BENEDITO RODRIGUES DA SILVA –
UMA DAS MAIS BELAS VOZES DO RÁDIO AMAPAENSE.
Texto: José Machado (*)
Natural de Macapá, teve seu primeiro contato com o microfone aos 17 anos de idade, no serviço de alto-falantes “Boa Vista” do Pelaes - início da atual avenida Diógenes Silva, no bairro do Trem.
Voz grave e a boa dicção foram
referenciais para o seu ingresso no Rádio, em 21 de abril de 1966, iniciando
suas atividades no prefixo ZYE-2 Rádio Difusora de Macapá como locutor comercial,
apresentador do Grande Jornal Falado E-2 e apresentador de vários programas
musicais.
Era o início de uma trajetória
bem sucedida, com passagens por várias emissoras. Construiu uma sólida carreira
e se tornou a "voz-padrão" de chamadas e vinhetas, pelas emissoras
que passou.
Com o arrendamento da Rádio
Guajará por um grande grupo de produção de celulose, se iniciou um processo de
seleção de novos profissionais para seu elenco.
Dentre esses recursos humanos
recrutados, estava o veterano Advaldo
Castro, que assumiu a direção geral da emissora, chamando dentre tantos
radialistas - Antunes de Carvalho e Luiz Anaice, detentores de grandes audiências
em seus respectivos programas.
Ao ouvi-lo ao vivo AD, com sua
audição apurada, foi enfático em afirmar “esse rapaz tem talento para
trabalhar em qualquer emissora do Brasil”.
Mas o AD, tinha um propósito
maior que foi realizado. Colocar a emissora entre as mais ouvidas. A nova
proposta foi um programa de saudade, com músicas dos anos 40/50 para um público
sênior.
Rodrigues da Silva se
encaixava no perfil. O programa iniciava as 21h - mesmo horário em que o Eloy
Santos começava um congênere na Marajoara.
O quantitativo de cartas e
telefonemas comprovou o(target) à pesquisa de opinião pública. O programa tinha
alcance em audiência considerável; boa cobertura diária por zonas geográficas,
e o tempo médio de audiência estável.
O radialista deputado, que liderou
por quase uma década a audiência, passou a dividi-la com Rodrigues da Silva,
que tratava o ouvinte de forma compreensível e saudável.
Aliás, uma das funções do radialista
é espalhar magia, formas de apreensão do real que os ouvintes vão
internalizando e difundindo; que instituem uma percepção que beira o surreal.
O locutor não tem cara, tem
voz, e isso ajuda a povoar o imaginário dos ouvintes. A melodia verbal flui a
emoção, que completa a fantasia.
Uma nova emissora na grande Belém
estava em fase de ajustes de equipamentos. Fernando Arthur, responsável técnico
da Guajará, foi quem montou todo o sistema irradiante da Rauland FM e quem
apresentou Rodrigues da Silva à direção artística da nova emissora.
Quando a Rádio entrou no ar em
caráter definitivo, dividia seu tempo em ambas emissoras. Alguns meses depois,
deixou a Guajará vinculando-se à Rauland FM, onde permaneceu por um curto período
na divulgação de comerciais para a emissora.
Em 1981 foi concursado como
funcionário do CEAG Amapá. Em 1992, já como funcionário público federal,
retornou à Rádio Difusora de Macapá, assumindo o cargo de Diretor de Rádio e
Jornalismo, onde permaneceu até o ano de 1993, quando assumiu o cargo de
técnico em contabilidade na Secretaria da Fazenda-SEFAZ.
A opção por uma atividade que
lhe permitisse melhor padrão de vida, o levou ao magistério. Graduou-se em Letras/Francês
pela Universidade Federal do Amapá - UNIFAP e Pós graduou-se em Metodologia do Ensino
da Língua Portuguesa e Literaturas Brasileira e Portuguesa pelo IBPEX.
Preserva sua privacidade e, por
isso, está fora das redes sociais, qualquer contato só através das redes
sociais da esposa e dos filhos.
Segue o curso da vida
discretamente, gozando da merecida aposentadoria, dedicando-se a escrever poesia
uma de suas grandes paixões desde a juventude. Quem sabe um dia possa
publicá-las.
Afastado do rádio há alguns
anos, mas ao contrário de muita gente que passa em brancas nuvens, ele deixou
um belo legado para o público.
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Muitos ouvintes RDMistas nunca
chegaram a conhecê-lo, mas ainda é lembrado pela série de comerciais e vinhetas
gravadas; vários programas apresentados, com especificidade “Nos Braços da
Saudade”, “Canet Social” e o “Grande Jornal Falado E-2”.
Conquistou uma legião de fãs
pelas emissoras que passou, mesmo não sendo em horários nobres.
Leontiev, psicólogo soviético,
em seu texto "O Homem e a Cultura" diz que o pensamento do
adolescente é engendrado pelas relações, condições sociais e culturais do
momento.
Na falta de definição e
referências claras de futuro 'do que ser', concentra seus pensamentos e modo de
vida no presente, sente necessidade de fantasiar.
Certa vez, ambos adolescentes:
o perfilado e o articulista “num papo cabeça” disse, que amava fazer locução. E
não é que o homem tinha razão?
(...) quando eu soltar a minha voz, por favor entenda é apenas o meu jeito de dizer o que é amar (Gonzaguinha)
(*) radialista e jornalista amapaense
(especial para o blog Porta-Retrato-Macapá)
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