Articulista Nilson Montoril
de Araújo – professor, historiador, radialista, blogueiro e atual Presidente da
Academia Amapaense de Letras – em um artigo recém-publicado no Jornal Diário do
Amapá, conta com riqueza de detalhes, o verdadeiro significado da palavra beirol.
“Três tipos de falésias
existiram em Macapá, na margem esquerda do Rio Amazonas.
Imagem: Reprodução / Arquivo Histórico do Amapá
Imagens: Reprodução / Google
Imagens: Reprodução / Google
Imagens: Reprodução / Google
Imagens: Reprodução/"Blog Canto da Amazônia"
A toda esta extensão de terra,
os militares da Fortaleza chamavam de beirol. A designação é bem interessante e
não aparece nos dicionários brasileiros. A rigor, nem em Portugal a palavra é
empregada. Então, qual a origem do vocábulo? Existiu em Portugal, uma casa de
detenção denominada “Prezidio de Beirollas”, certamente erguido em área de
falésias à beira mar. Beirollas passou a ser escrito como beirola, significando
beirada ou beira, correspondendo a uma espécie de paredão de terra.
Originaram-se de beirola as palavras beiranita, beiranito, beiredo, beiró,
beirô, beiroa e beirão, que é o feminino de beirola e quer dizer habitante da
beira.
Consta que por ocasião dos
exercícios de tiro com canhões instalados no baluarte Madre de Deus, os
artilheiros das forças aquarteladas na Fortaleza usavam como alvo, uma parte do
paredão ou beirol, na área onde surgiu a comunidade de Mucajá. O nome beirol
voltou a ser mencionado após a instalação do Território Federal do Amapá, haja
vista que a área do atual bairro macapaense foi escolhida para ser concedida às
pessoas interessadas em desenvolver atividades próprias do setor primário. Os
lotes, com cerca de 500m de frente por 500 de fundo, deveriam abrigar projetos
de criação de aves, suínos, bovinos e produção de verduras e frutos.
Infelizmente, alguns dos contemplados com lotes não permaneceram o tempo
necessário para tocarem seus projetos.
Apenas dois detentores de lotes levaram
em frente suas iniciativas; Cláudio Carvalho do Nascimento e Antônio Barbosa, o
dono da Vacaria(vide fotos acima). Atualmente, apenas o primeiro permanece residindo no lote
recebido. Ali, ele criou gado e desenvolveu outras importantes atividades. Sua
propriedade ficava bem isolada do centro de Macapá e boa parte do terreno era alagada.
Nem o trecho da estrada Macapá/Fazendinha passava em frente de sua casa. Aos
poucos, o Beirol foi sendo ocupado por novos moradores de Macapá, que não
conseguiram terreno do Trem.
Em 1949, o Beirol sediou uma Colônia Prisional, o
primeiro presídio da cidade. Antes dele, os presos com penas mais drásticas iam
cumpri-las em Belém, no Presídio São José. Os demais ficavam na Fortaleza. Os
apenados do Beirol criavam aves, suínos e plantavam árvores frutíferas,
principalmente caju.
Por causa disso, o presídio era identificado como Cajual. Num espaço hoje ocupado pela Igreja de São Pedro e um posto de saúde do Lions Clube, foi construído um forno crematório.
Imagens: Reproduções / G1-AP, Google e Blog Porta-Retrato |
Imagem: Reprodução / IBGE |
Por causa disso, o presídio era identificado como Cajual. Num espaço hoje ocupado pela Igreja de São Pedro e um posto de saúde do Lions Clube, foi construído um forno crematório.
A rodovia Macapá Fazendinha,
perímetro da atual Jovino Dinoá, começava na Avenida Feliciano Coelho e passava
entre o Presídio e o forno crematório. No segundo semestre de 1949, quando o
governo amapaense decidiu construir um estádio de futebol, nos termos exigidos
pela Confederação Brasileira de Desportos e Fifa, uma área próxima à Colônia
Prisional São Pedro foi escolhida, mas descartada por ser julgada distante do
centro de Macapá. O Estádio Territorial, depois Municipal, e mais tarde
Glicério Marques, despontou um pouco além da Favela. Na área litorânea do
bairro Santa Inês, originalmente chamada Vacaria, as águas do Amazonas lavavam
o terreno baixo inundável. O aparecimento do Araxá foi obra de Pauxy Gentil
Nunes, que ali fixou um rudimentar balneário para uso nos fins de semana. O
acesso era feito pela estrada Macapá/Fazendinha, da mesma forma que hoje
prevalece, através da Rua Jovino Albuquerque Dinoá.”(Nilson Montoril)
Texto
de Nilson Montoril publicado originalmente na edição do dia 10 de março de 2018,
no Jornal Diário do Amapá.
Fonte Diário do Amapá