Meu amigo Luiz Jorge, Pinguim para os íntimos, amapaense da gema, saiu do Amapá, mas o Amapá não saiu dele. Vez por outra ele lembra os bons tempos da Sede dos Escoteiros do Laguinho. Já há algum tempo ele me mandou o seguinte :
“João,
por volta de 1961, Seu Paulino viu uns meninos por perto da Sede dos Escoteiros
do Laguinho, que se reuniam com latas e improvisados instrumentos e cantavam
imitando uma Escola de Samba. Falou com
os pais deles e criou “O Caçula do Laguinho”, que tinham Fantasias, Pastoras,
Mestre Sala e Balizas. O bloco era formado pelo Biló, Quincas, Lelé, Pedro
Ramos, Sacaca, Saçuca, Pinguim, Nonato, Bomba d'água...e as meninas, e suas
mamães.”
Em consulta
ao professor Google fiquei sabendo também, que o Aureliano da Silva Ramos,
conhecido no mundo artístico como Aureliano Neck, cantor, compositor, cidadão
do samba, começou no mundo do samba aos cinco anos de idade, como passista do Bloco
Caçula do Laguinho.
O “palco
iluminado” dessa moçada era, nada mais nada menos, que a Sede dos Escoteiros
Veiga Cabral, no “bairro moreno da cidade”, local em que muitos esportes eram
praticados e sob a batuta do Chefe Humberto, também, as artes... Encenações de
Cordões Juninos e Peças Teatrais... e Espetáculos Musicais.
E agora, no
calor do carnaval ele me conta, com riquesa de detalhes, o restinho dessa história:
“Por
época de quase fevereiro de 1962, a recordação nos leva até o Bloco "Caçula do
Laguinho"... Bloco Infantil criado a partir da observação de Seu Paulino, pai do
Joaquim Ramos... O Quincas... exímio passista, que com outros meninos, ao lado
de fora da Sede Escoteira, no espaço entre a Sede e o Campo de Treinamento do
São José, munidos de latas vazias de Cera Poliflor e velhas frigideiras já sem
uso batucavam, e obedeciam ao apito por assobio do Lelé, batucavam, cantavam e
criavam Sambas, muitos até copiados do Boêmios do Laguinho, ou dublês de alguns
Sambas Enredos do Rio...
Seu
Paulino colocou ordem na casa...
Fez os
garotos obedecerem a posicionamento, criou paradas para a batucada fazer um
breque, conseguiu fantasias, para as Pastoras, Portas Estandartes e Mestres
Salas e uniformes para os batuqueiros, tudo muito organizado...
Íamos
já depois de muitos ensaios, às Batalhas de Confete, que aconteciam em vários
bairros inclusive no próprio Laguinho, defronte a Casas Comerciais de
importância renomada, por toda cidade em festa.
"O
Caçula do Laguinho", por ser formado por crianças na faixa dos 10 a 13 anos,
tinha o acompanhamento dos pais ou responsáveis; Dona Josefa, era uma dessas pessoas, com muitos dos
seus filhos e filhas sendo participantes... Pedro Ramos, Joaquim Ramos, Neck,
algumas das suas filhas...
No segundo
ano de Desfile, em 1963, o Bloco já criava seus Sambas, coletivamente, Nonato,
Luiz, Lelé, Saçuca, Pedro, Zeca , Tomé, Munjoca, Arlindo, Queiroz, Joaquim, Zé
Paulo, Sacaquinha, Seu Rô... as irmãs , as primas, e as amigas, engrossavam o
coro...
“O Caçula do Laguinho”, fez a alegria dos pais dessa petizada carnavalescamente
precoce... O pai do Saçuca... Seu Sussuarana, providenciava os couros para os
instrumentos de percussão, e as caixas de madeira para criar os tambores, ou o
Gabi, ou o Zé Cueca ou o Cecilio davam um jeito de arrumar...
Afinar...
era fácil... uma fogueira e pô-los a esquentar seus couros, e baquetas à mão...
batendo de leve e ouvindo o som apurar no tom.
Destes
participantes do Caçula, amigos de infância, muitos munidos de seus Sambas, com
o som dos seus repiques no ar, não estão mais conosco... porém muito destes
enveredaram pelo caminho da Arte e ainda nos proporcionam alegria com suas
criações...
Foi
ler o texto do Fernando...(o Canto) e parece que me arrumei na casa do Lelé e
desci a Av. Ernestino Borges... frigideira na mão, pé tuíra da poeira da rua,
toda a felicidade na cara sorridente, nascendo as primeiras espinhas.
Afinal,...Tudo
é Carnaval!”
Edi Prado - É foi assim. Desse jeito. Assim, mesmo. As pessoas estão vivas.São protagonistas e testemunhas. São saudades. São lembranças de uma época tão feliz e bela, num cantinho do Laguinho, bairro onde tanta coisa aconteceu e ainda continua sendo o menor bairro da cidade, porém um dos maiores em registros culturais, esportivos, vida de uma cidade já cosmopolita. Esse é o resultado de um empenho, dedicação e compromisso com a história do Amapá: João Lázaro. Aplausos pra ele. Pena que nenhum órgão púlico ou privado invista para manter essa produção histórica com mais qualidade e fotos e novas e belas histórias. Quem investe em cultura não gasta dinheiro.
ResponderExcluir0brigado João por manter viva a lembrança de um tempo Magico e Lírico...
ResponderExcluirA felicidade era presente entre nós...