sábado, 8 de dezembro de 2018

Foto Memória do Esporte Amapaense: O ex-zagueiro “Passarinho” – 93 anos de vida

Trazemos hoje, no Porta-Retrato, a história de um grande atleta do passado: o ex-zagueiro Francisco Lopes Filho, mais conhecido como "Passarinho".
Ele conversou com o desportista Franselmo George e seu depoimento está publicado na edição nº 638, do Jornal “Tribuna Amapaense”, que serviu de fonte para a nossa matéria.
Francisco Lopes Filho nasceu em 26 de janeiro de 1925, em Cametá, no Estado do Pará. 
Os pais dele, Francisco Cardoso Pereira e Baselina Lopes Ferreira, eram agricultores na cidade.
"Passarinho" chegou à capital amapaense, em 1945 a bordo do "Rebocador Araguari", na companhia de dois amigos: Diquinho, conhecido como "Careca" e José Casado. Na chegada foi recebido pelos dirigentes do Amapá Clube, que o mandaram buscar em Cametá: Francisco Serrano (farmacêutico), Meton Jucá, Zoilo Pereira, Dr. Lobato (médico) e o Tenente Charone, subcomandante da Guarda Territorial na época.
Em Macapá Passarinho foi trabalhar como policial, na Guarda Territorial. Ele tinha a profissão de alfaiate. No Amapá estavam sendo implantadas as estruturas da nova unidade federativa do Brasil e precisavam de operários.
O Tenente Charone o convidou para trabalhar como alfaiate da Guarda. Trabalhou com o Herundino do Espírito Santo, pai dos craques: Haroldo Santos, Marco Antônio, Bira, Assis e Aldo. Passarinho fez parte do esquadrão do Amapá Clube.
Conquistou três títulos pelo "Alvinegro da Presidente Vargas", título de bicampeão amapaense, 1950 e 1951, ao lado de: Aristeu, 91(Expedito Cunha Ferro), Turíbio Guimaráes, Marituba, Wilson Sena, Genésio, Cabral, Luiz Melo, Azamor, Zé Maria Chaves, Adãozinho, Boró, Jackson Alencar, Raimundo Bode, Cabeça, Aracatizinho, Aracati, Sérgio, Adão, Major, 16 e Luiz Melo. O Terceiro título de Passarinho pelo Alvinegro foi em 1953, final contra a equipe do São José, placar de 3 X 3, campeão invicto, ao lado de: Zé Maria, Justo, Luiz Melo, Guilherme, Roxinho, Birro, Azamor, Pinheirense, Aracati e Sérgio. No Amapá Clube também atuou ao lado dos goleiros Pólvora, Darci e Mucuin, Diquinho, Felipe, Dico, Ceará, Lacinho, Taumaturgo, Raminho, Julinho, Jarbas Gato, Olivar, Tiragosto, Passarinho II, Façanha, Malagueta e Piturisco.
Passarinho fez parte da Seleção Amapaense de 1950, jogo contra o forte Esquadrão do C. R. Flamengo, equipe de melhor expressão do futebol nacional, primeiro clube de futebol de fora a jogar no recém-inaugurado Glycério Marques, na época denominado "Estádio Municipal", o treinador da equipe carioca era Gentil Cardoso.
O público que compareceu na terça-feira 28 de março as 16:30 horas, assistiu a um satisfatório espetáculo futebolístico. A equipe amapaense não se apresentou bem na "peleja", placar de 9 X 2 para os rubro-negros. O gramado estava impraticável, devido a torrencial chuva que desabou sobre a capital amapaense antes do jogo. O adversário também possuía elementos de alto valor técnico, que se destacaram na partida como: Newton, Bria, Beto, Aloísio, Gringo e Esquerdinha. Pela Seleção do Amapá o goleiro Lavareda foi o que mais se destacou, apesar de ter jogado doente, fazendo jogadas incríveis. Os donos da casa saíram na frente. Aos 10 minutos de jogo Biguá chutou indo cair nos pés de Avertino, que serviu em ótimas condições a Zé Maria que, sem dificuldades arremessou para assinalar o primeiro gol do selecionado do Amapá. A partir daí só deu Flamengo. O placar ainda estava 6 X 1, quando aos 12 minutos da etapa final, Boró aproveitando um passe de Luiz Melo aproximou-se do arco defendido por Antoninho e chutou forte para assim consignar o segundo e último gol amapaense.
Os gols rubro-negros foram assinalados por: Aloísio aos 12', Beto aos 14', Gringo aos 20' e Hélio aos 22'; placar de 4 X 1 no primeiro tempo - Marcaram no segundo tempo: Béto aos 05', Esquerdinha aos 08' de penalti, Orlando aos 38', Bria aos 40' e Esquerdinha aos 43 minutos, nessa altura o goleiro era o "91"(Expedito Cunha Ferro), fechando o placar de 9 X 2.
A Seleção Amapaense jogou com: Lavareda; 75, Suzete, Marituba, Roxinho, Major, Luiz Melo, José Maria Chaves, Adão, Avertino e Walter Nery. No segundo tempo a formação ficou assim: 91, Passarinho, Major, Raimundinho, Wilson Sena, Álvaro, Luiz Melo, Dedéco, Adão, Cabeça e Boró; o técnico era Delbanor Dias.
O Flamengo formou com: Antoninho, Jobe, Newton, Biguá, Bria, Beto, Aluísio, Gringo, Durval, Hélio e Esquerdinha. No segundo tempo a formação foi assim: Antoninho, Jobe, Newton, Biguá, Bria, Béto, Pedro Neves, Quiba, Orlando, Walter e Esquerdinha; o técnico era Gentil Cardoso.
Outro jogo marcante em sua memória foi no Estádio Municipal contra a forte equipe do Sampaio Corrêa, em abril de 1950, derrotando o esquadrão maranhense por 3 X 1. A onzena alvinegra entrou em campo com os atletas: Aristeu, Genésio, Cabral, Marituba, Wilson Sena, Major, Luís, Zé-Maria, Assis, Adão e Boró; depois entraram os reservas Passarinho, Joãozinho, Viana e 16. Recorda que naquela época era muito diferente de hoje, se fazia intercâmbio com times da capital Belém e interior do Pará como Luzeiro e Cametá, e times do Rio de Janeiro e do Nordeste.
Passarinho lembra de Berlamino Paraense de Barros, presidente do Trem Esporte Clube(como era chamado na época), que  valorizava os atletas. Quem era bom ele aproveitava no elenco do Trem, conseguia formar grandes times. 'Veio uma turma de vigienses jogar futebol, muitos estavam desempregados, então eles praticavam o futebol e já ficavam por aqui mesmo conseguindo emprego".
Craques que viu jogar, cita: Mafra, Sérgio, Sabá(do Macapá), um bom lateral. Luiz Melo também um bom lateral, forte, chutava muito bem e violento, num jogo contra o Paysandu, fez um gol de falta, o chute foi de longe, golaço! Boró foi outro craque que Passarinho não esquece. Conta que quando jogou com o Flamengo, Boró fez uma grande assistência para o Luiz Melo, que só teve o trabalho de empurrar para o Gol.
"Acabaram com o Amapá Clube", é muito triste, comenta "Passarinho" sobre a situação que se encontra hoje o seu clube do coração.
( Foto: Reprodução/Tribuna Amapaense )
Francisco Lopes Filho deixou o futebol em 1959, aos 34 anos de idade. Parou porque levou muitas pancadas na rótula do joelho esquerdo. Mora desde 1950, na avenida Rio Pedreira, atrás da Sede do Trem Desportivo Clube, no bairro do mesmo nome. Aposentado da Polícia Civil do Amapá, hoje com 93 anos de idade, lúcido, com uma saúde de dar inveja a qualquer jovem de 20 anos, apesar do problema no joelho, que dificulta sua locomoção, mas que não o impede de viver a vida. Viúvo há 18 anos, sua esposa se chamava Maria Rosa. Desse matrimônio nasceram 12 filhos e 20 netos.
Texto de Franselmo George via Tribuna Amapaense
Fonte: Tribuna Amapaense

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