Nosso registro histórico fotográfico de hoje,
nos foi compartilhado pela amiga Maria Dorotéa de Lima.
Para contar a história das "Casas Pernambucanas”,
em Macapá, vamos reeditar um artigo do
historiador Nilson Montoril, publicado no Jornal Diário do Amapá:
Casas Pernambucanas em Macapá:
No dia 28/10/1950, a cidade
de Macapá ganhava uma loja famosa que tinha filiais em quase todas as capitais
brasileiras.
(Imagem reproduzida do Jornal Amapá - Acervo: Paulo de Tarso) |
Naquela tarde de sábado, populares
e autoridades concentraram-se na Avenida Presidente Vargas, trecho compreendido
entre as Ruas São José e Cândido Mendes de Almeida para ver a inauguração do
empreendimento denominado “Casas Pernambucanas”.
Em outros tempos, mormente
antes da criação do Território Federal do Amapá, a área correspondia a um largo
corredor que ligava a Praça Capitão Augusto Assis de Vasconcelos e o velho
Largo de São João, logradouros que depois tiveram seus primitivos nomes mudados
para Veiga Cabral e Barão do Rio Branco respectivamente. Ali ficava o campo de
futebol do Cumau Esporte Clube, a agremiação alviverde da cidade. O terreno já
abrigava as obras da Agência dos Correios e Telégrafos.
Às 15 horas, o governador interino
do Amapá, Dr. Raul Montero Valdez chegou ao local para participar do expressivo
acontecimento. Fazia-se acompanhar do Sr. Henrique Pehtelsohn, diretor da
LUNDGREN TECIDOS S. A, importante firma têxtil e comercial brasileira, cuja
matriz estava sediada em Paulista, pequena cidade pernambucana que integrava o
distrito de Olinda. Henrique Pehtelsohn fez um breve relato sobre a construção
da loja que tinha fábricas próprias. Destacou a colaboração do governo do Amapá
e agradeceu o carinho dos macapaenses, alguns acostumados a comprar produtos da
firma, principalmente fazendas, quando iam a Belém ou a outras cidades do
Brasil.
Apresentou ao público e às autoridades os senhores Adaucto Benigno
Cavalcante, gerente da filial e Armando Drummond, fiscal da aludida firma. O
Dr. Valdez também fez uso da palavra e declarou As Casas Pernambucanas como
inaugurada. Após a inauguração foram servidos “frios, gelados e doces”. O
senhor Adaucto Benigno Cavalcante dirigiu o empreendimento por um longo período
e participou de inúmeras atividades de cunho beneficente na cidade de Macapá.
Era natural do Estado do Ceará e trouxe sua família. Seus filhos e filhas foram
meus contemporâneos dos tempos de estudante e esportista. Com ele atuaram
dedicados funcionários, merecendo destaque os senhores Nelson Medeiros e
Aquino. No inicio a loja só vendia tecidos e roupas.
O logotipo da firma era
bem interessante e compreendia dois losangos que tinham em seu interior um olho
grande. Por isso, as fazendas que a Lundgren Tecidos fabricava eram rotuladas
como tecidos da “Marca Olho”.
As donas de casa de Macapá e de
outras localidades adjacentes a capital amapaense compravam tecidos, toalhas de
banho e de mesa, lençóis, fronhas, colchas, travesseiros e outros produtos na
filial de Macapá. Os homens preferiam as camisas da marca Lunfor. Depois, a
linha de produtos diversificou-se com a venda de tapetes, cortinas, pano para
copa, eletrodomésticos, informática e similares. Em 1970, com o lançamento do
“Crediário Tentação” o volume de vendas aumentou assustadoramente. O cliente
podia dispor do carnê e do cartão de crédito, A firma “Casas Pernambucanas”
surgiu em Pernambuco, no dia 25/09/1906, fundada pelo sueco Herman Theodor
Lundgren, que havia chegado a Recife em 1885. Inicialmente atuou como corretor
e agente de navios estrangeiros. Como falava fluentemente inglês e alemão,
servia de interprete a passageiros e tripulantes de embarcações que faziam
linha entre a Europa e Pernambuco. Antes da fundação da loja de tecidos, Herman
Lundgren montou uma revenda de pólvora e fertilizantes. Também exportava cera
de carnaúba, sal e pele de animais. No inicio de 1904, Herman comprou a
Companhia de Tecidos Paulista e ingressou no ramo da indústria têxtil. Em 1908,
instalou na Praça da Sé, em São Paulo a primeira loja fora de Pernambuco. Entre
os anos de 1970 e 1990, começaram as disputas dos herdeiros de Herman Lundgren
e o empreendimento sofreu drástica regressão. Apenas o grupo capitaneado por
Arthur Lundgren Tecidos, que operava em São Paulo, prosperou e ainda ocupa
lugar de destaque no comércio brasileiro. A loja de Macapá foi à
falência.(Nilson Montoril)
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