quarta-feira, 24 de julho de 2024

MORRE EM MACAPÁ, AOS 108 ANOS, “TIA ZEFA” – A MATRIARCA DO MARABAIXO

Faleceu à tarde desta terça-feira (23), em Macapá, aos 108 anos, por causas naturais, Josefa Lina da Silva, carinhosamente chamada de 'Tia Zefa', uma das pioneiras das culturas do Batuque e Marabaixo, no Amapá. Um baluarte da cultura do Laguinho.

                                                                      Fotomontagem: Blog Porta-Retrato

Tia Zefa, com 112 anos, mas registrada com atraso, conta somente 108 anos. A mulher mais velha do Amapá. Era devota de Santa Efigênia. Viveu com fé, Paz, alegrias, festeira e com muito amor. Criou os filhos praticamente sozinha depois da morte do marido Aureliano, mesmo nome do Neck, um dos filhos dela.

Tia Zefa teve oito filhos; deixa 45 netos, mais de 60 bisnetos e 17 tataranetos. Não sabia ler nem escrever, inclusive nem assinava o próprio nome, mas foi uma sabedoria que valorizou o respeito e o amor familiar e cultural no Laguinho, virtude que se disseminou por todo o estado.

O velório começou na residência dela, na Av. Ernestino Borges, em frente ao Sebrae, e continuou no Centro de Cultura Negra, à rua General Rondon. O sepultamento aconteceu à tarde da quarta-feira (24). Seu corpo repousa em Paz no Cemitério São José, no bairro do Santa Rita.

Os governos do estado e do município, em reverência à memória de Tia Zefa do Quincas, decretaram luto oficial de três dias em todo o território amapaense e na capital Macapá.

A cantora e compositora dos “ladrões” do marabaixo deu uma contribuição inestimável e generosa para a cultura amapaense, e deixa um legado para as novas gerações.

Josefa Lina da Silva – “Tia Zefa”

Por Wank do Carmo

Nasceu em Macapá, em 26 de fevereiro de 1916. Passou toda sua infância no bairro do Formigueiro, atualmente Central. Teve como vizinha, Mãe Luzia, a parteira símbolo do Amapá. Foi contemporânea do mestre Julião Ramos e Raimundo Ladislau. Participou da criação de todos os grupos de Marabaixo existentes hoje em Macapá. Foi compositora de versos e dançarina deste ritmo. Na sua juventude, no Governo de Janary Nunes, participou ativamente como funcionária pública, na estruturação do recém-criado e promissor território federal. Trabalhou no matadouro da Fazendinha, na roçagem, construção e manutenção do campo de aviação que ficava localizado na atual avenida FAB, e em outras atividades no serviço público. Teve a honra de participar da organização e procissão do primeiro Círio em homenagem a Nossa Senhora de Nazaré realizado pelo prefeito à época, Eliezer Levy, na década de 30, quando o Amapá ainda pertencia ao Pará. Tia Zefa, até o dia de sua morte, continuava lúcida e ainda participava proativamente dos festejos religiosos nas comunidades quilombolas e dos ciclos de Marabaixo.

Fontes: G1/Édi Prado/Alcinéa Cavalcante/Seles Nafes/Wank do Carmo

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