Faleceu à tarde desta terça-feira (23), em Macapá, aos 108 anos, por causas naturais, Josefa Lina da Silva, carinhosamente chamada de 'Tia Zefa', uma das pioneiras das culturas do Batuque e Marabaixo, no Amapá. Um baluarte da cultura do Laguinho.
Fotomontagem: Blog Porta-Retrato
Tia Zefa, com 112 anos, mas registrada com atraso, conta
somente 108 anos. A mulher mais velha do Amapá. Era devota de Santa Efigênia. Viveu
com fé, Paz, alegrias, festeira e com muito amor. Criou os filhos praticamente
sozinha depois da morte do marido Aureliano, mesmo nome do Neck, um dos filhos
dela.
Tia Zefa teve oito filhos; deixa 45 netos, mais de 60
bisnetos e 17 tataranetos. Não sabia ler nem escrever, inclusive nem assinava o
próprio nome, mas foi uma sabedoria que valorizou o respeito e o amor familiar
e cultural no Laguinho, virtude que se disseminou por todo o estado.
O velório começou na residência dela, na Av. Ernestino
Borges, em frente ao Sebrae, e continuou no Centro de Cultura Negra, à rua
General Rondon. O sepultamento aconteceu à tarde da quarta-feira (24). Seu
corpo repousa em Paz no Cemitério São José, no bairro do Santa Rita.
Os governos do estado e do município, em reverência à memória
de Tia Zefa do Quincas, decretaram luto oficial de três dias em todo o
território amapaense e na capital Macapá.
A cantora e compositora dos “ladrões” do marabaixo deu uma
contribuição inestimável e generosa para a cultura amapaense, e deixa um legado
para as novas gerações.
Josefa Lina da Silva – “Tia Zefa”
Por Wank do Carmo
Nasceu em Macapá, em 26 de fevereiro de 1916. Passou toda sua
infância no bairro do Formigueiro, atualmente Central. Teve como vizinha, Mãe
Luzia, a parteira símbolo do Amapá. Foi contemporânea do mestre Julião Ramos e
Raimundo Ladislau. Participou da criação de todos os grupos de Marabaixo
existentes hoje em Macapá. Foi compositora de versos e dançarina deste ritmo.
Na sua juventude, no Governo de Janary Nunes, participou ativamente como
funcionária pública, na estruturação do recém-criado e promissor território
federal. Trabalhou no matadouro da Fazendinha, na roçagem, construção e
manutenção do campo de aviação que ficava localizado na atual avenida FAB, e em
outras atividades no serviço público. Teve a honra de participar da organização
e procissão do primeiro Círio em homenagem a Nossa Senhora de Nazaré realizado
pelo prefeito à época, Eliezer Levy, na década de 30, quando o Amapá ainda
pertencia ao Pará. Tia Zefa, até o dia de sua morte, continuava lúcida e ainda
participava proativamente dos festejos religiosos nas comunidades quilombolas e
dos ciclos de Marabaixo.
Fontes: G1/Édi Prado/Alcinéa Cavalcante/Seles Nafes/Wank do Carmo
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