A
Briga do Século no Laguinho: Psil vs. Miguelão
(*)
João Ataíde Santana
No
coração do bairro do Laguinho, entre tambores, causos e cervejas
geladas, aconteceu o que muitos chamam até hoje de a briga do século. Os
protagonistas? Dois ícones da malandragem e da resenha local: Psil e
Miguelão.
Miguelão era conhecido pela boca afiada e
pelas piadas de duplo sentido, sempre com uma tirada pronta na ponta da língua.
Já Psil era o típico preto malandro, no melhor sentido da palavra – daqueles
que sabem sair de qualquer situação com elegância (ou quase).
Certa
tarde, Miguelão chegou ao famoso bar do Tio Duca, sentou-se de
costas para o bar e de frente para a rua. Pediu uma cerveja e, sem perder a
oportunidade, soltou mais uma das suas piadas, zoando o Psil que estava
por ali. Mal sabia ele o que o esperava.
Psil, ferido no orgulho e sempre pronto
pra uma boa travessura, esperou a distração do rival. Aproveitou o momento,
veio por trás e pá! – um tapão pelas costas que fez Miguelão cair da
cadeira sem saber de onde tinha vindo a pancada. Atordoado, olhou para os lados
tentando entender o que tinha acontecido. A galera do bar, claro, caiu na
gargalhada.
Enquanto
isso, Psil já tinha sumido. Pegou um táxi, deu a volta no quarteirão e,
no momento em que Miguelão começava a juntar as peças e alguém soprou o
nome do autor da proeza, eis que o carro para bem na frente do bar. Psil
baixa o vidro calmamente e solta a pérola:
— “Deite
e dartiei de novo!”
E sumiu
como fumaça, deixando o bar em estado de euforia.
Dizem por
aí que o Miguelão, tempos depois, teve sua revanche. Pegou o Psil
em uma roda de samba, num momento de descuido, e fez dele ventríloquo — mas
essa parte da história ninguém confirma com muita certeza. No Laguinho, a
verdade sempre vem temperada com um pouco de exagero e muito bom humor.
Publicada no Facebook
(*) João
Ataíde Santana, de Macapá e filho de pais quilombolas, é graduado em História.
Professor, militante do movimento negro e Hip Hop, foi conselheiro estadual de
educação e publicou um livro sobre Hip Hop.
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