terça-feira, 5 de dezembro de 2023

MEMÓRIA DA MÚSICA AMAPAENSE – MAESTRO ALTINO PIMENTA

BIOGRAFIA
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Altino Rosauro Salazar Pimenta foi músico paraense, nascido em Belém a 03 de janeiro de 1921. Filho de Virgilio de Fontes Pimenta e Philomena Salazar Pimenta, proprietários da livraria Gillete, desde jovem estudou piano no curso dos irmãos Neves, sob a tutela do pianista Mario Neves. Quando adolescente, desenvolveu atividades musicais e radiofônicas na capital paraense apresentando-se em diversos espaços artísticos, inclusive o Theatro da Paz e a Rádio Clube do Pará. Dirigiu-se jovem ao Rio de Janeiro na década de 1930 a fim de se aperfeiçoar musicalmente, residindo ali por mais de uma década. Na antiga capital brasileira foi aluno de Iberê Lemos, Lorenzo Fernandez, Magdalena Tagliaferro, Herminia Roubaud, Maria do Carmo Ney entre outros nomes importantes, obtendo solida formação. Diplomou-se em alta virtuosidade e interpretação musical pelo Ministério da Educação e Cultura e concluiu na década de 1940 o curso de aperfeiçoamento pianístico de Magdalena Tagliaferro. Nesse período no Rio de Janeiro, atuou também nas rádios Nacional, Roquete Pinto, Globo e Tupi, tornando-se um dos fundadores desta última; exerceu o magistério de piano por cerca de 10 anos (1936-1943); e é dessa época uma de suas composições mais antigas: a canção Estrela.
Hernani Vitor Guedes, e seu inseparável violino, em uma das primeiras apresentações do Conservatório Amapaense de Música em 1953, em Macapá, com o maestro Altino Pimenta, primeiro diretor do conservatório.
Em 1951, a convite do governador do Território do Amapá, Janary Nunes, assumiu a liderança na fundação do Conservatório Amapaense de Música, contribuindo com suas atividades até 1955. Neste ano, com 34 anos de idade, em viagem à Minas Gerais, conheceu Júlia Rossetti, com quem se casou, passando a residir em Belo Horizonte, onde nasceram seus quatro filhos: Carmem, Paulo, Denise e Marcelo. Em Minas Gerais, voltou a participar de cursos musicais, tais como o de Alta Virtuosidade, História e Estética, Análise das Sonatas de Beethoven e Cravo de J. S. Bach, ministrados pelo professor vienense George Kullmann e o de Ritmo e Solfejo, pelo professor Ernest Schumann; lecionou no Colégio Universitário da UFMG aulas de Estética e Apreciação musical; foi, também, assistente da Orquestra Clássica e do Coral Universitário da mesma instituição e em 1965, juntamente com outros paraenses ali radicados — Waldemar Rocha e Dr. Abraão Bentes — fundou o Centro da Amazônia, com o propósito de reunir os conterrâneos e difundir a cultura da Amazônia. Além desses, outros cargos preencheram a sua agenda: foi diretor do Departamento Cultural da Associação Cristã de Moços, diretor Artístico da Rádio Guarani e membro da equipe fundadora da Televisão Itacolomy; desenvolveu importante trabalho de ensino musical em diversos municípios do Vale do Aço à convite da Companhia Belgo-Mineira. De 1971 a 1972, tornou ao Rio de Janeiro a fim de lecionar no Colégio Brasileiro de Almeida, e no antigo Estado da Guanabara, no Centro Educacional de Niterói, ministrando as disciplinas outrora ensinadas no Colégio Universitário da UFMG, período em que passou a tocar piano em estabelecimentos como a Confeitaria Colombo e a casa noturna Alt-Berlin. Em 1972, recebeu convite do então reitor da UFPA, Aloísio Chaves, para assumir a direção do antigo Serviço de Atividades Musicais da UFPA (SAM), hoje Escola de Música da UFPA (EMUFPA). De 1973, Altino retornou a sua terra natal com esse propósito, permanecendo na liderança do SAM até 1981. Sua gestão à frente deste setor foi marcada por ações dinamizadoras do ensino, projetos de capacitação de professores e artísticos como o Encontro de Artes de Belém – ENARTE, idealizado para ser um festival de música durante o Círio de Nossa Senhora de Nazaré, com ofertas de espetáculos e cursos nas áreas de Música, Teatro, Artes Visuais e Dança. Na década de 1980, Altino continuou a desenvolver projetos artísticos, como o Paraoarte, nos quais valorizava compositores e artistas amazônicos, incluindo seus trabalhos composicionais que começavam a crescer em quantidade. Em 1988, tornou a residir em Belo Horizonte para pôr em prática o projeto Minas-Pará, uma parceria entre UFPA e UFMG por ele idealizada. Foi neste período que a UFMG lhe concedeu o título de Notório Saber em nível e graduação. Na década de 1990, de volta a Belém e já aposentado do serviço público, Altino passou a dedicar-se exclusivamente a suas composições e aos recitais onde as estreava, sagrando-se definitivamente compositor-intérprete. Neste período, lançou o LP Altino Pimenta, fruto do projeto Nos Originais da UFPA, com interpretações de seus amigos professores do SAM e publicou seus dois álbuns de partituras: Música para piano e outros instrumentos e Composições para Canto e piano pela Editora da UFPA. Além do PL, outros dois álbuns registram suas composições: um em parceria com professores artistas da Universidade de Missouri (EUA), produzido pela Prefeitura de Belém, e outro pelo selo Uirapuru da Secretaria de Cultura do Estado do Pará. Nos anos de 1990, passou a divulgar sua obra no exterior. Alemanha, França e EUA, foram os países onde esteve ao lado de vários amigos artistas, sempre a convite de alguma instituição cultural ou de ensino. Como reconhecimento de seus méritos, o músico-professor recebeu várias honrarias ao longo da vida, dentre as quais o Certificado de Bons Serviços Prestados à Classe Musical, conferido pela Ordem dos Músicos do Brasil, a Medalha Comemorativa do Vigésimo Aniversário de Criação da Universidade Federal do Pará e a Palma Universitária, conferida em razão dos serviços acadêmicos que prestara. A Câmara Municipal de Belém outorgou-lhe também o título de Honra ao Mérito pelos Serviços Prestados aos Jovens Estudantes de Música da Capital. O trabalho composicional de Altino o levou a ocupar uma posição de destaque na mídia paraense entre os nomes de Waldemar Henrique e Wilson Fonseca, compositores já consagrados no Estado do Pará. Da aproximação com Waldemar Henrique se destaca a fundação da Academia Paraense de Música – APM, em 1981, resultado de reuniões promovidas por Waldemar Henrique em sua residência, ocasiões em que Altino e uma grupeto de músicos engajados no mesmo ideal elaboraram os instrumentos estatutários para a realização deste sonho, além de Waldemar Henrique: Altino Pimenta, Raymundo Pinheiro, Jarbas Lobato e Lenora Brito. Próximo ao ano de seu falecimento, em 2003, Altino seguiu compondo peças de gêneros variados que expressam suas vivências acadêmicas e profissionais e seu profundo comprometimento com a música brasileira, manifesto em títulos, letras, ritmos, melodias e harmonias.
Altino Pimenta foi Sócio Honorário da Academia Amapaense de Letras.
Fonte: https://altinopimenta.ufpa.br/biografia (Reprodução)

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