sexta-feira, 13 de setembro de 2019

Foto Memória da Igreja Católica, no Amapá: Pe. Ângelo Bubani, um dos fundadores da Prelazia de Macapá

Pe. Ângelo Bubani, Missionário do Pontifício Instituto das Missões Exteriores, foi um dos primeiros missionários do PIME a fundar a Prelazia de Macapá, na Amazônia. Chegou em Macapá - enviado por Dom Aristides Piróvano, primeiro Bispo Prelado do Amapá - no dia 19 de junho de 1948, com a missão mais isolada e difícil da floresta amazônica, abandonada por muito tempo. Em uma comovida lembrança de Pe. Bubani, o seu confrade Piero Gheddo recorda: "Por 16 anos, Pe. Ângelo viveu um período duríssimo de trabalho e sacrifício, em um lugar onde não havia assistência sanitária nem mercado.
"A nossa vida - dizia em uma entrevista anos depois - era um contínuo viajar, em barco ou canoa, a cavalo, a pé, para visitar as comunidades dispersas. Um de nós dois ficava fora um mês, depois voltava para casa para repousar enquanto o outro partia. Comia-se praticamente farinha de mandioca e peixe. A nossa paróquia era muito extensa: chegamos a ter cerca de 40 escolas para ensinar o catecismo em um território de 40.000 km². 
No Amapá, vivíamos em uma pobreza sem igual. Não havia comida, dormíamos em um local em cima da igreja, entre ratos e baratas. Deveríamos consertar o teto da Igreja porque chovia e a água inundava tudo, mas como comprar o material necessário? Uma vez Dom Aristides veio nos visitar e nos deu seu anel episcopal para vender e consertar o teto da Igreja. Não tinha mais nada para nos dar!" (Piero Gheddo, "Missione Amazzonia, I 50 anni del PIME nel Nord Brasile (1948-1998)", Emi 1998, pagg. 51, 59).
Permaneceu naquela situação de outubro de 1948 até maio de 1964, fundando uma paróquia praticamente do nada, com escolas, três igrejas e cerca de vinte capelas. Em seguida, desenvolveu diversas obras sociais e de assistência para os mais pobres. Em 1964, Dom Aristides o chamou para Macapá para ser seu Vigário-geral e ecônomo da Prelazia, período que foi de maio de 1964 até abril de 1965, e um ano como substituto do Bispo, porque Dom Aristides foi eleito Superior-geral do Pime em Roma e o novo Bispo, Dom José Maritano, ainda não havia chegado.
Quando foi superior eclesiástico da diocese, os missionários os recordam como dedicado e cordial, mas também severo. Era o seu caráter: forte, preciso, pontual, exigente - caráter que depois pudemos admirar em Roma nos últimos anos. Em maio de 1966, o novo Bispo, Dom José Maritano, o enviou como pároco para Mazagão, ainda na floresta amazônica, longe da cidade de Macapá: um outro período importante na vida missionária de Padre Bubani, porque demonstra a sua humildade e flexibilidade.
De 1976 a 1978, Padre Bubani transcorreu dois anos na Itália como Reitor do Seminário filosófico do Pime em Florença, depois voltou para a Amazônia como Chanceler da Cúria de Macapá por oito anos, até fevereiro de 1986. Naqueles anos, testemunhou a sua capacidade de organizar e manter um Arquivo e de levar adiante um trabalho de escritório de modo sistemático e constante. Em fevereiro de 1986, praticamente surdo, o Instituto se vê obrigado a chamá-lo de volta à Itália para um cargo que muitos temiam que Pe. Bubani, tão ativo e dinâmico, não se adaptaria: a partir de setembro de 1986 era arquivista-geral do Pime.
Nos últimos 18 anos da sua vida, revelou-se um homem preciso, equilibrado, constante e metódico no trabalho. Parecia, mesmo para aqueles que viviam perto dele, a pessoa ideal para se fechar dentro de um Arquivo missionário para construí-lo praticamente do zero. Às vezes, no entanto, recordava e chorava os seus índios e caboclos, as longas viagens na floresta e os seus rios, as Missas no alvorecer e as reuniões comunitárias à noite, muitas vezes à luz de velas. Mas tinha um sentido do dever que impressionava todos, mesmo com 82 anos: sempre trabalhou entre oito e dez horas por dia, realizando um trabalho que parecia impossível.
Quadruplicou a quantidade dos documentos do Arquivo (cerca de 1900 caixas contendo, cada uma, cerca de mil ou mais folhas de documentos: cartas, diários, livros, revistas, fotografias, lembranças e relíquias dos missionários mártires e santos); examinou e catalogou todo o material de modo que pudesse estar disponível para pesquisas históricas sobre missionários, as várias missões e o Instituto; por fim, Padre Bubani promoveu, em parceria com o Departamento histórico e as Postulações do Instituto, a utilização do Arquivo para poder publicar artigos e volumes históricos.
Pe. Ângelo Bubani, faleceu em Roma, no dia 21 de março de 2004.
Fonte: Site Pime-Net - Acessado em 31 de outubro de 2013.
"A aventura missionária de Pe. Ângelo Bubani, da Amazônia ao arquivo do PIME"

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