quinta-feira, 15 de setembro de 2022

FOTO MEMÓRIA DE SANTANA – AP: PRIMEIROS MORADORES DA VILA MAIA

 Esta foto postada no Facebook por Fortunato Colares, é um raro registro fotográfico de alguns dos primeiros moradores de Santana, uma cidade do Estado do Amapá, localizada a 30 km da capital, Macapá.

Por tratar-se de registro histórico, publicamos no blog Porta-Retrato – Macapá, como FOTO MEMÓRIA DE SANTANA – AP.

Foto:   Silvestre Ferreira/Reprodução/SANTANA MAJESTOSA

Segundo Colares, esse é um grupo de homens e dos Marianos da Igreja Católica Nossa Senhora de Fátima. Todos foram os primeiros moradores da Vila Dr. Maia. São todos falecidos.

Segundo registros no blog MEMORIAL SANTANENSE - O Guardião da Historiografia Santanense - de Emanoel Jordânio, “no final da década de 1940, já era possível observar a existência de cerca de 15 a 20 moradias erguidas nas imediações do canteiro de obras do porto de minérios da Indústria e Minérios S/A(ICOMI), na margem esquerda do Rio Amazonas. Essas famílias, em sua maioria, eram oriundas do Estado do Pará e outras vindas de regiões ribeirinhas da Amazônia.

Com o propósito de melhorar as condições de vida familiar, dezenas de trabalhadores braçais vinham para o então Território Federal do Amapá após tomarem conhecimento da implantação da mineradora ICOMI que buscava a contratação de mão-de-obra para a construção de seu píer e do porto industrial.

Sem terem onde morar, diversas famílias de operários decidiram montar (de maneira rudimentar) casebres de madeiras que ficavam onde hoje seria a área desativada da extinta BRUMASA, enquanto que as instalações prediais da ICOMI eram construídas.

Em 26 de agosto de 1953, o Governo Federal concederia à ICOMI uma área de 129 hectares, legalizando assim a faixa de terras onde estava sendo erguido o embarcadouro da mineradora, onde grande parte dessa área já serviria para a limitação da futura vila operária da empresa (Vila Amazonas) para abrigar a família dos trabalhadores já residentes nas proximidades da mineradora. Com isso, enquanto a empresa concluía as instalações administrativas na região, não seriam mais permitidas, a partir de 1954, que novas moradias fossem erguidas na área agora demarcada pela União.

No entanto, o número de famílias continuava chegando à região conhecida como “Porto de Santana”, obrigando os novos moradores a fixarem abrigo numa área situada ao norte do km-0 da futura estação ferroviária da ICOMI. Segundo informações, essa área não tinha titularidade privada, fazendo limites com terras pertencentes ao agricultor Raimundo Gomes Bezerra, e com Marie Joseanne Lemos (estrangeira que prestou serviços ao Governo do Amapá no cargo de professora-diarista entre 1948-1957, depois se mudando para o Rio de Janeiro-RJ).

Em 1956, estima-se que cerca de 30 moradias já formavam esse núcleo urbano ao norte da ferrovia, compreendendo quase três quarteirões em duas travessas cruzadas, ficando as principais casas em paralelo com a rodovia que ligava o escritório central da ICOMI com a capital amapaense (Macapá), e respeitando os limites da faixa ferroviária, obedecendo ao Decreto Federal n° 37.906 de 16 de setembro de 1955 (limitando acima de 60 metros de distância da estrada de ferro).

Em 14 de abril de 1957, é inaugurada a primeira instituição religiosa daquele núcleo, voltada ao catolicismo romano, tendo como vigário o padre italiano Ângelo Biraghi, que esteve à frente de inúmeras decisões sociais por mais de três décadas. Ao lado desta Capela católica, seria erguida uma escola primária, batizada por seus educadores como “Grupo Escolar Porto de Macapá”, por estar situada nas proximidades do cais de minérios da ICOMI. Porém, o núcleo continuava crescendo demograficamente, assim como ainda se mantinha sem uma denominação topônima.

Até o final da década de 1950, alguns topônimos distritais ainda foram utilizados por seus moradores para identifica-la sob termos de pequeno vilarejo ou localidade interiorana. Alguns a chamavam de “Porto de Santana”, “Moradores do Porto”, “Vila Moriçoca” (por habitar uma região tropical, bastante infestada de mosquitos e pernilongos), e até “Vila Ocuúba” (por haver dezenas de árvores desse nome na região).

Mas foi uma fatalidade ocasionada pelo destino que daria um nome histórico para aquele núcleo urbano. Em 21 de janeiro de 1958, o então deputado federal pelo Território Federal do Amapá Dr.Coaracy Nunes, acompanhado de seu suplente promotor Hildemar Maia, morreriam em acidente aéreo na localidade de Carmo do Macacoari (atual distrito do município de Cutias do Araguary), assim como também ceifaria a vida do piloto da aeronave Hamilton Silva. Uma tragédia que abalaria o povo amapaense.

Como forma de homenagear esses ilustres falecidos, o Governo do Amapá realizaria – anualmente – uma programação pública para manter viva o nome daqueles que por muitos anos empenharam condições e recursos federais para o desenvolvimento do então Território Federal do Amapá.

Com isso, em novembro de 1959, o governador do Amapá Pauxy Gentil Nunes (irmão do falecido deputado Coaracy Nunes) solicitou à Divisão de Terras e Colonização (DTC) que efetuasse a demarcação urbana daquele núcleo santanense que se expandia desordenadamente, como forma de evitar possíveis acessos irregulares nas áreas já pertencentes à ICOMI.

Em meados de janeiro do ano seguinte (1960), a conclusão dessas demarcações apontou a existência de 62 moradias distribuídas em quatro (04) avenidas cruzadas em três (03) ruas parcialmente abertas por trilhas. O relatório feito pelo DTC ao Governo do Amapá não apresentava um número exato de moradores já contados, mas estima-se que existiam em torno de 300 pessoas ali residindo.

Histórico Obelisco de Santana (Foto 1995)

Vendo essa progressão habitacional na região, o governador Pauxy Nunes logo atentou para a importância de melhorar as condições sociais desse vilarejo, iniciando assim um plano urbanístico que começou no dia 21 de janeiro de 1960, quando fora entregue um monumento de concreto, com forma de obelisco triangular, considerado o marco inicial das diversas realizações governamentais que seriam feitas nos dias seguintes, como o alinhamento das ruas e avenidas da localidade, que agora ficaria popularmente conhecida como “Vila Dr.Maia”, numa justa homenagem ao 1° promotor público a se instalar no Amapá pós-Território Federal.

Agora com denominação, a localidade portuária seria mais assistida pelas autoridades municipais e territoriais, recebendo em curto tempo, inúmeros benefícios necessários para seu anseio, como a construção de duas novas escolas (em 1962), a implantação de energia elétrica (1964) e até o surgimento de opções de lazer familiar (como uma pequena praça, um clube, e cinema no final da década de 1960).

Em 22 de novembro de 1966, o prefeito de Macapá Cabo Alfredo de Oliveira sanciona o Decreto Municipal n° 174/66-PMM, instalando uma sede representativa do Executivo Municipal da capital na Vila Dr. Maia em Santana, objetivando atender e zelar pela população local, sendo este um embrião executivo para a futura independência geopolítica da atual cidade de Santana.

Contextualização histórica

De acordo com relatos encontrados em registros passados, ressaltados pelos historiadores santanenses, Santana surgiu de um agrupamento populacional na Ilha de Santana, localizada à margem do rio Amazonas, em 1753.

Sabe-se, através de fontes históricas, que os primeiros habitantes do povoado da Ilha de Santana eram portugueses e mestiços, a maioria escravos, vindos do Pará, além de índios Tucujus, comandados pelo português Francisco Portilho de Melo. Os historiadores Emanoel Jordânio e Sergio Guedes, confirmaram em pronunciamento recente, que Portilho de Melo - foragido da lei, e escravocrata - foi o primeiro desbravador da Ilha de Santana.

Na época, registros de arquivos do Pará, mostram que cerca de 250 pessoas viviam na Ilha de Santana, a maioria indígenas”, explicou Emanoel Jordânio.

Segundo o professor e historiador Sergio Guedes, Mendonça Furtado oficializou, na mesma data – 4 de fevereiro 1758 - a fundação da Vila de São José de Macapá e o povoado de Santana.  Ou seja, muito antes da fundação oficial da cidade, “já tínhamos pessoas lutando e protegendo a nossa terra”, pois, “neste espaço onde moramos (Santana), sobretudo no Igarapé da Fortaleza em 1631, já existia o primeiro Forte construído ainda pelos ingleses, o Forte Cumaú”, disse Guedes.

Em 31 de agosto de 1981, Santana é elevada à categoria de Distrito de Macapá, através da Lei nº 153/81-PMM, sendo o distrito instalado oficialmente em 1 de janeiro de 1982, tendo o pioneiro Francisco Correa Nobre como o primeiro Agente Distrital. Santana foi elevada à categoria de município através do Decreto-lei nº 7639 de 17 de dezembro de 1987. Através do Decreto (P) nº 0894 de 1 de julho de 1988, o Governador Jorge Nova da Costa nomeia o professor Heitor de Azevedo Picanço, para exercer o cargo de Prefeito Interino, que estruturou a administração pública municipal, criando condições para o futuro prefeito que seria eleito diretamente pelo povo em 15 de novembro de 1988, Rosemiro Rocha Freires.

Fontes: Prefeitura de Santana / Wikipédia / Memorial Santanense

Via Facebook

terça-feira, 13 de setembro de 2022

MEMÓRIAS DO AMAPÁ: OS DESFILES DE 13 DE SETEMBRO

 Setembro, em Macapá, é um mês de gratas memórias para o povo amapaense. Nele são realizadas as comemorações da Semana da Pátria, e da Semana de Criação do ex-Território Federal do Amapá, ocorrida em 13 de setembro de 1943, de acordo com o Decreto-lei n° 5.812, durante o governo do presidente Getúlio Vargas. O primeiro governador e desbravador da região desmembrada do Estado do Pará, foi o Coronel Janary Gentil Nunes.

E desde os primeiros anos o fato histórico tem sido comemorado nessa data, com realização de desfiles cívico-escolares. 

Segundo o historiador Nilson Montoril, ‘o primeiro da série foi realizado em 1947, quando o Governo Territorial realizou a "Primeira Feira de Animais e Produtos Econômicos". As instalações da feira ficavam à esquerda da estrada que se estendia até a prainha da Fazendinha.

Participaram do desfile a Guarda Territorial,...

...os escoteiros das Tropas Veiga Cabral (modalidade terra) e da Tropa Marcílio Dias (modalidade mar)...

...estudantes do Grupo Escolar Barão do Rio Branco, alunos do Ginásio Amapaense (CA) e Bandeirantes. Ao longo do tempo os desfiles foram sendo mais concorridos. 
Em 1967, o General Ivanhoé Gonçalves Martins, governador do Amapá, transferiu o desfile para Macapá, realizando-o na Av. Iracema Carvão Nunes, entre as duas alas da Praça Barão. Ainda em sua gestão, o desfile passou para a Av. FAB. O número de estudantes tinha crescido muito. A partir de 1995, a bela manifestação de civismo começou a declinar. Na era sambódromo já não tinha o brilho de outros tempos. Em 13/9/2022, a data foi transformada em feriado estadual, mas não tivemos desfile cívico. Este pode ser o marco inicial para que eles não ocorram mais.’

Via Facebook

MEMÓRIA DA CIDADE DE MACAPÁ - A CAPELA DO CEMITÉRIO NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO.

Por Nilson Montoril
O primeiro cemitério de Macapá foi instalado em área existente próximo ao Trem de Lapidação, que hoje corresponde à quadra delimitada pelas ruas São José e Tiradentes e as Avenidas Rio Jari e Rio Maracá. Migrantes açorianos,que morreram vitimados por "doenças de mau caráter"(malária, tifo) em dezembro de 1751. O Cemitério de Nossa Senhora da Conceição surgiu na gestão do Intendente Coronel Manuel Theodoro Mendes, em 1896. Ele era fervoroso devoto da Virgem Maria. A capela só foi erguida em 1932, quando o Intendente de Macapá era o Tenente Jacinto Boutinil. A verba usada na obra foi obtida junto ao Interventor do Estado do Pará, Coronel Magalhães Barata. A área interna do Campo Santo compreendia quatro quadras, divididas por passarelas, ainda hoje vistas, mas relativamente danificada. São raras as sepulturas antigas, como a que ilustra esta postagem. A lápide de mármore veio de Belém. Embora esteja danifica é possível lermos o seu conteúdo.

A lápide tem a seguinte inscrição:

         AQUI JAZEM OS RESTOS MORTAIS DA JOVEM ANA ERMÍNIA PEREIRA, NASCIDA EM 24 DE DEZEMBRO DE 1902.

FALECIDA EM 9 DE JULHO DE 1926.

ETERNA SAUDADE DE SEUS PAIS E IRMÃOS.

Texto e fotos: Nilson Montoril

Via Facebook

segunda-feira, 12 de setembro de 2022

MEMÓRIAS DE MACAPÁ – HISTÓRIAS DE PIONEIROS - EVALDO LOPES DE FREITAS

Mais um importante registro do Jornalista João Silva, contando...

HISTÓRIAS DE PIONEIROS

Por João Silva

Evaldo Lopes de Freitas, nascido no dia 30 de setembro de 1924 na cidade de Vera Cruz-RN, chegou em Macapá no dia 21 de novembro de 1953, juntamente com a esposa Maria de Lourdes Pereira de Freitas, e cinco filhos também rio-grandenses do norte. Posteriormente nasceram mais 4 filhos amapaenses.

No registro o casal com o filho mais velho, Luiz Lopes Neto.

O casal se estabeleceu em Macapá e resolveu entrar para o comercio, o que redundou na inauguração da Casa Vera Cruz, na Cândido Mendes onde hoje funciona a agência central do Bradesco. A princípio o empreendimento teve a parceria com o senhor Miguel Pinheiro Borges, também oriundo do Rio Grande do Norte, o que foi decisivo para a implantação da Casa Vera Cruz numa época de muitas dificuldades, tempo em que a Cândido Mendes era invadida pelas águas de março.

O casal de pioneiros do comercio, Evaldo e Lourdes, morou em Macapá até o início dos anos 80, quando decidiu voltar para Vera Cruz. Dona Lourdes morreu em agosto de 2009, próximo de completar 93 anos; Evaldo faleceu em maio de 2011, com 86 anos.

Entre os filhos, o casal formou um farmacêutico-bioquímico, três médicos, um veterinário, um professor e um engenheiro, portando encaminhou a prole, deu conta do recado!

'A família deve tudo que é ao Amapá e a pessoas como Miguel Pinheiro Borges', faz questão de dizer Luiz Lopes Neto, o filho mais velho do casal.

Ele acrescenta que Dona Lourdes, 'santa mulher, além de doméstica era costureira, e trabalhou muito confeccionando e vendendo roupas para crianças no mesmo endereço da Casa Vera Cruz, onde mantinha um armarinho muito requisitado na época!'.

Evaldo Lopes de Freitas também foi marreteiro na Serra do Navio nos dias em que a ICOMI pagava vale e fazia o pagamento dos seus funcionários! Bom não esquecer também que Dona Lourdes era costureira pé quente do Juventus Esporte Clube, cujas camisas e emblemas eram fabricados nos armarinhos da Casa Vera Cruz, por suas mãos habilidosas.

Via Facebook

quinta-feira, 8 de setembro de 2022

MEMÓRIA DA CULTURA AMAPAENSE: MARABAIEIRA GERTRUDES DA SILVA GAIA

GERTRUDES SATURNINO LOUREIRO, filha de Ciriaco Manuel Saturnino e Izabel Maria de Nazareth, foi a única filha mulher de uma família de seis irmãos: Serafim, Nazário, João, José Cirilo e Bernardino. Mulher negra, aguerrida, filha de negros escravizados, nasceu em terras amapaenses, (Macapá), no dia 08 de dezembro de 1899. Em 18 de maio de 1918, contraiu seu primeiro casamento com Hyppólito da Silva Gaia, passando a ter o nome de Gertrudes da Silva Gaia. Desde criança sempre foi uma pessoa ativa, de personalidade forte, perseverante, dinâmica, extrovertida, que lutava muito pelo que queria e acreditava, isso de certa forma, contribuiu para a sua separação. Anos mais tarde, constituiu nova família com Raimundo Pereira da Silva, (Capa Branca), com quem teve cinco filhos: Mamédio, Natalina, Sebastião, Maria José e Izabel.

O espírito combativo, de coragem e de liberdade que norteava sua vida não admitia nem aceitava a submissão imposta, na época e contrariando as ideias e a vontade de seu marido, passou por uma nova separação. Assumindo o desafio de cuidar sozinha de seus filhos, exercia as mais diversas e humildes atividades: doméstica, lavadeira, cozinheira, pela sobrevivência da família. Gertrudes foi parteira, ajudando muitas mães a dar à luz seus filhos; foi benzedeira e com seu conhecimento sobre as ervas e plantas medicinais, fazia seus remédios caseiros, garrafadas, chás e outros.

Mulher, Negra e Separada, numa época em que o preconceito na sociedade era muito forte, sofreu e carregou as desvantagens de um sistema injusto, preconceituoso e racista, mas lutou muito para romper barreiras e conquistar espaços. Foi assim que quando do remanejamento das famílias da Rua da Frente da cidade onde moravam, Gertrudes se recusou em ir com a maioria para o Laguinho e decidiu integrar o grupo menor das famílias negras e ir fixar sua residência na Favela, para onde levaram na bagagem a coragem, a força, a resistência, a fé, a religiosidade.

E o Marabaixo, com o culto e louvor à Santíssima Trindade pelos inocentes foi levado e se fortaleceu naquele bairro, sustentado pela fé das famílias Gertrudes, Congó, Pedro e Raimunda Costa e outros que sempre incentivavam e apoiavam esse legado cultural. Essa separação dos negros foi triste e lamentada e foi muito cantada nos ladrões do Marabaixo, Gertrudes cantava assim:

“PELO JEITO QUE ESTOU VENDO

QUEREM ME DEIXAR SOZINHA

VOU COM UNS PARA A FAVELA

OS OUTROS VÃO PRO LAGUINHO”.

A vida e as realizações não foram fáceis para os negros de um núcleo populacional negado pelas autoridades e que nunca se configurou de direito como um bairro. Mas, mesmo com essa negação e sem o reconhecimento, o Bairro da Favela, existiu de fato, e ainda hoje é vivo na memória, na história e nas tradições culturais da cidade de Macapá persistindo no imaginário popular do amapaense, especialmente dos que ali viveram.

Gertrudes exerceu importante liderança no Bairro e uma das precursoras do Marabaixo na Favela. Foi uma grande mulher à frente de seu tempo. Cantava, dançava, tocava caixa de Marabaixo com uma maestria ímpar. Criou o quadro de sócio da “Santíssima Trindade dos Inocentes” que foi uma forma prática e criativa de garantir a realização anual da festividade no Bairro, pois quando não havia promesseiros, usavam o livro de sócios e tiravam o pilor (sorteio) dos festeiros e dos novenários que seriam os responsáveis dos festejos do ano. Incentivava e despertava nas crianças e jovens o gosto pelo Marabaixo; todas as tardes reunia seus filhos, sobrinhos, netos e filhos de amigos e conhecidos e os ensinava a tocar caixa, cantar o ladrão e dançar o marabaixo. Essa sua prática certamente contribuiu para fortalecer a cultura dessa manifestação no Bairro.

Dona Gertrudes morreu no dia 07 de setembro de 1973, aos 74 anos, vitimada por um AVC, deixando aos seus descendentes esse legado como herança a ser cultivada e perpetuada.

Biografia e foto de Edgar Rodrigues – jornalista e pesquisador amapaense.

Via Facebook