Nossa homenageada de hoje é a professora Maria Alves
de Sá.
Prof Maria Sá é natural do rio Tartaruga, pertencente ao
município de Afuá, no Estado do Pará. Filha de Antônio Dias de Sá e Virgínia Dias de Sá, está
no Amapá há 75 anos. Ao
chegar a Macapá, passou a residir, com a família, na antiga Rua da Praia, hoje
Orla de Macapá. Conta que sua diversão era subir nas mangueiras ali existentes,
colher mangas e tomar banhos de praia. Todavia a família teve de retornar em
1942, ao outro lado do Rio Amazonas, para as Ilhas Furos dos Porcos, pois
estava em alta a colheita do látex das seringueiras. Porém, sua genitora que
costurava para fora, percebeu a necessidade de dar estudos aos filhos e como já
tinham residência em Macapá herança materna, retornaram. Naquele mesmo ano
(1942), começou a estudar em um dos primeiros Grupos Escolares de Macapá, na
casa de Dona Sofia Mendes Coutinho, (mãe da saudosa prof. Guita - Raimunda
Mendes Coutinho).
Após a criação do Território Federal do Amapá, em 1943, e a
instalação do Governo em 1945, o Governador Janary Gentil Nunes construiu o Grupo
Escolar Barão do Rio Branco, onde, segundo ela, teve "a honra de ser da primeira
turma que ali estudou e se formou".
Professora Maria Sá, relembrando sua juventude. afirma que sempre
teve um objetivo na sua vida; hoje algumas pessoas lhe perguntam por que não
casou? “Não casei, porque eu acho que não é a única opção para a mulher. Eu
queria trabalhar queria vencer na minha profissão, e se depois viesse o
casamento, que dentro dele eu tivesse minha independência econômica e depois
eu me afeiçoei tanto ao meu trabalho, porque, desculpa a falta de modéstia,
minha tendência à Educação foi mais do que uma profissão, é uma vocação.
Pautei-me nisso e estou muito feliz assim”.
Com o falecimento do seu genitor
aos 14 anos Maria Sá teve que continuar seus estudos e trabalhar; ela exerceu as funções de atendente no
Hospital Geral de Macapá. “Nessa época estava no ginasial, completei
meus estudos sempre trabalhando”.
Depois de concluir o Científico,
Maria Sá, foi prestar vestibular na Universidade Federal do Pará (UFPA) em
Belém (PA) e aos 19 anos ingressou na Faculdade de Filosofia, fez o Bacharelado
em Ciências Sociais e depois a Licenciatura Plena em Pedagogia que preparava
para o Magistério. “O meu retorno após a formatura foi meio difícil, pois cheguei ao início
de 1964 e logo em seguida eclodiu a revolução militar e o Amapá estava
recebendo o primeiro governador do novo regime General Luiz Mendes da Silva. Mas,
apesar disso eu tinha conhecidos na nova administração, e fui nomeada. Minha
primeira escola foi o então Instituto de Educação do Amapá (IETA), onde eram
formados os professores amapaenses, das escolas publicas foi à única onde
lecionei às áreas de Ciências Sociais e Pedagogia”.
Um dos alunos da mestra Maria
Sá, que ela destaca como um grande nome da educação amapaense, é o prof Leonil
de Aquino Pena Amanajás, hoje magnifico reitor do CEAP. Relembrando outros
nomes ela conta que suas diretoras foram grandes mestras como a Professora
Wanda Jucá, Raimunda Aciné Garcia Lopes de Souza, Blandina, Annie Viana da
Costa, que também foi Secretaria de Educação, representante do MEC no Amapá.
Mesmo atuando numa época de turbilhões sociais e lecionando matérias que mexiam
com esse segmento, ela declara que sempre trilhou o caminho da moderação e na
expressão de suas ideais. “Eu não era omissa, mas sempre procurava não
me exceder, tanto que não tive nenhum problema com todos os governadores
militares até o governador Anníbal Barcellos”.
Nossa biografada iniciou o exercício do magistério no IETA. “Nessa época foi criada em Macapá
uma extensão da UFPA(Universidade Federal do Pará), já preparando professores
para reforma do ensino com a implantação da Lei Federal 5692/76 que mudava a
estrutura. A pessoa que era responsável
pela implantação desse programa - Antônio Gomes Moreira Junior que tinha sido
meu professor e sabia que eu morava Macapá - sugeriu meu nome para coordenar a
formação dos professores a nível de 1º e 2º Graus; fiquei 20 anos no campus,
até quando foi criada a nossa universidade, a UNIFAP, onde assumi a reitoria
pro tempore por dois anos”.
Depois que saiu da UNIFAP, a
professora Maria Sá foi convidada a atuar no Centro de Ensino Superior do Amapá
(CEAP) como Assistente Técnica durante cinco anos; em seguida foi atuar no
Tribunal de Contas do Estado como Chefe de Gabinete da Presidência, na época
Conselheira Margareth Salomão de Santana, durante sete anos; atuou nas
Faculdades SEAMA como Coordenadora Acadêmica, coordenadora Pedagógica e terminou
como Ouvidora Geral da Faculdade. Além desses cargos foi membro e presidente do
Conselho Territorial de Educação e do Conselho de Cultura do Estado, até 2011.
“Aposentei-me com 30 anos de serviço(1992), porém continuei a atuar nas escolas
privadas (CEAP, SEAMA). Hoje estou somente me dedicando à leituras”.
Fonte: Jornal Tribuna Amapaense
Matéria e foto maior de Reinaldo Coelho (Tribuna Amapaense).
Foto em P/B - Reprodução do blog da Amapatec)