(Foto: Reprodução)
O Pioneiro Arinaldo Gomes Barrreto nasceu em 1939, filho de
Luiz Gomes Barreto e Evença Gomes Barreto. Era pai do ex-Deputado Estadual e Vereador recém-eleito - Lucas
Barreto e de José Cantuária
Barreto, o Zeca Barreto, Promotor de Justiça do Amapá e blogueiro e também irmão da professora e artista plástica Nina Barreto Nakanishi, entre outros.
Zeca Barreto conta que seu pai “era um homem simples, filho de
nordestinos e, como não podia ser diferente, não levava desaforos para casa.
Costumava receber amigos para um bom papo e passava horas conversando e se
esquecia do tempo.”
“Era um homem cheio de vontade de viver. Sua inteligência, seu senso de
humor inconfundível e sua sinceridade, eram dignos de causar vergonha a quem o
acompanhava. Ele não conseguia mentir, tampouco fingir, simplesmente falava,
contrariando o que ele sempre nos ensinava: “pense tudo quanto fale e não fale
tudo quanto pense”. Ele falava tudo o que pensava, sem rodeios.”
“Tinha muitos amigos da sua difícil infância quando a família mudou para
Macapá. Ainda era criança, apenas 5 anos, sem pai, que morrera precocemente, e
pouco tempo depois, já ajudava na venda de pirulitos de maracujá que “Vó
Evença” fazia.
(Foto ilustrativa/Google images)
Colocava tudo numa tábua perfurada, pregada na ponta de um cabo
de vassoura, e saia para vender com seu inconfundível bordão: “Olha o pirulito
que bate-bate, pirulito que já bateu, quem gosta de mim é tua mãe, quem gosta
da tua mãe sou eu!”. Era o Arinaldo, piruliteiro,...”
Os amigos
de Arinaldo, daquela época “ainda se
lembram das gozações e de quão bom ele era de peteca (bolinhas de gude). Era
campeão e ganhava tudo, latas e latas, que também vendia para quem perdia. Mas,
já adulto, sua principal diversão era a pescaria e tinha uma lista pronta com
tudo o que deveria levar nas suas viagens para não esquecer de nada, inclusive
os temperos para a comida. O grande problema era a “divisão” (como ele falava)
do produto da pesca com quem era ruim de linha. Dizia: “esse parceiro é só
blefe e eu ainda tenho que dividir por igual!”, seguido de uma gargalhada. Pura
gozação!”
“Tinha verdadeira fixação por leitura e era muito bem informado. Passava
horas lendo suas revistas e livros, principalmente de medicina veterinária, e
discutia com os profissionais da área que davam assistência técnica na sua
fazenda, empreendimento que era referência por ser a primeira a criar gado
holandês puro no Amapá e a única que tinha ordenha de leite totalmente
automatizada a vácuo, sem qualquer contato manual. Orgulhava-se de dizer que
tudo o que possuía havia sido obtido com o esforço de uma vida de trabalho
honesto.”
Arinaldo
Barreto trabalhou por longos anos na Radional, que localizava-se em uma das
casas na esquina da Av. Mendonça Furtado com a rua General Rondon no centro de
Macapá.
Por ser
técnico em eletrônica, participou da equipe que integrava a Sociedade Anômima Técnica
de Rádio do Amapá – SATRA, que fundou a ZYD-11 - extinta Rádio Equatorial deMacapá, segunda emissora de amplitude modulada do Amapá, que foi fechada pelo Governo Militar, em
1964. Após o fechamento da Equatorial, Arinaldo participou da primeira equipe
que criou a Rádio Educadora São José de Macapá, terceira emissora de AM, de
Macapá, que tinha como acionista maior a Prelazia de Macapá.
Zeca Barreto assegura
que seu pai “era um homem íntegro e de uma só palavra. Durante anos fiz a
contabilidade da pequena loja de eletrônica que tínhamos (a Magnaton) e lembro
que ele nunca pagou uma conta com atraso. Era extremamente cuidadoso com os
seus negócios e tinha verdadeira aversão a dívidas, tanto que nunca tomou
dinheiro emprestado em banco e sequer financiou os carros que possuía. Aplicava
o dinheiro e quando já tinha o suficiente comprava à vista. Às vezes discutia
com ele sobre isso, já era Economista, tinha uma visão diferente, mas era a
forma como ele tratava os negócios e eu respeitava.”
“Meu pai era o mais novo de dez filhos e foi o primeiro a partir, aos 55
anos de idade no dia 6 de abril de 1995.
Foi uma dor que parecia não ter fim, quase insuportável para todos nós,
sobretudo para a mamãe que parece nunca ter superado a sua partida. Sofri muito
e até abandonei o curso de Direito por seis meses por não conseguir me
concentrar. Foi muito difícil, pelo seu sofrimento que o Lucas, minha mãe e eu
acompanhamos de perto durante os quatro meses de tratamento. Mas deixou o Delmir,
meu irmão mais novo, sua cópia fiel, para que nos lembremos sempre da sua
presença.”
Adaptação
do texto de Zeca Barreto (*)
(*) José
Cantuária Barreto (Zeca Barreto) - Promotor de Justiça do Amapá e blogueiro - é
filho de Arinaldo Gomes Barreto.
Texto
original sob o título “Saudades
de filho”, postado no domingo, 14 de agosto de 2011 no blog “Meu
Pirão Primeiro” by Zeca Barreto.
(Última atualização dia 17/nov/2012)
Lázaro. Obrigado pela lembrança do meu querido e amado Pai e pela referência ao blog. Reconheço que fiquei lhe devendo algumas informações após a conversa que tivemos pelo telefone, pelo que lhe peço sinceras desculpas. É que estive ocupado com a obra da minha casa e acabei sem tempo para procurar fotos com a minha mãe que, diga-se, ficou muito feliz ao saber da sua lembrança.
ResponderExcluirGrande abraço.
Confirmo exatamente tudo isso, convivia essa verdade do Tio todos os dias nas minhas ferias.
ResponderExcluirUma madrugada entrou no quato e deixou cair uma tampa de panela nos acordando e falo:
-Oooo, deaculpa!
"Mas ja que acordou vamos pra cozinha conversar"
Pos religiosamente fazia o café e passava manteiga no para para todos os vaqueiros que trabalhavam na fazenda, voltava logo pra casa na na sede da fazenda aos domingos pra assistir globo ruarl ou pesca e CIA.
Otimas lembranças.
Tristi perda, pos convivi todu de perto e realmete sofremos.
Mas suas historias sao as melhores lembrança.
Lembro de uma frase:
" Esse senhor é meu patrao!"
Infalivel pra tirar um sorriso.
Esse era Tio Arinaldo.