Trazemos hoje, no
Porta-Retrato, a história de um grande atleta do passado: o ex-zagueiro
Francisco Lopes Filho, mais conhecido como "Passarinho".
Ele conversou com o
desportista Franselmo George e seu depoimento está publicado na edição nº 638,
do Jornal “Tribuna Amapaense”, que serviu de fonte para a nossa matéria.
Francisco Lopes Filho nasceu em 26 de janeiro de 1925, em Cametá, no Estado do Pará.
Os pais dele, Francisco Cardoso Pereira e Baselina Lopes Ferreira, eram agricultores na cidade.
Os pais dele, Francisco Cardoso Pereira e Baselina Lopes Ferreira, eram agricultores na cidade.
"Passarinho" chegou
à capital amapaense, em 1945 a bordo do "Rebocador Araguari", na
companhia de dois amigos: Diquinho, conhecido como "Careca" e José
Casado. Na chegada foi recebido pelos dirigentes do Amapá Clube, que o mandaram
buscar em Cametá: Francisco Serrano (farmacêutico), Meton Jucá, Zoilo Pereira,
Dr. Lobato (médico) e o Tenente Charone, subcomandante da Guarda Territorial na
época.
Em Macapá Passarinho foi
trabalhar como policial, na Guarda Territorial. Ele tinha a profissão de
alfaiate. No Amapá estavam sendo implantadas as estruturas da nova unidade
federativa do Brasil e precisavam de operários.
O Tenente Charone o convidou
para trabalhar como alfaiate da Guarda. Trabalhou com o Herundino do Espírito
Santo, pai dos craques: Haroldo Santos, Marco Antônio, Bira, Assis e Aldo.
Passarinho fez parte do esquadrão do Amapá Clube.
Conquistou três títulos pelo
"Alvinegro da Presidente Vargas", título de bicampeão amapaense, 1950
e 1951, ao lado de: Aristeu, 91(Expedito Cunha Ferro), Turíbio Guimaráes, Marituba,
Wilson Sena, Genésio, Cabral, Luiz Melo, Azamor, Zé Maria Chaves, Adãozinho,
Boró, Jackson Alencar, Raimundo Bode, Cabeça, Aracatizinho, Aracati, Sérgio,
Adão, Major, 16 e Luiz Melo. O Terceiro título de Passarinho pelo Alvinegro foi
em 1953, final contra a equipe do São José, placar de 3 X 3, campeão invicto,
ao lado de: Zé Maria, Justo, Luiz Melo, Guilherme, Roxinho, Birro, Azamor,
Pinheirense, Aracati e Sérgio. No Amapá Clube também atuou ao lado dos goleiros
Pólvora, Darci e Mucuin, Diquinho, Felipe, Dico, Ceará, Lacinho, Taumaturgo,
Raminho, Julinho, Jarbas Gato, Olivar, Tiragosto, Passarinho II, Façanha,
Malagueta e Piturisco.
Passarinho fez parte da
Seleção Amapaense de 1950, jogo contra o forte Esquadrão do C. R. Flamengo,
equipe de melhor expressão do futebol nacional, primeiro clube de futebol de
fora a jogar no recém-inaugurado Glycério Marques, na época denominado
"Estádio Municipal", o treinador da equipe carioca era Gentil
Cardoso.
O público que compareceu na
terça-feira 28 de março as 16:30 horas, assistiu a um satisfatório espetáculo
futebolístico. A equipe amapaense não se apresentou bem na "peleja",
placar de 9 X 2 para os rubro-negros. O gramado estava impraticável, devido a
torrencial chuva que desabou sobre a capital amapaense antes do jogo. O
adversário também possuía elementos de alto valor técnico, que se destacaram na
partida como: Newton, Bria, Beto, Aloísio, Gringo e Esquerdinha. Pela Seleção
do Amapá o goleiro Lavareda foi o que mais se destacou, apesar de ter jogado
doente, fazendo jogadas incríveis. Os donos da casa saíram na frente. Aos 10
minutos de jogo Biguá chutou indo cair nos pés de Avertino, que serviu em
ótimas condições a Zé Maria que, sem dificuldades arremessou para assinalar o
primeiro gol do selecionado do Amapá. A partir daí só deu Flamengo. O placar
ainda estava 6 X 1, quando aos 12 minutos da etapa final, Boró aproveitando um
passe de Luiz Melo aproximou-se do arco defendido por Antoninho e chutou forte
para assim consignar o segundo e último gol amapaense.
Os gols rubro-negros foram
assinalados por: Aloísio aos 12', Beto aos 14', Gringo aos 20' e Hélio aos 22';
placar de 4 X 1 no primeiro tempo - Marcaram no segundo tempo: Béto aos 05',
Esquerdinha aos 08' de penalti, Orlando aos 38', Bria aos 40' e Esquerdinha aos
43 minutos, nessa altura o goleiro era o "91"(Expedito Cunha Ferro),
fechando o placar de 9 X 2.
A Seleção Amapaense jogou com:
Lavareda; 75, Suzete, Marituba, Roxinho, Major, Luiz Melo, José Maria Chaves,
Adão, Avertino e Walter Nery. No segundo tempo a formação ficou assim: 91,
Passarinho, Major, Raimundinho, Wilson Sena, Álvaro, Luiz Melo, Dedéco, Adão,
Cabeça e Boró; o técnico era Delbanor Dias.
O Flamengo formou com:
Antoninho, Jobe, Newton, Biguá, Bria, Beto, Aluísio, Gringo, Durval, Hélio e
Esquerdinha. No segundo tempo a formação foi assim: Antoninho, Jobe, Newton,
Biguá, Bria, Béto, Pedro Neves, Quiba, Orlando, Walter e Esquerdinha; o técnico
era Gentil Cardoso.
Outro jogo marcante em sua
memória foi no Estádio Municipal contra a forte equipe do Sampaio Corrêa, em
abril de 1950, derrotando o esquadrão maranhense por 3 X 1. A onzena alvinegra
entrou em campo com os atletas: Aristeu, Genésio, Cabral, Marituba, Wilson
Sena, Major, Luís, Zé-Maria, Assis, Adão e Boró; depois entraram os reservas
Passarinho, Joãozinho, Viana e 16. Recorda que naquela época era muito
diferente de hoje, se fazia intercâmbio com times da capital Belém e interior
do Pará como Luzeiro e Cametá, e times do Rio de Janeiro e do Nordeste.
Passarinho lembra de Berlamino
Paraense de Barros, presidente do Trem Esporte Clube(como era chamado na
época), que valorizava os atletas. Quem
era bom ele aproveitava no elenco do Trem, conseguia formar grandes times.
'Veio uma turma de vigienses jogar futebol, muitos estavam desempregados, então
eles praticavam o futebol e já ficavam por aqui mesmo conseguindo
emprego".
Craques que viu jogar, cita:
Mafra, Sérgio, Sabá(do Macapá), um bom lateral. Luiz Melo também um bom
lateral, forte, chutava muito bem e violento, num jogo contra o Paysandu, fez
um gol de falta, o chute foi de longe, golaço! Boró foi outro craque que
Passarinho não esquece. Conta que quando jogou com o Flamengo, Boró fez uma
grande assistência para o Luiz Melo, que só teve o trabalho de empurrar para o
Gol.
"Acabaram com o Amapá
Clube", é muito triste, comenta "Passarinho" sobre a situação
que se encontra hoje o seu clube do coração.
( Foto: Reprodução/Tribuna Amapaense ) |
Francisco Lopes Filho deixou o
futebol em 1959, aos 34 anos de idade. Parou porque levou muitas pancadas na
rótula do joelho esquerdo. Mora desde 1950, na avenida Rio Pedreira, atrás da
Sede do Trem Desportivo Clube, no bairro do mesmo nome. Aposentado da Polícia
Civil do Amapá, hoje com 93 anos de idade, lúcido, com uma saúde de dar inveja
a qualquer jovem de 20 anos, apesar do problema no joelho, que dificulta sua
locomoção, mas que não o impede de viver a vida. Viúvo há 18 anos, sua esposa
se chamava Maria Rosa. Desse matrimônio nasceram 12 filhos e 20 netos.
Texto de Franselmo George via
Tribuna Amapaense
Fonte: Tribuna Amapaense
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