sexta-feira, 30 de outubro de 2020

Memória da Cidade de Macapá: 307 Anos do Nascimento de GIUSEPPE ANTONIO LANDI – O engenheiro da Matriz de São José

 

Giuseppe Antonio Landi – Foto: Reprodução/Belém Trânsito

Os primeiros traçados da Igreja saíram das mãos do sargento-mor, Manoel Pereira de Abreu, e foram aprovados pelo engenheiro Antônio José Landi, responsável por demarcar as áreas de interesse de Portugal na região Norte do Brasil.

Inaugurada em 6 de março de 1761, a Igreja Matriz de São José de Macapá é o mais antigo monumento da capital do estado e foi construída graças ao empenho do Frei Miguel de Bulhões, pertencente à Companhia de Jesus, cuja Congregação iniciou a catequese no país, destacadamente, na Amazônia.

Biografia

Filho do médico e professor universitário Carlo Antonio Landi e de Teresa di Bartolomeo Guglielmini, Giuseppe nasceu em Bolonha, em 30 de outubro de 1713, pelas seis e meia da manhã. Foi batizado na Catedral de São Pedro. Era o segundo filho de um total de oito.

Desenhador, arquiteto, gravador, geógrafo e astrônomo. Conhecido em Portugal e no Brasil como Antônio José Landi, forma-se em arquitetura e perspectiva na Academia Clementina, em Bolonha na década de 1730, e conquista o segundo e o primeiro lugares do festejado Prêmio Marsigli, em 1732 e 1737, respectivamente. Sua atuação no Brasil como astrônomo, desenhador de mapas e de história natural, além de arquiteto, faz supor que Landi tenha frequentado também o Instituto de Ciências de Bolonha, algo usual entre os alunos da academia. Por indicação de seu mestre Ferdinando Galli Bibiena, Landi ingressa na academia em 1737, mas só é nomeado professor de arquitetura em 1743 e membro da instituição em 1747. Em Bolonha, sua obra mais conhecida é a Raccolta di Alcune Facciate di Palazzi e Cortili de più Riguardevoli di Bologna, 1743, primeira coleção de edifícios de sua cidade publicada. Seu envolvimento com a construção da nova Igreja do Convento de Santo Agostinho de Cesena é excepcional porque nesse período, ao contrário do que ocorre no Brasil, Landi dedica-se especialmente à gravura.

É convidado a integrar como desenhador de história natural a Comissão de Demarcação de Fronteiras entre Portugal e a Espanha na América do Sul instituída, em 1750, pelo Tratado de Madri. Apesar da boa inserção no círculo de artistas ligados à Academia Clementina, seja pela oportunidade de servir a um rei com fama de mecenas, seja pelo desejo de conhecer o novo continente, seja pela carência de oportunidades em Bolonha, Landi aceita o convite e desembarca em Lisboa em agosto daquele ano. Em virtude da morte de dom João V, a comissão só parte para a colônia sul-americana em 1753, tendo como objetivos traçar a fronteira leste-oeste ao norte e levantar as características geográficas, físicas e astronômicas da Amazônia. Landi auxilia o astrônomo e matemático italiano João Ângelo Brunelli em observações astronômicas realizadas em Belém, atuando como desenhador de história natural entre 1754 e 1761. Sua participação na comissão é reconhecida pelo governador do Pará, Francisco Xavier de Mendonça Furtado, principal responsável por sua atuação como arquiteto e por sua permanência na colônia, depois da suspensão do Tratado de Madri, em 1761. Publica o livro Descrizione di varie Piante, Frutti, Animali/ Passeri, Pesci, Biscie, Rasine e Altre Simili/ Cose Che Si Ritrovano in Questa Cappitania del Grand Parà, le Qualli Tutte Antonio Landi dedica a sua Ecclsa. Il Sig. Luiggi Pinto de Souza/ Cavaglier de Malta, e Governatore del Mato Grosso/ il quale com soma fática e diligenzza investigo/ moltissime cose appartenenti allá storia naturale, e delle quali si potrà formare um grosso/ volume in vantaggio della Republica Letteraria (ca. 1773), reunindo as anotações feitas nas diversas expedições que realiza pelos rios Amazonas, Negro e Marié. Em 1784, parte em nova expedição para Barcelos, Amazonas, como desenhador de mapas da segunda Comissão de Demarcação de Fronteiras, instituída a partir do Tratado de Santo Idelfonso, 1777.

Como arquiteto e artista realiza esculturas retabulares, pinturas de quadratura, projetos e obras, dos quais se destacam a Igreja de Santana, 1762/1782; o Palácio dos Governadores, 1759/1772; e a Capela de São João Batista, 1769/1772 em Belém. Além dessas atividades, Landi se envolve com o comércio de cacau, o cultivo de cana-de-açúcar, a transplantação de espécies estrangeiras, como a manga, a jaca e a tâmara, e a produção de tijolos, telhas, louças vidradas e aguardente, tornando-se membro da Companhia Geral do Grão-Pará e Maranhão.

Recebe o título de arquiteto régio, em 1774. Em 2003, é realizado o seminário Landi e o Século XVII na Amazônia e, no ano seguinte, é inaugurada uma placa comemorativa na casa do arquiteto em Bolonha.

Fontes consultadas:

Historiador Nilson Montoril,

Wikipédia

ANTONIO Landi. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2020. Disponível em: <http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa206974/antonio-landi>. Acesso em: 30 de Out. 2020. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7

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