terça-feira, 5 de dezembro de 2023

MEMÓRIA DA MÚSICA AMAPAENSE – MAESTRO ALTINO PIMENTA

BIOGRAFIA
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Altino Rosauro Salazar Pimenta foi músico paraense, nascido em Belém a 03 de janeiro de 1921. Filho de Virgilio de Fontes Pimenta e Philomena Salazar Pimenta, proprietários da livraria Gillete, desde jovem estudou piano no curso dos irmãos Neves, sob a tutela do pianista Mario Neves. Quando adolescente, desenvolveu atividades musicais e radiofônicas na capital paraense apresentando-se em diversos espaços artísticos, inclusive o Theatro da Paz e a Rádio Clube do Pará. Dirigiu-se jovem ao Rio de Janeiro na década de 1930 a fim de se aperfeiçoar musicalmente, residindo ali por mais de uma década. Na antiga capital brasileira foi aluno de Iberê Lemos, Lorenzo Fernandez, Magdalena Tagliaferro, Herminia Roubaud, Maria do Carmo Ney entre outros nomes importantes, obtendo solida formação. Diplomou-se em alta virtuosidade e interpretação musical pelo Ministério da Educação e Cultura e concluiu na década de 1940 o curso de aperfeiçoamento pianístico de Magdalena Tagliaferro. Nesse período no Rio de Janeiro, atuou também nas rádios Nacional, Roquete Pinto, Globo e Tupi, tornando-se um dos fundadores desta última; exerceu o magistério de piano por cerca de 10 anos (1936-1943); e é dessa época uma de suas composições mais antigas: a canção Estrela.
Hernani Vitor Guedes, e seu inseparável violino, em uma das primeiras apresentações do Conservatório Amapaense de Música em 1953, em Macapá, com o maestro Altino Pimenta, primeiro diretor do conservatório.
Em 1951, a convite do governador do Território do Amapá, Janary Nunes, assumiu a liderança na fundação do Conservatório Amapaense de Música, contribuindo com suas atividades até 1955. Neste ano, com 34 anos de idade, em viagem à Minas Gerais, conheceu Júlia Rossetti, com quem se casou, passando a residir em Belo Horizonte, onde nasceram seus quatro filhos: Carmem, Paulo, Denise e Marcelo. Em Minas Gerais, voltou a participar de cursos musicais, tais como o de Alta Virtuosidade, História e Estética, Análise das Sonatas de Beethoven e Cravo de J. S. Bach, ministrados pelo professor vienense George Kullmann e o de Ritmo e Solfejo, pelo professor Ernest Schumann; lecionou no Colégio Universitário da UFMG aulas de Estética e Apreciação musical; foi, também, assistente da Orquestra Clássica e do Coral Universitário da mesma instituição e em 1965, juntamente com outros paraenses ali radicados — Waldemar Rocha e Dr. Abraão Bentes — fundou o Centro da Amazônia, com o propósito de reunir os conterrâneos e difundir a cultura da Amazônia. Além desses, outros cargos preencheram a sua agenda: foi diretor do Departamento Cultural da Associação Cristã de Moços, diretor Artístico da Rádio Guarani e membro da equipe fundadora da Televisão Itacolomy; desenvolveu importante trabalho de ensino musical em diversos municípios do Vale do Aço à convite da Companhia Belgo-Mineira. De 1971 a 1972, tornou ao Rio de Janeiro a fim de lecionar no Colégio Brasileiro de Almeida, e no antigo Estado da Guanabara, no Centro Educacional de Niterói, ministrando as disciplinas outrora ensinadas no Colégio Universitário da UFMG, período em que passou a tocar piano em estabelecimentos como a Confeitaria Colombo e a casa noturna Alt-Berlin. Em 1972, recebeu convite do então reitor da UFPA, Aloísio Chaves, para assumir a direção do antigo Serviço de Atividades Musicais da UFPA (SAM), hoje Escola de Música da UFPA (EMUFPA). De 1973, Altino retornou a sua terra natal com esse propósito, permanecendo na liderança do SAM até 1981. Sua gestão à frente deste setor foi marcada por ações dinamizadoras do ensino, projetos de capacitação de professores e artísticos como o Encontro de Artes de Belém – ENARTE, idealizado para ser um festival de música durante o Círio de Nossa Senhora de Nazaré, com ofertas de espetáculos e cursos nas áreas de Música, Teatro, Artes Visuais e Dança. Na década de 1980, Altino continuou a desenvolver projetos artísticos, como o Paraoarte, nos quais valorizava compositores e artistas amazônicos, incluindo seus trabalhos composicionais que começavam a crescer em quantidade. Em 1988, tornou a residir em Belo Horizonte para pôr em prática o projeto Minas-Pará, uma parceria entre UFPA e UFMG por ele idealizada. Foi neste período que a UFMG lhe concedeu o título de Notório Saber em nível e graduação. Na década de 1990, de volta a Belém e já aposentado do serviço público, Altino passou a dedicar-se exclusivamente a suas composições e aos recitais onde as estreava, sagrando-se definitivamente compositor-intérprete. Neste período, lançou o LP Altino Pimenta, fruto do projeto Nos Originais da UFPA, com interpretações de seus amigos professores do SAM e publicou seus dois álbuns de partituras: Música para piano e outros instrumentos e Composições para Canto e piano pela Editora da UFPA. Além do PL, outros dois álbuns registram suas composições: um em parceria com professores artistas da Universidade de Missouri (EUA), produzido pela Prefeitura de Belém, e outro pelo selo Uirapuru da Secretaria de Cultura do Estado do Pará. Nos anos de 1990, passou a divulgar sua obra no exterior. Alemanha, França e EUA, foram os países onde esteve ao lado de vários amigos artistas, sempre a convite de alguma instituição cultural ou de ensino. Como reconhecimento de seus méritos, o músico-professor recebeu várias honrarias ao longo da vida, dentre as quais o Certificado de Bons Serviços Prestados à Classe Musical, conferido pela Ordem dos Músicos do Brasil, a Medalha Comemorativa do Vigésimo Aniversário de Criação da Universidade Federal do Pará e a Palma Universitária, conferida em razão dos serviços acadêmicos que prestara. A Câmara Municipal de Belém outorgou-lhe também o título de Honra ao Mérito pelos Serviços Prestados aos Jovens Estudantes de Música da Capital. O trabalho composicional de Altino o levou a ocupar uma posição de destaque na mídia paraense entre os nomes de Waldemar Henrique e Wilson Fonseca, compositores já consagrados no Estado do Pará. Da aproximação com Waldemar Henrique se destaca a fundação da Academia Paraense de Música – APM, em 1981, resultado de reuniões promovidas por Waldemar Henrique em sua residência, ocasiões em que Altino e uma grupeto de músicos engajados no mesmo ideal elaboraram os instrumentos estatutários para a realização deste sonho, além de Waldemar Henrique: Altino Pimenta, Raymundo Pinheiro, Jarbas Lobato e Lenora Brito. Próximo ao ano de seu falecimento, em 2003, Altino seguiu compondo peças de gêneros variados que expressam suas vivências acadêmicas e profissionais e seu profundo comprometimento com a música brasileira, manifesto em títulos, letras, ritmos, melodias e harmonias.
Altino Pimenta foi Sócio Honorário da Academia Amapaense de Letras.
Fonte: https://altinopimenta.ufpa.br/biografia (Reprodução)

sábado, 2 de dezembro de 2023

MEMÓRIA DA MACAPÁ DE OUTRORA - DO TEMPO DO EX-TERRITÓRIO FEDERAL

Amigo das letras João Silva, nos brinda com uma preciosidade histórica retirada dentre as raridades de seu Baú de Lembranças na grande rede.

Segundo a legenda, o registro de 1973, mostra um descontraído grupo de amigos, no meio dos comes e bebes, ao ar livre, na parte de fora de uma residência. O evento, realizado há 50 anos, como diziam no “Carnet Social”, era o “enlace matrimonial dos jovens Haroldo Costa e Joeci na casa dos pais da noiva, na Desidério Antônio Coelho de Carvalho, Bairro do Trem”, na Macapá da época do ex-Território Federal.

Fazem pose, da esquerda para a direita, em pé, os jovens Norberto Tavares, Antônio Cardoso, Sérgio Menezes; no meio da rapaziada, Dona Zefa (tia do João Silva), além de Adilson Menezes, Carlos Alberto (Rock Lane) e Valdeci Barbosa; em frente ao grupo, Leo Furtado tira sarro com Adelson Menezes, agachado.

Tempos bons!

Fonte: Facebook

     Acompanhando a evolução tecnológica colorizamos a foto com Inteligência Artificial

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Nota do Editor:

CARNET SOCIAL > Pra quem não conheceu eu explico:

O “Carnet Social” – recordista em audiência - era um programa da primeira fase (1946 a 1978) da Rádio Difusora de Macapá, apresentado no início da tarde, que registrava eventos sociais como, aniversários, casamentos, nascimentos, batizados, colações de grau etc., com mensagens especiais e músicas (se fosse o caso) endereçadas, exclusivamente aos homenageados. (João Lázaro)

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quarta-feira, 29 de novembro de 2023

MEMÓRIA DA MACAPÁ DE OUTRORA - HISTÓRIA DA ONÇA PINTADA DA FORTALEZA

Um fato ocorrido nos idos dos anos de 1965 é lembrado e contado pelos Guardas Territoriais, com alguns desacordos, mas o acontecimento foi verídico, não sendo  “história de pescador”, muito menos “conversa pra boi dormir”. 

Por essa época, quando a cidade de Macapá ainda possuía muita vegetação em seu entorno, a presença de um felino não seria estranha, mas assustadora pela ferocidade do animal. Foi exatamente isso que ocorreu: uma onça pintada foi chegando de mansinho pela praia em frente à cidade de Macapá, capital do Amapá, numa manhã de sol brilhante, maré vazante e brisa suave. 


Foto meramente ilustrativa

Um senhor de nome Benjamim conhecido por "Beijoca", que havia chegado à noite em uma canoa de Afuá,  estava com uma diarreia daquelas e saiu da Doca da Fortaleza, pela praia, em busca de um local seguro onde pudesse fazer suas necessidades. Caminhou até a pedra do guindaste e quando estava concentrado "no serviço", percebeu um animal caminhando pela praia, vindo das bandas do Igarapé das Mulheres. A princípio, achou tratar-se de um cachorro... Já próximo, reconheceu que era uma onça, e das grandes. No desespero, Beijoca sai correndo, sem lembrar-se de limpar “suas partes” e vestir as calças. Encontrando a porta de saída da fortaleza para o rio, adentra e pede ajuda. O Guarda Territorial, Orton Vieira de Castro, que estava de plantão, agarra seu fuzil e com um disparo certeiro, abate a temida  onça pintada.

O episódio abalou a rotina dos Guardas Territoriais que estavam em serviço na fortaleza naquele dia.

A dita onça, empalhada pelo famoso e experiente taxidermista amapaense Newton Cardoso foi exposta à visitação pública, durante muitos anos no Museu da Fortaleza

Informados de que ela poderia estar em exposição no Museu Sacaca, mantivemos contato com Jade Rodrigues, bióloga da instituição, que gentilmente nos forneceu uma foto recente da onça empalhada. Comparando as fotos, não há dúvidas de que se trata mesmo da onça empalhada por Newton Cardoso.

Os Personagens:

O GT Orton Vieira de Castro, que era potiguar, natural do Rio Grande do Norte, já é falecido.

Beijoca, que contava para todos sua própria façanha, depois do incidente, trabalhou durante uns vinte anos como tripulante da canoa Paraense de propriedade do Sr. Alfredo Botelho, pai do empresário José Maria Botelho. Botelho confirmou que Beijoca faleceu em dezembro de 2022 aos 80 anos, quando já morava numa área de pontes no Igarapé da Fortaleza, na zona sul de Macapá, onde foi tirada esta foto.

Textos reproduzidos do livro Memória da Briosa Guarda Territorial do Amapá / Verônica Xavier Luna, Elke Daniela Rocha Nunes, Bruno Markus dos Santos de Sá. - Macapá: Editora UNIFAP, 2023. e da Rede Social do amigo empresário do Comércio amapaense e Agrônomo José Maria Botelho a quem foi contado o episódio repetidas vezes por Beijoca.

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Fonte: Facebook (https://encurtador.com.br/axzB7)

segunda-feira, 27 de novembro de 2023

FOTO MEMÓRIA DA MACAPÁ ANTIGA – PRAÇA VEIGA CABRAL

Foto do acervo do fotógrafo Floriano Lima,  tirada a partir da Avenida General Gurjão no centro velho de Macapá, no início da década de 1970.

Casas ao fundo na rua Cândido Mendes.

Da esquerda para direita de quem olha: parte da sorveteira e residência do Sr João Arthur; passagem para antiga rua da praia rumo à Praça Zagury; prédio residência nos altos e, embaixo, loja de tecidos do senhor Abraão Peres, pai do Engenheiro Lindoval Peres; residência do Sr. Furtado pai do Odilon Furtado; residência do Senhor Claudomiro de Moraes ou Zito Moraes, pai do Euclides e Ilo Francisco; casa da Sra. Herotildes Peres (irmã de Alegria Peres Abrão Peres e Isaac Peres) que vendia vestidos das Lojas Katia; Farmácia Serrano, onde hoje passa a Alameda Serrano.

quarta-feira, 1 de novembro de 2023

FOTO MEMÓRIA DA MACAPÁ ANTIGA – PRAÇA VEIGA CABRAL

 

Esta foto memória rara, de uma tarde de 1973, foi clicada pelo amigo Floriano Lima na Avenida Presidente Vargas, em Macapá, mostrando a velha calçada da Praça Veiga Cabral, que tentava lembrar o calçadão de Copacabana.

Com 11 anos de idade, Floriano fazia os primeiros ensaios com sua Yashica e com um filme de 36 poses, tentando seguir os passos do Seu Lima, pai dele, que além de comerciante era também fotógrafo.

Nas imagens ao fundo (puxando o zoom), residências de antigos moradores da Rua Cândido Mendes: Sr. Joãozinho Picanço, Professora Lindoca, Professora Orlandina Banhos “e tantos vizinhos pioneiros da velha Macapá...ainda não existia a Banca do Dorimar”...

sexta-feira, 27 de outubro de 2023

MEMÓRIA DA JUSTIÇA DO AMAPÁ: DR. AURÉLIO TÁVORA BUARQUE


AURÉLIO TÁVORA BUARQUE - Foi o terceiro Promotor Público a integrar a Justiça do Território Federal do Amapá, iniciando suas atividades em Mazagão. Quando a Comarca foi instalada, a 8 de agosto de 1945, ele já residia na sede do Município e, na data em referência, tomou posse em ato que também deu posse ao Juiz de Direito Eduardo de Barros Falcão de Lacerda. Antes, atuara ao lado dos Juizes de Direito José de Ribamar Hall de Moura, Manoel Cacela Neves e Hélio Mendonça de Campos.

      Rígido no seu mister, o Dr. Aurélio Buarque conseguiu neutralizar, os abusos cometidos pelos gerentes das propriedades do Coronel José Júlio Andrade, no Município de Mazagão, principalmente na filial do rio Cajari. Participou intensamente da vida esportiva, social e política de Mazagão. Em várias oportunidades o Promotor Público foi escrivão ad hoc por ocasião de audiências públicas no Fórum de Mazagão.

O Dr. Aurélio Távora Buarque desempenhou o papel de Promotor Público da Comarca de Mazagão em duas oportunidades. A data da primeira posse está contida neste texto. A segunda posse deu-se a 21 de março de 1952, três dias antes da posse do Juiz de Direito Jarbas Amorim Cavalcanti. Quando, a 9 de dezembro de 1953, o Juiz de Direito João Garcia tomou posse, o Dr. Aurélio Buarque ainda estava em Mazagão. Ele deixou a Comarca de Mazagão em 19 de abril de 1955, quando o Dr. Francisco Alfredo Pereira Viana foi substituí-lo. Entretanto, voltou em 1956.

A atuação do Dr. Aurélio Buarque é bastante significativa. Participou dos trabalhos de organização do Diretório Municipal do Partido Social Democrático, em Mazagão, ocupando a primeira secretaria. A primeiro de maio de 1958, elegeu-se suplente do Deputado Federal Amilcar da Silva Pereira, pela legenda do PSD. A mesma chapa concorreu a 3 de outubro de 1958, obtendo a reeleição para um mandato integral de 4 anos, visto que, o primeiro mandato foi tampão, devido o falecimento do Deputado Coaracy Nunes e do Suplente Hildemar Maia. Em 1962, Amilcar Pereira e Aurélio Buarque foram vencidos pelo Coronel Janary Nunes e Dalton Lima. Pouco tempo depois ele deixou a Amapá.

Texto de Edgar Rodrigues

quinta-feira, 26 de outubro de 2023

MÃE LUZIA BRILHA NOVAMENTE: PARTEIRA E PERITA JUDICIAL

"Profunda conhecedora de práticas aprendidas com seus ancestrais, de origem Bantu, Mãe Luzia atuou por décadas em Macapá no auxílio a parturientes, recém-nascidos e demais pessoas que necessitassem de cuidados com a saúde. Por suas habilidades, consta que ela teria sido contratada pela administração municipal para prestar atendimentos à população.

Em vida, Mãe Luzia conquistou reconhecimento popular e respeitabilidade de autoridades que atuaram nos primeiros anos do Território Federal do Amapá, dentre eles, Hildemar Pimenta Maia (Promotor Público de Macapá), José de Ribamar Hall de Moura (Juiz de Direito de Macapá) e Janary Gentil Nunes (Governador do Território).

Como guardião dos documentos e processos provenientes de diversas unidades do Judiciário, o Arquivo Geral da Comarca de Macapá, em esforço conjunto realizado com a Comissão Permanente de Gestão da Memória, vem desenvolvendo um trabalho de organização, resgate e disponibilização do patrimônio arquivístico institucional, de forma a garantir o acesso e a consulta aos registros documentais custodiados. Segundo o arquivista Apoena Aguiar Ferreira, esse projeto, ainda que em fase inicial, tem permitido uma valorização do acervo documental e da história do Poder Judiciário Amapaense, possibilitando um aumento no atendimento à demanda de historiadores e pesquisadores em geral.

Recentemente, em pesquisa para sua Tese de Doutorado junto à Universidade Estadual do Maranhão (UEMA), a professora Evelanne Samara Alves da Silva, lotada na Universidade Federal do Amapá (UNIFAP) – Campus Binacional Oiapoque, localizou dois processos em que Francisca Luzia da Silva, Mãe Luzia, colaborou com a Justiça, tendo atuado como perita em ações de crimes sexuais, tais como defloramento ou estupro. Nesses processos, do ano de 1934, seu nome aparece grafado como “Luzia Francisca da Silva”, dando indício de erro por parte do escrevente.

Após leitura cuidadosa dos documentos por parte da historiadora e cruzamento de dados em conjunto com os servidores do TJAP, foi confirmado que se tratava de Mãe Luiza, reconhecida nacionalmente como um dos personagens ilustres da História do Amapá – o que demonstra a importância do acervo do TJAP para pesquisas locais."

Matéria publicada em 2022 no site do Tribunal de Justiça do Amapá.

Texto integral aqui:  https://encurtador.com.br/fqrF9

Fonte: TJAP

terça-feira, 1 de novembro de 2022

MEMÓRIA ESCOTEIRA: URIVINO BANDEIRA RIBEIRO

Foto publicada pelo amigo Zé Paulo, em sua página na rede social, mostra o jovem Urivino Bandeira Ribeiro, na época com 17 anos.

A imagem é o registro fotográfico de um momento histórico, vivido por ele, quando participou com outros escoteiros do Amapá, em 1965, do 1º Jamboree Pan-Americano realizado na Ilha do Fundão, na “Cidade Maravilhosa”, para comemorar o IV Centenário do Rio de Janeiro e os 50 anos de realização do acampamento mundial na ilha de Brownsea, no Reino Unido, em 1º de agosto de 1907.

O monumental evento, que se tornou realidade no período de 18 a 25 de julho de 1965, reuniu escoteiros de diversos países do globo.

Segundo o historiador Nilson Montoril, “a Região Escoteira do Amapá se fez presente com uma delegação composta por 38 discípulos de Baden-Powell, que integravam os grupos Veiga Cabral, Marcílio Dias, São Jorge e João Gualberto da Silva, comandados pelos chefes Clodoaldo Carvalho do Nascimento, Benedito Santos, Manoel Ferreira(Biroba), Expedito Cunha Ferro(91) e Hilkias Alves de Araújo.”

--Também me senti honrado de ter feito parte da delegação de escoteiros do Grupo Veiga Cabral, que representou o Amapá naquele evento, sem dúvida, inesquecível! (Estou (agachado) na primeira foto, abaixo).

Urivino Bandeira é de Macapá, onde nasceu em 16 de março de 1948, filho do pioneiro João Barbosa Ribeiro e Dona Maria da Silva Ribeiro (ambos falecidos). Foi morador da Av. Feliciano Coelho no Bairro do Trem, estudou na capital do Amapá e trabalhou na Mineradora ICOMI.

Para ilustrar esse post trago duas outras fotos tiradas por Nilson Montoril que foram publicadas no blog Porta-Retrato.

Na primeira, escoteiros amapaenses no 1º Jamboree Pan-Americano.

Da esquerda para a direita da foto: Luiz Tadeu, Nelson, Biroba, Mozart Souza, Gerônimo Acácio, Fiúza, Ubaldo Medeiros(centro,de branco), Gitinho (como o Biroba chamava o menor escoteiro do acampamento,) Urivino Bandeira( mostrando o jornal "O GLOBO" que enaltece o escotismo do Amapá), Santiago (lendo o jornal), João Lázaro(agachado), Haroldo Nery  e Nilson Montoril (sentado).

Nesta segunda foto, escoteiros do Amapá tentam acender o fogão de barro de duas bocas (que virou atração no evento), feito pelo Chefe Escoteiro Nilson Montoril.

No sentido dos ponteiros do relógio, estão nas imagens: Manoel Ferreira ( Biroba -Tropa Marcilio Dias ), Nilson Montoril ( Tropa São Jorge ), Urivino Bandeira ( Tropa Veiga Cabral ), sobre o fogão,  Ubaldo Medeiros ( Tropa Marcilio Dias ) e Nelson ( Tropa João Gualberto da Silva). Em 1965, apenas esses grupos existiam no Território Federal do Amapá.

Hoje, aposentado, com 74 anos, Urivino Bandeira mora com a família no bairro Jesus de Nazaré, em Macapá.

Foto: José Paulo Ramos (Arquivo pessoal) e Blog Porta-Retrato – Macapá.

Via Facebook

sexta-feira, 14 de outubro de 2022

MEMÓRIA DA MACAPÁ DE OUTRORA

Foto rara de uma procissão do Círio de Nazaré, no tempo da Macapá de outrora.

Como tal registro era inédito e desconhecido para nós, buscamos informações detalhadas junto ao historiador Nilson Montoril, e o mesmo, examinando as imagens com mais cuidado, constatou "que a foto foi tirada em outubro de 1944, um ano após a criação do Território do Amapá. 

O ponto decisivo para isso, consiste no fato de que a antiga casa dos intendentes e prefeitos de Macapá estava sendo reformada no estilo taipa de mão, (que aparece em primeiro plano) para abrigar a primeira agência do Banco do Brasil, inaugurada no dia 13/9/1945. Macapá já era a capital do Território do Amapá. Os postes para a rede de eletricidade tinham começado a ser instalados.  A agência bancária ficava na esquina da Travessa Siqueira Campos com a Rua Visconde de Souza Franco (rua do  SERTTA Navegação). O aspecto das casas mudou muito. Há tempos, a Siqueira Campos passou a ser Mário Cruz."

O flagrante histórico, foi clicado quando da passagem dos fiéis católicos pela antiga Rua Siqueira Campos (atual Mário Cruz), no perímetro compreendido entre a antiga Rua da Praia e o Largo da Matriz de São José, no sentido da Matriz de São José.

Para ilustrar a postagem são mostradas também, imagens da Ag. Provisória do Banco do Brasil, em Macapá já reformada...,

... outra do dia da inauguração em 13 de setembro de 1945, como parte dos festejos da Semana da Pátria e aniversário de instalação do território do Amapá,...

... e também uma panorâmica da localização.

A agência foi instalada no prédio onde funcionou a residência de intendentes e prefeitos de Macapá de 1891 a 1944.

Foto: Acervo de Edgar Rodrigues

Com informações de Nilson Montoril

Via Facebook

domingo, 9 de outubro de 2022

FOTO MEMÓRIA DO COMÉRCIO AMAPAENSE – CASA NABIL

Graças à publicação do Pe. Paulo Roberto Matias Souza na rede social, finalmente, conseguimos encontrar uma foto da Casa Nabil que há muito procurávamos.

Os antigos moradores da Favela e dos bairros mais próximo ao centro de Macapá, lembram da Casa Nabil de Aziz Ghammachi, que tinha publicidade comercial na Rádio Difusora de Macapá.

Em dezembro de 1953 o empresário libanês Aziz Ghammachi chega em Macapá, junto com o irmão Maurice Ghammachi e, no ano seguinte, monta na Rua Leopoldo Machado 2123, ao lado do Estádio Glycério Marques, a Casa Nabil, em homenagem ao seu filho Nabil Ghammachi.

Como podemos ver numa das fotos em preto e branco, no princípio era um simples comércio de gêneros alimentícios de primeira necessidade, além de laticínios e bebidas. Posteriormente, ele montou uma loja de móveis e artigos de decoração.

Após a morte de seu Aziz, a loja foi extinta. No mesmo local, o filho Nabil, em sociedade com a esposa Elizabeth Ferreira de Oliveira Ghammachi, instalou, em 1996, a Art Brindes, empresa especialista em impressão de material para uso universitário.

Sem dúvida a Casa Nabil marcou época no Comércio da capital amapaense.

Fotos: Pe. Paulo Roberto Matias Souza (Arqiuivo pessoal)

Via Facebook

quinta-feira, 15 de setembro de 2022

FOTO MEMÓRIA DE SANTANA – AP: PRIMEIROS MORADORES DA VILA MAIA

 Esta foto postada no Facebook por Fortunato Colares, é um raro registro fotográfico de alguns dos primeiros moradores de Santana, uma cidade do Estado do Amapá, localizada a 30 km da capital, Macapá.

Por tratar-se de registro histórico, publicamos no blog Porta-Retrato – Macapá, como FOTO MEMÓRIA DE SANTANA – AP.

Foto:   Silvestre Ferreira/Reprodução/SANTANA MAJESTOSA

Segundo Colares, esse é um grupo de homens e dos Marianos da Igreja Católica Nossa Senhora de Fátima. Todos foram os primeiros moradores da Vila Dr. Maia. São todos falecidos.

Segundo registros no blog MEMORIAL SANTANENSE - O Guardião da Historiografia Santanense - de Emanoel Jordânio, “no final da década de 1940, já era possível observar a existência de cerca de 15 a 20 moradias erguidas nas imediações do canteiro de obras do porto de minérios da Indústria e Minérios S/A(ICOMI), na margem esquerda do Rio Amazonas. Essas famílias, em sua maioria, eram oriundas do Estado do Pará e outras vindas de regiões ribeirinhas da Amazônia.

Com o propósito de melhorar as condições de vida familiar, dezenas de trabalhadores braçais vinham para o então Território Federal do Amapá após tomarem conhecimento da implantação da mineradora ICOMI que buscava a contratação de mão-de-obra para a construção de seu píer e do porto industrial.

Sem terem onde morar, diversas famílias de operários decidiram montar (de maneira rudimentar) casebres de madeiras que ficavam onde hoje seria a área desativada da extinta BRUMASA, enquanto que as instalações prediais da ICOMI eram construídas.

Em 26 de agosto de 1953, o Governo Federal concederia à ICOMI uma área de 129 hectares, legalizando assim a faixa de terras onde estava sendo erguido o embarcadouro da mineradora, onde grande parte dessa área já serviria para a limitação da futura vila operária da empresa (Vila Amazonas) para abrigar a família dos trabalhadores já residentes nas proximidades da mineradora. Com isso, enquanto a empresa concluía as instalações administrativas na região, não seriam mais permitidas, a partir de 1954, que novas moradias fossem erguidas na área agora demarcada pela União.

No entanto, o número de famílias continuava chegando à região conhecida como “Porto de Santana”, obrigando os novos moradores a fixarem abrigo numa área situada ao norte do km-0 da futura estação ferroviária da ICOMI. Segundo informações, essa área não tinha titularidade privada, fazendo limites com terras pertencentes ao agricultor Raimundo Gomes Bezerra, e com Marie Joseanne Lemos (estrangeira que prestou serviços ao Governo do Amapá no cargo de professora-diarista entre 1948-1957, depois se mudando para o Rio de Janeiro-RJ).

Em 1956, estima-se que cerca de 30 moradias já formavam esse núcleo urbano ao norte da ferrovia, compreendendo quase três quarteirões em duas travessas cruzadas, ficando as principais casas em paralelo com a rodovia que ligava o escritório central da ICOMI com a capital amapaense (Macapá), e respeitando os limites da faixa ferroviária, obedecendo ao Decreto Federal n° 37.906 de 16 de setembro de 1955 (limitando acima de 60 metros de distância da estrada de ferro).

Em 14 de abril de 1957, é inaugurada a primeira instituição religiosa daquele núcleo, voltada ao catolicismo romano, tendo como vigário o padre italiano Ângelo Biraghi, que esteve à frente de inúmeras decisões sociais por mais de três décadas. Ao lado desta Capela católica, seria erguida uma escola primária, batizada por seus educadores como “Grupo Escolar Porto de Macapá”, por estar situada nas proximidades do cais de minérios da ICOMI. Porém, o núcleo continuava crescendo demograficamente, assim como ainda se mantinha sem uma denominação topônima.

Até o final da década de 1950, alguns topônimos distritais ainda foram utilizados por seus moradores para identifica-la sob termos de pequeno vilarejo ou localidade interiorana. Alguns a chamavam de “Porto de Santana”, “Moradores do Porto”, “Vila Moriçoca” (por habitar uma região tropical, bastante infestada de mosquitos e pernilongos), e até “Vila Ocuúba” (por haver dezenas de árvores desse nome na região).

Mas foi uma fatalidade ocasionada pelo destino que daria um nome histórico para aquele núcleo urbano. Em 21 de janeiro de 1958, o então deputado federal pelo Território Federal do Amapá Dr.Coaracy Nunes, acompanhado de seu suplente promotor Hildemar Maia, morreriam em acidente aéreo na localidade de Carmo do Macacoari (atual distrito do município de Cutias do Araguary), assim como também ceifaria a vida do piloto da aeronave Hamilton Silva. Uma tragédia que abalaria o povo amapaense.

Como forma de homenagear esses ilustres falecidos, o Governo do Amapá realizaria – anualmente – uma programação pública para manter viva o nome daqueles que por muitos anos empenharam condições e recursos federais para o desenvolvimento do então Território Federal do Amapá.

Com isso, em novembro de 1959, o governador do Amapá Pauxy Gentil Nunes (irmão do falecido deputado Coaracy Nunes) solicitou à Divisão de Terras e Colonização (DTC) que efetuasse a demarcação urbana daquele núcleo santanense que se expandia desordenadamente, como forma de evitar possíveis acessos irregulares nas áreas já pertencentes à ICOMI.

Em meados de janeiro do ano seguinte (1960), a conclusão dessas demarcações apontou a existência de 62 moradias distribuídas em quatro (04) avenidas cruzadas em três (03) ruas parcialmente abertas por trilhas. O relatório feito pelo DTC ao Governo do Amapá não apresentava um número exato de moradores já contados, mas estima-se que existiam em torno de 300 pessoas ali residindo.

Histórico Obelisco de Santana (Foto 1995)

Vendo essa progressão habitacional na região, o governador Pauxy Nunes logo atentou para a importância de melhorar as condições sociais desse vilarejo, iniciando assim um plano urbanístico que começou no dia 21 de janeiro de 1960, quando fora entregue um monumento de concreto, com forma de obelisco triangular, considerado o marco inicial das diversas realizações governamentais que seriam feitas nos dias seguintes, como o alinhamento das ruas e avenidas da localidade, que agora ficaria popularmente conhecida como “Vila Dr.Maia”, numa justa homenagem ao 1° promotor público a se instalar no Amapá pós-Território Federal.

Agora com denominação, a localidade portuária seria mais assistida pelas autoridades municipais e territoriais, recebendo em curto tempo, inúmeros benefícios necessários para seu anseio, como a construção de duas novas escolas (em 1962), a implantação de energia elétrica (1964) e até o surgimento de opções de lazer familiar (como uma pequena praça, um clube, e cinema no final da década de 1960).

Em 22 de novembro de 1966, o prefeito de Macapá Cabo Alfredo de Oliveira sanciona o Decreto Municipal n° 174/66-PMM, instalando uma sede representativa do Executivo Municipal da capital na Vila Dr. Maia em Santana, objetivando atender e zelar pela população local, sendo este um embrião executivo para a futura independência geopolítica da atual cidade de Santana.

Contextualização histórica

De acordo com relatos encontrados em registros passados, ressaltados pelos historiadores santanenses, Santana surgiu de um agrupamento populacional na Ilha de Santana, localizada à margem do rio Amazonas, em 1753.

Sabe-se, através de fontes históricas, que os primeiros habitantes do povoado da Ilha de Santana eram portugueses e mestiços, a maioria escravos, vindos do Pará, além de índios Tucujus, comandados pelo português Francisco Portilho de Melo. Os historiadores Emanoel Jordânio e Sergio Guedes, confirmaram em pronunciamento recente, que Portilho de Melo - foragido da lei, e escravocrata - foi o primeiro desbravador da Ilha de Santana.

Na época, registros de arquivos do Pará, mostram que cerca de 250 pessoas viviam na Ilha de Santana, a maioria indígenas”, explicou Emanoel Jordânio.

Segundo o professor e historiador Sergio Guedes, Mendonça Furtado oficializou, na mesma data – 4 de fevereiro 1758 - a fundação da Vila de São José de Macapá e o povoado de Santana.  Ou seja, muito antes da fundação oficial da cidade, “já tínhamos pessoas lutando e protegendo a nossa terra”, pois, “neste espaço onde moramos (Santana), sobretudo no Igarapé da Fortaleza em 1631, já existia o primeiro Forte construído ainda pelos ingleses, o Forte Cumaú”, disse Guedes.

Em 31 de agosto de 1981, Santana é elevada à categoria de Distrito de Macapá, através da Lei nº 153/81-PMM, sendo o distrito instalado oficialmente em 1 de janeiro de 1982, tendo o pioneiro Francisco Correa Nobre como o primeiro Agente Distrital. Santana foi elevada à categoria de município através do Decreto-lei nº 7639 de 17 de dezembro de 1987. Através do Decreto (P) nº 0894 de 1 de julho de 1988, o Governador Jorge Nova da Costa nomeia o professor Heitor de Azevedo Picanço, para exercer o cargo de Prefeito Interino, que estruturou a administração pública municipal, criando condições para o futuro prefeito que seria eleito diretamente pelo povo em 15 de novembro de 1988, Rosemiro Rocha Freires.

Fontes: Prefeitura de Santana / Wikipédia / Memorial Santanense

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terça-feira, 13 de setembro de 2022

MEMÓRIAS DO AMAPÁ: OS DESFILES DE 13 DE SETEMBRO

 Setembro, em Macapá, é um mês de gratas memórias para o povo amapaense. Nele são realizadas as comemorações da Semana da Pátria, e da Semana de Criação do ex-Território Federal do Amapá, ocorrida em 13 de setembro de 1943, de acordo com o Decreto-lei n° 5.812, durante o governo do presidente Getúlio Vargas. O primeiro governador e desbravador da região desmembrada do Estado do Pará, foi o Coronel Janary Gentil Nunes.

E desde os primeiros anos o fato histórico tem sido comemorado nessa data, com realização de desfiles cívico-escolares. 

Segundo o historiador Nilson Montoril, ‘o primeiro da série foi realizado em 1947, quando o Governo Territorial realizou a "Primeira Feira de Animais e Produtos Econômicos". As instalações da feira ficavam à esquerda da estrada que se estendia até a prainha da Fazendinha.

Participaram do desfile a Guarda Territorial,...

...os escoteiros das Tropas Veiga Cabral (modalidade terra) e da Tropa Marcílio Dias (modalidade mar)...

...estudantes do Grupo Escolar Barão do Rio Branco, alunos do Ginásio Amapaense (CA) e Bandeirantes. Ao longo do tempo os desfiles foram sendo mais concorridos. 
Em 1967, o General Ivanhoé Gonçalves Martins, governador do Amapá, transferiu o desfile para Macapá, realizando-o na Av. Iracema Carvão Nunes, entre as duas alas da Praça Barão. Ainda em sua gestão, o desfile passou para a Av. FAB. O número de estudantes tinha crescido muito. A partir de 1995, a bela manifestação de civismo começou a declinar. Na era sambódromo já não tinha o brilho de outros tempos. Em 13/9/2022, a data foi transformada em feriado estadual, mas não tivemos desfile cívico. Este pode ser o marco inicial para que eles não ocorram mais.’

Via Facebook

MEMÓRIA DA CIDADE DE MACAPÁ - A CAPELA DO CEMITÉRIO NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO.

Por Nilson Montoril
O primeiro cemitério de Macapá foi instalado em área existente próximo ao Trem de Lapidação, que hoje corresponde à quadra delimitada pelas ruas São José e Tiradentes e as Avenidas Rio Jari e Rio Maracá. Migrantes açorianos,que morreram vitimados por "doenças de mau caráter"(malária, tifo) em dezembro de 1751. O Cemitério de Nossa Senhora da Conceição surgiu na gestão do Intendente Coronel Manuel Theodoro Mendes, em 1896. Ele era fervoroso devoto da Virgem Maria. A capela só foi erguida em 1932, quando o Intendente de Macapá era o Tenente Jacinto Boutinil. A verba usada na obra foi obtida junto ao Interventor do Estado do Pará, Coronel Magalhães Barata. A área interna do Campo Santo compreendia quatro quadras, divididas por passarelas, ainda hoje vistas, mas relativamente danificada. São raras as sepulturas antigas, como a que ilustra esta postagem. A lápide de mármore veio de Belém. Embora esteja danifica é possível lermos o seu conteúdo.

A lápide tem a seguinte inscrição:

         AQUI JAZEM OS RESTOS MORTAIS DA JOVEM ANA ERMÍNIA PEREIRA, NASCIDA EM 24 DE DEZEMBRO DE 1902.

FALECIDA EM 9 DE JULHO DE 1926.

ETERNA SAUDADE DE SEUS PAIS E IRMÃOS.

Texto e fotos: Nilson Montoril

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segunda-feira, 12 de setembro de 2022

MEMÓRIAS DE MACAPÁ – HISTÓRIAS DE PIONEIROS - EVALDO LOPES DE FREITAS

Mais um importante registro do Jornalista João Silva, contando...

HISTÓRIAS DE PIONEIROS

Por João Silva

Evaldo Lopes de Freitas, nascido no dia 30 de setembro de 1924 na cidade de Vera Cruz-RN, chegou em Macapá no dia 21 de novembro de 1953, juntamente com a esposa Maria de Lourdes Pereira de Freitas, e cinco filhos também rio-grandenses do norte. Posteriormente nasceram mais 4 filhos amapaenses.

No registro o casal com o filho mais velho, Luiz Lopes Neto.

O casal se estabeleceu em Macapá e resolveu entrar para o comercio, o que redundou na inauguração da Casa Vera Cruz, na Cândido Mendes onde hoje funciona a agência central do Bradesco. A princípio o empreendimento teve a parceria com o senhor Miguel Pinheiro Borges, também oriundo do Rio Grande do Norte, o que foi decisivo para a implantação da Casa Vera Cruz numa época de muitas dificuldades, tempo em que a Cândido Mendes era invadida pelas águas de março.

O casal de pioneiros do comercio, Evaldo e Lourdes, morou em Macapá até o início dos anos 80, quando decidiu voltar para Vera Cruz. Dona Lourdes morreu em agosto de 2009, próximo de completar 93 anos; Evaldo faleceu em maio de 2011, com 86 anos.

Entre os filhos, o casal formou um farmacêutico-bioquímico, três médicos, um veterinário, um professor e um engenheiro, portando encaminhou a prole, deu conta do recado!

'A família deve tudo que é ao Amapá e a pessoas como Miguel Pinheiro Borges', faz questão de dizer Luiz Lopes Neto, o filho mais velho do casal.

Ele acrescenta que Dona Lourdes, 'santa mulher, além de doméstica era costureira, e trabalhou muito confeccionando e vendendo roupas para crianças no mesmo endereço da Casa Vera Cruz, onde mantinha um armarinho muito requisitado na época!'.

Evaldo Lopes de Freitas também foi marreteiro na Serra do Navio nos dias em que a ICOMI pagava vale e fazia o pagamento dos seus funcionários! Bom não esquecer também que Dona Lourdes era costureira pé quente do Juventus Esporte Clube, cujas camisas e emblemas eram fabricados nos armarinhos da Casa Vera Cruz, por suas mãos habilidosas.

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quinta-feira, 8 de setembro de 2022

MEMÓRIA DA CULTURA AMAPAENSE: MARABAIEIRA GERTRUDES DA SILVA GAIA

GERTRUDES SATURNINO LOUREIRO, filha de Ciriaco Manuel Saturnino e Izabel Maria de Nazareth, foi a única filha mulher de uma família de seis irmãos: Serafim, Nazário, João, José Cirilo e Bernardino. Mulher negra, aguerrida, filha de negros escravizados, nasceu em terras amapaenses, (Macapá), no dia 08 de dezembro de 1899. Em 18 de maio de 1918, contraiu seu primeiro casamento com Hyppólito da Silva Gaia, passando a ter o nome de Gertrudes da Silva Gaia. Desde criança sempre foi uma pessoa ativa, de personalidade forte, perseverante, dinâmica, extrovertida, que lutava muito pelo que queria e acreditava, isso de certa forma, contribuiu para a sua separação. Anos mais tarde, constituiu nova família com Raimundo Pereira da Silva, (Capa Branca), com quem teve cinco filhos: Mamédio, Natalina, Sebastião, Maria José e Izabel.

O espírito combativo, de coragem e de liberdade que norteava sua vida não admitia nem aceitava a submissão imposta, na época e contrariando as ideias e a vontade de seu marido, passou por uma nova separação. Assumindo o desafio de cuidar sozinha de seus filhos, exercia as mais diversas e humildes atividades: doméstica, lavadeira, cozinheira, pela sobrevivência da família. Gertrudes foi parteira, ajudando muitas mães a dar à luz seus filhos; foi benzedeira e com seu conhecimento sobre as ervas e plantas medicinais, fazia seus remédios caseiros, garrafadas, chás e outros.

Mulher, Negra e Separada, numa época em que o preconceito na sociedade era muito forte, sofreu e carregou as desvantagens de um sistema injusto, preconceituoso e racista, mas lutou muito para romper barreiras e conquistar espaços. Foi assim que quando do remanejamento das famílias da Rua da Frente da cidade onde moravam, Gertrudes se recusou em ir com a maioria para o Laguinho e decidiu integrar o grupo menor das famílias negras e ir fixar sua residência na Favela, para onde levaram na bagagem a coragem, a força, a resistência, a fé, a religiosidade.

E o Marabaixo, com o culto e louvor à Santíssima Trindade pelos inocentes foi levado e se fortaleceu naquele bairro, sustentado pela fé das famílias Gertrudes, Congó, Pedro e Raimunda Costa e outros que sempre incentivavam e apoiavam esse legado cultural. Essa separação dos negros foi triste e lamentada e foi muito cantada nos ladrões do Marabaixo, Gertrudes cantava assim:

“PELO JEITO QUE ESTOU VENDO

QUEREM ME DEIXAR SOZINHA

VOU COM UNS PARA A FAVELA

OS OUTROS VÃO PRO LAGUINHO”.

A vida e as realizações não foram fáceis para os negros de um núcleo populacional negado pelas autoridades e que nunca se configurou de direito como um bairro. Mas, mesmo com essa negação e sem o reconhecimento, o Bairro da Favela, existiu de fato, e ainda hoje é vivo na memória, na história e nas tradições culturais da cidade de Macapá persistindo no imaginário popular do amapaense, especialmente dos que ali viveram.

Gertrudes exerceu importante liderança no Bairro e uma das precursoras do Marabaixo na Favela. Foi uma grande mulher à frente de seu tempo. Cantava, dançava, tocava caixa de Marabaixo com uma maestria ímpar. Criou o quadro de sócio da “Santíssima Trindade dos Inocentes” que foi uma forma prática e criativa de garantir a realização anual da festividade no Bairro, pois quando não havia promesseiros, usavam o livro de sócios e tiravam o pilor (sorteio) dos festeiros e dos novenários que seriam os responsáveis dos festejos do ano. Incentivava e despertava nas crianças e jovens o gosto pelo Marabaixo; todas as tardes reunia seus filhos, sobrinhos, netos e filhos de amigos e conhecidos e os ensinava a tocar caixa, cantar o ladrão e dançar o marabaixo. Essa sua prática certamente contribuiu para fortalecer a cultura dessa manifestação no Bairro.

Dona Gertrudes morreu no dia 07 de setembro de 1973, aos 74 anos, vitimada por um AVC, deixando aos seus descendentes esse legado como herança a ser cultivada e perpetuada.

Biografia e foto de Edgar Rodrigues – jornalista e pesquisador amapaense.

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MEMÓRIA DA MÚSICA AMAPAENSE – MAESTRO ALTINO PIMENTA

BIOGRAFIA ] Altino Rosauro Salazar Pimenta foi músico paraense, nascido em Belém a 03 de janeiro de 1921. Filho de Virgilio de Fontes Piment...