sábado, 20 de agosto de 2022

MEMÓRIAS DA MACAPÁ DE OUTRORA: QUINTAL DOS PADRES - UM CELEIRO DE TALENTOS

 No início da década de 1950, centenas de crianças e adolescentes de ambos os sexos, foram atraídos por um importante movimento, implantado pela Prelazia de Macapá, voltado para a Educação, Evangelização e Lazer.

O projeto dessa pastoral era oferecer a prática de esportes, civismo escoteiro, apresentações teatrais, Cruzada Eucarística e Filhas de Maria. As atividades, eram desenvolvidas na área conhecida como "Quintal dos Padres" compreendida por dois espaços: a ala masculina (entrada pelo Largo dos Inocentes) e a ala feminina, cujo acesso acontecia pela avenida Presidente Vargas

No centro ficava o Salão Paroquial Pio XII. Os bancos corridos postados à esquerda da entrada do salão eram reservados aos meninos. À direita ficavam as meninas. 

O Padre Vitório Galliane coordenava os homens. As mulheres agiam sob o comando do Padre Lino Simonelli. No decorrer da Santa Missa, iniciada às nove horas, aos domingos, os cantos tinham o acompanhamento do Padre Vitório, que tocava seu "harmonium", que os meninos chamavam sanfona, o que o deixava irritado. O Padre Lino era um exímio trompetista e também tocava gaita de boca(harmônica). Naquele tempo, o trompete era conhecido no Brasil como Piston, nome rejeitado pelo sacerdote. Entre os meninos, o futebol tinha preferência. Incrível como aparecia moleques de todos os cantos da cidade. 

Era tanta gente boa de bola, que o Padre Vitório Galliane, assessorado pelos Chefes Escoteiros, Humberto Santos e Expedito Cunha Ferro (91), organizava campeonatos equatorianos com bastante criatividade. Os times representados eram da Itália ( Milan, Roma, Internazionale, Fiorentina, Juventus e Nápoles), do Rio de Janeiro e de São Paulo, sempre os mais expressivos. Quase todos os sacerdotes do PIME torciam pela Juventus de Milão. Tanto é, que ao ser fundado o Juventus Esporte Clube, o desejo deles era que o clube usasse camisas com listras verticais brancas e pretas. O anseio não colou, porque o Amapá Clube era mais antigo e suas camisas eram idênticas às do time italiano em questão. Todos os moleques e rapazolas queriam jogar no Juventus. A agremiação tinha o time titular, o aspirante, o juvenil e o infantil. O movimento oratoriano gerou excelentes frutos. Deu aos jovens valiosos ensinamentos éticos e morais. Muita gente oriunda de famílias carentes aprendeu a discernir as coisas boas e as ruins. 

As aulas de catecismo, ministradas pelo Irmão Francesco Mazzolene (o Caterpillar) eram obrigatórias. Assistir missas também. Os jovens com mais idade do que a meninada não eram tão assíduos. Eles precisaram trabalhar cedo para auxiliar os pais e reforçar a renda familiar. A eficiência futebolística dos mesmos despertou o interesse dos mandatários de outros clubes de Macapá. A moeda correspondente a “compra do passe" era um emprego.

Texto original de Nilson Montoril, especialmente adaptado para o blog. Porta-Retrato – Macapá.

Via Facebook

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