Giuseppe Antonio Landi – Foto: Reprodução/Belém Trânsito
Os primeiros traçados da Igreja saíram das mãos do
sargento-mor, Manoel Pereira de Abreu, e foram aprovados pelo engenheiro
Antônio José Landi, responsável por demarcar as áreas de interesse de Portugal
na região Norte do Brasil.
Inaugurada em 6 de março de 1761, a Igreja Matriz de São José
de Macapá é o mais antigo monumento da capital do estado e foi construída
graças ao empenho do Frei Miguel de Bulhões, pertencente à Companhia de Jesus,
cuja Congregação iniciou a catequese no país, destacadamente, na Amazônia.
Biografia
Filho do médico e professor universitário Carlo Antonio Landi
e de Teresa di Bartolomeo Guglielmini, Giuseppe nasceu em Bolonha, em 30 de
outubro de 1713, pelas seis e meia da manhã. Foi batizado na Catedral de São
Pedro. Era o segundo filho de um total de oito.
Desenhador, arquiteto, gravador, geógrafo e astrônomo.
Conhecido em Portugal e no Brasil como Antônio José Landi, forma-se em
arquitetura e perspectiva na Academia Clementina, em Bolonha na década de 1730,
e conquista o segundo e o primeiro lugares do festejado Prêmio Marsigli, em
1732 e 1737, respectivamente. Sua atuação no Brasil como astrônomo, desenhador
de mapas e de história natural, além de arquiteto, faz supor que Landi tenha
frequentado também o Instituto de Ciências de Bolonha, algo usual entre os
alunos da academia. Por indicação de seu mestre Ferdinando Galli Bibiena, Landi
ingressa na academia em 1737, mas só é nomeado professor de arquitetura em 1743
e membro da instituição em 1747. Em Bolonha, sua obra mais conhecida é a Raccolta
di Alcune Facciate di Palazzi e Cortili de più Riguardevoli di Bologna, 1743,
primeira coleção de edifícios de sua cidade publicada. Seu envolvimento com a
construção da nova Igreja do Convento de Santo Agostinho de Cesena é
excepcional porque nesse período, ao contrário do que ocorre no Brasil, Landi
dedica-se especialmente à gravura.
É convidado a integrar como desenhador de história natural a
Comissão de Demarcação de Fronteiras entre Portugal e a Espanha na América do
Sul instituída, em 1750, pelo Tratado de Madri. Apesar da boa inserção no
círculo de artistas ligados à Academia Clementina, seja pela oportunidade de
servir a um rei com fama de mecenas, seja pelo desejo de conhecer o novo
continente, seja pela carência de oportunidades em Bolonha, Landi aceita o
convite e desembarca em Lisboa em agosto daquele ano. Em virtude da morte de
dom João V, a comissão só parte para a colônia sul-americana em 1753, tendo
como objetivos traçar a fronteira leste-oeste ao norte e levantar as
características geográficas, físicas e astronômicas da Amazônia. Landi auxilia
o astrônomo e matemático italiano João Ângelo Brunelli em observações
astronômicas realizadas em Belém, atuando como desenhador de história natural
entre 1754 e 1761. Sua participação na comissão é reconhecida pelo governador
do Pará, Francisco Xavier de Mendonça Furtado, principal responsável por sua
atuação como arquiteto e por sua permanência na colônia, depois da suspensão do
Tratado de Madri, em 1761. Publica o livro Descrizione di varie Piante, Frutti,
Animali/ Passeri, Pesci, Biscie, Rasine e Altre Simili/ Cose Che Si Ritrovano
in Questa Cappitania del Grand Parà, le Qualli Tutte Antonio Landi dedica a sua
Ecclsa. Il Sig. Luiggi Pinto de Souza/ Cavaglier de Malta, e Governatore del
Mato Grosso/ il quale com soma fática e diligenzza investigo/ moltissime cose
appartenenti allá storia naturale, e delle quali si potrà formare um grosso/
volume in vantaggio della Republica Letteraria (ca. 1773), reunindo as
anotações feitas nas diversas expedições que realiza pelos rios Amazonas, Negro
e Marié. Em 1784, parte em nova expedição para Barcelos, Amazonas, como
desenhador de mapas da segunda Comissão de Demarcação de Fronteiras, instituída
a partir do Tratado de Santo Idelfonso, 1777.
Como arquiteto e artista realiza esculturas retabulares,
pinturas de quadratura, projetos e obras, dos quais se destacam a Igreja de
Santana, 1762/1782; o Palácio dos Governadores, 1759/1772; e a Capela de São
João Batista, 1769/1772 em Belém. Além dessas atividades, Landi se envolve com
o comércio de cacau, o cultivo de cana-de-açúcar, a transplantação de espécies
estrangeiras, como a manga, a jaca e a tâmara, e a produção de tijolos, telhas,
louças vidradas e aguardente, tornando-se membro da Companhia Geral do Grão-Pará
e Maranhão.
Recebe o título de arquiteto régio, em 1774. Em 2003, é
realizado o seminário Landi e o Século XVII na Amazônia e, no ano seguinte, é
inaugurada uma placa comemorativa na casa do arquiteto em Bolonha.
Fontes consultadas:
Historiador Nilson Montoril,
ANTONIO Landi. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2020. Disponível em: <http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa206974/antonio-landi>. Acesso em: 30 de Out. 2020. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7
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