sexta-feira, 15 de março de 2024

MEMÓRIA DA MACAPÁ ANTIGA – TEÓFILO MOREIRA DE SOUZA - UM PIONEIRO DE RAIZ

Nosso biografado de hoje é pioneiro de raiz de Macapá. Cidadão simples, pobre, humilde, mas com valores que o faziam um homem correto, respeitador e de nobres princípios. Foi criado pelo Coronel Sobrinho, de quem era afilhado. Coronel Sobrinho era um fazendeiro no município de Amapá que foi conselheiro e depois Presidente da Companhia de Eletricidade do Amapá, nos anos de 1950.

Numa justa homenagem póstuma a este modesto senhor, o amigo e contemporâneo José Machado conta ao blog Porta-Retrato-Macapá um pouco da vida deste grande e saudoso amapaense. José Machado foi vizinho dele por mais de 30 anos no bairro do Trem, na Av. Cônego Domingos Maltez, próximo ao SESI. Quando o conheceu Machado tinha aproximadamente, uns oito anos de idade. Teófilo e a irmã, foram colegas de trabalho de dona Maria Raimunda Barros Machado - mãe dele - no Hotel Macapá.

TEÓFILO MOREIRA DE SOUZA, nasceu em 2 de novembro de 1915, na vila de São José de Macapá. De família humilde, tradicional, mas com formação moral e religiosa muito forte; desde cedo seus pais incutiram-lhe o valor e o gosto pelo trabalho. Por necessidade de contribuir com a rentabilidade familiar, começou sua vida de labuta ainda adolescente desempenhando várias atividades informais, até conseguir emprego na Indústria e Comércio de Minérios S/A – ICOMI, empresa do grupo CAEMI, que iniciava a exploração das jazidas de manganês no Amapá, e precisava de um grande contingente de mão-de-obra. Alguns anos depois, contraiu matrimônio e optou por um emprego que pudesse estar mais perto da família. Por indicação da sua irmã Raimunda Moreira, que já era funcionária do Macapá Hotel, conseguiu uma vaga como cozinheiro. Com a terceirização do hotel em meados dos anos 60, todos os servidores dentre os quais ele estava incluso, que não tinham vínculo empregatício com o GTFA – Governo do Território Federal do Amapá, foram dispensados. Graças a religiosidade que exerce uma influência determinante sobre as outras esferas da vida social, como a cultura, política e trabalho, não foi difícil conseguir um novo emprego, na então gráfica São José recém-criada. Com a inauguração da Rádio Educadora São José de Macapá em agosto de 1968 - como ambas as entidades eram vinculadas a prelazia de Macapá, Teófilo passou a exercer suas atividades também na emissora, no horário noturno como vigia. Com a desativação da rádio, Diô como era tratado na intimidade pelos radialistas, tendo ingressado na terceira idade e não alfabetizado, sabia da dificuldade que enfrentaria por um novo emprego. Providenciou então sua aposentadoria, pois já tinha tempo suficiente de contribuição previdenciária. Descansar, curtir a família, aproveitar todo o tempo que não pôde, e recuperar os longos anos de trabalho eram algumas das ideias que passavam pela sua cabeça. Porém jamais pensou em se isolar dentro de casa. Diô, era um ser social, as relações interpessoais faziam parte da sua natureza. Manter esses vínculos e laços de amizade estava diretamente em seus novos planos. Por isso, costumava sair pela tarde para tomar um pouco de sol, fazer uma caminhada e visitar os amigos. Segundo sua filha, a socióloga Lúcia Moreira, esses encontros eram muito benéficos psicologicamente. Voltava com um brilho no olhar, muito feliz por haver encontrado os velhos amigos, e a satisfação de colocar a ‘prosa’ em dia e ainda relembrar os bons momentos que viveram em clima de nostalgia.  Ironia da vida – em uma dessas caminhadas para encontrar os amigos dia 1 de novembro de 1989 (DIÔ), sofreu uma parada cardiorrespiratória em via pública e foi internado na UTI do então hospital geral de Macapá vindo falecer dia três de novembro de 1989 de infarto do miocárdio aos 74 anos de idade, no dia seguinte de seu aniversário natalício.

Texto de José Machado – radialista e jornalista do Amapá.

Nota do Editor - Tive a felicidade de conhecer seu Teófilo (Diô) no tempo em que trabalhei na Rádio Educadora São José de Macapá, de 1968 a 1972, quando ele era vigia noturno da emissora. Era uma pessoa muito querida por toda a equipe. Depois que saí da Rádio nunca mais tive notícias dele, somente agora através dessa matéria e das fotos. Tenho boas lembranças! Esta é nossa singela homenagem póstuma, ao grande e saudoso Diô, macapaense de raiz. Deus o tenha! (João Lázaro)

2 comentários:

  1. Mais um resgate, como riscar um palito de fósforo numa caverna escura. Assim seo Diô sai para a claridade das boas lembranças e entra para a imortalidade do porta-retrato.ap. parabéns, Janjão

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