...vemos Janary Gentil Nunes, primeiro governador do estado,
em audiência com Getúlio Vargas no
Palácio Rio Negro, em Petrópolis, região serrana do Rio de Janeiro, mostrando ao presidente do Brasil, pedra de minério de manganês, recolhida no início dos anos 40. Esse gesto simbólico, seria o pontapé inicial à exploração
mineral no antigo Território Federal, com o advento da ICOMI.
Resumo histórico - A primeira constatação da presença
de manganês no Amapá foi levantada pelo engenheiro Josalfredo Borges, a serviço
do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), em local indefinido às
margens do rio Amapari. Com a criação do território federal, em 1943, a
pesquisa despertou o interesse do interventor, o capitão Janary Gentil Nunes.
Para o militar, a mineração seria a base da economia e do desenvolvimento do território,
ao invés da pesca e dos produtos tradicionais de extração, como a borracha ou a
castanha. Em 1945, ele ofereceu um prêmio em dinheiro para quem fornecesse
informações que levassem à identificação de depósitos de minério de ferro. Um
comerciante ribeirinho chamado Mário Cruz levou pessoalmente a Janary Nunes
algumas pedras escuras e pesadas, que usara como lastro para seu barco, em
busca da recompensa prometida. O material foi analisado na sede do DNPM no Rio
de Janeiro, pelo engenheiro Glycon de Paiva, que constatou tratar-se de
manganês de teor elevado.
O próprio Glycon foi à Serra do Navio analisar os
depósitos e concluiu haver grande viabilidade comercial, mas recomendou que a
exploração fosse feita por uma concessão única, que assim teria mais
competitividade no mercado internacional. O interventor aceitou a recomendação
de Paiva e convenceu o então presidente Eurico Gaspar Dutra (que governou
o Brasil, de 1946 a 1951), a criar, por
meio do decreto-lei 9.858/46, uma área de reserva nacional englobando todo o
depósito de manganês e conferindo ao território a competência para prospectar e
explorar, por meio de concessão. Empresas nacionais e estrangeiras foram
convidadas a visitar a região e a apresentarem suas candidaturas à exploração
da área. Três empresas responderam ao convite: a Companhia Meridional de
Mineração (subsidiária brasileira da United States Steel), a Hanna Coal &
Ore Corporation, e a Sociedade Brasileira de Indústria e Comércio de Minérios
de Ferro e Manganês (ICOMI). A brasileira ICOMI, com sede em Belo Horizonte e
atuação em Minas Gerais, foi escolhida pelos nacionalistas brasileiros e venceu
a concorrência contra as gigantes estadunidenses. Mas depois de ganhar a
concorrência, a necessidade de capital para realizar a prospecção fez a ICOMI
associar-se a outra grande companhia estadunidense, a Bethlehem Steel, maior
consumidora mundial de manganês. O contrato previa que a ICOMI teria de
investir no Amapá pelo menos 20% de seu lucro líquido. Ainda assim, sofreu
severas críticas de nacionalistas brasileiros, que faziam objeção à
participação de uma firma estrangeira no negócio, do financiamento estrangeiro
e do caráter exportador da atividade. O contrato assinado em 1947 previa ainda
um perímetro máximo de 2.500 hectares, o equivalente a 0,17% do território do
Amapá, e o pagamento de 4 a 5% das receitas totais na forma de royalties ao
governo do território.
Além da área de exploração, foi concedida à empresa
uma área adicional de 2.300 hectares para a construção de instalações
industriais e estações ferroviárias, além de uma vila operária, que daria
origem à cidade de Serra do Navio e à vila dos trabalhadores do porto e da
ferrovia, que começaram a ser construídas em janeiro de 1957 e ficaram prontas
em 1959. Cada vila tinha 330 casas, alojamentos coletivos para solteiros,
temporários e visitantes, e prédios coletivos (escolas, hospitais,
refeitórios), abrigando até 1.500 pessoas, entre trabalhadores e familiares. A
Vila de Serra do Navio foi dotada de ruas largas, postes de concreto para a
fiação elétrica e telefônica, calçadas, parques, clubes com piscina, quadras
esportivas, restaurante e lanchonete, drenagem de águas das chuvas e tratamento
de água e esgoto. Todas as casas tinham mais de 90m² e contavam com saneamento
e energia elétrica, proveniente de geradores da ICOMI. No entanto, a reserva
esgotou antes do tempo previsto e a empresa deixou o local. Com a saída
definitiva da ICOMI e após a instalação do município, a sede passou a ser
administrada pela prefeitura, e a administração da cidade tornou-se mais eficiente. (Wikipédia)
Fonte: arquivo amapá
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