Um fato ocorrido nos idos dos anos de 1965 é lembrado e contado pelos Guardas
Territoriais, com alguns desacordos, mas o acontecimento foi verídico, não sendo “história de pescador”, muito menos “conversa pra boi dormir”.
Por
essa época, quando a cidade de Macapá ainda possuía muita vegetação em seu
entorno, a presença de um felino não seria estranha, mas assustadora pela
ferocidade do animal. Foi exatamente isso que ocorreu: uma onça pintada foi
chegando de mansinho pela praia em frente à cidade de Macapá, capital do Amapá, numa manhã de sol brilhante, maré vazante e brisa suave.
Foto meramente ilustrativa
Um senhor de nome Benjamim conhecido por "Beijoca", que havia chegado à noite em uma canoa de Afuá, estava com uma diarreia daquelas e saiu da Doca da Fortaleza, pela praia, em busca de um local seguro onde pudesse fazer suas necessidades. Caminhou até a pedra do guindaste e quando estava concentrado "no serviço",
percebeu um animal caminhando pela praia, vindo das bandas do Igarapé das Mulheres. A princípio, achou tratar-se de um
cachorro... Já próximo, reconheceu que era uma onça, e das grandes. No
desespero, Beijoca sai correndo, sem lembrar-se de limpar “suas partes” e vestir as
calças. Encontra a porta de saída da fortaleza
para o rio, adentra e pede ajuda. O Guarda Territorial, Orton Vieira de Castro,
que estava de plantão, agarra seu fuzil e com um disparo certeiro, (aliás, na verdade foram três) abate a temida onça
pintada.
O
episódio abalou a rotina dos Guardas Territoriais que estavam em serviço na fortaleza naquele dia.
A dita onça,
empalhada pelo famoso e experiente taxidermista amapaense Newton Cardoso foi
exposta à visitação pública, durante muitos anos no Museu da Fortaleza.
Informados de que ela poderia estar em exposição no Museu Sacaca, mantivemos contato com Jade Rodrigues, bióloga da instituição, que
gentilmente nos forneceu uma foto recente da onça empalhada. Comparando as fotos, não há dúvidas de que se trata mesmo da onça empalhada por Newton Cardoso.
Os Personagens:
O GT Orton Vieira
de Castro, que era potiguar, natural do Rio Grande do Norte, já é falecido.
Beijoca, que
contava para todos sua própria façanha, depois do incidente, trabalhou durante
uns vinte anos como tripulante da canoa Paraense de propriedade do Sr. Alfredo
Botelho, pai do empresário José Maria Botelho. Botelho confirmou que Beijoca faleceu em dezembro de 2022
aos 80 anos, quando já morava numa área de pontes no Igarapé da Fortaleza, na
zona sul de Macapá, onde foi tirada esta foto.
Textos reproduzidos do livro Memória da Briosa Guarda Territorial do Amapá / Verônica Xavier Luna, Elke Daniela
Rocha Nunes, Bruno Markus dos Santos de Sá. - Macapá: Editora UNIFAP, 2023. e da Rede Social do amigo empresário do Comércio amapaense e Agrônomo
José Maria Botelho a quem foi contado o episódio repetidas vezes por Beijoca.
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Fonte:
Facebook (https://encurtador.com.br/axzB7)