terça-feira, 15 de abril de 2025

MEMÓRIAS DE UMA MACAPÁ DE OUTRORA: HISTÓRIAS DO LAGUINHO

PSIL                          X                      MANELÃO

A Briga do Século no Laguinho: Psil vs. Miguelão

(*) João Ataíde Santana

No coração do bairro do Laguinho, entre tambores, causos e cervejas geladas, aconteceu o que muitos chamam até hoje de a briga do século. Os protagonistas? Dois ícones da malandragem e da resenha local: Psil e Miguelão.

Miguelão era conhecido pela boca afiada e pelas piadas de duplo sentido, sempre com uma tirada pronta na ponta da língua. Já Psil era o típico preto malandro, no melhor sentido da palavra – daqueles que sabem sair de qualquer situação com elegância (ou quase).

Certa tarde, Miguelão chegou ao famoso bar do Tio Duca, sentou-se de costas para o bar e de frente para a rua. Pediu uma cerveja e, sem perder a oportunidade, soltou mais uma das suas piadas, zoando o Psil que estava por ali. Mal sabia ele o que o esperava.

Psil, ferido no orgulho e sempre pronto pra uma boa travessura, esperou a distração do rival. Aproveitou o momento, veio por trás e pá! – um tapão pelas costas que fez Miguelão cair da cadeira sem saber de onde tinha vindo a pancada. Atordoado, olhou para os lados tentando entender o que tinha acontecido. A galera do bar, claro, caiu na gargalhada.

Enquanto isso, Psil já tinha sumido. Pegou um táxi, deu a volta no quarteirão e, no momento em que Miguelão começava a juntar as peças e alguém soprou o nome do autor da proeza, eis que o carro para bem na frente do bar. Psil baixa o vidro calmamente e solta a pérola:

— “Deite e dartiei de novo!”

E sumiu como fumaça, deixando o bar em estado de euforia.

Dizem por aí que o Miguelão, tempos depois, teve sua revanche. Pegou o Psil em uma roda de samba, num momento de descuido, e fez dele ventríloquo — mas essa parte da história ninguém confirma com muita certeza. No Laguinho, a verdade sempre vem temperada com um pouco de exagero e muito bom humor.

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(*) João Ataíde Santana, de Macapá e filho de pais quilombolas, é graduado em História. Professor, militante do movimento negro e Hip Hop, foi conselheiro estadual de educação e publicou um livro sobre Hip Hop.

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