terça-feira, 13 de fevereiro de 2024

MEMÓRIAS DO CARNAVAL DE MACAPÁ – BLOCO CAÇULA DO LAGUINHO

Meu amigo Luiz Jorge, Pinguim para os íntimos, amapaense da gema, saiu do Amapá, mas o Amapá não saiu dele. Vez por outra ele lembra os bons tempos da Sede dos Escoteiros do Laguinho. Já há algum tempo ele me mandou o seguinte :

“João, por volta de 1961, Seu Paulino viu uns meninos por perto da Sede dos Escoteiros do Laguinho, que se reuniam com latas e improvisados instrumentos e cantavam imitando uma Escola de Samba.  Falou com os pais deles e criou “O Caçula do Laguinho”, que tinham Fantasias, Pastoras, Mestre Sala e Balizas. O bloco era formado pelo Biló, Quincas, Lelé, Pedro Ramos, Sacaca, Saçuca, Pinguim, Nonato, Bomba d'água...e as meninas, e suas mamães.”

Em consulta ao professor Google fiquei sabendo também, que o Aureliano da Silva Ramos, conhecido no mundo artístico como Aureliano Neck, cantor, compositor, cidadão do samba, começou no mundo do samba aos cinco anos de idade, como passista do Bloco Caçula do Laguinho.

O “palco iluminado” dessa moçada era, nada mais nada menos, que a Sede dos Escoteiros Veiga Cabral, no “bairro moreno da cidade”, local em que muitos esportes eram praticados e sob a batuta do Chefe Humberto, também, as artes... Encenações de Cordões Juninos e Peças Teatrais... e Espetáculos Musicais.

E agora, no calor do carnaval ele me conta, com riquesa de detalhes,  o restinho dessa história:

“Por época de quase fevereiro de 1962, a recordação nos leva até o Bloco "Caçula do Laguinho"... Bloco Infantil criado a partir da observação de Seu Paulino, pai do Joaquim Ramos... O Quincas... exímio passista, que com outros meninos, ao lado de fora da Sede Escoteira, no espaço entre a Sede e o Campo de Treinamento do São José, munidos de latas vazias de Cera Poliflor e velhas frigideiras já sem uso batucavam, e obedeciam ao apito por assobio do Lelé, batucavam, cantavam e criavam Sambas, muitos até copiados do Boêmios do Laguinho, ou dublês de alguns Sambas Enredos do Rio...

Seu Paulino colocou ordem na casa...

Fez os garotos obedecerem a posicionamento, criou paradas para a batucada fazer um breque, conseguiu fantasias, para as Pastoras, Portas Estandartes e Mestres Salas e uniformes para os batuqueiros, tudo muito organizado...

Íamos já depois de muitos ensaios, às Batalhas de Confete, que aconteciam em vários bairros inclusive no próprio Laguinho, defronte a Casas Comerciais de importância renomada, por toda cidade em festa.

"O Caçula do Laguinho", por ser formado por crianças na faixa dos 10 a 13 anos, tinha o acompanhamento dos pais ou responsáveis; Dona  Josefa, era uma dessas pessoas, com muitos dos seus filhos e filhas sendo participantes... Pedro Ramos, Joaquim Ramos, Neck, algumas das suas filhas...

No segundo ano de Desfile, em 1963, o Bloco já criava seus Sambas, coletivamente, Nonato, Luiz, Lelé, Saçuca, Pedro, Zeca , Tomé, Munjoca, Arlindo, Queiroz, Joaquim, Zé Paulo, Sacaquinha, Seu Rô... as irmãs , as primas, e as amigas, engrossavam o coro...

“O Caçula do Laguinho”, fez a alegria dos pais dessa petizada carnavalescamente precoce... O pai do Saçuca... Seu Sussuarana, providenciava os couros para os instrumentos de percussão, e as caixas de madeira para criar os tambores, ou o Gabi, ou o Zé Cueca ou o Cecilio davam um jeito de arrumar...

Afinar... era fácil... uma fogueira e pô-los a esquentar seus couros, e baquetas à mão... batendo de leve e ouvindo o som apurar no tom.

Destes participantes do Caçula, amigos de infância, muitos munidos de seus Sambas, com o som dos seus repiques no ar, não estão mais conosco... porém muito destes enveredaram pelo caminho da Arte e ainda nos proporcionam alegria com suas criações...

Foi ler o texto do Fernando...(o Canto) e parece que me arrumei na casa do Lelé e desci a Av. Ernestino Borges... frigideira na mão, pé tuíra da poeira da rua, toda a felicidade na cara sorridente, nascendo as primeiras espinhas.

Afinal,...Tudo é Carnaval!”

2 comentários:

  1. Edi Prado - É foi assim. Desse jeito. Assim, mesmo. As pessoas estão vivas.São protagonistas e testemunhas. São saudades. São lembranças de uma época tão feliz e bela, num cantinho do Laguinho, bairro onde tanta coisa aconteceu e ainda continua sendo o menor bairro da cidade, porém um dos maiores em registros culturais, esportivos, vida de uma cidade já cosmopolita. Esse é o resultado de um empenho, dedicação e compromisso com a história do Amapá: João Lázaro. Aplausos pra ele. Pena que nenhum órgão púlico ou privado invista para manter essa produção histórica com mais qualidade e fotos e novas e belas histórias. Quem investe em cultura não gasta dinheiro.

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  2. 0brigado João por manter viva a lembrança de um tempo Magico e Lírico...
    A felicidade era presente entre nós...

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