segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Pioneiros: Professores de Educação Física

(Foto: Reprodução de jornal/Arquivo família Hermógenes)
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(Imagem de arquivo extraída de um recorte de jornal da época - contribuição Família Hermógenes)
ANOS 70 - Na foto, no interior do Estádio Glicério de Souza Marques, em Macapá, os antigos professores de Educação Física – Irineu da Gama Paes; José Fiqueiredo de Souza; Wanda Lima Costa – e o professor Alfredo Ramalho, na época Secretário de Educação e Cultura do ex-Território Federal do Amapá.

domingo, 30 de janeiro de 2011

Mitos e Lendas do Amapá: A Lenda do Tarumã

"E o tronco navega contra a correnteza, levando incertezas, levando incertezas" (cantiga popular calçoenense).
(Reprodução)
Dizem que, há muitos anos, às margens do Rio Calçoene, havia uma pequena aldeia indígena. Era ali que vivia Ubiraci, curumim conhecedor da fauna e da flora. Desde que nasceu, Ubiraci foi abençoado por Tupã com o dom de falar com todos os animais, fossem eles da água, da terra ou do ar, e com todas as árvores, desde as menores até as que cortavam as nuvens e iam fazer sombra no reino de Tupã. Ubiraci conversava com os bichos e com as árvores, contava-lhes histórias e sabia de tudo o que acontecia no mundo. E foi assim que cresceu em plena harmonia com os elementos, filho da água, da terra e do ar que era.
Um dia, Ubiraci caminhava pela floresta quando descobriu a mais linda indiazinha que seus olhos já tinham visto. Seus cabelos pareciam com as quedas-d’água que despontavam das pedras, onde, por tantas vezes, sentou-se por horas a escutar os pássaros. Seus olhos assemelhavam-se ao anil do céu. Seu rosto jovem lembrava brotos nascendo da terra, ainda indomados. Suas mãos, mágicas, se tocavam o solo, desabrochavam sementes. Se voltadas para o ar, controlavam as chuvas, os ventos e as tempestades. Se apontadas para os rios, domavam as marés, as pororocas e as maresias. Ubiraci, sem saber, havia se apaixonado pela Natureza.
Apaixonado, o índio passou a procurar sua amada por toda parte. Com ajuda dos pássaros, subiu na nuvem mais alta na esperança de vê-la entre os abençoados de Tupã. Vasculhou cada recanto da floresta e acompanhou os peixes na imensidão dos rios, mas nunca voltou a rever sua alma gêmea. Acompanhou a pororoca por entre troncos e barrancos, mas não voltou a vê-la. No entanto, podia senti-la no canto dos pássaros, nas brisas da manhã, na calidez da noite e no sussurro sereno das maresias.
Era tanta a paixão que sentia que Ubiraci se esqueceu de conversar com as árvores, com os animais e com os filhos das águas. O dom que recebeu de Tupã foi perdido para sempre. Ubiraci só se importava em procurar pela amada, que julgava estar perdida em algum lugar do mundo. Ele não entendia que a Natureza estava em todo lugar.
Uma noite, quando o mundo dormia, quando os cantos dos pássaros haviam cessado e não se ouvia murmúrio algum no seio da floresta, Ubiraci avistou a Lua, refletida na água. Imaginou que era naquele mundo que sua amada vivia. Foi tanta a sua felicidade que esqueceu-se de ter perdido seu dom. Mergulhou no rio, mas quanto mais lutava contra a correnteza, mais parecia que a Lua se afastava dele. Foi tanto o esforço que fez que as forças o abandonaram, e Ubiraci sucumbiu à morte. Tupã, compadecido com tanto amor, pediu à Natureza que transformasse Ubiraci em uma árvore, no meio do rio, para que fosse lembrado para sempre. À noite, no entanto, quando a maré subia, a árvore estranhamente desprendia suas raízes do solo e navegava contra a correnteza. Imaginando tratar-se de magia, seus irmãos índios cortaram a árvore, deixando apenas o tronco, mas, mesmo assim, o mistério continuou, e eles, amedrontados, deixaram o local, com medo do tarumã, que, na etimologia indígena, significa o tronco que se move.
Os anos se passaram, Calçoene transformou-se em cidade, mas muitas pessoas juram que, ainda nos dias de hoje, o tronco se move, contra a correnteza, subindo o rio.
Dizem que, quando algum morador depara-se com um amor impossível, faz promessa ao tarumã, deixando sobre ele algum presente ou alguma oferenda. Se o tronco navegar rio acima e retornar vazio, o pedido será realizado. (Autor: Joseli Dias – da obra Mitos e Lendas do Amapá)
Ouça:
Amadeu Cavalcante - Tarumã 
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Baixe esta música, para tocar em seu PC
Assista ao vídeo do show:

sábado, 29 de janeiro de 2011

Seu "Ferro" um Grande Pioneiro de Macapá

O bairro do Trem está de luto.
(Foto: Reprodução)
Faleceu na quinta-feira(27), em Macapá, aos 83 anos de idade,  o Pioneiro José Veríssimo(foto) popularmente conhecido na cidade como Seu “Ferro”.
Desde que chegou ao Amapá, “Ferro” sempre desenvolveu suas atividades profissionais como motorista.
Trabalhou na ICOMI, também na AMCEL - onde aposentou-se - e depois na Prefeitura de Macapá.
No esporte, “Ferro” foi um excelente goleiro de futebol.
Um cidadão alegre e sempre bem-humorado.
Nos últimos meses, mesmo adoentado, Seu "Ferro" continuava no comando do seu boteco, onde todo final de tarde reunia-se com a turma da melhor idade (Confraria do Jambeiro) para as habituais partidas de dominó, boa música e muitas piadas. (Fonte)
Seu “Ferro” um grande Pioneiro de Macapá.
(Se você conheceu seu Ferro, deixe seu comentário abaixo)

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Pioneiras da Educação: Professoras no IETA

(Reprodução/Arquivo Diniz Filho)
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Ano 1968 - Professoras no Instituto de Educação do Território do Amapá (IETA) [hoje Universidade Estadual do Amapá].
Da esquerda para a direita: Professora  Nazaré [casou-se com o Pe Salvador e teve uma filha, ambas moram em Belém (PA);  professora Idália Lobato; Dinete Botelho (professora de artes manuais) e professora  Maria das Dores Gomes Correia.
(Última atualização em 15 de setembro de 2013)

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Os 64 anos do Colégio Amapaense

(Reprodução)
O Colégio Amapaense, tradicional estabelecimento de ensino de Macapá, completou na terça-feira(25), 46 anos de criação.
Ele continua imponente e majestoso em sua missão de formar e educar cidadãos de muitas gerações.
Seu primeiro nome: Ginásio Amapaense.
Em 1952, passou a chamar-se Colégio Amapaense.
Desde 13 de junho de 1952 está funcionando, diuturnamente, na Av. Iracema Carvão Nunes nº 419, esquina com a Rua General Rondon, de frente para a Praça da Bandeira, no Centro da cidade.

O governador os casou... e foram felizes para sempre!

Um dia Feliz na vida de Diniz e Dinete Botelho!
(Foto: Reprodução/arquivo da família)
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(Texto e foto reproduzidos do blog do amigo Diniz Botelho Filho)
Meu amigo Diniz Botelho Filho - também blogueiro e macapaense da gema - publicou um post no dia 20 de dezembro de 2010, contando um pouco da história do casamento de seus pais que, por ser um registro histórico, eu tomo a liberdade de transcrevê-lo na íntegra aqui:
Em 20 de dezembro de 1947 (sábado), uniam-se Diniz e Dinete Botelho. Naquele tempo o Cap. Janary Gentil Nunes, então governador do T. F. do Amapá, era um ´santo casamenteiro´ e realizava, aos sábados, diversos casamentos. [papai] Diniz era professor e [mamãe] Dinete era enfermeira (Enfermeira Samaritana, formada pela Cruz Vermelha). O Cap. Janary destinou a segunda casa na Rua Mendonça Furtado, do lado direito para quem vai no sentido da Igreja São José (ao lado da extinta Radional, depois Casa do Índio), mas exigiu que Dinete saisse da saúde (Dr. Simões, Secretário) e fosse para a Educação (?, Secretário) como professora. Às vésperas do casamento receberam diversas pessoas presenteando de quase tudo para um novo lar. Recebeu da "Mãe" Sara Zagury, do Maj. Vasconcelos, de D. Alice (segunda mulher do Cap. Janary), Dr. Celio Cal, era Chefe de Polícia e seria o vizinho em frente, Sr. Silvio, Maria das Neves, entre outros. Foi assim, e muito mais histórias para contar. (Diniz Botelho Filho)

...e foram felizes para sempre!

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Há 66 anos...Janary Nunes assumia o Governo do Amapá

(Foto: Reprodução/MHA)
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(Foto extraída do acervo do Museu Histórico do Amapá)
Ano 1944 - Governador Janary Nunes e seus principais auxiliares.
A região hoje ocupada pelo Estado do Amapá, foi desmembrada do Estado do Pará, pelo Decreto-lei n° 5.812, de 13 de setembro de 1943, constituindo o Território Federal do Amapá.
Em 27 de dezembro de 1943 Janary Nunes era nomeado, pelo presidente Getúlio Vargas, governador do Território Federal do Amapá, aos 31 anos.
Em 25 de janeiro de 1944, após receber das mãos do governador do Pará todos os bens patrimoniais existentes na região, Janary Nunes toma posse como o primeiro governador da história do Território do Amapá.
Em seu governo construiu escolas e postos de saúde nos municípios, mandou edificar casas para diretores e funcionários, construiu grupos escolares, entre eles o Barão do Rio Branco (situado na praça do mesmo nome); a Escola Industrial de Macapá, (ex-Ginásio de Macapá - hoje Escola Integrada de Macapá); Escola Doméstica de Macapá - ex-Ginásio Feminino de Macapá - hoje Escola Estadual Irmã Santina Riolli); a Escola Normal de Macapá - ex-Instituto de Educação do Amapá (IETA); o Hospital Geral de Macapá (a primeira unidade de saúde da capital).
Também durante seu governo foram implantadas a agricultura e a pecuária, criando-se pólos de produção como a Colônia Agrícola do Matapi e o posto agropecuário da Fazendinha.
Deu início ao ordenamento urbanístico de Macapá, construindo conjuntos residenciais.
Em seu governo que foi conseguida a aprovação do projeto de construção da Usina Hidrelétrica Coaracy Nunes e a exploração do manganês pela Icomi.
Outra ação meritória foi a retomada das obras de construção da BR-156 entre Macapá e Oiapoque.
Iniciou-se a implantação da Companhia de Eletricidade do Amapá e da Companhia de Água e Esgotos.
Em 23 de abril de 1945, por sua ação direta, foi criado o município de Oiapoque.
Em 1947 consegue eleger seu irmão Coaracy Nunes deputado federal, pelo PSB.
No período de setembro a outubro de 1954, foi substituído por Theodoro Arthou, voltando em 1955, e permanecendo até 1956.
Janary Nunes faleceu no Rio de Janeiro em 15 de outubro de 1984.
(Informações históricas: Edgar Rodrigues)

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

As raridades da Praça da Matriz

(Reprodução/Arquivo família Hermógenes)
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(Foto: contribuição da família Hermógenes)
Esta foto rara é do final da década de 40 após e instalação do Território Federal do Amapá.
A criação do TFA foi em 1943 (Decreto-lei n° 5.812, de 13/09/1943) mas, a instalação só aconteceu em 25 de janeiro de 1945.
É um registro fotográfico da antiga praça da Matriz, antes mesmo de ser aberta a Av. Presidente Vargas (era apenas um caminho estreito - na imagem aparecem dois veículos da época).
Observe à esquerda da foto o local onde depois foi erguido, aos fundos do terreno, o prédio das lojas A Pernambucana.
Foto: Daniel Andrade-Gaia
A casa que está à direita serviu de residência para a família Araújo (do Aldony Fonseça Araújo - foto pequena).
O mesmo local serviu de residência da família do  Sr. Filomeno, (açougueiro do Mercado Central).
Bem ao lado desta casa, foi erguido um poste, em fevereiro de 1945, onde foram instaladas duas possantes cornetas compridas, que irradiavam a programação do Serviço de Alto-Falantes de Macapá, antigo embrião da Rádio Difusora de Macapá.
( Se você tiver alguma lembrança dessa época, por favor, deixe seu comentário  )

domingo, 23 de janeiro de 2011

Morre aos 90 anos, o Pioneiro José Araguarino de Mont’Alverne

0(Foto Reprodução de livro)
Faleceu na tarde do domingo (23), em Macapá, aos 90 anos de idade, o pioneiro escritor e decano da Maçonaria do Amapá, José Araguarino de Mont’Alverne.
Seu corpo foi velado na Loja Maçônica Acácia do Norte, na Avenida Raimundo Alvares da Costa, entre as ruas General Rondon e Tiradentes e sepultado ao final da tarde da segunda-feira(24) no Cemitério Nossa Senhora da Conceição, na rua Eliezer Levy, atrás da nova Catedral, no centro de Macapá.
José Araguarino nasceu dia 2 de novembro de 1920, no município de Macapá, às margens do rio Araguari.
Foram seus pais Deoclides Pereira de Mont'Alverne e Maria Luiza Jucá de Mont'Alverne.
Fez estudos em Belém nos anos 40, participou do antigo Tiro de Guerra, foi militar do Exército e ingressou no funcionalismo do Território Federal do Amapá em 1949 na Divisão de Segurança e Guarda, logo ocupando o cargo de delegado em Ferreira Gomes e noutras localidades.
Foi um dos fundadores do PTB e do jornal de oposição Folha do Povo, ao lado de Amaury Farias e outros pioneiros.
Em 1964 chegou a ser preso na Fortaleza, por ordem do governador, general Terêncio Porto, mas logo foi posto em liberdade por Luiz Mendes da Silva, que o nomeou comandante da Guarda Territorial, onde já exercia as funções de inspetor.
José Araguarino exerceu outros cargos, como chefe de gabinete da SEJUSP no governo de Nova da Costa.
Na maçonaria, Loja Duque de Caxias, ele ingressou no ano de 1957. Posteriormente participou da fundação da Loja Acácia do Norte, sendo eleito o primeiro venerável.
Sua participação no movimento maçônico do Amapá é de suma importância, pois introduziu o rito York no Amapá.
(Foto: Reprodução)
Casado com a Sra. Maria Helena Franco Mont'Alverne, que lhe deu os filhos Deoclides, Maria das Graças, Deoci e Deomir.
Aposentou-se em 1985 e ingressou na Associação Amapaense de Escritores-APES em 8 de março de 1990.
José Araguarino de Mont’Alverne foi um dos pioneiros que muito contribuiu para a consolidação do Estado do Amapá.
Fonte: Texto de Paulo Tarso Barros, extraído do blog da APES – com informações do livro "Personagens ilustres do Amapá", de Coaracy Barbosa.
Leia também:
Link relacionado: José Mont'Alverne (1920-2011) - Amapaense fanático pelo Remo

(Última atualização em 30/01/2011)

sábado, 22 de janeiro de 2011

Autoridades da fase do Território Federal do Amapá

(Reprodução)
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Ano 1956 - Autoridades territoriais participam de uma solenidade pública.

Devido a qualidade da foto estar muito comprometida, tem-se um pouco de dificuldade para identificar os presentes.
Vou tentar alguns e vocês, por favor, me ajudem com os que forem possível identificar.
Também não temos informações sobre o local onde ela foi tirada.
Mas, pela presença de poucas pessoas que consegui identificar, está me parecendo ser alguma inauguração ligada à CEA, pois esse que discursa e está de terno escuro, é o Dr. Amiraldo Héleres (c/H?) Nunes; no primeiro plano da foto tem uma pessoa de costas, cabelo preto e camisa branca, que está me parecendo o Dr. Dário Gomes, que também passou pela Diretoria do órgão; o sr. de bigodinho, todo de branco e cinto preto na direção do Dr. Amiraldo é o Profº Teodolino das Mercês Flexa de Miranda; e à direita da foto tem um sr. de bigode preto e óculos escuros (por trás de um cidadão todo de branco) que está me parecendo o Dr. Clóvis Pena Teixeira.
À medida que tivermos certeza e confirmação dos nomes, montarei a legenda definitiva.
Agora deixo com os comentários de vocês.
(Post repaginado em 22/012/2001)

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Os 73 anos de nascimento do Pioneiro Hélio Pennafort

(Foto: Reprodução/Arquivo)
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Data: 21 de janeiro de 1938

Há 73 anos...
... Nascia no município de Oiapoque, Hélio Guarany Pennafort.
Filho do radiotelegrafista Rocque de Souza Pennafort e de dona Cezerlina Guarany Pennafort (dona de casa).
Hélio fez o curso primário no Grupo Escolar Joaquim Caetano da Silva (a segunda série numa escola que funcionava no Arnapá Clube), depois estudou até a segunda série do Ginásio Amapaense (funcionava ainda no Barão do Rio Branco).
Começou a trabalhar em 1956, como radiotelegrafista em Oiapoque e Vila Velha do Cassiporé;
de 1959 a 1961 fez estágio no Gabinete do Governador Pauxy Nunes;
em 1962 retornou ao Oiapoque onde acumulava as funções de radiotelegrafista e Secretário da Prefeitura;
em junho de 1964, foi transferido para Macapá indo trabalhar no Departamento de Jornalismo da Rádio Difusora;
em outubro do mesmo ano foi nomeado Prefeito de Calçoene;
a partir de 1974,  passou a trabalhar no Gabinete do Governador do Território no qual desempenhou as funções de Assessor de Imprensa, Assessor de Relações Públicas, Chefe de Expediente da Secretaria de Governo, Sub-chefe do Gabinete e Chefe do Gabinete do Governador.
Participou da equipe do primeiro governo do Estado do Amapá como Diretor do Departamento de Comunicação Social.
Paralelamente ao seu trabalho como funcionário público, desenvolveu intensa atividade jornalística e literária, tendo dirigido os departamentos de jornalismo da Rádio Educadora São José e formado a equipe pioneira da TV-Amapá, como repórter e depois como diretor de telejornalismo.
Escreveu e apresentou documentários focalizando diversos pontos do Estado, como o rio Oiapoque, a antiga vila do Beiradão, a Base Aérea do Amapá.
Publicou os livros "Microreportagem", "Entrevista ao
Leitor", "Um Pedaço Fotopoético do Amapá", "Estórias do
Amapá" e "Amapaisagens".
Foi membro da Associação Amapaense de Escritores - APES.
Como esportista, jogou voleibol e formou na Seleção do Oiapoque que disputou e venceu o torneio de voleibol alusivo ao aniversário do Território, em 1963, em Macapá.
Entre os títulos e homenagens que recebeu, destacam-se o diploma de Honra ao Mérito e o título de Cidadão de Macapá, concedidos pela Edilidade.
Foi membro do Conselho Estadual de Cultura e é  imortal  da Academia Amapaense de Letras.
Casou-se em segunda núpcia com Irenilde Gibson Barbosa com quem teve quatro filhas: Hélida Cordeiro Pennafort, Helenilde Gibson Barbosa Pennafort e Hirene Gibson Barbosa Pennafort além de Juliana Cordeiro Pennafort ( do 1ºcasamento).
Depois de aposentado do serviço público, Hélio continuou militando na imprensa amapaense.
Faleceu em São Paulo, no dia 19 de fevereiro de 2001.
(Biografia transcrita do livro Personagens Ilustres do Amapá Vol. II, do Jornalista Coaracy Barbosa)

Eulálio Soáres Neri: Um Pioneiro que escapou da Tragédia do Macacoari

O fato ocorreu há - exatos - 53 anos...
(Foto: Reprodução de livro)
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( Foto extraída do livro Personagens Ilustres do Amapá Vol III - do Jornalista Coaracy Barbosa - em PDF, via APES)
Quem passou pelo Colégio Amapense nos anos 60, deve se lembrar muito bem desse simpático senhor que, na época, trabalhava como Inspetor de alunos no “colossso cinzento”.
Seu nome Eulálio Soáres Neri; natural de Macapá, onde nasceu em 12 de fevereiro de 1928.
Filho de um casal de trabalhadores que desenvolviam atividades rurais na região do rio Macacoari.
Estudou o primeiro grau; trabalhou na Prefeitura de Macapá, no SESP e na Divisão de Educação.
Casou-se em 1957 com Odemira Alberto Neri, de cuja união nasceram os filhos: Augusto Cesar, Pedro Paulo, Benedito Alísio, Sara Heloísa e Maria de Fátima.
Participou da vida social do Esporte Clube Macapá e do Atlético Latitude Zero.
Ingressou na maçonaria no dia 13 de julho de 1952.
Está aposentado desde 1983.
A sorte lhe fez escapar da grande Tragédia do Macacoari e ele hoje ainda se lembra como tudo aconteceu.
Eulálio Soáres Neri foi para Macacoari, como passageiro, no avião “Paulistinha”, modelo CAP-9, que deixou o campo de pouso da Cruzeiro do Sul, em Macapá, na tarde do dia 20 de janeiro de 1958, com destino àquela localidade.
A bordo dessa mesma aeronave iam também, o piloto Hamilton Silva, o Dr. Coaracy Nunes e o Dr. Hildemar Maia.
Fora umas passageiras turbulências a viagem transcorreu sem problemas.
À noite, após a ladainha, houve festa dançante na comunidade, homenageando os ilustres visitantes.
Na manhã do dia seguinte - 21 de janeiro de 1958 - deu-se a tragédia.
Três vidas preciosas foram tragadas pelas chamas.
(Foto: Reprodução/Correio do Amapá)
Para ampliar, clique na imagem
( Foto extraída do Jornal Correio do Amapá - 24/10/2010 )
O senhor Eulálio Soáres Neri, hoje aos 83 anos, conta que escapou graças à animação dos parentes, que tinham ‘varado’ a madrugada em comemoração às festas religiosas e pelos ilustres visitantes. Os pedidos eram tantos e a festa “tava” boa e resolvi ficar. Menos de 10 minutos depois ouvimos aquele estrondo e vimos um fumaceiro no meio da mata. Era o fim de um dia festivo e alegre”, emociona-se ‘Seu’ Eulálio.
 Fonte: Correio do Amapá (baixar em PDF)

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Educação Profissional

(Reprodução)
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Década 60 - Professor Rúbens Alencar na sala de tipografia da Escola Industrial de Macapá (depois Ginásio de Macapá).
Em primeiro plano (à direita) o aluno Roberval Lavor Benigno (piloto de aeronaves - aposentado -  do ex-Território Federal do Amapá); ao fundo outros aprendizes da arte de composição gráfica.
(Repaginado em janeiro de 2011)

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Um encontro de amigos

(Reprodução)
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Década de 60 - Da esquerda para a direita, um cidadão (não identificado ) amigo dos casais; radialista Agostinho Nogueira de Souza ( Rádio Difusora de Macapá) e sua esposa Sra Ivone, ao lado da Sra. Edna e esposo Dr. Douglas Lobato Lopes, em uma reunião social.
(Repaginado em janeiro de 2011)

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Mais Pioneiros na Foto

(Reprodução)
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Ano 1965 - Nesta foto vemos o Dr. Douglas Lobato Lopes falando à imprensa (esq); atrás dele um antigo guarda territorial, fazendo a segurança do evento; na porta a fita para ser discerrada; dentro da sala o controlista da Rádio Difusora de Macapá, Carlos Lins Côrtes(o Baião Caçula) prepara os cabos para a retransmissão da solenidade, enquanto o Cabo Alfredo Oliveira aguarda pacientemente, segurando uma criança.
(Repaginado em Janeiro/2011)

sábado, 15 de janeiro de 2011

Solenidade Pública

(Reprodução)
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Década de 60 - Solenidade de inauguração de um Posto Médico da Rede de Saúde Pública.
Na foto (da esq. p/dir) General Luiz Mendes da Silva (ex-Governador do Amapá de 1964/1967) ), ao fundo (camisa escura) ex-Deputado e Professor Antonio Cordeiro Pontes, Sra. Delfina e seu esposo Dr. Antonio Tancredi (um dos prioneiros da Saúde no Amapá); Dr. Douglas Lobato Lopes (ao microfone), (ex-Secretário de Obras do ex-Território Federal do Amapá. Dr. Douglas Lobato também foi Prefeito Municipal de Macapá de 1965/1967), além de outros presentes não identificados.

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Rampa do Farol

(Reprodução/Arquivo Histórico do Amapá)
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Anos 40 - Rampa de subida para o antigo Farol da Fortaleza de São José de Macapá.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Construção do Prédio da Prelazia de Macapá

(Foto: Reprodução/Arquivo Diocese de Macapá)
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Foto 1 - Década de 50 - Operários trabalham na construção da lage do 2º pavimento.
Vê-se ao fundo o campinho da Praça da Matriz, com arquibancada e tudo.
Observa-se também, que nessa época, ainda não estava construída a barraca da Santa.
(Foto: Reprodução/Arquivo Diocese de Macapá)
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Foto 2 - Década de 50 - Dom Aristides Piróvano, 1º Bispo Prelado de Macapá fiscaliza a obra e observa o trabalho dos operários que constroem o prédio da Prelazia de Macapá.
Ao fundo a Praça da Matriz.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

São José: Muita garra e amor à camisa!

(Reprodução/blog Camisa 10)
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(Foto extraída do blog Camisa 10, do amigo Humberto Moreira)
Decada de 70 - Uma das formações da Sociedade Esportiva e Recreativa São José, no Estádio Glicério Marques.
Em pé: Wanderley, Alceu, Antoninho Costa, Piraca, Penafort e Orlando Cardoso. 
Agachados: Zé Buchinha, Deomir, Orlando Torres, Moacir Banhos e Timbó.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Por dentro da fábrica do Flip Guaraná

(Foto: Reprodução/Arquivo da família Zagury)
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Anos 60 - Funcionários no interior da fábrica de refrigerantes de guaraná,  trabalham na linha de produção dos produtos FLIP, em Macapá.
Em primeiro plano Mário (de boné) e atrás Diógenes enchendo as garrafas.
Mário(falecido),  foi o primeiro mecanico "olivetti" profisionalizado por Irmãos Zagury. (Foto: Reprodução/Arquivo da família Zagury)

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Anos 60 - Funcionários executam suas tarefas na linha de produção da fábrica de refrigerantes dos produtos FLIP, em Macapá.
Na imagem, junto à parede, vemos as garrafas de gás que alimentavam as máquinas.
Fotos: Contribuição (via e-mail) do amigo Leão Zagury.

Links relacionados:
Isaac: Um Irmão Zagury

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Teresa Tavares - Patrimônio da Casa Leão do Norte

(Foto: Reprodução/Arquivo Leão Zagury)
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(Foto: contribuição do amigo Leão Zagury)
Teresa Tavares - foi, por muitos anos, funcionária de confiança da Casa Leão do Norte.
Sabia de tudo na loja.
Conhecia, como ninguém, cada peça de carro existente nas prateleiras.
Era a atendende mais requisitada pelos clientes (naquela época chamados de fregueses).

sábado, 8 de janeiro de 2011

Afif Elias Harb: Pioneiro do Comércio de Macapá

(Reprodução de livro)
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O Sr. Afif Elias Harb era natural de Cheka, no Líbano.
Chegou em Macapá em 1955.
Começou a trabalhar como camelô e logo montou uma baiuca.
Comprou a primeira casa em 1961 e a primeira loja em 1962.
Casado com D. Amanda em 1940, nasceram os filhos: Julieta e Romeu.
Julieta Mattar - viúva do empresário Edgard Nader Mattar, falecido em 2003 - continua residindo em Belém do Pará, para onde transferiu-se desde quando casou.
Romeu Harb é próspero empresário e continua com atividades comerciais em Macapá, à frente da Importadora JK.
Seu Afif era uma figura conhecida na rua do comércio e bastante trabalhador.
Desde cedo era visto à porta de sua loja, cumprimentando quem passava e isso aconteceu durante toda sua vida, desde o ano de 1956 até o dia 13 de junho de 1985, quando veio a falecer.
Fonte: Livro Personagens Ilustres do Amapá Vol III - de Coaracy Barbosa.
Link relacionado: Antigas instalações da Loja Brasília

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Alcy Araújo: 87 anos de nascimento do grande Poeta e homem das Letras

(Foto: Reprodução/Arquivo da família)
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"Alcy Araújo Cavalcante, paraense da Vila de Peixe-Boi, município de Igarapé-Açu, nasceu no dia 7 de janeiro de 1924. Morou em Belém durante algum tempo com a sua família e depois viveu em algumas pequenas cidades do interior. Na capital paraense estudou na Escola de Aprendizes Artífices, tornando-se marceneiro, profissão que exerceu durante algum tempo. Mas sua vocação era mesmo para as letras e, a partir de 1941, trabalhou nos jornais Folha do Norte, O Liberal, Imparcial e o Estado do Pará. Chegou a Macapá em 1953 e logo ingressou no serviço público como redator do gabinete do governador Janary Nunes. Em 1956 foi chefe de gabinete do governador Amílcar Pereira. Foi diretor da Imprensa Oficial (1957), oficial de gabinete (1961), chefe de expediente da Secretaria Geral do Governo (1964), trabalhou como assessor administrativo na Câmara Municipal (1971), diretor da Rádio Difusora.
Alcy Araújo foi sobretudo um jornalista que trabalhou em muitos jornais, revistas e no rádio. Ao lado de Álvaro da Cunha - que chegou a Macapá em 1946 e outros funcionários do primeiro escalão, Alcy sempre esteve envolvido com as atividades culturais e intelectuais do Amapá, principalmente a literatura. Em 1957, com a fundação do Clube de Arte Rumo, logo surgiu a revista Rumo e, em 1960, a primeira antologia poética Modernos Poetas do Amapá, da qual foi um dos participantes. Alcy adotou vários pseudônimos para publicar artigos na imprensa visando driblar a vigilância dos governantes militares: Mário Santa Cruz, Nelson Maroin, Sérgio Burocrata, Alcimar Cavalero, Jean Paul e outros. Foi casado com a professora Delzuíte Maria Cavacante, sua primeira esposa, com quem teve os seguintes filhos: Alcione Maria Carvalho Cavalcante, Alcinéa Maria Cavalcante Costa, Alcy Araújo Cavalcante Filho e Alcilene Maria Carvalho Cavalcante Dias. Com a segunda esposa, Maridalva Rodrigues do Santos, casou-se em 1968 e o casal teve cinco filhas: Astrid Maria dos Santos Cavalcante, Aline Maria dos Santos Cavalcante, Aldine Maria dos Santos Cavalcante, Adriane Maria dos Santos Cavalcante e Alice Maria dos Santos Cavalcante. Obras publicadas: Autogeografia (1965), livro de crônicas e poemas e Poemas do Homem do Cais (1983). Participou, em 1988, da Coletânea Amapaense. Em 1997, Alcinéa Cavalcante, em parceria com a Associação Amapaense de Escritores - APES publicou mais uma obra poética: Jardim Clonal. Por iniciativa de Alcinéa (que cedeu as fotos desta matéria), seus poemas são constantemente publicados em antologias, como a Coletânea Contistas do Meio do Mundo (2010) Vale lembrar que em 1960 já se anunciava a publicação de “Poemas do Cais” que só seria publicado 23 anos depois. Deixou ainda várias obras inéditas em prosa e verso. Alcy faleceu no dia 22 de abril de 1989.
Nas palavras de Hélio Pennafort, “Alcy foi um competente boêmio, sagaz jornalista, um incomparável versejador e um carnavalesco de escola, honrando com a malemolência do seu gingado o codinome Nenê da Pedreira, que trouxe de Belém. Titio Alcy foi um dos mais macapaenses de todos os paraenses que ajudaram a desenvolver e animar a cidade”." (Texto: Paulo de Tarso Barros)

Relíquias do Belga Pe. Júlio Maria De Lombaerd no Brasil, mostradas pela primeira vez ao Mundo

(Foto: Reprodução)
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Em Manhumirim Mg, está localizado o Museu, onde encontram-se as relíquias de Pe. Júlio Maria De Lombaerd(foto), Fundador da Congregação dos Missionários Sacramentinos de Nossa Senhora. Em visita ao Seminário Apostólico Pio 11, onde estão seus pertences, Pe. Geraldo Magela Mairynk-Superior Geral SDN, ao ser entrevistado por Solange Malosto-Repórter e apresentadora do Programa Raízes, pôde mostrar com exclusividade, parte da vida Sacerdotal do Fundador da Congregação, desde sua chega a cidade, até sua morte em um acidente automobilístico.
Pe. Júlio Maria De Lombaerd nasceu dia 7 de Janeiro de 1878 na aldeia de Beveren, município de Waregem na Bélgica. Foi batizado dia 8 de janeiro, apressadamente, pois nasceu doentio e inspirando cuidados.
Dizia-se francês e falava com orgulho do povo vivo, espirituoso, guerreiro e inteligente que eram os franceses, aliás pátria de São Luís. “Quero ter o santo orgulho de saber bem a minha língua”, dizia ele.
Júlio Emílio filho de José De Lombaerde e Sidônia Steelandt, era o primogênito de 8 irmãos, dos quais morreram sete de crupe, antes dos 7 anos, escapando apenas ele e o 9º irmão, chamado Aquiles, que também se tornou missionário.
Seu pai descendia de família militar emigrante de Lombardia. Homem simples, trabalhador e muito alegre. Gostava de livros e era habilidoso carpinteiro. Morreu de úlcera no estômago em 19/09/1890. Sua mãe era flamenga, descendente de holandeses, gênio expansivo e alegre. Quando menina quis entrar para o convento como sua irmã, mas acabou se casando e tornou-se mãe aos 30 anos. Quando enviuvou, protestara não mais casar-se, mas com a decisão dos filhos de abraçar a vida religiosa, resolveu e casou-se com Charles Callens.
Padre Júlio Maria passou a infância em Waregem onde fez o curso primário. Sua formação pré-primária foi feita por religiosas num jardim de infância da cidade. Foi lá que despertou a vontade de ser missionário.
Pe. Júlio Maria estava no auge de seu trabalho de missionário paroquial na França, Bélgica e Holanda, com grandes planos que incluíam seminários para os jovens que procuravam a Congregação da Sagrada Família, muitos roteiros missionários, e a redação e publicação de uma série de livros sobre Nossa Senhora e a maneira de serví-la, quando, sem ele esperar, sem explicações, aparentemente sem razão plausível, ele teve de interromper tudo o que estava fazendo e vir para o Brasil. Seus Superiores religiosos, por motivos que ele nunca soube exatamente quais eram, resolveram enviá-lo para as missões amazônicas. Não seria ele, tão convicto de seu voto de obediência e do mistério da Divina Providência, que iria questionar a ordem recebida ou pedir satisfações. Encerrou o que estava fazendo, desfez os compromissos que ainda viriam, arrumou as malas e zarpou para o desconhecido. Não conhecia a língua portuguesa, não sabia praticamente nada sobre o país, não havia sido preparado para a nova missão… mas entregou-se às mãos de Deus e Nossa Senhora. E veio. Despediu-se dos dirigidos e alunos, foi dar um abraço aos familiares, especialmente a Aquiles, o irmão mais novo e embarcou no dia 25/09/1912, junto com os padres Scholl e Burgard e mais dois irmãos religiosos: Micael e Ambrósio.
Foi quase um mês de viagem. Chegaram a Recife dia 15/10/1912. Grande era a apreensão dos cinco “heróis”, sem conhecer a língua, sem saber nada dos costumes da terra, missionários despreparados. Pe. Júlio Maria “aprendeu” a língua “só Deus sabe como”. (É bom dizer que, depois, reaprendeu-a, e falava e escrevia bastante bem e com absoluta fluência o português, apesar do sotaque às vezes pesado, que não impedia, entretanto, que o povo o entendesse perfeitamente bem.) Antes de partir para Belém, de onde iria para Macapá, seu destino final, passou dois meses e meio em S. Gonçalo, a 15 km de Natal, RN, onde trabalhavam os Padres Paulsen e Belchold, velhos companheiros e irmãos de hábito – quer dizer, de Congregação. Aí aprendeu mais ou menos a falar português e alguma coisa dos costumes da missão. Foi, então, para Belém, PA. (Naquele tempo, Macapá pertencia ao Pará.) Em Belém, ficou hospedado algum tempo com os padres barnabitas (franceses), com quem pôde refazer e completar o curso de português e aprender algo mais sobre o Brasil e seu povo.
Em 27/02/1913, desembarcou afinal em Macapá, onde foi recebido amigavelmente por dois outros irmãos de hábito e bons companheiros, o Pe. José Lauth e o Pe. Hermano. Começou logo seu trabalho. Ele viera para “salvar almas”, e era isso mesmo que ele queria fazer. Mas o povo era muito pobre e necessitado de quase tudo em termos de saúde, de instrução, de alimentação. Muita malária, úlceras, gripes, pneumonia… Como o Pe. Júlio tinha certo conhecimento de medicina, começou, juntamente com o trabalho religioso de evangelização, a cuidar também dos corpos, das necessidades materiais das pessoas. Conseguiu tanto que se tornou um ídolo do povo. O Prefeito e outras pessoas importantes da cidadezinha solicitaram ao governo e obtiveram um decreto que outorgava ao Pe. Júlio Maria a administração da farmácia e do posto médico de Macapá. Isto abriu para o missionário as portas das casas de família. E sua presença era tão boa que se tornou amigo e conquistou a simpatia de todos. Ia freqüentemente às escolas e era “adorado” pelas crianças. Em 02/05/1913, foi nomeado, por decreto do Governo do Pará, diretor das Escolas Reunidas, “com todos os direitos e privilégios”, inclusive os vencimentos do cargo. Desse modo, ele era o médico, o farmacêutico, o mestre-escola, o amigo e pai dos pobres, o encanto das criancinhas.
Paralelamente a tudo isso, ele rezava muito, administrava os sacramentos, celebrava a missa todos os dias e catequizava. Dava catecismo, de manhã, para as crianças; de tarde, para os jovens e, de noite, para os adultos. Em seu trabalho missionário, visitou vários lugares da Amazônia, foi até ao Tumuc-Humac. Ficava embevecido com a majestade da floresta, mas passou muitas dificuldades. O grande companheiro e amigo era o caboclo Canoza. Rústico, mas fiel, corajoso e conhecedor dos segredos da floresta, era o guia nas caminhadas, defendia os missionários. Salvou o Pe. Júlio num desastre de canoa e, outra vez, matou uma onça brava que investiu contra os padres. À noite, dormia ao pé das redes dos missionários, pronto para levantar-se ao primeiro chamado. Era o sacristão do guarda vigilante, o amigo de todas as horas.
Em Macapá, preocupado com tantas crianças abandonadas e “tanta inocência perdida” (o abuso sexual contra menores não é de hoje, infelizmente); sofrendo com tanta infelicidade precoce, Pe. Júlio resolveu arranjar Irmãs que cuidassem da educação e formação geral dessa meninada. Bateu em muitas portas, mas não encontrou nenhuma Congregação feminina que pudesse ir para lá. Então, de repente, veio-lhe a ideia de que, se nenhuma Congregação podia ir para lá, por que não fundar uma Congregação nova, com gente de lá mesmo? Havia uma pobreza enorme de pessoal, mas “para Deus nada é impossível” – pensava o Pe. Júlio. Daí nasceu a Congregação das Filhas do Coração Imaculado de Maria. Era o ano de 1916. Por enquanto, as Irmãs formavam um Pio Sodalício, mas com ideal definido, “Constituições” e regra de vida escritas pelo Pe. Júlio, que se transformou em “mestre espiritual”, que vivia, juntamente com aquelas primeiras candidatas à vida religiosa, uma espiritualidade forte, fortemente marcada pelo Coração de Maria. A Congregação seria um dia aprovada pela Santa Sé, mas até lá, muito sofrimento, muita incompreensão. Por causa da sua ousadia, Pe. Júlio teve de sofrer muito. “Foi crucificado vivo”, diz um de seus biógrafos. Ele não se queixava, não costumava desabafar. Mas, informações posteriores à sua morte, afirmam que, naqueles anos, sua vida se transformou num verdadeiro martírio, apesar do desenvolvimento da Congregação. Talvez como um preço disso mesmo.
Aos sofrimentos morais, acrescente-se a morte de uma das Irmãs, doenças de outras, doença do próprio Fundador que teve de ficar um ano e meio de repouso por causa da sezão e de feridas grandes e graves numa das pernas. Pe. Júlio, porém, interpretava tudo isso como fatos e provações providenciais, que serviam para a formação das suas religiosas. Na medida mesmo desses padecimentos, ia florescendo, como nunca, o amor a Jesus sacramentado, o espírito de oração e o amor ao sacrifício. Foi dentro dessa situação que nasceu uma alma santa, filha do coração abrasado do Pe. Júlio Maria e que foi uma bênção para a jovem Congregação: a Irmã Celeste. Viveu apenas dois anos dentro da comunidade religiosa, mas deixou um exemplo de espiritualidade inapagável, de amor e sacrifício, de doação de si, de generosidade e fortaleza. O Pe. Júlio atribuía à intercessão da Irmã Celeste a cura miraculosa das feias feridas, que nenhum remédio conseguia sarar, de sua perna. Cura efetuada da noite para o dia. Literalmente, da noite para o dia, depois de recorrer fervorosamente à intercessão de sua querida filha espiritual.
De qualquer maneira, uma epidemia de febres assolou Macapá, matando em poucos meses, várias irmãs e alunas do Colégio. Por causa disso, decidiu-se mudar as Irmãs e o Colégio de Macapá para Pinheiro, a 36km de Belém. Colégio e Congregação se desenvolveram e três anos depois, já podiam viver por conta própria, já não precisavam tanto do Fundador fisicamente junto delas. Desde então, o Pe. Júlio resolveu concluir seus planos: fundar uma Congregação masculina de padres e missionários. Conseguiu, com muita luta e paciência, a necessária autorização do Conselho de sua Congregação de origem e começou a dedicar-se mais integralmente aos planos da nova obra. Buscou um Bispo que acreditasse nele e na obra que queria fazer. Encontrou Dom Carloto Távora, Bispo de Caratinga, MG, e rumou para o Sul. Com viagem marcada e tudo preparado, eis que seu Superior lhe pede que fique um tempo no Nordeste, em Alecrim (Natal, RN), de onde se transferia o Pe. Theodoro Kok para Pinheiro, que iria cuidar da Congregação fundada pelo Pe. Júlio Maria. Sempre obediente, Pe. Júlio permaneceu em Alecrim, na paróquia, de setembro de 1926 a fevereiro de 1928. Em 29/02/1928, Pe. Júlio Maria embarca, afinal, para o Rio de Janeiro, onde se encontrou com Dom Carloto que o recebeu com o maior respeito e carinho e o levou para Caratinga. Pe. Júlio recusou a oferta de paróquias em cidades mais importantes e maiores. Fez questão de escolher Manhumirim, na época uma cidade pequenina, modesta, embora na Zona da Mata mineira, rica em café. Manhumirim lembrava ao Pe. Júlio a pequenez e o anonimato de Grave, na Holanda, onde o Fundador de sua Congregação, que ele amava tanto, quis começar a fundação. Ótimo lugar para uma instituição que precisava de aprender a amar e viver a pobreza e a humildade.

Pe. Júlio chegou a Manhumirim dia 24/3/1928. Hospedou-se com o Pe. La Barrera, vigário da cidade. Havia uma igreja nova em construção, construção que se arrastava havia longos anos. A vida paroquial, como um todo, ia no mesmo ritmo. O velho vigário, já cansado, não podia fazer muita coisa. Pe. Júlio ficou ali, procurando conhecer a situação, observando e aprendendo. Limitou-se, durante um mês e pouco, antes de tomar posse, a celebrar a missa, observar as coisas, planejar. A posse aconteceu em fins de abril. Apaixonado por Nossa Senhora, quis marcar sua entrada na paróquia com um Mês de Maria vibrante, piedoso e muito bonito. Pediu que se improvisasse no interior da igreja nova, ainda em construção, um altar para coroação de Nossa Senhora. Movimentou as crianças e as famílias, que se sentiam renovados com a nova liderança paroquial. Os festejos entusiasmados em honra de Maria Santíssima preocuparam os protestantes, numerosos na cidade e no município, que reagiram, espalhando entre o povo um folheto contra o culto a Maria. Pe. Júlio resolveu aproveitar a ocasião e dar uma resposta séria e firme, baseada na teologia e na Bíblia. Usou para isso o jornal da cidade. Católicos e protestantes notaram logo que estavam diante de um líder, que não apenas fazia festas e celebrava missas, mas que tinha cabeça, tinha poder de fogo intelectual, manejava com segurança e facilidade a palavra escrita. Todos perceberam sua envergadura. Os católicos vibravam. Os protestantes sentiram o peso da mão do novo pároco e missionário.
Não eram tempos de ecumenismo, infelizmente. Eram, antes, tempos de polêmicas e anátemas. Em Manhumirim, as posições se definiram e se antagonizaram. Quem era católico, começou a ser mais firmemente católico; quem era protestante, maçom, espírita teve de se decidir. Não era mais possível ser católico e espírita, católico e maçom. Os protestantes, aliás, sempre foram claramente protestantes. Estávamos diante de um catolicismo militante, aguerrido. Certamente, houve nisso coisas boas e más. Não nos compete aqui nenhum julgamento histórico. Mas é certo que o Pe. Júlio expressava bem uma posição que era a de grandes homens de Igreja naquele tempo, como o Pe. Leonel Franca, S.J. Era preciso – continua sendo preciso – catequizar os católicos, mostrar-lhes sua Igreja, as razões de sua fé e de sua esperança, de modo que eles pudessem decidir-se esclarecidamente, em moral e em doutrina.
O jornal de Manhumirim não queria desagradar nem ao padre, nem aos protestantes. Seu diretor pediu ao Pe. Júlio que escrevesse sobre outras coisas. O Pe. Júlio, porém, achou que os ataques protestantes ao culto de Nossa Senhora tinham sido espalhados entre os católicos e não podiam deixar de ser respondidos. Foi então que resolveu fundar um jornal e um jornal combativo, a que deu o nome de O LUTADOR. O primeiro número saiu em 25 de novembro de 1928 e nunca mais deixou de ser editado. As lutas de O LUTADOR variaram nesses 72 anos, mas ele sempre lutou por algumas causas fundamentais para o Reino de Deus. Com linguagens diferentes, com enfoques diversos, mas sem perder de vista a meta final, os objetivos básicos.
Tanto trabalho e tanta dedicação marcaram suas Congregações assim como a população da paróquia. Mas, por outro lado, iam-lhe desgastando a saúde. Não era velho. Tinha apenas 66 anos. Estava longe de dar mostras de decrepitude. Entretanto, em 1944, começou a falar da morte próxima. Começou a preocupar-se com a sucessão. Resolveu ir preparando melhor aqueles que poderiam continuar sua obra. A Congregação, porém, era muito nova: tinha apenas 15 anos e começara do nada. De qualquer maneira, o Fundador dizia aos noviços antes do último retiro pregado à comunidade (de 11 a 19/12/1944): “Quero fazer um ano de preparação para a morte. Sinto que não irei muito longe.” Fazia, então, frequentemente, menção à morte e ao céu. Cinco dias antes de morrer, eram indescritíveis os carinhos paternais e a expansão com que tratava seus filhos espirituais.
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Foto de Pe. Júlio Maria em procissão pelas ruas de MANHUMIRIM
No dia 24 de dezembro de 1944, domingo, celebrou a missa das 5h 30min na Matriz do Bom Jesus, Manhumirim, estimulando todos a uma fervorosa comunhão naquela noite do nascimento de Nosso Senhor. Lá pelas 7h, partiu de automóvel para a fazenda S. José, em Vargem Grande, propriedade que ele adquirira recentemente para ajudar na manutenção do Seminário. Viajaram com ele três Irmãs Sacramentinas que iam conhecer o local de uma futura residência e escola, para as crianças da Vargem Grande. Um dia dedicado ao trabalho pastoral e à preparação da nova casa das Irmãs.
À tarde, quando ia voltar para Manhumirim, o tempo chuvoso e a estrada de terra escorregadia não aconselhavam que fizessem a viagem. Ele, porém, achava que deveria ir, por ser véspera de Natal, e ele iria celebrar a missa da meia-noite. Saiu apesar do risco. Provavelmente não avaliasse o tamanho do perigo, porque não era motorista e andava muito pouco de carro. O motorista, por sua vez, era jovem e inexperiente e não teve coragem de enfrentar a ordem do Pe. Júlio Maria, que fez questão de descer a serra. Aconteceu o desastre, o carro capotou duas ou três vezes na ribanceira e o Pe. Júlio ficou preso entre a ferragem do automóvel e um tronco de árvore. Os outros passageiros e o chofer não sofreram praticamente nada, fisicamente. Mas o padre não conseguiu libertar-se, e, comprimido, ia sendo sufocado, sem ar. Resistiu ainda algum tempo, pedindo que providenciassem alguém que o pudesse tirar dali: “Depressa, depressa, minha filha!” – dizia ele a uma das Irmãs. Mas o socorro veio tarde demais. E ele morreu, pronunciando estas palavras: “Meu Deus, meu Deus! Nossa Senhora do Carmo! Meu Deus!”
Ficou o exemplo de sua vida. Entre as muitas coisas que realizou, certamente sobressai o jornal O LUTADOR, que ele amou tanto e ao qual deu parte substancial de sua vida nos anos de Manhumirim, e a Editora que daí nasceu.
(Este texto é parte de uma resenha, e um rearranjo do livro “Pe. Júlio Maria, sua vida e sua missão”, de Dom Antônio Afonso de Miranda, o primeiro religioso da Congregação do Pe. Júlio Maria escolhido para ser bispo, hoje Bispo Emérito de Taubaté, SP, e que foi o primeiro biógrafo do seu Fundador.)
Veja com exclusividade, vídeo com Documentário do Museu Pe. Júlio Maria De Lombaerd, reportado por Solange Malosto:
(Texto e reportagem transcritos integralmente do site http://www.programamaoamiga.com.br/ publicado originalmente em 17/03/2010.)
Reportagem: Teógenes Nazaré- TV Catuaí-Manhuaçu MG.

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