segunda-feira, 16 de junho de 2025

MEMÓRIAS DA MACAPÁ DE OUTRORA – UM EPISÓDIO REAL DA NOSSA MEMÓRIA URBANA

As cidades guardam histórias que muitas vezes passam despercebidas no corre-corre do presente. Mas, quando olhamos com atenção para as ruas, os prédios, os pontos de encontro e até para os silêncios das esquinas, encontramos fragmentos de uma memória viva — que ainda pulsa, mesmo quando esquecida.

Na publicação de hoje do Porta-Retrato-Macapá, convidamos você a revisitar um episódio marcante da nossa memória urbana. Um fato histórico real, vivido por quem fez parte do cotidiano da cidade e que ajuda a entender quem somos, como evoluímos e o que ainda carregamos das experiências coletivas que moldaram Macapá.

Preservar a memória não é apenas olhar para trás: é iluminar o caminho que seguimos adiante.

Macapá, 1951: O cruzamento que virou caso de polícia

No início da década de 1950, Macapá vivia um período de transição urbana e social. 

Hoje Mendonça Furtado com Rua Tiradentes, atrás da igreja matriz.

O desenvolvimento começava a tomar forma com a abertura de avenidas mais largas, como a Mendonça Furtado, ao passo que ruas antigas, como a Travessa Coronel José Serafim, ainda guardavam o traçado estreito da cidade colonial. Nesse contexto de adaptação entre o antigo e o moderno, registrou-se um dos primeiros acidentes automobilísticos oficiais no centro da cidade.

imagem gerada por ia

O fato ocorreu na manhã do dia 7 de outubro de 1951. Domingo. Envolveu um caminhão da casa comercial Leão do Norte, conduzido por Moisés Zagury, e a caçamba nº 60 da Garagem Territorial, dirigida por Sebastião Silva. O acidente aconteceu próximo à igreja matriz de São José, em um cruzamento central da cidade.

Segundo o relato de Moisés Zagury, ele trafegava pela Avenida Mendonça Furtado a uma velocidade de aproximadamente 25km/h quando foi surpreendido pela caçamba que, segundo ele, entrou na contramão pela Travessa Coronel José Serafim, sem sinais sonoros ou uso de freios. O passageiro do caminhão, Casimiro Dias, confirmou que não se ouviu nenhuma buzina e que o uso dos freios pela caçamba poderia ter evitado o impacto.

Sebastião Silva, por sua vez, alegou estar trafegando a apenas 10km/h e ter buzinado diversas vezes antes de realizar a curva. Seu passageiro, Raimundo Rodrigues, confirmou a versão, acrescentando que a buzina foi usada inclusive para espantar um cachorro que estava na via.

A perícia constatou falhas técnicas em ambos os veículos: a buzina do caminhão apresentava defeito e os freios da caçamba estavam comprometidos. O laudo concluiu pela imprudência de ambos os condutores. O delegado ressaltou que, à época, não havia sinalização de mão única nas vias envolvidas, o que exigia redobrada atenção dos motoristas.

O inquérito policial foi arquivado após parecer do promotor interino, que reconheceu a ausência de dolo na conduta dos envolvidos. Cada motorista arcou com seus prejuízos, e o caso foi encerrado.

Este episódio histórico revela não apenas os desafios da condução no trânsito em uma cidade em transformação, mas também o registro vivo de um tempo em que Macapá começava a caminhar para a modernidade.

Hoje, essa história é mais do que um boletim de ocorrência antigo. É um retrato da cidade em transformação — entre o passado pacato e o futuro urbano.

Nota do Editor: Pesquisa e texto original de Michel Duarte Ferraz, museólogo do Tribunal de Justiça do Amapá (TJAP), especialmente adaptados ao blog Porta-Retrato-Macapá, com a devida anuência do autor.

Fonte: Arquivo Geral do TJAP 

sábado, 7 de junho de 2025

ENTRE BALCÕES E MEMÓRIAS > A HISTÓRIA DA PERNAMBUCANA NO AMAPÁ

Pernambucanas em Macapá: A Loja da Marca Olho que Vestiu Gerações

A Chegada das Pernambucanas a Macapá (1949)

A loja Pernambucanas foi um verdadeiro marco no comércio local de Macapá, tornando-se referência para gerações de consumidores. 

Em 1949, registros históricos mostram sua primeira instalação provisória na descida da Rua Cândido Mendes, próxima à tradicional Farmácia Serrano.

Mesmo antes de sua sede definitiva, a loja já atraía os moradores pela variedade de tecidos e produtos do lar, enquanto se construía, nas proximidades, o novo prédio de alvenaria na Praça Veiga Cabral.

O Novo Endereço e a Transformação Urbana

A nova sede da Pernambucanas passou a funcionar oficialmente no sábado, 28 de outubro de 1950, agora na Avenida Presidente Vargas, no trecho entre as ruas São José e Cândido Mendes de Almeida.

Antes da criação do Território Federal do Amapá, em 1943, essa área era um largo corredor que ligava a Praça Capitão Augusto Assis de Vasconcelos (atual Praça Veiga Cabral) ao antigo Largo de São João (hoje Praça Barão do Rio Branco). O local também abrigava o campo do Cumau Esporte Clube, um espaço esportivo muito frequentado, além de sediar as futuras instalações da Agência dos Correios e Telégrafos.

A Solenidade de Inauguração (1950)

Segundo artigo do historiador Nilson Montoril, publicado no Diário do Amapá, às 15 horas daquele dia memorável, o governador interino do Amapá, Dr. Raul Montero Valdez, participou da solenidade de inauguração, acompanhado pelo Sr. Henrique Pehtelsohn, diretor da Lundgren Tecidos S.A. — empresa pernambucana com matriz na cidade de Paulista.

Pehtelsohn fez um breve relato sobre a construção da loja, exaltando a colaboração do governo local e agradecendo ao povo de Macapá, que já conhecia os produtos da marca em viagens a outras cidades, como Belém.

Foram apresentados ao público o gerente da filial, Adaucto Benigno Cavalcante, e o fiscal Armando Drummond. Após as falas, o Dr. Valdez declarou oficialmente inaugurada a loja, e os presentes foram recepcionados com frios, gelados e doces, em um clima de celebração e entusiasmo.

Personagens que Fizeram História

O gerente Adaucto Benigno Cavalcante, natural do Ceará, tornou-se uma figura importante na cidade, participando ativamente de ações beneficentes e sociais. 

Ao seu lado, atuaram funcionários dedicados como Nelson Medeiros e Aquino, reconhecidos por sua atenção ao público.

A “Marca Olho” e os Produtos Queridos

Desde 1913, a Marca Olho garante a originalidade e protege o consumidor das imitações.

Inicialmente, a loja vendia apenas tecidos e roupas, com destaque para as fazendas da famosa “Marca Olho”, cujo logotipo trazia dois losangos com um grande olho ao centro — símbolo de qualidade da Lundgren Tecidos.

As donas de casa de Macapá e das redondezas compravam ali toalhas de banho e mesa, lençóis, colchas, travesseiros, entre outros. Os homens buscavam as elegantes camisas da marca Lunfor.


💳 O Crediário Tentação e o Auge da Loja

Nos anos 1970, a loja passou a vender também tapetes, cortinas, eletrodomésticos, artigos de informática e muito mais.

Com o lançamento do famoso “Crediário Tentação”, os consumidores passaram a utilizar carnês e cartões de crédito, o que aumentou consideravelmente o volume de vendas.


Das Origens Pernambucanas ao Declínio

As Casas Pernambucanas nasceram em 25 de setembro de 1906, fundadas pelo sueco Herman Theodor Lundgren, que chegou ao Brasil em 1885. Inicialmente comerciante de pólvora e fertilizantes, Herman se destacou por sua fluência em línguas e, em 1904, comprou a Companhia de Tecidos Paulista, iniciando sua trajetória no setor têxtil. A primeira loja fora de Pernambuco foi aberta em São Paulo, em 1908.

Entre os anos de 1970 e 1990, porém, disputas entre os herdeiros de Herman afetaram o grupo. Somente o braço paulista, liderado por Arthur Lundgren Tecidos, manteve-se forte e continua até hoje no cenário do varejo nacional.

O Encerramento e o Legado em Macapá

A filial de Macapá, infelizmente, acabou encerrando suas atividades, decretando falência após décadas de atuação. Ainda assim, seu legado permanece vivo nas memórias dos que frequentaram seus corredores, compraram tecidos para costurar roupas de festa ou enxovais e vivenciaram uma era de transformação no comércio local.

A imagem acima, datada de 1997, compartilhada pelo nosso colaborador Rogério Castelo, mostra a fachada da filial das Lojas Pernambucanas em Macapá em seus últimos anos de funcionamento, pouco antes do fechamento definitivo da unidade na capital amapaense. O registro é um raro e valioso documento visual que ajuda a preservar a lembrança de um dos marcos do comércio varejista da cidade. Grato, amigo!


domingo, 1 de junho de 2025

MEMÓRIA ESCOTEIRA: O INÍCIO DO ESCOTISMO NO AMAPÁ

No ano de 1942 e nos anos seguintes, o mundo vivia em plena Segunda Guerra Mundial. O Brasil, até então neutro, viu-se envolvido no conflito após o afundamento de navios mercantes brasileiros por submarinos alemães em águas territoriais nacionais. Essa tragédia resultou em perdas humanas e na interrupção do abastecimento entre o Sul e a região Norte, que ainda não contava com rodovias para facilitar o transporte.

Belém do Pará, cidade natal de José Raimundo Barata, não ficou imune aos reflexos da guerra. Com a entrada do Brasil como aliado dos Estados Unidos, Belém tornou-se uma base estratégica para operações militares. Aviões aliados faziam escala em Macapá, no Território Federal do Amapá, onde os americanos haviam construído uma base aérea — posteriormente transformada na Escola de Iniciação Agrícola do Amapá.


Essa parceria trouxe melhorias estruturais significativas às cidades de Amapá, Belém e Natal, especialmente quanto à infraestrutura dos aeroportos, que foram adaptados para funcionar como bases militares. Além disso, houve aumento de empregos diretos e indiretos, contribuindo para o desenvolvimento econômico local.

Naquela época, Raimundo cursava o segundo ano de Marcenaria numa escola técnica de Belém, que oferecia regime de semi-internato com refeições diárias incluídas. Entre os alunos, havia uma forte união, alimentada pela diversidade social e pelo espírito coletivo de aprendizado. 

Imagem; reprodução internet

Além disso, ele participava do grupo escoteiro católico “São Raimundo Nonato”, vinculado à igreja de mesmo nome no bairro do Telégrafo.

Filho de uma família modesta, Raimundo via seu pai, embarcadiço em uma companhia fluvial, sustentar todos sozinho. Após o falecimento do genitor em abril de 1944, a situação financeira da família se agravou. Para ajudar, sua irmã de criação e sua mãe passaram a vender gêneros alimentícios e lavar roupas para fora, enquanto Raimundo buscava trabalho sem sucesso. 

Foi então que, em abril de 1945, surgiu uma oportunidade inesperada.

Imagem meramente ilustrativa

O chefe escoteiro Glycério de Sousa Marques apareceu em sua casa com uma proposta promissora: recrutar dois jovens para fundar o movimento escoteiro no recém-criado Território Federal do Amapá. O governador Janary Gentil Nunes era um entusiasta das ideias de Baden-Powell e enxergava no escotismo um instrumento de formação cívica e moral.

Raimundo foi indicado ao cargo por ser considerado apto ao perfil desejado e por estar em situação difícil. Antes de assumir a missão, porém, precisou passar por um curso intensivo promovido pela Federação Paraense de Escoteiros, sob a orientação do experiente Chefe Castelo (Gonçalo Lagos Castelo Branco Leão). Ao final dos 90 dias de treinamento prático e teórico, estava pronto para partir.

Em 17 de agosto de 1945, Raimundo Barata e Clodoaldo Nascimento, seu parceiro de missão, embarcaram no Iate "São Raimundo" com destino a Macapá. A viagem foi longa e desconfortável, mas, ao chegarem na manhã do dia 21, iniciavam ali uma nova fase: a implantação do escotismo no Amapá. Apesar das instalações precárias e das dificuldades enfrentadas, os jovens seguiram firmes no propósito, guiados pelo lema escoteiro: "O escoteiro é alegre e sorri nas dificuldades."

Assim, com dedicação e resiliência, José Raimundo Barata tornou-se um dos pioneiros do escotismo no Amapá, contribuindo para a formação de jovens e para o fortalecimento de valores essenciais à sociedade.

O Chefe José Raimundo Barata, hoje (2025) aos 98 anos, embora com problemas de saúde, está lúcido e reside em Belém do Pará.

NOTA DO EDITOR:

Início do escotismo no  Amapá narrado pelo Chefe José Raimundo Barata, um dos pioneiros do Escotismo na região.

terça-feira, 29 de abril de 2025

MEMÓRIA DA EDUCAÇÃO NO AMAPÁ > INSTITUTO DE EDUCAÇÃO - IETA

A Escola Normal de Macapá tornou-se um Instituto de Educação em 1965, sob a gestão do Governador Luis Mendes da Silva, com um projeto que foi desenvolvido pelo professor e sociólogo Alberto de Andrade Uchôa.

Por conta disso, Uchôa detém em seu acervo particular várias imagens que documentam as atividades do IETA

Hoje, destacamos fotos do Governador Luis Mendes da Silva, junto ao professor Uchôa, enquanto observa grupos formados por alunos do IETA, tanto do sexo masculino quanto feminino, organizados em um evento cívico que não foi identificado.

Via Facebook

segunda-feira, 28 de abril de 2025

LEMBRANÇA DOS PIONEIROS DE MACAPÁ > SEU RUBIM ARONOVITCH E DONA DADÁ

Hoje, trago ao Porta-Retrato, um momento de um dos pioneiros de Macapá.

Refiro-me ao Pioneiro da Saúde no Amapá – Dr. Rubim Brito Aronovitch, nascido em Belém do Pará, no dia 9 de dezembro de 1905.

O Dr. Rubim, conhecido como “Seu” Rubim por aqueles próximos, era um farmacêutico formado pela Faculdade de Farmácia da Universidade do Pará em 1948.

Logo após concluir seus estudos, mudou-se para o antigo Território Federal do Amapá e, em 14 de fevereiro de 1949, começou a trabalhar para o governo como farmacêutico.

Ele foi o responsável pela Farmácia da Unidade Sanitária Mista de Macapá. Além disso, exerceu o cargo de professor na Escola Normal de Macapá, onde ensinou Higiene, Ciências Naturais, Física, Química e Biologia entre 1955 e 1962.

Era totalmente devotado ao seu trabalho e continuava se aperfeiçoando e estudando. Em 1959, foi um dos criadores da Associação de Farmácia e Bioquímica do Amapá.

Descendente de imigrantes russos, Rubim Brito Aronovitch fez do Amapá seu lar, participando de atividades sociais, esportivas e políticas. 

Casou-se com a Sra. Odacy, carinhosamente chamada  Dadá, que aparece ao seu lado em um evento social em Macapá.

Ao se aposentar, mudou-se de volta para Belém.

Após seu falecimento, o farmacêutico Rubim Aronovitch teve seu nome homenageado na Unidade Básica de Saúde do bairro Santa Inês, à beira do rio Amazonas, na capital do Amapá.

domingo, 27 de abril de 2025

MEMÓRIA DO FUTEBOL AMAPAENSE > BONS DIRIGENTES

Amigo João Silva, nos brinda com uma imagem especial de seu Baú de Lembranças, retratando quatro destacados dirigentes de times de futebol da época áurea do esporte no Amapá.

No registro histórico, começando pela esquerda, encontramos PEDRO ASSIS DE AZEVEDO, que exerceu a função de Vice-presidente da FAD (Federação Amapaense de Desporto) na década de 1970; HERMENEGILDO GOMES DE LIMA, que esteve ligado ao pedestrianismo e ao “Latitude Zero”; o engenheiro MANOEL ANTÔNIO DIAS, que presidiu a FAD durante a realização do primeiro Copão da Amazônia, um marco importante na história do futebol no Amapá; e, por fim, ALBERTINO MELO, um dirigente do Ypiranga Clube.

Via Facebook

sábado, 26 de abril de 2025

MEMÓRIA RADIOFÔNICA DE MACAPÁ: O ‘LOURINHO RE”

Muito antes da apresentadora Ana Maria Braga introduzir o Louro José em seus programas de culinária na TV, nós, em Macapá - especificamente na Rádio Educadora São José - já tínhamos desenvolvido um personagem que também fazia intervenções em nossas transmissões naquela emissora.

Imagem meramente ilustrativa

A distinção é que o Louro José é um tipo visual, enquanto o nosso “Lourinho RE” era de natureza sonora. Permita-me esclarecer: os ouvintes escutavam um áudio que tentava reproduzir o som de uma “Amazona aestiva”, ave nativa da região leste do Brasil, popularmente conhecida como papagaio-verdadeiro, ajuruetê, papagaio-grego, ajurujurá, curau, papagaio-comum, papagaio-curau, papagaio-de-fronte-azul, papagaio-boiadeiro, trombeteiro e, finalmente, louro.

Na RE, nós criamos - em colaboração com o amigo Remy Barros, do Departamento Técnico - uma gravação de voz que era inicialmente reproduzida em velocidade normal e depois acelerada, resultando em uma atração interessante e inovadora.

Isso gerou a curiosidade dos ouvintes sobre como realizávamos essa gravação? 

"LOURINHO" - Há muita gente por aí, querendo conhecer o "Lourinho" da RE...Só que o pessoal da emissora o mantém preso numa gaiola, trancada a sete chaves...
"Este 'Lourinho' vai longe"; diz sempre o João Lázaro, vaidoso da inteligência do papagaio...
(Texto do saudoso e inesquecível amigo, José Maria de Barros)
A propósito, encontrei um trecho do Jornal “A Voz Católica”, na coluna NOTICIÁRIO RE, que foi publicado na edição de 12 de outubro de 1968, e que documentava exatamente essa ideia que se tornou um grande sucesso na “caçulinha”.

sexta-feira, 25 de abril de 2025

MEMÓRIA DO ESPORTE AMAPAENSE > GRATAS LEMBRANÇAS DO SEBINHO

Hoje, trago duas lembranças marcantes do querido amigo FRANCISCO DIAS MACEDO, nosso inesquecível SEBINHO, uma verdadeira lenda do Ciclismo no Amapá.

Na primeira imagem, vemos SEBINHO ao lado de dois colegas ciclistas de Macapá. O mais alto é o SERÁPIO HYACINTH, um renomado campeão das corridas de bicicleta. O segundo ciclista não foi identificado.

Na segunda foto, Sebinho está com companheiros da Indústria e Comércio de Minérios S/A – ICOMI:

Eric Lucien, Bacaba e Rui Miranda.

Créditos das imagens: Arquivo pessoal da família de Sebinho.

quinta-feira, 24 de abril de 2025

MEMÓRIA RADIOFÔNICA DE MACAPÁ

MEMÓRIAS DO RÁDIO
(*) José Machado 
Meados dos anos 70 quando selecionávamos algumas músicas semi clássicas para o programa “AS GRANDES ORQUESTRAS” , que apresentávamos diariamente a partir das 18h05, logo após a prece do Ângelus, por uma feliz coincidência, desses casos incidentais da vida, descobrimos uma música, num Lp que o nosso querido Humberto Moreira trouxe de sua casa e deixado esquecido na discoteca.]
Soubemos de imediato pelo estilo ritmado, que não se coadunava com o programa, que exigia um gênero musical mais suave. Chamamos o Benedito Andrade – Diretor de Jornalismo à época e pedimos a ele que a ouvisse. Também ocupavamos a função de Diretor de programação. Em comum acordo decidimos que seria a vinheta de abertura dos noticiários relâmpagos como chamávamos.
No dia seguinte, as 9h foi tocada na abertura da primeira audição diária do Informativo E-2, presentado pelo seu Bené como o tratávamos intimamente. Foi bem recebida pelos ouvintes, tendo alguns telefonado para a emissora elogiando a escolha.
A partir daquele dia que não chego a lembrá-lo, por quase uma década, seu arpejo era tocado seis vezes diariamente: 09h/ 10h/ 11h/ 13h/ 15h e 17h (horários dos informativos). Além das audições extraordinárias, quando um fato novo exigia a entrada do noticiarista de plantão.
A Difusora tinha uma das melhores equipes do rádio amapaense e do Norte do Brasil. Uma época em que o locutor era eclético fazia todo estilo de locução. E nós, tivemos o privilégio de trabalhar ao lado de figuras exponenciais do rádio.
Quem chegou a ouvir a Difusora dos anos 60 e 70 - Quem já passou dos 50 há de lembrar…. A RDM foi uma emissora referência em questão de qualidade, tanto de programação, quanto música e recursos humanos.
Ainda hoje, ecoa em meus tímpanos o prefixo musical, que fez história, em uma fase áurea da RÁDIO DIFUSORA DE MACAPÁ.
(*) Radialista e jornalista do Amapá
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Nota do EditorTexto publicado na rede social em 12 de setembro de 2020, em celebração ao 74º aniversário da Rádio Difusora de Macapá. Uma recordação da “Marcha dos Violinos”, título da famosa introdução musical, com a magnífica interpretação do renomado maestro francês Franck Pourcel.
Ouça:
(You Tube)

quarta-feira, 23 de abril de 2025

MEMÓRIA DA TV AMAPÁ - CANAL 6

Registro em preto branco da década de 1970, com imagens de pioneiros da Tv Amapá – Canal 6, em Macapá.

Da esquerda para direita: Bira Matias, Corrêa Neto e Júlio Duarte. 

Bira Matias atuou como assistente administrativo e Júlio Duarte como cinegrafista. O jornalista Antônio Corrêa Neto, que faleceu em 21 de abril de 2013, dirigiu o setor de jornalismo da emissora.

Via Facebook

terça-feira, 22 de abril de 2025

MEMÓRIA FARMACÊUTICA DE MACAPÁ > PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM E FARMÁCIA

Nos anos 60, ou até um pouco mais, o farmacêutico era considerado o "médico da família". Ele era a pessoa encarregada de cuidar da saúde da comunidade. A farmácia funcionava como o "consultório", o "ambulatório" e o "pronto-socorro" da região.

Recordo que, no início do Território do Amapá, os farmacêuticos mais conhecidos em Macapá eram os senhores Francisco Serrano, Seu Bruno (pai de Hernani Guedes) e o Sr. Amorim. Também havia o Seu Juraci e o Seu Piríco. Após o falecimento dos pais, Marlindo Serrano e Hernani Guedes, que eram filhos dos primeiros, continuaram prestando serviços à comunidade, especialmente para os mais necessitados. Devido à proximidade da Doca da Fortaleza e do Igarapé das Mulheres, os ribeirinhos e embarcadiços eram os frequentadores mais comuns buscando esse tipo de ajuda. Além disso, era mais simples e rápido resolver os problemas que os afetavam, e o custo se resumia apenas à compra do medicamento prescrito na farmácia, sem gastos extras com serviços farmacêuticos.

Imagem ilustrativa

Sem dúvida, as aplicações de injeções eram os serviços mais procurados. Com um atendimento que sempre incluía palavras de conforto e carinho, esses farmacêuticos conquistaram a afeição do povo.

Imagem ilustrativa

É relevante notar também que naquela época não havia materiais descartáveis como hoje, o que exigia cuidados maiores na limpeza dos instrumentais cirúrgicos, no manuseio e na conservação do ambiente.

Imagem ilustrativa
A esterilização nesses tempos era realizada de forma bastante simples: todos os materiais eram colocados dentro de um estojo, era necessário montar um suporte para segurar a seringa e a agulha, adicionar álcool na tampa e deixar o líquido ferver até que estivesse pronto para uso de forma segura.

Recebemos muitas injeções com seringas de vidro que vinham nessas embalagens, aplicadas pelo Seu Bandeira e pela Dona Marina, que eram enfermeiros que atendiam em domicílio.

Não podemos esquecer de outros dedicados profissionais da saúde, como o enfermeiro que deu nome à Unidade Básica de Saúde Raimundo Hozanan, localizada no bairro do Muca, e do farmacêutico Rubin Aronovitch, que nomeou a Unidade Básica de Saúde no Bairro Santa Inês. 

Créditos:  Imagens da Internet

segunda-feira, 21 de abril de 2025

MEMÓRIAS DA MACAPÁ DE OUTRORA > ANTIGA ENTRADA DO IGARAPÉ DA FORTALEZA

Imagens da entrada do antigo Igarapé da Fortaleza, apresentando barcos pequenos ancorados ao lado da Fortaleza de São José de Macapá.

Atualmente, toda essa área foi completamente pavimentada.

domingo, 20 de abril de 2025

MEMÓRIA DE MACAPÁ > VELHA RAMPA DO BAIRRO SANTA INÊS

Uma fotografia antiga com 38 anos, pertencente ao amigo Franselmo George, exibe uma cena de 1987 da antiga Rampa do Santa Inês, situada em Macapá. Nesse local, eram realizados serviços de lavagem de autos, mas hoje (2025) deu lugar à Rampa do Açaí.

Créditos: Franselmo George (Cortesia)

sexta-feira, 18 de abril de 2025

MEMÓRIA FOTOGRÁFICA DO AMAPÁ > ISAAC DA COSTA UCHÔA

Hoje prestamos nossa homenagem a ISAAC UCHÔA, o fotógrafo que contribuiu para a trajetória do Amapá.

Foto:Arquivo pessoal
ISAAC DA COSTA UCHÔA nasceu em Anajás, no estado do Pará, no dia 20 de julho de 1940. Mudou-se para Macapá aos 4 anos, onde passou a viver com seu tio, Benedito Uchôa, o Binga Uchôa, após a morte de sua mãe. 

Foto: Arquivo

Isaac escolheu a fotografia como sua carreira, exercendo a função de fotógrafo na Imprensa Oficial do Território do Amapá, na Sucursal da Folha do Norte e também na Imprensa Oficial do Estado do Amapá. Casou-se com Valdeci de Moura Uchôa, com quem teve dois filhos, Doriana e Isaac Júnior

Foto:Arquivo pessoal

Em 1972, foi eleito vereador de Macapá, conquistando 543 votos, uma marca significativa para aquele período.

A partir dos anos 1980, passou a atuar como repórter fotográfico para o Jornal do Amapá, sob a direção do jornalista Silas de Assis. Além disso, contribuiu para o Foto Lumière, que pertencia a seu primo-irmão.

Isaac Uchôa, aos 85 anos, desfruta de uma aposentadoria tranquila e, com uma memória excepcional, compartilha com orgulho sua jornada no mundo da fotografia.

Nota do Editor: Agradecemos a Bertoni Uchoa, sobrinho do biografado, por nos fornecer informações e fotos para montagem e ilustração desta biografia! (João Lázaro)  

terça-feira, 15 de abril de 2025

MEMÓRIAS DE UMA MACAPÁ DE OUTRORA: HISTÓRIAS DO LAGUINHO

PSIL                          X                      MANELÃO

A Briga do Século no Laguinho: Psil vs. Miguelão

(*) João Ataíde Santana

No coração do bairro do Laguinho, entre tambores, causos e cervejas geladas, aconteceu o que muitos chamam até hoje de a briga do século. Os protagonistas? Dois ícones da malandragem e da resenha local: Psil e Miguelão.

Miguelão era conhecido pela boca afiada e pelas piadas de duplo sentido, sempre com uma tirada pronta na ponta da língua. Já Psil era o típico preto malandro, no melhor sentido da palavra – daqueles que sabem sair de qualquer situação com elegância (ou quase).

Certa tarde, Miguelão chegou ao famoso bar do Tio Duca, sentou-se de costas para o bar e de frente para a rua. Pediu uma cerveja e, sem perder a oportunidade, soltou mais uma das suas piadas, zoando o Psil que estava por ali. Mal sabia ele o que o esperava.

Psil, ferido no orgulho e sempre pronto pra uma boa travessura, esperou a distração do rival. Aproveitou o momento, veio por trás e pá! – um tapão pelas costas que fez Miguelão cair da cadeira sem saber de onde tinha vindo a pancada. Atordoado, olhou para os lados tentando entender o que tinha acontecido. A galera do bar, claro, caiu na gargalhada.

Enquanto isso, Psil já tinha sumido. Pegou um táxi, deu a volta no quarteirão e, no momento em que Miguelão começava a juntar as peças e alguém soprou o nome do autor da proeza, eis que o carro para bem na frente do bar. Psil baixa o vidro calmamente e solta a pérola:

— “Deite e dartiei de novo!”

E sumiu como fumaça, deixando o bar em estado de euforia.

Dizem por aí que o Miguelão, tempos depois, teve sua revanche. Pegou o Psil em uma roda de samba, num momento de descuido, e fez dele ventríloquo — mas essa parte da história ninguém confirma com muita certeza. No Laguinho, a verdade sempre vem temperada com um pouco de exagero e muito bom humor.

Publicada no Facebook

(*) João Ataíde Santana, de Macapá e filho de pais quilombolas, é graduado em História. Professor, militante do movimento negro e Hip Hop, foi conselheiro estadual de educação e publicou um livro sobre Hip Hop.

MEMÓRIAS DA MACAPÁ DE OUTRORA – UM EPISÓDIO REAL DA NOSSA MEMÓRIA URBANA

As cidades guardam histórias que muitas vezes passam despercebidas no corre-corre do presente. Mas, quando olhamos com atenção para as ruas,...