Pe. Ângelo Bubani, Missionário
do Pontifício Instituto das Missões Exteriores, foi um dos primeiros
missionários do PIME a fundar a Prelazia de Macapá, na Amazônia. Chegou em
Macapá - enviado por Dom Aristides Piróvano, primeiro Bispo Prelado do Amapá -
no dia 19 de junho de 1948, com a missão mais isolada e difícil da floresta
amazônica, abandonada por muito tempo. Em uma comovida lembrança de Pe. Bubani,
o seu confrade Piero Gheddo recorda: "Por 16 anos, Pe. Ângelo viveu um período
duríssimo de trabalho e sacrifício, em um lugar onde não havia assistência
sanitária nem mercado.
"A nossa vida - dizia em
uma entrevista anos depois - era um contínuo viajar, em barco ou canoa, a
cavalo, a pé, para visitar as comunidades dispersas. Um de nós dois ficava fora
um mês, depois voltava para casa para repousar enquanto o outro partia.
Comia-se praticamente farinha de mandioca e peixe. A nossa paróquia era muito
extensa: chegamos a ter cerca de 40 escolas para ensinar o catecismo em um território
de 40.000 km².
No Amapá, vivíamos em uma
pobreza sem igual. Não havia comida, dormíamos em um local em cima da igreja,
entre ratos e baratas. Deveríamos consertar o teto da Igreja porque chovia e a
água inundava tudo, mas como comprar o material necessário? Uma vez Dom
Aristides veio nos visitar e nos deu seu anel episcopal para vender e consertar
o teto da Igreja. Não tinha mais nada para nos dar!" (Piero Gheddo,
"Missione Amazzonia, I 50 anni del PIME nel Nord Brasile (1948-1998)",
Emi 1998, pagg. 51, 59).
Permaneceu naquela situação de
outubro de 1948 até maio de 1964, fundando uma paróquia praticamente do nada,
com escolas, três igrejas e cerca de vinte capelas. Em seguida, desenvolveu
diversas obras sociais e de assistência para os mais pobres. Em 1964, Dom
Aristides o chamou para Macapá para ser seu Vigário-geral e ecônomo da
Prelazia, período que foi de maio de 1964 até abril de 1965, e um ano como
substituto do Bispo, porque Dom Aristides foi eleito Superior-geral do Pime em
Roma e o novo Bispo, Dom José Maritano, ainda não havia chegado.
Quando foi superior
eclesiástico da diocese, os missionários os recordam como dedicado e cordial,
mas também severo. Era o seu caráter: forte, preciso, pontual, exigente -
caráter que depois pudemos admirar em Roma nos últimos anos. Em maio de 1966, o
novo Bispo, Dom José Maritano, o enviou como pároco para Mazagão, ainda na
floresta amazônica, longe da cidade de Macapá: um outro período importante na
vida missionária de Padre Bubani, porque demonstra a sua humildade e
flexibilidade.
De 1976 a 1978, Padre Bubani
transcorreu dois anos na Itália como Reitor do Seminário filosófico do Pime em
Florença, depois voltou para a Amazônia como Chanceler da Cúria de Macapá por
oito anos, até fevereiro de 1986. Naqueles anos, testemunhou a sua capacidade
de organizar e manter um Arquivo e de levar adiante um trabalho de escritório
de modo sistemático e constante. Em fevereiro de 1986, praticamente surdo, o
Instituto se vê obrigado a chamá-lo de volta à Itália para um cargo que muitos
temiam que Pe. Bubani, tão ativo e dinâmico, não se adaptaria: a partir de
setembro de 1986 era arquivista-geral do Pime.
Nos últimos 18 anos da sua
vida, revelou-se um homem preciso, equilibrado, constante e metódico no
trabalho. Parecia, mesmo para aqueles que viviam perto dele, a pessoa ideal
para se fechar dentro de um Arquivo missionário para construí-lo praticamente
do zero. Às vezes, no entanto, recordava e chorava os seus índios e caboclos,
as longas viagens na floresta e os seus rios, as Missas no alvorecer e as
reuniões comunitárias à noite, muitas vezes à luz de velas. Mas tinha um
sentido do dever que impressionava todos, mesmo com 82 anos: sempre trabalhou
entre oito e dez horas por dia, realizando um trabalho que parecia impossível.
Quadruplicou a quantidade dos
documentos do Arquivo (cerca de 1900 caixas contendo, cada uma, cerca de mil ou
mais folhas de documentos: cartas, diários, livros, revistas, fotografias,
lembranças e relíquias dos missionários mártires e santos); examinou e catalogou
todo o material de modo que pudesse estar disponível para pesquisas históricas
sobre missionários, as várias missões e o Instituto; por fim, Padre Bubani
promoveu, em parceria com o Departamento histórico e as Postulações do
Instituto, a utilização do Arquivo para poder publicar artigos e volumes
históricos.
Pe. Ângelo Bubani, faleceu em
Roma, no dia 21 de março de 2004.
Fonte: Site Pime-Net - Acessado em 31 de outubro de 2013.
"A aventura missionária de Pe. Ângelo Bubani, da Amazônia ao arquivo do PIME"
Fonte: Site Pime-Net - Acessado em 31 de outubro de 2013.
"A aventura missionária de Pe. Ângelo Bubani, da Amazônia ao arquivo do PIME"
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