sexta-feira, 8 de dezembro de 2017

Coronel Luiz Ribeiro de Almeida: Um Século de Vida

Há exatamente 100 anos nascia num sábado, 8 de dezembro de 1917, em Belém do Pará, LUIZ RIBEIRO DE ALMEIDA, filho de Luiz Pampolha de Almeida e Maria de Lourdes Ribeiro de Almeida. Fez o primário no Grupo Escolar Wenceslau Brás e o secundário no Ginásio Paes de Carvalho. Em 1935 ingressou na Faculdade Livre de Direito do Pará, bacharelando-se em Ciências Jurídicas e Sociais pela turma de 1939, da qual foi orador oficial, com o discurso tese "O Direito e a Unidade dos Povos do Mundo". Simultaneamente, recebeu a espada de aspirante-a-oficial da reserva do Exército Nacional, pelo então CPOR/8ª Região Militar. Ocupou o cargo de Secretário Seccional do Recenseamento, região do Xingu, no período de 1940/41; foi designado Comissário Especial da Ordem Política e Social da Secretaria de Segurança Pública do Pará; coordenou junto ao governo do Estado e ao comando da 8ª RM o policiamento da costa da ilha de Marajó, visando a proteção da área contra a espionagem e sabotagem pelos estrangeiros. Em 1943, após o estágio regulamentar no 26 BC, foi convocado para a guerra, indo prestar serviços na 1ª Companhia de Metralhadoras Antiaéreas, sediada em Val-de-Cans. Comandando o 4° Núcleo e Oficial Instrutor; traduziu e adaptou manuais e regulamentos norte-americanos sobre Metralhadoras Browning calibre 30 e 50; reconhecimento de aviões. Já servindo no 27° BC, submeteu-se às provas de seleção para o curso de paraquedismo, aprovado, mas não efetivado em virtude do término da guerra. Na qualidade de Comandante da Companhia de Fronteiras, procedeu seu deslocamento de Belém para o Território do Amapá, instalando-a na "Rasa", Município de Amapá, em 1949. Como Subcomandante e Fiscal Administrativo, promoveu a extinção da 4ª Cia. de Fronteira e da 1ª Cia. de Metralhadoras Antiaéreas. Participou da intervenção do Estado de Alagoas no ano de 1950, por requisição do Poder Judiciário, cabendo-lhe a cobertura do Município de Anadia. Na área desportiva do Exército, destacou-se como campeão penta atleta no Norte por 3 anos; campeão olímpico de remo (patrão); participando das modalidades de atletismo, voleibol e basquetebol, foi considerado pelo comando como "oficial de excepcionais qualidades de atleta da região". 
Foi colocado à disposição do governo do Território Federal do Amapá no ano de 1953, aceitando o convite do Governador Janary Gentil Nunes, assumindo o cargo de Diretor da Divisão de Segurança e Guarda e Comandante da Guarda Territorial, permanecendo até 1960, sendo eleito em seguida, presidente da Companhia de Eletricidade do Amapá - CEA quando, então, se iniciavam as obras da Hidrelétrica Coaracy Nunes, na cachoeira do Paredão. Deu o parecer técnico jurídico no contrato de empreitada com a TECHINT, aprovado pelas partes. Retomou ao Exército passando a servir no Quartel-General da 8ª RM, no posto de Capitão. Enquanto serviu ao Exército, exerceu com destaque as mais variadas funções compatíveis com suas patentes, até a de Ajudante Geral da 8ª Região Militar (eventual), tendo em seu poder cerca de 35 elogios. Ao passar para a reserva no posto de Ten-cel, teve ligeiras, porém agitadas e produtivas passagens no Amapá; 
Assessor Jurídico do governo Terêncio Furtado de Mendonça Porto, quando emitiu parecer sobre a reformulação do célebre contrato do manganês, reforçando suas bases essenciais de manutenção dos 20% de aplicação do seu lucro líquido e 10% de royalties para as obras do "Paredão"; Diretor Administrativo da CEA, quando teve participação ativa e efetiva nas gestões para elaboração e assinatura do contrato de aquisição dos equipamentos eletromecânicos de duas unidades geradoras, junto à empresa Marubemi-Ida de Tóquio, oriunda do Japão. No período de 1964 e 1970, transferiu-se para Belém, se dedicando à área de Direito e ao Magistério, ministrando sob a Cátedra do Dr. Daniel Coelho de Souza, a disciplina "Introdução à Ciência do Direito", sendo homenageado pela turma de Bacharéis de 1969. Em 1970 retomou ao Amapá, assumindo o cargo de Secretário Executivo da Superintendência das obras do Paredão, contratado pela Eletrobrás. Com o afastamento do Cel-Engº  Nélio Dacier Lobato, Superintendente das obras, Luiz Ribeiro afastou-se da empresa. Convidado pelo Prefeito Municipal de Macapá, comandante João de Oliveira Côrtes, assumiu a chefia do gabinete, passando também a ministrar aulas de "Sociologia Educacional" no IETA e "Organização Política e Social" pelo CADES; instalou o MOBRAL, assumindo a presidência da comissão municipal de Macapá e em seguida assumiu a Coordenação Territorial, cargo que exerceu por 17 anos, conseguindo colocar o Amapá em destaque nacional: melhor Índice da alfabetização entre todas as Unidades Federativas do Norte, Nordeste e Centro-Oeste, com exceção de Brasília. No governo do General Ivanhoé Gonçalves Martins foi reconduzido à Diretoria Administrativa da CEA onde permaneceu cerca de um ano e meio. Exerceu, por delegação do Ministro do Interior e Justiça o cargo de Presidente do Conselho Territorial. 
Em 1975 foi nomeado Secretário de Educação, Cultura e Desporto pelo Governador Arthur de Azevedo Henning. Como rotariano recebeu a missão de reorganizá-lo, do qual foi Secretário e Presidente, tendo sido indicado governador do Distrito Rotário 449 por duas vezes. Fundou e instalou, juntamente com os tenentes José Alves Pessoa e Uadih Charone o Clube Militar de Macapá com sede na Fortaleza de São José de Macapá; reimplantou a APAE, proporcionando-lhe a instalação e operação; fundou a Casa do Lobinho Antônio Sérgio, regularizando o seu funcionamento e, mais tarde, foi um dos Diretores. Foi atleta de voleibol, basquetebol, Diretor de esportes do Amapá Clube no período de 1953/56; instalou o Tribunal de Justiça Esportiva na gestão do Presidente da Federação Amapaense de Desportos Uadih Charone; funcionou como Secretário Executivo no memorável "Congresso das Federações do Norte", sob a coordenação de Pauxy Gentil Nunes; presidiu a Federação de Desportos Aquáticos, quando o Amapá sagrou-se vice-campeão juvenil brasileiro; presidiu por vários períodos o Conselho Regional de Desportos, quando instalou novas federações (atletismo, ciclismo e box), instalou as Ligas Esportivas Municipais de Amapá, Calçoene, Oiapoque e Mazagão; foi representante da "A Gazeta Esportiva" do Estado de São Paulo por 8 anos, conseguindo enviar vários corredores para a "Corrida de São Silvestre". Casou-se com D. Altair Machado de Almeida, consagrada pianista amazonense, com passagens marcantes pelos teatros da Amazônia e professora no Conservatório de Música do Amapá por 25 anos, lamentavelmente já falecida, e que lhe deu os filhos Vânia Maria, Luiz Filho, Maria Luiza, Marco Aurélio, Tereza Cristina, José Ronaldo e a filha de criação Maria Luiza Lacerda. Na área de Ciências e Letras possui ainda o curso de "Metodologia do Ensino Superior"; foi professor de "Estudo de Problemas Brasileiros" do Núcleo Universitário do Amapá" e do "Esquema Um" da Secretaria de Educação, sob o patrocínio da Universidade Rural do Rio de Janeiro; Curso de Administração e Técnica de Educação de Adultos; participou dos Seminários de "Desenvolvimento Organizacional - Processo DO", do "Latino-Americano de Alfabetização de Adultos" e de "Introdução ao Jornalismo". Exerceu o cargo de Secretário do "Conselho de Proteção ao Meio Ambiente - CONTERPRAM" e de Representante da SOPREM, por vários anos. Entre os muitos trabalhos elaborados se destacam: "Relatório Socioeconômico Estratégico-Militar da ilha de Marajó"; "Direito Internacional a Boca do Canhão"; "Emancipação política do Brasil" - conferência proferida na Loja Maçônica Duque de Caxias; "Parecer Técnico-Jurídico sobre o contrato do manganês"; 
"A implantação do Mobral no Amapá"; "MOBRAL - a árvore de mil raízes e milhões de frutos"; "Alfabetização e Desenvolvimento"; "Estratégia 78/80 - linhas gerais de ação para erradicação do analfabetismo no Amapá"; "O Espectro do Analfabetismo no Brasil". Luiz Ribeiro tem em seu poder títulos e condecorações: Medalha de Guerra concedida pelo Exército; Medalha Olímpica concedida pelo Departamento de Desportos do Exército; Medalha e Diploma de Serviço Amazônico, com passadeira de ouro concedida pelo Ministério do Exército; Diplomas de Honra ao Mérito concedidos pelo Mobral; pelo Grêmio Rui Barbosa; Legionário concedido pela LBA; Personalidade do Esporte ano 1974; administrador do ano 1974; exerceu também o cargo de Presidente do Conselho de Escotismo e Regional de Conselho Nacional do Escotismo, no Brasil; de Escotismo e Membro do Instituto Histórico do Amapá, ocupando a cadeira de Janary Gentil Nunes; membro do Conselho Consultivo da Câmara Internacional do Comércio do Amapá. Em 1989, por ocasião da comemoração do "cinquentenário" de formatura dos bacharéis de 1939, da Faculdade Livre de Direito do Pará, Ribeiro foi seu interprete através da oração: "Um reencontro de Homens Livres". 
Como Secretário de Educação, na gestão Gilton Garcia, 1989/90, coordenou e promoveu junto ao Ministério de Educação e Governo do Amapá, todas as gestões para a instalação definitiva da Universidade Federal do Amapá - UNIFAP, da qual foi, durante sua primeira fase, um dos membros do Conselho Universitário; participou com a equipe de educadores da UNESPA e do Amapá, sob a coordenação do professor Edson Franco, das gestões básicas para a futura instalação do Centro de Estudos Superiores do Amapá - CEAP e ministrou a aula inaugural na abertura dos Cursos de Direito e Ciências Contábeis. Hoje agraciado com o título de "Comendador da Ordem do Mérito Advocatício no grau ouro" concedido pela OAB - secção do Pará. 
Reprodução - Do grupo Memorial Amapá
Coronel Luiz Ribeiro de Almeida, que hoje completa um século de existência, ainda lúcido, reside atualmente com a família na capital paraense. É um dos “Personagens Ilustres do Amapá”.
Fonte: Do livro Personagens Ilustres do Amapá Volume II - de Coaracy Sobreira Barbosa - Imprensa Oficial – agosto de 1968 – Macapá-AP
(Última atualização às 14h15min)

Um comentário:

  1. Raramente o Senhor contempla a Terra com uma pessoa tão extraordinária como o Coronel Luiz Ribeiro. Dentre todas as suas qualidades, ressalto tres: humildade, amorosidade e honradez. Dito tudo isso em sua biografia, viveu com apenas aquilo que era seu, sem nunca permitir uma mancha sequer. Descanse em paz, meu tio. Tenho muito orgulho de ter convivido com alguém tão raro co.o o senhor.

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