Trago hoje para os leitores do blog Porta-Retrato – Macapá, um texto publicado, inicialmente, há cinco anos, no domingo 18 de junho de 2017, no Grupo MMM (Meio do Mundo Macapá), onde o cronista João Silva, destaca a simplicidade e a maneira peculiar do trajar desse ilustre amapaense - Mestre Joaquim Miguel Ramos, um dos cinco filhos de Julião Tomaz Ramos, o Rei Negro do Marabaixo.
CRÔNICA -
O MESTRE JOAQUIM ERA UM LUXO!
Por João
Silva
Começo
pelo começo. O Mestre Joaquim Ramos, filho de Julião Ramos, o Rei Negro do
Marabaixo, era um luxo de simpatia, doce, um cara diferente, um gentlemen,
gente fina.
Eu o
conheci bem: ele era um operário surreal, depois eu explico. Trabalhava na
Usina de Força e Luz, ao lado da casa dos Picanço e Silva. Por muitos anos foi
freguês de caderno, comprava mantimento pra pagar por mês na mercearia do velho
Duca Serra - 'Negro correto' - papai vivia dizendo, e eu vivia ouvindo o que
dizia sobre freguês pontual no pagamento da despesa mensal. Era sair a grana do
pessoal da Usina, o mestre Joaquim vinha pagar o que devia, diferente de uns e
outros que davam trabalho ao velho Duca.
Precisava
ver como chegava pra trabalhar na termoelétrica que acendeu o primeiro bico de
luz no Amapá, aliás um ambiente cheio de graxa, barulho, fumaça, água quente,
óleo queimado saindo dos filtros e motores...Vinha todo no linho, impecável,
surreal para um trabalhador do pesado: calça, camisa, sapato, tudo branco, na
pinta como se fosse a um casório.
Então
tirava aquele traje 'de gala', vestia a roupa de trabalho que trazia na
sacola...Quando saía do serviço, vestia de volta a roupa com que chegara.
Joaquim
Ramos e Duca Serra eram tão amigos, que papai o lisonjeou com um convite que aceitou
na hora: virar padrinho de batismo de um dos seus filhos, Paulo Sérgio, hoje
médico pneumologista.
Claro que a áurea desse afrodescendente ilustre, exímio tocador de caixa de marabaixo, também brilhou nas noites de festa do Laguinho.
Olha ele aí com Francisca Venina da Trindade escancarando aquele sorrisão de 'dindinho' do mano Tachachado...Imagino o que essas duas figuras iluminadas do Laguinho e do marabaixo estariam conversando antes de nos deixar...Coisa triste não era!
Via GRUPO
MMM (MEIO DO MUNDO MACAPÁ) - Facebook
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