Esta foto postada no Facebook por Fortunato Colares, é um raro registro fotográfico de alguns dos primeiros moradores de Santana, uma cidade do Estado do Amapá, localizada a 30 km da capital, Macapá.
Por
tratar-se de registro histórico, publicamos no blog Porta-Retrato – Macapá,
como FOTO MEMÓRIA DE SANTANA – AP.
Segundo Colares, esse é um grupo de homens e dos Marianos
da Igreja Católica Nossa Senhora de Fátima. Todos foram os primeiros
moradores da Vila Dr. Maia. São todos falecidos.
Segundo
registros no blog MEMORIAL
SANTANENSE - O Guardião da Historiografia Santanense - de Emanoel
Jordânio, “no final da década de 1940, já era possível observar a
existência de cerca de 15 a 20 moradias erguidas nas imediações do canteiro de
obras do porto de minérios da Indústria e Minérios S/A(ICOMI), na
margem esquerda do Rio Amazonas. Essas famílias, em sua maioria, eram oriundas
do Estado do Pará e outras vindas de regiões ribeirinhas da Amazônia.
Com o
propósito de melhorar as condições de vida familiar, dezenas de trabalhadores
braçais vinham para o então Território Federal do Amapá após tomarem
conhecimento da implantação da mineradora ICOMI que buscava a
contratação de mão-de-obra para a construção de seu píer e do porto industrial.
Sem terem
onde morar, diversas famílias de operários decidiram montar (de maneira
rudimentar) casebres de madeiras que ficavam onde hoje seria a área desativada
da extinta BRUMASA, enquanto que as instalações prediais da ICOMI
eram construídas.
Em 26 de
agosto de 1953, o Governo Federal concederia à ICOMI uma área de 129
hectares, legalizando assim a faixa de terras onde estava sendo erguido o
embarcadouro da mineradora, onde grande parte dessa área já serviria para a limitação
da futura vila operária da empresa (Vila Amazonas) para abrigar a família dos
trabalhadores já residentes nas proximidades da mineradora. Com isso, enquanto
a empresa concluía as instalações administrativas na região, não seriam mais
permitidas, a partir de 1954, que novas moradias fossem erguidas na área agora
demarcada pela União.
No
entanto, o número de famílias continuava chegando à região conhecida como “Porto
de Santana”, obrigando os novos moradores a fixarem abrigo numa área
situada ao norte do km-0 da futura estação ferroviária da ICOMI. Segundo
informações, essa área não tinha titularidade privada, fazendo limites com
terras pertencentes ao agricultor Raimundo Gomes Bezerra, e com Marie
Joseanne Lemos (estrangeira que prestou serviços ao Governo do Amapá no
cargo de professora-diarista entre 1948-1957, depois se mudando para o Rio de
Janeiro-RJ).
Em 1956,
estima-se que cerca de 30 moradias já formavam esse núcleo urbano ao norte da
ferrovia, compreendendo quase três quarteirões em duas travessas cruzadas,
ficando as principais casas em paralelo com a rodovia que ligava o escritório
central da ICOMI com a capital amapaense (Macapá), e respeitando os
limites da faixa ferroviária, obedecendo ao Decreto Federal n° 37.906 de 16 de
setembro de 1955 (limitando acima de 60 metros de distância da estrada de
ferro).
Em 14 de
abril de 1957, é inaugurada a primeira instituição religiosa daquele núcleo,
voltada ao catolicismo romano, tendo como vigário o padre italiano Ângelo
Biraghi, que esteve à frente de inúmeras decisões sociais por mais de três
décadas. Ao lado desta Capela católica, seria erguida uma escola primária,
batizada por seus educadores como “Grupo Escolar Porto de Macapá”, por estar
situada nas proximidades do cais de minérios da ICOMI. Porém, o núcleo
continuava crescendo demograficamente, assim como ainda se mantinha sem uma
denominação topônima.
Até o
final da década de 1950, alguns topônimos distritais ainda foram utilizados por
seus moradores para identifica-la sob termos de pequeno vilarejo ou localidade
interiorana. Alguns a chamavam de “Porto de Santana”, “Moradores do
Porto”, “Vila Moriçoca” (por habitar uma região tropical, bastante
infestada de mosquitos e pernilongos), e até “Vila Ocuúba” (por haver
dezenas de árvores desse nome na região).
Mas foi
uma fatalidade ocasionada pelo destino que daria um nome histórico para aquele
núcleo urbano. Em 21 de janeiro de 1958, o então deputado federal pelo Território
Federal do Amapá Dr.Coaracy Nunes, acompanhado de seu suplente promotor Hildemar
Maia, morreriam em acidente aéreo na localidade de Carmo do Macacoari
(atual distrito do município de Cutias do Araguary), assim como também ceifaria
a vida do piloto da aeronave Hamilton Silva. Uma tragédia que abalaria o
povo amapaense.
Como
forma de homenagear esses ilustres falecidos, o Governo do Amapá realizaria –
anualmente – uma programação pública para manter viva o nome daqueles que por
muitos anos empenharam condições e recursos federais para o desenvolvimento do
então Território Federal do Amapá.
Com isso,
em novembro de 1959, o governador do Amapá Pauxy Gentil Nunes (irmão do
falecido deputado Coaracy Nunes) solicitou à Divisão de Terras e Colonização
(DTC) que efetuasse a demarcação urbana daquele núcleo santanense que se
expandia desordenadamente, como forma de evitar possíveis acessos irregulares
nas áreas já pertencentes à ICOMI.
Em meados
de janeiro do ano seguinte (1960), a conclusão dessas demarcações apontou a
existência de 62 moradias distribuídas em quatro (04) avenidas cruzadas em três
(03) ruas parcialmente abertas por trilhas. O relatório feito pelo DTC
ao Governo do Amapá não apresentava um número exato de moradores já
contados, mas estima-se que existiam em torno de 300 pessoas ali residindo.
Vendo
essa progressão habitacional na região, o governador Pauxy Nunes logo
atentou para a importância de melhorar as condições sociais desse vilarejo,
iniciando assim um plano urbanístico que começou no dia 21 de janeiro de 1960,
quando fora entregue um monumento de concreto, com forma de obelisco
triangular, considerado o marco inicial das diversas realizações governamentais
que seriam feitas nos dias seguintes, como o alinhamento das ruas e avenidas da
localidade, que agora ficaria popularmente conhecida como “Vila Dr.Maia”,
numa justa homenagem ao 1° promotor público a se instalar no Amapá
pós-Território Federal.
Agora com
denominação, a localidade portuária seria mais assistida pelas autoridades
municipais e territoriais, recebendo em curto tempo, inúmeros benefícios
necessários para seu anseio, como a construção de duas novas escolas (em 1962),
a implantação de energia elétrica (1964) e até o surgimento de opções de lazer
familiar (como uma pequena praça, um clube, e cinema no final da década de
1960).
Em 22 de
novembro de 1966, o prefeito de Macapá Cabo Alfredo de Oliveira sanciona
o Decreto Municipal n° 174/66-PMM, instalando uma sede representativa do
Executivo Municipal da capital na Vila Dr. Maia em Santana,
objetivando atender e zelar pela população local, sendo este um embrião
executivo para a futura independência geopolítica da atual cidade de Santana.
Contextualização
histórica
De acordo
com relatos encontrados em registros passados, ressaltados pelos historiadores
santanenses, Santana surgiu de um agrupamento populacional na Ilha de
Santana, localizada à margem do rio Amazonas, em 1753.
Sabe-se,
através de fontes históricas, que os primeiros habitantes do povoado da Ilha de
Santana eram portugueses e mestiços, a maioria escravos, vindos do Pará, além
de índios Tucujus, comandados pelo português Francisco Portilho de Melo.
Os historiadores Emanoel Jordânio e Sergio Guedes, confirmaram em
pronunciamento recente, que Portilho de Melo - foragido da lei, e escravocrata - foi o primeiro
desbravador da Ilha de Santana.
“Na
época, registros de arquivos do Pará, mostram que cerca de 250 pessoas viviam
na Ilha de Santana, a maioria indígenas”, explicou Emanoel Jordânio.
Segundo o
professor e historiador Sergio Guedes, Mendonça Furtado oficializou, na
mesma data – 4 de fevereiro 1758 - a fundação da Vila de São José de Macapá e
o povoado de Santana. Ou seja,
muito antes da fundação oficial da cidade, “já tínhamos pessoas lutando e
protegendo a nossa terra”, pois, “neste espaço onde moramos (Santana),
sobretudo no Igarapé da Fortaleza em 1631, já existia o primeiro Forte
construído ainda pelos ingleses, o Forte Cumaú”, disse Guedes.
Em 31 de
agosto de 1981, Santana é elevada à categoria de Distrito de Macapá, através da
Lei nº 153/81-PMM, sendo o distrito instalado oficialmente em 1 de janeiro de
1982, tendo o pioneiro Francisco Correa Nobre como o primeiro Agente
Distrital. Santana foi elevada à categoria de município através do
Decreto-lei nº 7639 de 17 de dezembro de 1987. Através do Decreto (P) nº 0894
de 1 de julho de 1988, o Governador Jorge Nova da Costa nomeia o
professor Heitor de Azevedo Picanço, para exercer o cargo de Prefeito
Interino, que estruturou a administração pública municipal, criando condições
para o futuro prefeito que seria eleito diretamente pelo povo em 15 de novembro
de 1988, Rosemiro Rocha Freires.
Fontes: Prefeitura de Santana / Wikipédia / Memorial Santanense
Via Facebook
Muito interessante saber como começou a nossa querida Santana
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