Em 1973, Mané
Garrincha, o maior “ponta direita” do futebol mundial foi fazer um jogo de
exibição em Macapá.
O historiador Nilson Montoril, conta pra gente, como foi a passagem do “craque” pela capital amapaense.
O historiador Nilson Montoril, conta pra gente, como foi a passagem do “craque” pela capital amapaense.
“Ele estava sem clube e precisava de dinheiro para sua subsistência.
Cobrava quatro mil cruzeiros para vestir a camisa do time que pagasse o cachê.
Quando as despesas eram pagas mediante coleta feita por dois clubes rivais,
Mané Garrincha jogava um tempo por cada agremiação. Jogava não é o termo
preciso para ser aplicado, mas a torcida vibrava quando ele dominava a bola e
saia driblando seus adversários. Na maior parte do tempo o “Demônio das Pernas
Tortas” recebia a bola e fazia lançamentos preciosos a seus companheiros.
Garrincha desembarcou em Macapá na manhã do dia 11 de agosto
de 1973. Já havia vestido a camisa de 13 clubes no giro realizado no Nordeste.
Ficou hospedado no decadente Macapá Hotel. Louco por passarinhos, ele
demonstrou interesse em conhecer quem tinha a mesma mania. Apresentaram-lhe o
Chefe Escoteiro Humberto Santos, que entre outros pássaros criava um rouxinol,
o “Preto”, pelo qual o Mané se apaixonou. Deram-lhe uma gaiola com um curió e
um alçapão. Arranjaram-lhe como guia o índio Tunari, que passava a maior parte
do tempo na recepção do Macapá Hotel vendendo artesanatos indígenas que
fabricava. O Tunari e o Garrincha tinham um ponto em comum: apreciavam a
marvada pinga. .
Uma rápida solenidade ocorreu no centro do campo, estando
presente o Prefeito Municipal de Macapá, Lourival Bevenuto da Silva. A
proprietária do “Armazém Colorado”, esposa do desportista Bernardino Sena,
entregou ao Garrincha uma rosa de prata. Ficou acertado que o Mané atuaria um
tempo pelo Ypiranga e um tempo pelo São José, os dois maiores rivais do futebol
amapaense naquela oportunidade. Assim foi feito.
No primeiro tempo, o conjunto negro-anil do bairro proletário
atacou a meta que fica próximo ao portão de entrada do "Gigante da
Favela"e contou com o concurso de Garrincha pela extrema direita do
ataque. Pouco foi acionado por seus companheiros e teve pouca oportunidade de
realizar suas belas jogadas. Na etapa final a estória foi outra. Defendendo o
São José, Garrincha ficou mais à vontade e frequentemente os atletas tricolores
lhe passavam a bola. Neste tempo do jogo o "Anjo das Pernas Tortas"
brindou os torcedores com belas jogadas, 4 delas memoráveis: cobrança de falta
para o São José, com a bola batendo na trave; um drible desconcertante que fez
3 jogadores do Ypiranga passarem direto para a linha de fundo; um chute longo
que o goleiro defendeu; uma ginga de corpo incrível sobre o zagueiro
ypiranguista Oleno que o fez perder o rumo. No final da partida o São José
venceu por 2x1. Deomir marcou os 2 gols do tricolor e Bill descontou para o
Ypiranga. Como o jogo foi festivo, não oficializado pela Federação Amapaense de
Desportos, o registro do evento ficou na memória dos que foram ao
"Glycerão". O tempo faz as pessoas esquecerem certos acontecimentos e
vários atletas que estiveram em campo quase nada se lembram de um fato tão
importante.”
Trechos de um texto publicado pelo historiador amapaense Nilson
Montoril no blog dele - Arambaé.
Nosso agradecimento ao amigo Vadoca - alfaiate e ex-jogador de futebol - que nos auxiliou na identificação dos atletas.
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