Mostrando postagens com marcador Pedra do Guindaste. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Pedra do Guindaste. Mostrar todas as postagens

sexta-feira, 8 de março de 2019

Fotos Memória de Macapá: Expedição Boanerges Lopes de Souza

Nossas fotos memórias de hoje, foram sugeridas pelo amigo Rogério Castelo, parceiro e colaborador do Porta-Retrato. Ele é editor do blog Amapá, minha amada terra!”, onde podemos encontrar uma infinidade de informações relacionadas com a história da cultura, das artes e da diversidade da Amazônia. Rogério é um pesquisador nato, interessado em ajudar as pessoas que buscam o conhecimento sobre inúmeros temas amazônicos.
E hoje ele nos brinda com informações inéditas e preciosas sobre expedições lideradas pelo militar e sertanista mato-grossense Cândido Mariano da Silva Rondon.
Tratam-se de preciosidades históricas,  extraídas do livro Índios e Explorações Geográficas, de autoria do Marechal Boanerges Lopes de Sousa, editado pelo Ministério da Agricultura - Conselho Nacional de Proteção aos Índios, no ano de 1955.
O livro com relatórios de viagens realizadas pelo Marechal Boanerges Lopes de Sousa, colaborador de Rondon, com estudos geográficos na década de 1920, está dividido em 4 partes:
1ª Parte - "Explorações Geográficas na Região do Alto Rio Negro" - contribuição para o 9º Congresso de Geografia, realizado em 1942.
2ª Parte - "Uma viagem ao Oiapoque" - tema de uma conferência em que Boanerges conduz o leitor do porto de Belém (Pará) até o de Clevelândia, no Rio Oiapoque, proporcionando-nos excelentes informações do contexto de época.
3ª Parte - Constituída por palestras e conferências em que o autor aborda aspectos concernentes à proteção e assistência a povos indígenas.
4ª Parte - Exposição sucinta de trabalhos da Comissão Rondon no Sul de Mato Grosso, na construção de linhas telegráficas. E uma homenagem ao Marechal Rondon pela Sociedade Brasileira de Telecomunicações, em 1954.
Na parte referente ao Amapá (página 78 à 120), apresentada em Conferência realizada em 23/11/1942 pelo Instituto de Geografia e História Militar do Brasil, reproduzimos algumas imagens e texto interessantes.
Nesta primeira foto da década de 20, vemos o desembarque em Macapá, em carroças que cooperam no transporte dos passageiros.
"...Chegada a Macapá... O navio ficou à distância. O porto é pior que o de 'Chaves'. A praia é extensa e rasa, de leito coberto de lama endurecida. Para o desembarque, recorre-se ao serviço de carroças, puxadas por muares; estas se adentram pelo mar, ao encontro das canoas, para receber os passageiros e as bagagens."
Importante observar no texto, a preocupação do autor com as dificuldades inerentes do desembarque e, àquela época, já era sentida a necessidade da construção de um trapiche com tais finalidades, o que só aconteceu 20 décadas depois.                                            ´
"É um espetáculo interessante e um tanto cômico esta baldeação das canoas para as carroças e o acesso ao ponto de desembarque. Poder-se-ia evitá-la construindo um trapiche para atracação dos vapores, mas isso demanda estudos especiais, porque são fortes os ventos que sopram do Norte e a ação demolidora do mar, acossado pelo vento, faz a costa recuar, dia a dia, o que é agravado pelo fluxo e refluxo das marés. A cidade bicentenária já perdeu algumas ruas, recuando cerca de quatrocentos metros para o interior. Entre os edifícios que desapareceram com o efeito da erosão, cita-se o Hospital Militar da antiga guarnição."
"Uma testemunha da costa de outrora é a 'Pedra do Guindaste', um bloco de argila tão endurecido que ali permanece cerca de 500 metros afastado do cais de proteção contra a ação hidro eólica. Contam que foi ali que os portugueses desembarcaram para construir a Fortaleza de Macapá.
Quem foi Boanerges?
Marechal Boanerges Lopes de Sousa foi um dos eficientes colaboradores de Rondon, servindo na Comissão de Linhas Telegráficas de Mato Grosso ao Amazonas (Comissão Rondon) no período de 1910 a 1922; foi chefe de Estado Maior do Marechal Rondon na Inspeção de Fronteiras (Comissão organizada no governo do Presidente Washington Luiz); e entre outras atribuições, também foi Presidente do Conselho Supremo de Justiça Militar e integrou o Conselho Nacional de Proteção aos Índios, do qual, durante 9 anos, foi um dos mais estudiosos e dedicados membros. Os trabalhos que apresentou no decorrer do longo período que serviu sob a chefia de Rondon estão consubstanciados em minuciosos relatórios contendo valiosa documentação ilustrada com mapas, fotografias e dados estatísticos, os quais merecem ser divulgados.
Fonte: BIBLIOTECA AMBIENTAL DA SEMA EM MACAPÁ

domingo, 3 de fevereiro de 2019

Memória da Cidade de Macapá - A Pedra do Guindaste

A Pedra do Guindaste
Por Nilson Montoril (*)
(...)
O aspecto do litoral onde foi implantado o povoado de Macapá era bem singelo, chamando a atenção dos navegadores e colonizadores uma formação rochosa assentada na margem esquerda do Rio Amazonas. Nada de sobrenatural havia sobre sua existência. 
Era simplesmente uma pedra, com a mesma matéria encontrada nas falésias do platô da Fortaleza de São José de Macapá. Ela ornou a praia de Macapá até setembro de 1973. 
Desde 1970 existiu sobre ela uma imagem de São José, esposo de Maria e pai putativo de Jesus Cristo.
A importante escultura foi feita pelo luso-brasileiro Antônio Pereira da Costa, natural da Freguesia de Valadares, Conselho Vila Nova de Gaia, Distrito do Porto, em Portugal. Na comunidade de Valadares as atividades principais concentravam-se na agricultura e na produção de cerâmicas. Antônio Pereira da Costa e seu pai eram ceramistas e escultores de inegáveis méritos, com importantes obras realizadas no Rio de Janeiro, em São Luiz do Maranhão, Belém do Pará e em Macapá.
Na então capital do ex-Território Federal do Amapá, Seu Antônio Costa instalou sua oficina de trabalho no quintal da Augusta e Respeitável Loja Maçônica Duque de Caxias tendo recebido especial autorização de seus irmãos, que sempre o distinguiram como um invulgar “obreiro da paz”. Muitas das suas obras ainda são vistas e admiradas nas cidades de Macapá e Amapá: Grupo Escolar Barão do Rio Branco, Hospital Geral de Macapá, Maternidade Mãe Luzia, Fórum de Macapá, que hoje abriga a Seccional da Ordem dos Advogados do Brasil, os Leões assentados na frente do citado prédio, a Estátua de Francisco Xavier da Veiga Cabral, em Amapá, o Busto de Tiradentes, o busto do Deputado Federal Coaracy Nunes, na Praça do Aeroporto Internacional Alberto Alcolumbre, o Tempo da Loja Duque de Caxias e a Imagem de São José que ainda permanece sobre um pilar de concreto ereto sobre as pedras menores da antiga formação rochosa derrubada pelo navio Antônio Assmar, em setembro de 1973. Outro leão esculpido pelo Senhor Antônio Pereira da Costa foi encomendado pelo comerciante Hermano Jucá Araújo, meu tio paterno e torcedor apaixonado do Clube do Remo. Pintada de azul, a escultura foi mandada para Belém e instalada no Estádio Evandro Almeida.
Em setembro de 1931, estando exercendo suas atividades na Promotoria Pública do Pará, o Dr. Otávio Meira foi designado para vistoriar todos os cartórios, juizados e prefeituras de Belém até Mazaganópolis, sede do município de Mazagão. Os municípios de Macapá e Mazaganópolis estavam sob jurisdição do Estado do Pará. É bem pitoresca sua narrativa sobre desembarque e embarque de cargas e passageiros em Macapá, pois ainda não havia sido construído o trapiche da cidade. Segundo o Dr. Otávio Meira, na maré alta, os barcos com menor calado podiam entrar no Igarapé do Igapó ou Bacaba, mas o mesmo não acontecia com os navios, que fundeavam e ficavam ao sabor das ondas. Tornava-se mais prático aguardar a maré baixa, que deixava inteiramente à mostra a Pedra do Guindaste. Em algumas oportunidades, quando a maré estava alta e as águas calmas, usava-se uma embarcação tipo barcaça para receber as cargas dos navios. Neste caso, elas permaneciam fundeadas próximo à pedra, sobre a qual, uma engenhoca tipo bate-estacas, equipada com moitão/roldana e corda fazia o papel de um guindaste, daí o nome atribuído à formação rochosa. Para vencer o estirão da praia era usado um carro puxado por dois bois. Foi graças aos termos do seu relatório, que o Interventor Federal Magalhães Barata liberou verbas para a construção do primeiro trapiche de Macapá.
O Intendente Municipal era o Major Eliezer Levy e a obra teve inicio em 1932. Tiveram início em 1969, as entabulações para a concepção de uma imagem de São José, padroeiro de Macapá e seu assentamento na Pedra do Guindaste. Sem alardes, as partes interessadas, envolvendo Dom José Maritano, Bispo Prelado de Macapá e o Governador do Amapá, General Ivanhoé Gonçalves Martins, tomaram todas as providências cabíveis. Ninguém contestou o fato de a imagem não carregar o Menino Jesus nos braços e ficar de frente para o rio mais caudaloso do globo terrestre. 
Devidamente iluminado, a imagem de São José não recebeu a missão de proteger a cidade. 
Como um importante símbolo do catolicismo ali ficou incólume. Porém, na noite de 23 de setembro de 1973, o navio Domingos Assmar, que fazia linha fluvial entre Macapá/Belém/Macapá foi arremessado contra a pedra, quebrando-a e lançando nas águas agitadas do Amazonas a apreciável escultura do santo padroeira da cidade.
Monumento reconstruído, com São José no topo
(Foto: Fabiana Figueiredo/G1 - Reprodução)
O cidadão Antônio Assmar, proprietário da embarcação assumiu os ônus pelo restauro da imagem e a construção de uma pilastra de concreto, para substituir a Pedra do Guindaste. Novamente entrou em ação o luso-brasileiro Antônio Pereira da Costa, recuperando sua obra de arte. Para erigir a pilastra foi contratada a firma Platon Engenharia e Comércio, então capitaneada por Clarck Charles Platon. Tudo voltou a ficar como antigamente, até o momento em que, apareceram os difusores de uma nova ideia, imediatamente refugada pela comunidade macapaense que preza suas tradições. Pretendiam os arautos do turismo trocar a atual imagem por outra bem maior. Também seria removida a pilastra pioneira por outra de maior diâmetro, da qual partiria uma passarela ligando-a ao trapiche Eliezer Levy.
A nova imagem deveria conter o Menino Jesus nos braços e ficar de frente para a cidade. Estas propostas não foram o ponto que fez despertar o descontentamento popular.

(*)Texto publicado originalmente no Jornal Diário do Amapá edições de 25/11/2017 e de 02/12/2017, respectivamente.

domingo, 3 de dezembro de 2017

Memória da Cidade: Por que “Pedra do Guindaste”?

A tão falada Pedra do Guindaste, era apenas uma pedra, com a mesma matéria encontrada nas falésias do platô da Fortaleza de Macapá. 
Foto do Trapiche de Macapá com a Pedra do Guindaste, 
antes da homenagem a São José, do acervo do memorialista Gil Reis, 
publicada por Walter Jr. do Carmo, extraída do site Pinterest.com
Ela ornou a praia de Macapá até setembro de 1973. Desde 1970 existiu sobre ela uma imagem de São José, esposa de Maria e pai putativo de Jesus Cristo.
A importante escultura foi feita pelo luso-brasileiro Antônio Pereira da Costa, (foto menor) natural da Freguesia de Valadares, Conselho Vila Nova de Gaia, Distrito do Porto, em Portugal. Na comunidade de Valadares as atividades principais concentravam-se na agricultura e na produção de cerâmicas. Antônio Pereira da Costa e seu pai eram ceramistas e escultores de inegáveis méritos, com importantes obras realizadas no Rio de Janeiro, em São Luiz do Maranhão, Belém do Pará e em Macapá.
Na então capital do ex-Território Federal do Amapá, Seu Antônio Costa instalou sua oficina de trabalho no quintal da Augusta e Respeitável Loja Maçônica Duque de Caxias tendo recebido especial autorização de seus irmãos, que sempre o distinguiram como um invulgar “obreiro da paz”. Muitas das suas obras ainda são vistas e admiradas nas cidades de Macapá e Amapá: Grupo Escolar Barão do Rio Branco, Hospital Geral de Macapá, Maternidade Mãe Luzia, Fórum de Macapá, que hoje abriga a Seccional da Ordem dos Advogados do Brasil, os Leões assentados na frente do citado prédio, a Estátua de Francisco Xavier da Veiga Cabral, em Amapá, o Busto de Tiradentes, o busto do Deputado Federal Coaracy Nunes, na Praça do Aeroporto Internacional Alberto Alcolumbre, o Tempo da Loja Duque de Caxias e a Imagem de São José que ainda permanece sobre um pilar de concreto ereto sobre as pedras menores da antiga formação rochosa derrubada pelo navio Antônio Assmar, em setembro de 1973. Outro leão esculpido pelo Senhor Antônio Pereira da Costa foi encomendado pelo comerciante Hermano Jucá Araújo, tio paterno de Nilson Montoril e torcedor apaixonado do Clube do Remo. Pintada de azul, a escultura foi mandada para Belém e instalada no Estádio Evandro Almeida.
Em setembro de 1931, estando exercendo suas atividades na Promotoria Pública do Pará, o Dr. Otávio Meira foi designado para vistoriar todos os cartórios, juizados e prefeituras de Belém até Mazaganópolis, sede do município de Mazagão. Os municípios de Macapá e Mazaganópolis estavam sob jurisdição do Estado do Pará. É bem pitoresca sua narrativa sobre desembarque e embarque de cargas e passageiros em Macapá, pois ainda não havia sido construído o trapiche da cidade. Segundo o Dr. Otávio Meira, na maré alta, os barcos com menor calado podiam entrar no Igarapé do Igapó ou Bacaba, mas o mesmo não acontecia com os navios, que fundeavam e ficavam ao sabor das ondas. Tornava-se mais prático aguardar a maré baixa, que deixava inteiramente à mostra a Pedra do Guindaste. Em algumas oportunidades, quando a maré estava alta e as águas calmas, usava-se uma embarcação tipo barcaça para receber as cargas dos navios. Neste caso, elas permaneciam fundeadas próximo à pedra, sobre a qual, uma engenhoca tipo bate-estacas, equipada com moitão/roldana e corda fazia o papel de um guindaste, daí o nome atribuído à formação rochosa. Para vencer o estirão da praia era usado um carro puxado por dois bois. Foi graças aos termos do seu relatório, que o Interventor Federal Magalhães Barata liberou verbas para a construção do primeiro trapiche de Macapá.
O Intendente Municipal era o Major Eliezer Levy e a obra teve início em 1932. Tiveram início em 1969, as entabulações para a concepção de uma imagem de São José, padroeiro de Macapá e seu assentamento na Pedra do Guindaste. Sem alardes, as partes interessadas, envolvendo Dom José Maritano, Bispo Prelado de Macapá e o Governador do Amapá, General Ivanhoé Gonçalves Martins, tomaram todas as providências cabíveis. Ninguém contestou o fato de a imagem não carregar o Menino Jesus nos braços e ficar de frente para o rio mais caudaloso do globo terrestre. Devidamente iluminado, a imagem de São José não recebeu a missão de proteger a cidade. Como um importante símbolo do catolicismo ali ficou incólume. Porém, na noite de 23 de setembro de 1973, o navio Domingos Assmar, que fazia linha fluvial entre Macapá/Belém/Macapá foi arremessado contra a pedra, quebrando-a e lançando nas águas agitadas do Amazonas a apreciável escultura do santo padroeira da cidade.
O cidadão Antônio Assmar, proprietário da embarcação assumiu os ônus pelo restauro da imagem e a construção de uma pilastra de concreto, para substituir a Pedra do Guindaste. Novamente entrou em ação o luso-brasileiro Antônio Pereira da Costa, recuperando sua obra de arte. 
Imagem meramente ilustrativa
Para erigir a pilastra foi contratada a firma Platon Engenharia e Comércio, então capitaneada por Clarck Charles Platon. Tudo voltou a ficar como antigamente, até o momento em que, apareceram os difusores de uma nova ideia, imediatamente refugada pela comunidade macapaense que preza suas tradições. Pretendiam os arautos do turismo trocar a atual imagem por outra bem maior. Também seria removida a pilastra pioneira por outra de maior diâmetro, da qual partiria uma passarela ligando-a ao trapiche Eliezer Levy.
A nova imagem deveria conter o Menino Jesus nos braços e ficar de frente para a cidade. Estas propostas não foram o ponto que fez despertar o descontentamento popular. Inaceitável foi ignorar o valor histórico da obra concebida pelo escultor e arquiteto Antônio Pereira da Costa, apenas porque ela não tem tamanho exorbitante. Outro erro cometido pelos idealistas malfadados foi dizer que a imagem atual iria ser colocada na frente da Fortaleza de São José. Ora, a frente do monumento bélico corresponde a sua área de proteção patrimonial, onde a escultura seria um “corpo estranho, que não faz parte do projeto de autoria de Henrique Galúcio. Felizmente, as novidades não encontraram guarida no seio da comunidade macapaense. Até praticantes de outros credos não as aprovaram. Ocorre, que a imagem de “São José da Beira Rio” precisa ser protegida e colocada longe de gente fantasiosa. Um pedido formal de tombamento da imagem será dirigido ao IPHAN. (Nilson Montoril)
Fonte: Texto de Nilson Montoril, adaptado para o blog Porta-Retrato, publicado na íntegra e originalmente, em duas edições no Jornal Diário do Amapá, datadas de 25 de novembro e 2 de dezembro de 2017, respectivamente. 

MEMÓRIA DO MOVIMENTO ESCOTEIRO DO AMAPÁ

Nos primeiros anos do Território Federal do Amapá , os tradicionais desfiles cívicos eram realizados na Praça Barão do Rio Branco , um dos ...