domingo, 14 de abril de 2019

MEMÓRIA HISTÓRICA DA AVIAÇÃO NO AMAPÁ

Por Édi Prado
A primeira aeronave a pousar forçosamente em Macapá foi o hidroavião Junkier D217, no dia 18 de março de 1922. O percurso planejado era de New York/Buenos Aires. Um voo ousado para a época.
A aeronave apresentou problemas mecânicos forçando o aviador a amerissar em frente à baía de Macapá. A notícia é um documento raro que entrou para a história que ilustra, sem dúvida alguma, os primeiros tempos da aviação no Amapá. O aviador explicou o motivo da amerissagem nada agradável em Macapá. Eles viajavam da América do Norte para Buenos Aires em dois aviões Junker, de fabricação alemã: D-217, que transportava combustível, gêneros alimentícios e material indispensável à viagem e o D-218, hidroavião de comando. Sobrevoavam a costa brasileira, quando o D-217 projetou-se no mar. Dos três tripulantes, apenas o mecânico foi salvo pelo D-218.
Um ano após assumir o governo do Amapá, Janary Nunes entrega o primeiro relatório ao presidente Getúlio Vargas, no qual enfatiza também a real situação dos transportes no então Território.
Embora a Força Aérea Brasileira-FAB, enviasse semanalmente o Correio Aéreo Nacional, levando medicamentos e correspondências, não era suficiente para atender as necessidades do recém-criado Território Federal. Reivindicava pelo menos a criação de uma linha aérea civil. A Panair, que já estava na cidade, foi a primeira a se prontificar estendendo a linha até Amapá e Oiapoque.
Em dezembro de 1931 amerissava o hidroavião Sirosky, da Panair do Brasil, em frente a Clevelândia do Norte. O comandante Cob estava acompanhado do mecânico de voo, Siegfried, do rádio telegrafista, Osvaldo Aranha e os passageiros José Ferreira Junior e Fernando Teixeira Araújo. A missão era checar a informação de desembarque de contrabando de armas, que seriam utilizadas pelo Movimento Revolucionário Paulista. Nada foi confirmado. Em junho de 1937 pousa no Oiapoque o avião do Correio Aéreo Nacional- CAN- que fazia a integração do País. Era um monomotor Wacco, pilotado pelo capitão Rui Presser Bello e o copiloto, 2° Ten Joleo da Veiga Cabral. O pouso foi na propriedade de Moisés Batista, local do atual aeroporto da cidade. O avião está em exposição no Museu Aeroespacial do Campo dos Afonsos no Rio de Janeiro. A linha era semanal. Chegava no sábado e partia no domingo.
A necessidade do tráfego aéreo se tornou uma prioridade do governador. E no dia 23 de julho de 1953 foi criado o Serviço de Aeronáutica - Saer.
O primeiro pouso oficial em Macapá, ocorreu no dia 11 de julho de 1951. Avião Bonanza Beechcraft-V36, com quatro vagas, de propriedade do governo do Território, procedente do Rio de Janeiro. O comandante, Carlos Hanson, que trouxe como passageiro, o Tenente Antônio Guerreiro.
A pista improvisada ficava na atual Av. Procópio Rola,  numa área que compreende as avenida FAB e Raimundo Álvares da Costa, abrangendo o espaço hoje ocupados pela Prefeitura de Macapá, prédio do Hemoap e Palácio do Governo, além de toda a área, hoje destinada ao bloco de secretarias do governo do Estado, desde a Leopoldo Machado até a Rua General Rondon.
O COMEÇO DE TUDO
Com a criação do Saer era necessário estruturar o setor e qualificar os profissionais. Além do Tenente Antônio Guerreiro, o primeiro piloto contratado, o governo contratou os comandantes Rodar e Cantídio e foi contemplado com o monomotor Fairchild de treinamento, cedido pela FAB e Janary adquiriu outro Paulistinha, modelo para formar pilotos. Daí nasce a ideia de criar o Aeroclube do Amapá. A ideia foi tomando corpo. Aliava-se a necessidade e a possibilidade real, devido a existência de dois aviões e pilotos experientes. Embalado pela febre de formar pilotos, convidaram o piloto aviador, Luís Carlos Rodarti, que foi de São Paulo. Ele era instrutor do Aeroclube do Brasil e levou como auxiliar, o Sargento Cantídio Guerreiro, piloto da FAB, que servia na base de Belém.
A PRIMEIRA TURMA
Aulas práticas e teóricas eram ministradas aos corajosos alunos.
O Comandante Edson Ferraz de Abreu, inspetor da Aviação Civil do Ministério da Aeronáutica foi designado para fazer os exames aos alunos do primeiro curso de pilotagem do Aeroclube de Macapá, no dia 30 de agosto de 1956. O avião era o modelo Fairchild. Os alunos aprovados foram : Hamilton Silva, Dário Gomes, Walter do Carmo, Anival Arab Fadul e Carlos Pontes. A formatura ocorreu no dia 16 de setembro de 1956, procedida pelo governador Janary Nunes. Com a saída dos dois instrutores de voos, o governo contratou o Coronel Bravo, da força Aérea Boliviana, que estava auto exilado, por ter participado de um fracassado golpe militar contra um dos mais corruptos presidentes daquele País.
Matéria publicada no jornal Correio do Amapá, edição de número 5 de 24 de outubro de 2010, no caderno de Eco Turismo.

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