido dado a uma área ao lado da casa, pelos seus filhos), de alma aliviada.
João Espíndola, foi um dos amapaenses presos injustamente, durante o
golpe militar de 1964, mas provou sua inocência com altivez e retomou sua
gloriosa vida.
Pouco antes de seu falecimento, Espíndola vivia um bom momento. Havia
criado os filhos com sucesso, tinha uma bela casa, uma família unida e era
respeitado no Estado. Ao envelhecer, o pátrio poder deixou de existir,
tornou-se um grande amigo de seus filhos.
Em uma ocasião, durante um festejo em sua residência, João agradeceu sua
mulher por todos os anos de dedicação. Disse-lhe, em frente a familiares e
amigos, que devia muito a ela pelo grande homem que se tornou.
Delegado Espíndola, faleceu no domingo, 7 de janeiro de 1996, por volta das 18h30m, aos 69 anos, vítima
de um acidente automobilístico, na zona Sul de Macapá.
Cerca de 500 pessoas foram ao seu funeral, dentre elas, secretários de
Governo, políticos, empresários e cidadãos comuns, pois apesar de frequentar a
alta roda da sociedade amapaense, Espíndola não tinha comportamento elitista,
era amigo de “peões” e “doutores”, tratando-os da mesma maneira.
A história deste homem, que foi uma das figuras mais populares do
município de Mazagão e da cidade de Macapá, é de uma magnitude e nobreza, que
até parece uma obra de ficção. Ele não foi perfeito, mas, com toda certeza, foi
um grande exemplo de pai, cidadão e ser humano.
Texto do jornalista amapaense e
blogueiro Elton Tavares - neto do biografado - devidamente adaptado e
atualizado, especialmente para o blog Porta-Retrato.