A fotografia
publicada hoje no Porta-Retrato nos devolve um pedaço precioso da história de
Macapá, e revela uma vasta área verde e alagada, situada na continuação da
Avenida Feliciano Coelho, no ponto em que se encontra com a Rua Tiradentes, no
bairro do Trem.
O registro chegou até nós pelas mãos do amigo José Jair, filho do senhor Aprígio Marinho de Souza, barbeiro do histórico Macapá-Hotel.
A imagem, feita entre 1959 e 1960, captada dos altos
da conhecida curva da Santa Maria, retrata um tempo em que a área permanecia
alagada, de terrenos encharcados e poucas casas, onde famílias simples viviam
em estreita adaptação às condições do lugar. Mais do que um registro
fotográfico, ela guarda a memória de um espaço em transformação, revelando a
força cotidiana de quem construiu sua história em meio às adversidades do
ambiente.
Antes de ser
aterrada, essa região era chamada informalmente de Baixada do Adonias. Ao fundo é vista a´área o Remanso. Com o
tempo, foi incorporada ao bairro Santa Inês, acompanhando o ritmo de
transformação e crescimento da cidade.
Moradores
antigos lembram ainda que o lugar recebeu outros nomes, como Baixada da
Crisonta e Baixada do Jagunço, apelidos que guardam a memória das famílias que
ali viveram e deixaram suas marcas.
Em primeiro
plano, surge a casa de Dona Quiquita, mãe de José Penha — o inesquecível Zé
Crioulo, músico de talento ímpar, cuja memória ainda ecoa na cultura amapaense.
Com o passar
das décadas, a paisagem mudou por completo. Onde havia água e lama, vieram o
aterro, o saneamento e, por fim, a urbanização. O espaço transformou-se, mas
deixou para trás lembranças que hoje sobrevivem apenas em registros como este.
Agradecemos
de forma especial à Familia Marinho de Souza, pelo compartilhamento dessa fotografia de arquivo.
Com autorização de José Jair e, com o auxílio de recursos de inteligência
artificial, as pessoas que apareciam na cena foram removidas, preservando
apenas o cenário de fundo — gesto que reforça o valor histórico do registro ao
destacar a memória da área retratada.
Mais do que
uma fotografia, trata-se de um testemunho da memória coletiva. Uma ponte entre
lugares, pessoas e histórias, que preserva as raízes da capital e nos ajuda a
compreender o quanto Macapá mudou ao longo de sua trajetória.
Créditos foto: Família Marinho de Souza