segunda-feira, 20 de junho de 2022

MEMÓRIA DA MACAPÁ DE OUTRORA: O MESTRE JOAQUIM ERA UM LUXO!

Trago hoje para os leitores do blog Porta-Retrato – Macapá, um texto publicado, inicialmente, há cinco anos, no domingo 18 de junho de 2017, no Grupo MMM (Meio do Mundo Macapá), onde o cronista João Silva, destaca a simplicidade e a maneira peculiar do trajar desse ilustre amapaense - Mestre Joaquim Miguel Ramos, um dos cinco filhos de Julião Tomaz Ramos, o Rei Negro do Marabaixo.

CRÔNICA - O MESTRE JOAQUIM ERA UM LUXO!

Por João Silva

Começo pelo começo. O Mestre Joaquim Ramos, filho de Julião Ramos, o Rei Negro do Marabaixo, era um luxo de simpatia, doce, um cara diferente, um gentlemen, gente fina.

Eu o conheci bem: ele era um operário surreal, depois eu explico. Trabalhava na Usina de Força e Luz, ao lado da casa dos Picanço e Silva. Por muitos anos foi freguês de caderno, comprava mantimento pra pagar por mês na mercearia do velho Duca Serra - 'Negro correto' - papai vivia dizendo, e eu vivia ouvindo o que dizia sobre freguês pontual no pagamento da despesa mensal. Era sair a grana do pessoal da Usina, o mestre Joaquim vinha pagar o que devia, diferente de uns e outros que davam trabalho ao velho Duca.

Precisava ver como chegava pra trabalhar na termoelétrica que acendeu o primeiro bico de luz no Amapá, aliás um ambiente cheio de graxa, barulho, fumaça, água quente, óleo queimado saindo dos filtros e motores...Vinha todo no linho, impecável, surreal para um trabalhador do pesado: calça, camisa, sapato, tudo branco, na pinta como se fosse a um casório.

Então tirava aquele traje 'de gala', vestia a roupa de trabalho que trazia na sacola...Quando saía do serviço, vestia de volta a roupa com que chegara.

Joaquim Ramos e Duca Serra eram tão amigos, que papai o lisonjeou com um convite que aceitou na hora: virar padrinho de batismo de um dos seus filhos, Paulo Sérgio, hoje médico pneumologista.

Claro que a áurea desse afrodescendente ilustre, exímio tocador de caixa de marabaixo,  também brilhou nas noites de festa do Laguinho.

Olha ele aí com Francisca Venina da Trindade escancarando aquele sorrisão de 'dindinho' do mano Tachachado...Imagino o que essas duas figuras iluminadas do Laguinho e do marabaixo estariam conversando antes de nos deixar...Coisa triste não era!

Via GRUPO MMM (MEIO DO MUNDO MACAPÁ) - Facebook

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