Por Édi Prado
A primeira aeronave a pousar forçosamente em Macapá foi o
hidroavião Junkier D217, no dia 18 de março de 1922. O percurso planejado era
de New York/Buenos Aires. Um voo ousado para a época.
A aeronave apresentou problemas mecânicos forçando o aviador
a amerissar em frente à baía de Macapá. A notícia é um documento raro que
entrou para a história que ilustra, sem dúvida alguma, os primeiros tempos da aviação
no Amapá. O aviador explicou o motivo da amerissagem nada agradável em Macapá.
Eles viajavam da América do Norte para Buenos Aires em dois aviões Junker, de
fabricação alemã: D-217, que transportava combustível, gêneros alimentícios e
material indispensável à viagem e o D-218, hidroavião de comando. Sobrevoavam a
costa brasileira, quando o D-217 projetou-se no mar. Dos três tripulantes,
apenas o mecânico foi salvo pelo D-218.
Um ano após assumir o governo do Amapá, Janary Nunes entrega
o primeiro relatório ao presidente Getúlio Vargas, no qual enfatiza também a
real situação dos transportes no então Território.
Embora a Força Aérea Brasileira-FAB, enviasse semanalmente o Correio
Aéreo Nacional, levando medicamentos e correspondências, não era suficiente
para atender as necessidades do recém-criado Território Federal. Reivindicava pelo
menos a criação de uma linha aérea civil. A Panair, que já estava na cidade, foi
a primeira a se prontificar estendendo a linha até Amapá e Oiapoque.
Em dezembro de 1931 amerissava o hidroavião Sirosky, da Panair
do Brasil, em frente a Clevelândia do Norte. O comandante Cob estava
acompanhado do mecânico de voo, Siegfried, do rádio telegrafista, Osvaldo Aranha
e os passageiros José Ferreira Junior e Fernando Teixeira Araújo. A missão era checar a informação de desembarque de
contrabando de armas, que seriam utilizadas pelo Movimento Revolucionário
Paulista. Nada foi confirmado. Em junho de 1937 pousa no Oiapoque o avião do Correio
Aéreo Nacional- CAN- que fazia a integração do País. Era um monomotor Wacco,
pilotado pelo capitão Rui Presser Bello e o copiloto, 2° Ten Joleo da Veiga
Cabral. O pouso foi na propriedade de Moisés Batista, local do atual aeroporto
da cidade. O avião está em exposição no Museu Aeroespacial do Campo dos Afonsos
no Rio de Janeiro. A linha era semanal. Chegava no sábado e partia no domingo.
A necessidade do tráfego aéreo se tornou uma prioridade do governador.
E no dia 23 de julho de 1953 foi criado o Serviço de Aeronáutica - Saer.
O primeiro pouso oficial em Macapá, ocorreu no dia 11 de julho
de 1951. Avião Bonanza Beechcraft-V36, com quatro vagas, de propriedade do
governo do Território, procedente do Rio de Janeiro. O comandante, Carlos Hanson,
que trouxe como passageiro, o Tenente Antônio Guerreiro.
A pista improvisada ficava na atual Av. Procópio Rola, numa área que compreende as avenida FAB e Raimundo
Álvares da Costa, abrangendo o espaço hoje ocupados pela Prefeitura de Macapá,
prédio do Hemoap e Palácio do Governo, além de toda a área, hoje destinada ao
bloco de secretarias do governo do Estado, desde a Leopoldo Machado até a Rua
General Rondon.
O COMEÇO DE TUDO
Com a criação do Saer era necessário estruturar o setor e qualificar
os profissionais. Além do Tenente Antônio Guerreiro, o primeiro piloto
contratado, o governo contratou os comandantes Rodar e Cantídio e foi contemplado com
o monomotor Fairchild de treinamento, cedido pela FAB e Janary adquiriu outro
Paulistinha, modelo para formar pilotos. Daí nasce a ideia de criar o Aeroclube
do Amapá. A ideia foi tomando corpo. Aliava-se a necessidade e a possibilidade
real, devido a existência de dois aviões e pilotos experientes. Embalado pela
febre de formar pilotos, convidaram o piloto aviador, Luís Carlos Rodarti, que foi
de São Paulo. Ele era instrutor do Aeroclube do Brasil e levou como auxiliar, o
Sargento Cantídio Guerreiro, piloto da FAB, que servia na base de Belém.
A PRIMEIRA TURMA
Aulas práticas e teóricas eram ministradas aos corajosos
alunos.
O Comandante Edson Ferraz de Abreu, inspetor da Aviação Civil
do Ministério da Aeronáutica foi designado para fazer os exames aos alunos do
primeiro curso de pilotagem do Aeroclube de Macapá, no dia 30 de
agosto de 1956. O avião era o modelo Fairchild. Os alunos aprovados foram : Hamilton
Silva, Dário Gomes, Walter do Carmo, Anival Arab Fadul e Carlos Pontes. A formatura
ocorreu no dia 16 de setembro de 1956, procedida pelo governador Janary Nunes.
Com a saída dos dois instrutores de voos, o governo contratou o Coronel Bravo, da
força Aérea Boliviana, que estava auto exilado, por ter participado de um
fracassado golpe militar contra um dos mais corruptos presidentes daquele País.
Matéria publicada no jornal Correio do Amapá, edição de número
5 de 24 de outubro de 2010, no caderno de Eco Turismo.
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