A história do carnaval amapaense começa com o fim da Segunda Guerra Mundial, em 1946.
Nessa época, Macapá estava em franco desenvolvimento, com a construção dos primeiros prédios públicos, erguidos pelo governo Janary Nunes, nos primeiros anos do Território Federal do Amapá.
A mão de obra qualificada foi toda importada de outras partes do país, excencialmente do Pará.
(Foto: Reprodução/Imagem de arquivo)
As primeiras obras, como o Hospital Geral de Macapá...,
(Foto: Reprodução/Imagem de arquivo)
... o Grupo Escolar Barão do Rio Branco e a residência oficial, foram responsáveis pela chegada dos primeiros carnavalescos.
Eles deram o tom aos carnavais de rua e ajudaram a fundar os primeiros blocos de sujo, que depois se transformaram nas maiores e tradicionais Escolas de Samba da Macapá antiga: Boêmios do Laguinho e Maracatu da Favela.
Uma parte dos operários chegou da cidade de Belém, onde o carnaval era forte.
Os profissionais de qualidade, como os pedreiros Mestre Bené, José Vagalume dos Santos, Mestre Hollywoody, Picolé e Mestre Fabiano, além de Mané Souza, que era ferreiro e tantos outros, chegaram em Macapá e foram logo mostrando que eram “os bambas”, denominação para quem sabia tudo sobre carnaval.
Eles aproveitavam os intervalos do serviço, pra reunir, traçar planos, das apresentações dos blocos nas ruas da cidade.
Nesses períodos surgiram os blocos de sujo e os ranchos: uma espécie de embrião das Escolas de Samba dos tempos atuais.
(Foto: Reprodução de vídeo/print de tela)
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Os blocos eram os “Bandoleiros da Orgia”(foto)...
(Foto: Reprodução de vídeo/print de tela)
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... e "Os Tricolores da Folia”(foto acima),que se transformaram em “Boêmios do Laguinho” e “Maracatu da Favela”, respectivamente.
Ao final da década de 40 as agremiações passaram a se organizar melhor, com passistas, porta-estandarte e bateria, quesitos obrigatórios para os Ranchos se apresentarem em público.
Mas a ideia esbarrava na falta de um local adequado. Foi quando surgiram os comerciantes que passaram a organizar os eventos. Quase sempre aos finais de semana: aos sábados e domingos.
Essa concentração de pessoas, gerava lucros garantidos aos seus estabelecimentos comerciais.
A primeira batalha de confete – nome em homenagem à época carnavalesca - foi realizada em frente ao Macapá Hotel(foto), que era o “point” da sociedade local. Lá, as recém-criadas agremiações carnavalescas, desfilavam sempre aos sábados e aos domingos gordos, deixando as terças-feiras de carnaval para o desfile dos foliões e blocos de sujos pelas ruas da cidade. Os chamados"caretas" que perambulavam pelas ruas da cidade, levando alegria e descontração.
O crescimento da cidade, e dos próprios blocos e ranchos, fizeram com que surgissem outros locais para apresentação.
Em 1963, com o fim das Batalhas de Confetes em frente ao Macapá Hotel, as agremiações carnavalescas passaram a se exibir em vários pontos,...
(Foto: Reprodução do Jornal Amapá)
... entre eles, uma área interna da Rádio Difusora de Macapá(foto).
Na descida da Cândido Mendes em frente à Farmácia Serrano; no Urca Bar, comércio que ficava na Av. Feliciano Coelho esquina com a rua Eliezer Levy, no bairro do Trem...,
...e no Bar do Barrigudo (Casa Estrela D’Álva), também no bairro do Trem, um comerciante paraense, natural de Salinas de Nome Miguel Nunes(foto), que tinha um bar bastante frequentado pelos foliões; no Laguinho, na Casa Estrela, da família Pinheiro, na esquina da rua General Rondon com Av. Ernestino Borges e no Cacique Bar no bairro Santa Rita, de propriedade da senhora Alice Gorda, que por muitos anos foi a Rainha Momo do Carnaval de Macapá.
O crescimento da cidade também provocou algumas mudanças que, para alguns, já se faziam necessárias, especialmente porque os Ranchos foram transformados em Escolas de Sambas, que apesar de amadoras, eram mais bem organizadas nos seus desfiles. Mas, para outros, o progresso decretou o fim das Batalhas de Confetes.
Surgiram os bailes carnavalescos nos clubes da cidade e com isso, as Batalhas de Confetes começavam a sair do raio de ação dos foliões, e não atraiam mais a atenção dos grandes comerciantes e investidores, que organizavam os desfiles.
Foi então que a Prefeitura de Macapá e o Governo do Território, logo após a Revolução, a partir de 1965, passaram a administrar o carnaval macapaense, concentrando o desfile na Av. FAB, considerada até o final da década de 90, como “a passarela do samba”.
Nota do blog:O amigo e professor (de História) aposentado Lindoval Souza, registrou nos comentários um adendo para lembrar que "a primeira pista para o desfile oficial das escolas de samba e blocos foi a Av FAB mas, bem em frente a escola Barão do Rio Branco, com direito a palanque, arquibancada e uma rampa elevada onde se apresentavam os sambistas escolhidos por cada agremiação, valendo ponto.
(Reprodução)
Lembro bem das performances do grande Falconery(foto) e outros. Era também a época do Luís do apito e vários bambas cujos nomes não lembro mais."
A partir de 1965 as Escolas Maracatu da Favela e Boêmios da Laguinho, que rivalizavam e dividiam as conquistas, ganharam dois adversários de peso: foi fundada a Associação Recreativa Piratas da Batucada, no bairro do Trem, e no ano seguinte, surgiu a Embaixada de Samba Cidade de Macapá, que ficou com os títulos dos dois anos seguintes.
Nota do blog:O amigo e professor (de História) aposentado Lindoval Souza, registrou nos comentários um adendo para lembrar que "a primeira pista para o desfile oficial das escolas de samba e blocos foi a Av FAB mas, bem em frente a escola Barão do Rio Branco, com direito a palanque, arquibancada e uma rampa elevada onde se apresentavam os sambistas escolhidos por cada agremiação, valendo ponto.
(Reprodução)
Lembro bem das performances do grande Falconery(foto) e outros. Era também a época do Luís do apito e vários bambas cujos nomes não lembro mais."
A partir de 1965 as Escolas Maracatu da Favela e Boêmios da Laguinho, que rivalizavam e dividiam as conquistas, ganharam dois adversários de peso: foi fundada a Associação Recreativa Piratas da Batucada, no bairro do Trem, e no ano seguinte, surgiu a Embaixada de Samba Cidade de Macapá, que ficou com os títulos dos dois anos seguintes.
O detalhe é que essas agremiações carnavalescas, foram fundadas por foliões descontentes com a hegemonia que imperava no carnaval amapaense.
O carnaval na Avenida FAB, apesar do amadorismo, passou a ser mais organizado com as Escolas de Samba melhor estruturadas. Mas o local começou a ficar pequeno, devido ao extraordinário crescimento do carnaval, e havia a necessidade de se levar o desfile para um lugar mais amplo e que pudesse suportar a pressão das torcidas das Escolas de Samba.
Aí veio o Sambódromo, outro capítulo importante no Carnaval macapaense.(Texto de Anibal Sérgio)
Texto e algumas fotos reproduzidos do DVD sobre "Batalhas de Confete".
Fonte: Documentário em DVD sobre Batalhas de Confete – Produzido por Bruno Gerônimo com a Co-Produção de Pauta Produções & Publicidade. Uma realização da Prefeitura Municipal de Macapá.
Matéria baseada em informações repassadas pelos carnavalescos José Lino, Pelé da Maracatu, Dona Fifita, Maria Sambista, Domingas Peres, Luzia Peres, Dona Lica, Graça dos Santos, Maria José e Francisca.
(Última atualização em 11/02/2013)