quarta-feira, 21 de agosto de 2019

Foto Memória de Santana: ORFANATO "SÃO JOSÉ" - EDUCANDÁRIO PIONEIRO DO AMAPÁ

Por Emanoel Jordânio 
Construído em 1949, em Ilha de Santana, foi idealizado pelo padre italiano Simão Corridori para abrigar filhos de famílias carentes que residiam na região. O projeto de implantação dessa entidade deu-se através de algumas visitas feitas pelo padre Corridori por localidades e vilarejos ribeirinhos situados na região amazônica, onde o religioso concluiu a necessidade de uma melhor “infraestrutura” com relação ao setor educacional do povo rural, ou seja, a construção de grupos escolares ampliaria as oportunidades de ensino.
Em abril de 1949, padre Simão Corridori fez sua primeira visita à Ilha de Santana, onde realizou comunhão pascal, procissão e novena, além de casamentos e batizados. A população da localidade chegava em 30 famílias espalhadas, contendo uma escola rural, uma casa de saúde e uma pequena Capela, esta dedicada à Nossa Senhora de Sant’ Anna.
Um pouco afastado dessa povoação que o padre Simão adquiriu uma extensa área de terras da Prelazia de Macapá, onde antes funcionava a antiga Casa dos Padres da Sagrada Família, para ali dar início ao projeto de construção do Orfanato “São José”.
Em 23 de julho de 1949, o jornal “Amapá”, em sua edição 228, publica os Estatutos do futuro Orfanato “São José”, ainda em fase de construção. Em 25 de outubro desse mesmo ano, padre Simão passa a residir fixamente na Ilha de Santana, iniciando de imediato os trabalhos de adaptação do local eclesiástico para o funcionamento da entidade. O local também era conhecido pelos ribeirinhos de “Ponta do Pimental” ou “Santa Maria”.
No início do ano de 1950, já estavam construídos 04 prédios, onde funcionariam o ensino primário, o corpo docente, a cozinha (e a cantina) e uma área para o lazer. Em março desse mesmo ano, 18 órfãos desamparados foram trazidos para o Orfanato, iniciando os trabalhos de cuidados pessoais e morais.
Não demorou para que o local se tornasse uma “cidade” de amparo aos órfãos carentes da região, chegando a acomodar 41 crianças em 1952.
Através desse trabalho de amparo que, em 24 de novembro de 1952, o Orfanato “São José” foi matriculado na Divisão de Educação do Território Federal do Amapá, registrando-se no Conselho Nacional do Serviço Social, sob o nº 3.806 desse dia.
Em dezembro de 1954, pelo menos 45 crianças já estavam no referido Orfanato, o que obrigou o seu primeiro Diretor e fundador, Padre Simão Corridori, a investir na instalação de máquinas de marcenaria, para a produção de moveis, motivando na rápida ampliação de encomendas locais.
Com a lamentável morte de seu fundador (Simão Corridori) – ocorrida em 09 de janeiro de 1957 –, o Orfanato passa a ser dirigido pelo padre Mário Fossati a partir de 29 de julho do mesmo ano. Apesar de um bom trabalho social e a expansão do local para acomodar novos internos, padre Mário viu que a entidade sofria com a carência de recursos para continuar com o tal trabalho.
(Foto: Reprodução /  blog Santana do Amapá)
Em fevereiro de 1961, a Prelazia de Macapá envia o padre Ângelo Biraghi para auxiliar o padre Mário nos trabalhos educacionais do Orfanato, mas observa a carência de internos (que não chegavam a 15) prejudicava a continuação dos trabalhos, o que levou a Prelazia a decidir pelo desmantelamento do Orfanato, onde iniciou, em 04 de maio corrente, a venda dos animais ali criados (gado, ovelhas, galinhas) e posteriormente das máquinas agrícolas e marcenaria, embarcadas no navio “São Raimundo” e levadas para Macapá.
Triste, o “irmão católico” Francisco Mazzoleni foi testemunha da venda desse material do Orfanato, pois, via acabar em nada todo seu trabalho ao lado do padre Simão Corridori desde sua implantação na Ilha de Santana em 1949.
Em 1º de maio de 1962, o Bispo de Macapá Dom Aristides Piróvano arrenda a última casa (um barracão), juntamente com o terreno, onde um dia funcionou o Orfanato “São José”, para o barqueiro Amador Primavera da Silva, apagando, assim, a trajetória de uma das primeiras entidades de ensino da Ilha de Santana.
Texto de Emanoel Jordânio, postado, originalmente, na quarta-feira, 16 de junho de 2010, 
no blog MEMORIAL SANTANENSEe reproduzido integralmente no blog Porta-Retrato.

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