Tereza da Conceição Serra e Silva (1860–1940) atravessou, em silêncio e devoção, décadas decisivas da história de Macapá.
Matriarca da tradicional família Serra e
Silva, foi esposa de João Câncio e mãe de Emanuel Serra e Silva e de José Serra
e Silva – este último viria a ser nomeado prefeito de Macapá, o que reforça a
presença pública da família na vida política e social da cidade.
Moradora
da Passagem Rio Branco, nº 18, Dona Tereza circulava entre o espaço doméstico e
a vida religiosa com igual intensidade. Integrante da Congregação do Sagrado
Coração de Jesus, fundada pelo Padre Júlio Maria Lombarde, encontrava na fé
católica o eixo de sua atuação comunitária. Em uma Macapá ainda pequena, com
forte espírito de vizinhança e poucas referências religiosas formais, sua
presença ajudava a fortalecer práticas de devoção e solidariedade.
O gesto
que marcaria de forma definitiva seu nome na memória da cidade aconteceu em
1934. Naquele ano, ao doar à Igreja Católica e à Intendência Municipal a imagem
de Nossa Senhora de Nazaré – então a única existente em Macapá – Dona Tereza
permitiu a realização da primeira procissão do Círio de Nazaré no município. A
partir dessa oferta simples e profunda, Macapá passa a inscrever-se no roteiro
amazônico de devoção mariana, conectando-se à tradição iniciada em Belém ainda
no século XVIII.
Mais do
que um ato isolado, a doação da imagem revela um traço de sua personalidade:
religiosidade firme, generosidade discreta e consciência do valor simbólico
daquele gesto para a comunidade. A procissão, que nasceria modesta,
tornar-se-ia ao longo das décadas uma das celebrações mais significativas da fé
popular macapaense.
Tereza da
Conceição Serra e Silva faleceu em 1940, mas sua trajetória permanece como
referência de fé vivida no cotidiano, de comprometimento com a cidade e de
pioneirismo feminino em um tempo em que os registros oficiais privilegiavam
quase sempre as figuras masculinas. Ao lembrar Dona Tereza, o blog “Porta
Retrato” resgata não apenas a história de uma família tradicional, mas também a
memória de uma mulher cuja devoção ajudou a moldar a identidade religiosa de
Macapá.
Fontes: –
Totem informativo instalado na Praça do Largo dos Inocentes - Formigueiro,
projeto de revitalização da Prefeitura Municipal de Macapá, 2025.
Fonte memorial: Neto – jornalista João Silva


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