Este registro raro, foi publicado no Facebook pelo amigo Paulo Tarso Barros. Além de
professor e ativista cultural de Macapá, Paulo é nosso parceiro no blog
Porta-Retrato; é um exímio pesquisador e sempre nos brinda com essas
preciosidades garimpadas nos arquivos históricos do Amapá.
Ao tomar conhecimento dessa relíquia, solicitei a
ajuda ao amigo Édi Prado - também parceiro do blog - para que me conseguisse
uma foto semelhante à antiga, se possível no mesmo ângulo das imagens.
Imediatamente, Édi repassou a ideia ao seu amigo fotógrafo Alex de Paula, voltaram
ao local e registraram vários cliques, dos quais escolhi a tomada mais aproximada da anterior, para vocês compararem como o local está hoje, após 17 anos.
Saiba
como surgiu o nome do bairro Santa Inês:
O
Bairro Santa Inês surgiu em Macapá, em 1985, acompanhando o desenvolvimento econômico e populacional
que vinha sendo observado na capital amapaense. (Wikipédia)
Nos
primeiros anos de Macapá existia, na orla da cidade, depois da Fortaleza de
Macapá, uma reentrância que chamavam-se Remanso e Elesbão.
O
historiador Nilson Montoril, conta detalhes desses dois antecessores do Bairro
Santa Inês.
"Sobre a praia do
remanso, no terreno do entorno oeste da fortaleza e na área do Elesbão, os
moradores de Macapá, que apreciavam residir na margem do rio, foram construindo
suas habitações. No trecho identificado como Elesbão, atualmente cortado pala
Avenida Hélio de Souza Pennafort, que começa na Avenida Henrique Antônio
Gláucio e termina da avenida 1º de Maio, vários pioneiros da edificação do
povoado de Macapá formaram um aglomerado urbano. Este amontoado de casinhas e
gente perdurou até meados da década de 1980, ocasião em que o Governador do
Território Federal do Amapá, Annibal Barcellos, o extinguiu e transferiu os
moradores para o bairro Nova Esperança. O aterro da área do remanso, do Elesbão
e do igarapé do Igapó começou a ser feito em 1978, durante a gestão do
Governador Arthur Azevedo Henning. A contar de 1979, os trabalhos foram
intensificados pelo Comandante Annibal Barcellos, se estendendo pela orla de
Macapá até as proximidades do igarapé Jandiá, dando origem à Praça Abdalla
Houat, Praça Jacy Barata Jucá e expansão do Perpétuo Socorro. Para iniciar o
aterro dos trechos citados o DNOS procedeu à drenagem da praia onde seriam
construídas as rampas acostáveis do bairro Santa Inês, do Igarapé das Mulheres
e próximo ao canal do rio Amazonas. Somente na conclusão do aterro utilizou-se
laterrita. O Elesbão era uma referência para quem queria comprar peixe, carne
de caça, frutas e açaí que os caboclos das ilhas fronteiriças a Macapá traziam
para comerciar. Ali morou uma senhora sobejamente conhecida em Macapá como
Maria Mucura. Com todo respeito à sua memória, o rosto da ditosa senhora era
tal e qual a cara do marsupial devorador de aves. O pequeno declive existente
perto de sua casa ficou famoso como baixa da Maria Mucura. É claro que ela não
gostava do apelido e xingava os desrespeitosos até a milésima geração.
Moradores do bairro do Trem de Lapidação e adjacências que gostavam de degustar
uma cachacinha da marca Alvorada não deixavam de passar no boteco do seu Neco
Brito e deliciar, de uma talagada só, o famoso produto advindo de Abaetetuba.
Na volta para casa voltavam a encostar-se à birosca que não tinha nome para
engolir a saideira. No entorno da Fortaleza, junto ao remanso, foi instalado um
matadouro municipal.
Sobre a praia funcionou um abatedouro de porcos
pertencente ao senhor Pedro Pinheiro Borges. Também existiu um dançará na área,
cujo nome parece ter sido “Bela Vista”. Quando a “porrada comia no centro”,
dava gosto ver os brigões caírem na lama ou na água. Sujos e molhados iam
depurar a maldita cana e sossegar o facho na Delegacia de Polícia. Ambiente
mais calmo era o “Bananeira”, aprazível recanto onde uma família do local
promovia festas e vendia refeições. Só funcionava nos fins de semana. Quem
caísse na besteira de beber, comer e não pagar era sumariamente denunciado na
Polícia e esconjurado pelo resto da vida e mais três meses." (Nilson Montoril)
"O Remanso desapareceu entre os anos de 1979 e 1980, quando foi aterrado."
"O Remanso desapareceu entre os anos de 1979 e 1980, quando foi aterrado."
Saiba mais no blog Arambaé
Em fevereiro de 2011,
através do blog da Alcinéa, o leitor Jefferson
Souza repassou o que ele ouviu em uma missa celebrada pelo padre Dante Bertolazi, que na época era pároco da Igreja
São Pedro.
"Segundo o pároco havia naquela região uma fazenda e o lugar era conhecido por “vacaria”.
Percebendo que ao redor do local algumas famílias começavam a ocupação cada vez
mais contínua, ele, padre Dante, então pároco da Igreja Nossa Senhora da
Conceição, paróquia responsável pela região, foi ao encontro do dono da “fazenda” para
solicitar que este lhe ofertasse um pedaço do terreno para a construção de uma
capela para os fieis que ali por perto já habitavam.
"Segundo
o sacerdote, o “fazendeiro” (que ele não citou o nome), disse-lhe que não seria
possível ceder o local, já que ele tinha um empreendimento e não queria perder
o domínio na área. Contudo, a região continuava sendo ocupada.
Passados
quatro meses o proprietário foi ao encontro do padre manifestando o desejo
de doar a área solicitada pelo pároco para que este construísse a
capela. A justificativa para a mudança de opinião era que já havia muitos
ocupantes na área da “vacaria” e que ele já não tinha como impedir a invasão,
achando justo doar para a Paróquia um punhado do terreno a fim de promover a fé
católica e criar a comunidade na região.
Após a
construção da capela, afirmou padre Dante, houve uma dúvida: Qual seria o nome?
ou como se chama no catolicismo, a quem ela seria dedicada?
O
sacerdote revelou que na sacristia da Paróquia de Nossa Senhora da Conceição
encontravam-se guardadas duas imagens: uma de São Tarciso e outra da Santa
Inês. Logo ele pensou que uma das duas poderia ser destinada àquela nova
comunidade. Para a escolha ele levou em consideração que não poderia ser a de
São Tarciso, pois sendo este o padroeiro dos coroinhas deveria permanecer ali
para o culto dos seus ajudantes de altar. Então, resolveu que seria Santa Inês.
Após a
escolha de Santa Inês, organizou-se uma procissão que partiu da Igreja da
Conceição em direção a pequena capela. A imagem foi introduzida na capela e
tornou-se sua padroeira, continuando até hoje no altar que lhe foi confiado. A
mesma imagem pode ser encontrada hoje na Igreja de Santa Inês.
Com o fato e o crescimento do bairro, popularizou chamá-lo de “Santa Inês”, por conta da Capela em honra à Santa. Tão logo, a prefeitura reconheceu o nome, passando a usá-lo ao referir-se ao local; e mais adiante, o Governo do Estado com a construção da Escola Estadual em honra a mesma Santa."
Com o fato e o crescimento do bairro, popularizou chamá-lo de “Santa Inês”, por conta da Capela em honra à Santa. Tão logo, a prefeitura reconheceu o nome, passando a usá-lo ao referir-se ao local; e mais adiante, o Governo do Estado com a construção da Escola Estadual em honra a mesma Santa."
Nota do blog: O nome do
dono da fazenda era Seu Antonio Barbosa.
Fontes: Blog Arambaé, blog da Alcinéa, Wikipédia
Essa foto é bem antes do ano de 1997, pois lembro bem que a Rua beira rio foi pavimentada e asfaltada no segundo semestre do ano de 1995 e por consequência os moradores dessas casas
ResponderExcluirforam remanejados para o conjunto hospital de base no bairro buritizal.
Rubem silva (morador do santa Inês)
A paisagem urbana de Macapá muda com muita velocidade e não é só na área urbana central. Em toda a capital as mudanças se processam rapidamente. E o João Lázaro vem registrando e divulgando este processo. Parabéns Janjão.
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