Neste espaço são postadas fotos antigas e raras, vídeos, documentos, recortes de jornais/revistas, livros digitais e todo material que retrate a história e a memória do Amapá e de seu povo. É terminantemente proibida a reprodução, total ou parcial (com alterações), de qualquer imagem ou texto deste blog, conforme a Lei nº 9.610, de 19/02/1998 (Lei de Direitos Autorais). Editor: João Lázaro DRT-AP 006/95 – Contato: jolasil@gmail.com – FONE / WhatsApp TIM 55 (12) 98152-3757.
Hoje nossa terceira
homenageada do Largo dos Inocentes, é Dona Cacilda da Cruz Pimentel.
Mulher de
fibra, fé e ternura, Dona Cacilda pertenceu a uma geração que não apenas viveu
o Formigueiro, mas o inventou com o suor, a coragem e a solidariedade do
cotidiano. Com sua presença marcante, ajudou a formar as primeiras famílias que
deram origem ao centro da cidade, costurando laços de vizinhança e esperança em
tempos de poucos recursos, mas de abundante humanidade.
No compasso
dos dias simples, Dona Cacilda fez de sua casa um abrigo e um ponto de
encontro. Ali se acolhiam os que precisavam de conforto, ali se partilhavam
rezas, saberes, alimentos e alegrias. Era o lar onde se teciam as relações de
respeito e união que, ainda hoje, ecoam entre descendentes e vizinhos.
Sua
generosidade tornou-se referência para muitos nas horas difíceis, e sua
memória, um símbolo de solidariedade. Seu exemplo transcendeu o tempo — não
apenas como lembrança familiar, mas como herança viva na cultura popular, nas
festas, nas orações e nas tradições que seguem pulsando no Largo dos Inocentes - Formigueiro.
Relembrar Dona
Cacilda é celebrar a força das mulheres que, com gestos simples e fé profunda,
ergueram os alicerces invisíveis da cidade. É reconhecer que a história também
se escreve com afeto e que a memória, quando preservada, continua a iluminar
o presente.
Fontes: – Totem informativo instalado na Praça do Largo dos Inocentes - Formigueiro, projeto de revitalização da Prefeitura Municipal de Macapá, 2025.
Depoimento do ex-Prefeito João Henrique Pimentel
– Registro fotográfico de @paulotarsobarros.
Texto integrante do acervo histórico do blog Porta-Retrato – Macapá.
Hoje
recordamos Raimunda Tavares da Silva, a segunda mulher pioneira do Largo
dos Inocentes homenageada aqui no blog Porta-Retrato.
Foto: Arquivo da Família
Dona
Raimunda Tavares da Silva, carinhosamente conhecida como Tia Mundica, nasceu em Macapá no
dia 25 de setembro de 1915 e faleceu em 14 de novembro de 1996, aos 81 anos.
Filha de Cláudia Coimbra, casou-se com Benedito Costa da Silva (Biló) e foi
morar na localidade de Coração. Lá, teve quatro filhos: Maria Neuzarina e João Gualberto
(ambos já falecidos), além de Cezarina Perez, José Raimundo (Billy Pan) e Maria
dos Anjos Tavares da Silva Miguel.
Há vidas que
passam de forma silenciosa, mas deixam marcas profundas, como cheiro de comida
boa que invade a rua e nunca mais sai da memória. Dona Raimunda, Tia
Mundica para os mais próximos, foi assim: presença simples, coração
generoso e mãos que transformavam afeto em alimento.
Na Macapá
das décadas de 1940 e 1950, quando professoras recém-chegadas desembarcavam no
Amapá para servir no governo do Cel. Janary Nunes, a casa de Tia Mundica se
tornava abrigo. Ali não era só panela no fogo. Era porta aberta, sorriso que
descansava o coração e aquele jeito de fazer qualquer pessoa sentir que
pertencia. Um gesto simples, mas grande como o rio Amazonas, mostrando o
espírito hospitaleiro do amapaense. No prato, mingau de milho quentinho, tacacá
que abraçava a alma, açaí batido com carinho. E, por cima de tudo isso, a
sensação de lar, costurada com afeto, para quem estava longe de casa e ainda
procurando seu lugar.
Seu talento
culinário virou referência. Seu cuidado, lembrança viva. Sua mesa, lugar de
encontro e afeto. Na simplicidade da vida comunitária, ela criou raízes que
ainda florescem nas lembranças de quem provou sua comida e, mais ainda, sua
gentileza.
Celebrar Tia
Mundica é lembrar que a história de uma cidade também se escreve com tempero,
carinho e portas abertas. E que existem pessoas que, mesmo sem grandes títulos,
se tornam patrimônio afetivo de um povo.
Fontes: – Totem informativo instalado na Praça do Largo dos Inocentes - Formigueiro, projeto de revitalização da Prefeitura Municipal de Macapá, 2025.
Depoimento da filha, Maria dos Anjos (2025)
– Registro fotográfico de @paulotarsobarros.
Texto integrante do acervo histórico do blog Porta-Retrato – Macapá.
A memória de
Fernando Canto e o dia em que o hino oficial quase se perdeu.
Em 1982, o
Amapá vivia um daqueles instantes em que a história parece prender a respiração
antes de um salto. O Território Federal sonhava tornar-se Estado, e o espírito
coletivo era de construção e pertencimento.
Para
fortalecer esse movimento, o secretário de Planejamento, Antero Lopes,
instituiu uma comissão encarregada de coordenar a campanha e escolher os
símbolos do futuro Estado: bandeira, brasão e hino. À mesa, nomes que uniam
técnica, arte e sensibilidade: o jornalista Paulo Oliveira, o publicitário
Carlos Viana, o arquiteto Chikahito Fugishima e o poeta e artista multimídia
Fernando Canto.
As
inscrições para bandeira e brasão chegaram em grande número. Para o hino,
porém, o silêncio governou. Nenhuma proposta. O tempo apertava, e aquele vazio
ameaçava transformar um momento histórico em uma pausa desafinada.
Foto montagem
Foi nessa
brecha que Fernando Canto apareceu, olhos brilhando como quem acabara de
encontrar um rio escondido na mata. Ele carregava consigo a Canção do Amapá,
com letra de Joaquim Gomes Diniz e música do maestro Oscar Santos. Naquele
instante, o Amapá ganhou a voz que buscava.
O maestro
que ensinou a ouvir
Oscar
Santos, lembrado com carinho por várias gerações, era mais que maestro. Era
jardineiro de talentos. Chegou ao Amapá ainda nos anos 1950, trazido pela
secretária de Educação Aracy Miranda de Mont’Alverne, e fez da então Escola
Industrial de Macapá uma casa de música pulsante.
Rigoroso no
ensino, exigia leitura de partitura e treino de ouvido. Criava disciplina e
liberdade, como quem constrói asas e raízes ao mesmo tempo. De seus
ensinamentos nasceram músicos como Joaquim França, Nonato Leal, Sebastião
Mont’Alverne, Aimorézinho e tantos outros que moldaram a alma sonora do Estado.
Compôs mais
de 560 peças. Algumas eram homenagens, como o Dobrado Epifânio Martins, feito
para o diretor do colégio, e o Dobrado Os Bonequinhos, inspirado nos uniformes
azuis dos alunos, que pareciam pequenas figuras de porcelana andando pelo
pátio.
O poeta que
semeou versos para o futuro
A letra do
hino era de Joaquim Gomes Diniz, amazonense de Coari, nascido em 1893. Diniz
chegou ao Amapá em 1929 e deixou marcas profundas como juiz, advogado e poeta.
Elegante e culto, era visto por muitos como um verdadeiro gentleman de chapéu,
cachimbo e alma literária. Morreu em 1949, mas sua poesia permaneceu, dormindo
como semente à espera do tempo certo para florescer. Esse tempo seria quarenta
anos depois.
A fita
cassete e o desafio final
Nas vésperas
da decisão, uma fita cassete surgiu como candidata ao hino, apoiada pela
primeira-dama do território, Mariinha Barcellos. A obra era frágil, e o refrão
exaltava um “comandante”, clara referência ao governador.
Era preciso
agir com delicadeza e estratégia. Em vez de apresentar a Canção do Amapá também
em fita, a equipe liderada por Fernando Canto produziu um documentário, editado
em Belém, já que Macapá ainda não tinha ilha de edição. O único videocassete da
cidade, emprestado do empresário Bira, da Sevel, foi o passaporte tecnológico
dessa missão.
No Palácio
do Governo, o contraste falou mais alto. Após ouvir a fita concorrente, o
governador Aníbal Barcellos assistiu ao vídeo com a Canção do Amapá. Ao final,
levantou-se e aplaudiu. Decisão tomada.
Em 23 de
abril de 1984, o Decreto nº 008 tornou oficial o Hino do Amapá, com letra de
Joaquim Gomes Diniz, melodia do maestro Oscar Santos e a dedicação sensível de
Fernando Canto, que acreditava que símbolos também são pontes entre o povo e
sua história.
Voz que
virou legado
Hoje, a
Canção do Amapá ecoa em cerimônias, escolas e praças. Cada vez que suas notas
se espalham, parece que uma janela se abre para aquele momento em que o Estado
encontrou sua própria identidade sonora.
A crônica
original que inspirou esta postagem foi escrita como homenagem, um ano após a
partida de Fernando Canto. Poeta, jornalista, músico e guardião da memória
coletiva, ele deixou o silêncio apenas para se tornar melodia permanente.
Aqui, onde o
rio encontra o céu e a história encontra a canção, seu nome segue navegando.
Não só na lembrança, mas na própria alma do Amapá.
Fonte
original: texto publicado no Facebook por Walter Jr., Presidente do Instituto
Memorial Amapá, em 29/10/2025, em homenagem à Fernando Canto, falecido em 29 de
outubro de 2024.
Nos últimos anos, a Prefeitura de
Macapá vem realizando um importante trabalho de revitalização dos espaços
históricos e culturais da cidade.
Entre as ações mais simbólicas está a
recuperação da Praça do Largo dos Inocentes - Formigueiro, um lugar que guarda
séculos de memória e identidade amapaense. O projeto incluiu a instalação de tótens informativos que homenageiam personalidades que deixaram marcas profundas
na formação social e cultural da capital.
Personalidades homenageadas nos totens informativos:
Benedicto Antônio Tavares (1868–1941)
Francisca Luzia da Silva – Mãe Luzia (1854–1954)
Maria Lopes da Silva – Maria Joana (1893–1970)
Maria Rosa Tavares de Almeida – Micota (1896–1986)
Raimunda Tavares da Silva – Tia Mundica (1925–1996)
Maria de Lourdes Serra Penafort (1927–1989)
Ursula Evangelista da Costa Cecílio – Tia Ursinha (1915–2005)
José Maria Chaves – Zé Maria Sapateiro (1924–2019)
Adélia Tavares de Araújo – Tia Guita (1916–1997)
Lucimar Araújo Tavares – Tia Luci (1920–2013)
Militina Epifania da Silva – Milica
Aristarco Figueiredo Brito (1942–)
Tereza da Conceição Serra e Silva (1860–1940)
Janiva de Menezes Nery – Dona Nini (1924–)
Aurilo Borges de Oliveira (1917–1976)
José Rosa Tavares (1924–)
Francisco Castro Inajosa – Mestre Chico (1911–1945)
Maria Germinina de Mendonça Almeida (1942)
Cacilda da Cruz Pimentel (1910-1974)
José Duarte Azevedo – Zé Mariano (1902-1986)
Professora Zaide Soledade (1934 – 2015)
Antônio Munhoz Lopes (1932 – 2017)
Esses totens, dispostos ao longo da
praça, não apenas embelezam o espaço público, mas também resgatam histórias de
vida que, por muito tempo, permaneceram guardadas na lembrança oral do povo. É
como se o Largo, renovado e pulsante, se transformasse em um verdadeiro
museu a céu aberto, onde cada nome, cada rosto e cada palavra nos reconectam
com o passado.
É nesse contexto que o Porta-Retrato
– Macapá, espaço dedicado à preservação das memórias da cidade, abre hoje
suas páginas para recordar uma dessas figuras inesquecíveis: Tia Guíta, mulher
de fé, poesia e sabor.
Tia Guíta: Doces Lembranças
Nas margens antigas do rio e nas ruas
de chão batido da velha Macapá, vive ainda a lembrança de uma mulher cuja
presença iluminava as festas, as cozinhas e as rodas de tradição.
Adélia
Tavares de Araújo, mais conhecida como Tia Guíta (1916–1997), foi uma das
figuras mais queridas e emblemáticas da cultura amapaense.
Nascida na Rua da Praia, coração
pulsante da antiga cidade, Tia Guíta cresceu em meio ao cheiro do peixe fresco,
ao som dos tambores do marabaixo e ao murmúrio do rio Amazonas. Cozinheira de
talento e alma generosa, era procurada por muitos que desejavam saborear seus
quitutes — e, sobretudo, o inesquecível mingau de mucajá, receita que
atravessou o tempo como símbolo de afeto e identidade.
A vida a levou também ao garimpo do Lourenço,
onde aprendeu o francês crioulo com trabalhadores vindos de várias partes. Essa
habilidade rara lhe abriu portas: as autoridades do antigo Território
Federal do Amapá frequentemente a chamavam para traduzir conversas e
documentos, reconhecendo nela uma mulher de sabedoria e sensibilidade.
Devota fervorosa de São José,
santo padroeiro de Macapá, Tia Guíta não se limitava à cozinha
nem ao trabalho. Era também dançarina e poetisa, presença marcante nas rodas de
Marabaixo e Batuque, onde o corpo e a palavra se uniam para
celebrar a vida, a fé e a ancestralidade negra amapaense. Sua voz, firme e
doce, ecoava nas festas como quem reza dançando e dança rezando.
Hoje, o nome de Tia Guíta está
gravado na história e no coração de Macapá. Sua memória repousa entre o
sagrado e o cotidiano — na fé de São José, no ritmo do tambor, no sabor
do mucajá e na poesia simples que nasce das margens do rio. Lembrá-la é honrar
todas as mulheres que, com trabalho, arte e devoção, ajudaram a construir a
alma dessa cidade amazônica.
Dona Amélia Tavares de Araújo, irmã de Dona Venina Tavares de Araújo, foi esposa do renomado desportista Wenceslau do Espírito Santo, conhecido como o lendário “16”, múltiplo campeão pelo Amapá Clube. Foi mãe de Norberto Tavares de Araújo Neto, que também seguiu os passos do pai, atuando como atacante no Amapá Clube e na Sociedade Esportiva e Recreativa São José.
Fontes: – Totem informativo instalado na Praça do Largo dos Inocentes - Formigueiro, projeto de revitalização da Prefeitura
Municipal de Macapá, 2025.
– Pesquisa e texto original da
Professora Mestra Mariana Gonçalves.
– Registro fotográfico de
@paulotarsobarros.
Texto integrante do acervo histórico
do blog Porta-Retrato – Macapá.
quinta-feira, 16 de outubro de 2025
A foto lembrança de hoje foi registrada na Praça da Matriz —
atualmente conhecida como Praça Veiga Cabral — há muitos anos, ainda no início
do Território Federal do Amapá, embora sem uma data precisa. Ao fundo,
destaca-se a esquina entre a Avenida Presidente Vargas e a Rua Cândido Mendes,
onde se vê a fachada original do antigo Armazém Macapá, hoje completamente
modificada. Nas décadas de 1970 e 1980, esse prédio abrigou a Farmácia Modelo,
de propriedade do Sr. Bitencourt.
No imóvel ao fundo, vivia Dona Carmita Machado, enquanto na
esquina oposta morava o Sr. Joãozinho Picanço (João Batista de Azevedo
Picanço), pai de Heitor, Noca e Naide Picanço.
Há momentos que o tempo não apaga — ficam guardados na alma,
nítidos como se tivessem acontecido ontem. O Carnaval de 1985 foi um desses
capítulos especiais da minha trajetória.
Naquele ano, o disco de Sambas de Enredo de Macapá foi
gravado nos Estúdios Havaí, no Rio de Janeiro, reunindo cantores
amapaenses e músicos cariocas sob a direção artística do talentoso Dominguinhos
do Estácio.
Tive a honra
de integrar a comissão responsável pela produção, atuando como auxiliar de
Dominguinhos, que havia sido contratado pela Prefeitura de Macapá
para coordenar todo o projeto. Foram dias intensos de aprendizado, convivência
e encantamento com o universo da gravação profissional — um verdadeiro mergulho
na arte do som.
Na primeira
imagem, apareço sentado à mesa de gravação. Nesse momento, ouvíamos as matrizes
já gravadas e editadas do disco de Sambas de Enredo de Macapá — a etapa
final antes da prensagem. Um instante de escuta atenta, emoção e dever
cumprido.
Na segunda
imagem, registro outro momento marcante dessa experiência. O técnico de som,
com toda a paciência e generosidade, me explicava o funcionamento dos
equipamentos de gravação, mixagem e edição das músicas. Foi um aprendizado
valioso, que levo comigo até hoje, não apenas pelo conhecimento técnico, mas
pela beleza do encontro humano e pela partilha de saberes.
Essas duas
imagens, guardadas com carinho no meu acervo de memórias, me transportam de
volta àquele estúdio, ao som das fitas girando e às vozes que ecoavam com tanta
emoção. Foram dias que moldaram não apenas um disco, mas também parte da minha
história e do amor que carrego pela música e pela cultura do Amapá.
O Porta-Retrato tem o prazer de compartilhar com seus
leitores uma relíquia do futebol amapaense: uma raríssima fotografia de uma das
primeiras formações do Esporte Clube Macapá, o mais antigo clube em atividade
no Amapá e um dos mais tradicionais da região Norte.
Imagem: Recorte de jornal (Reprodução)
Na imagem acima, vemos a representação do E.C. Macapá
alinhada para uma partida histórica. A legenda original identifica, da esquerda
para a direita, os seguintes integrantes:
Alcolumbre (técnico), Souza, Edílson, Herundino, Zolirio, Louro, Pintor,
Zeca Banhos, Brito, Nonato, Ubiracy Picanço e Walter Nery.
Breve História do Esporte Clube Macapá
Fundado em 18 de julho de 1944, o Esporte Clube Macapá nasceu
no coração da então pequena cidade de Macapá, ainda no período do Território
Federal do Amapá, quando o futebol local começava a se organizar.
Formado por jovens entusiastas e desportistas apaixonados, o
time vestia as cores azul e branca, que rapidamente se tornaram símbolo de
orgulho e identidade.
Com o passar dos anos, o Macapá se consolidou como um dos
clubes mais respeitados da região, participando ativamente do crescimento do
esporte amapaense e protagonizando partidas memoráveis contra seus grandes
rivais.
Linha do Tempo do Esporte Clube Macapá
📍 1944 – Fundação oficial do clube, que passa a disputar partidas
amistosas e torneios amadores.
📍 1945–1950 – O Macapá se destaca nos primeiros campeonatos locais,
tornando-se referência técnica no futebol do Território do Amapá.
📍 1952 – Conquista o primeiro título do Campeonato Amapaense, entrando
para a história como um dos pioneiros do futebol local.
📍 Década de 1960 – Início da lendária rivalidade com o Trem Desportivo
Clube, dando origem ao clássico mais tradicional do estado: o Clássico do Pão
com Ovo.
📍 1970–1980 – Consolidação como potência estadual, revelando craques e
ampliando sua torcida.
📍 1990–2000 – O clube mantém viva sua tradição, investindo em novas
gerações e fortalecendo as categorias de base.
📍 2010 em diante – O Macapá segue como símbolo de resistência e memória
esportiva, representando a paixão do povo amapaense pelo futebol.
O Orgulho Azul da Cidade
Mais do que um clube, o E.C. Macapá representa uma história
viva do povo amapaense — uma história de superação, de amor ao esporte e de
identidade cultural.
Cada uniforme azul que entrou em campo ajudou a construir um
capítulo dessa trajetória que mistura emoção, rivalidade e paixão pela bola.
Fonte: Acervo histórico compartilhado por Sabá Ataíde,
colaborador do Porta-Retrato.
Imagem: Uma das primeiras formações do Esporte Clube Macapá (Recorte de Jornal)
A lembrança de hoje é um registro especial do acervo do amigo Floriano Lima: uma imagem rara da Área Portuária de Santana, capturada entre o final dos anos 1960 e o início da década de 1970. Esta fotografia retrata um momento marcante na história da ICOMI no Amapá, fortalecendo a memória do desenvolvimento industrial e portuário da região.
Outra grata recordação das comemorações de 7 de setembro
vem do amigo José Jair de Souza.
Foto: Reprodução Facebook
A imagem o mostra em 1963, durante o desfile
do Tiro de Guerra 130, na Avenida FAB, em Macapá, exercendo com orgulho a
função de Guarda de Honra à Bandeira Nacional.
Um registro que eterniza não apenas o momento cívico, mas
também o espírito patriótico e o valor da juventude de uma época.
Leão Zagury completou 82 anos no dia 23 de setembro de 2025. Embora não tenha nascido no Amapá, sua forte ligação familiar e influência na região lhe renderam o título honorífico de Cidadão Macapaense, concedido pela Câmara de Vereadores da capital do estado.
E, nesse
clima de celebração, ele nos traz uma lembrança dos anos 1950: ele, garoto de 13
ou 14 anos, em 1956 ou 1957, com sua bicicleta BSA ornamentada para desfilar
todo orgulhoso no 7 de setembro na Av. FAB.
O primeiro
registro foi feito na Avenida Presidente Vargas, em Macapá. Na residência ao
fundo vivia a família do Dr. Raphael Moura de Paula Ribeiro, agrônomo que
integrou a equipe do Território Federal do Amapá e foi Chefe da Divisão de
Produção na gestão do Coronel Janary Gentil Nunes.
Esta segunda foto, datada de 1958, foi registrada na Praça Barão do Rio Branco e ao
fundo observa-se a obra do prédio do Banco do Brasil, em construção, localizado
na esquina da Av. Coriolano Jucá com a Rua Cândido Mendes, fundos com a antigo
Fórum dos Leões.
É aquele
tipo de memória que carrega o cheiro da infância, a simplicidade de uma época e
a alegria genuína de ser jovem no Amapá. O tempo passou, mas Leão, mesmo longe,
nunca perdeu esse elo com suas raízes, nem com a história de sua família por
lá. É bonito ver como essas lembranças nos mostram a importância de valorizar o
que a gente viveu.
Na foto de
hoje, gentilmente compartilhada nas redes sociais pela amiga Tânia Regina
Monteiro Batista, retornamos a um tempo de boas lembranças em Macapá. São imagens de
quatro amigas reunidas sobre as pedras banhadas pelo imponente Rio Amazonas, na
antiga prainha que ficava atrás da Fortaleza de São José de Macapá — um espaço
que marcou gerações e que hoje já não existe.
Foto:Reprodução Facebook
Da esquerda
para a direita, vemos Solange Sussuarana, Heiliana Picanço e Cristina, em
segundo plano, enquanto em primeiro plano está a própria Tânia.
Um registro
que desperta memórias e celebra amizades que resistem ao tempo.
Cinco
rapazes que cresceram nos arredores da Igreja de Nossa Senhora da Conceição, no
bairro do Trem, onde nasceram a JOT e o Ypiranga Clube.
Eram
peladeiros de pés descalços, moleques que fizeram história nas brincadeiras e
partidas de futebol improvisadas na Praça da Conceição. Ali, além das jogadas
cheias de entusiasmo juvenil, ganhava destaque a criatividade das narrativas de
Manoel Ferreira, o inesquecível “Biroba”.
=
Na
fotografia do “Fundo do Baú”, compartilhada nas Redes Sociais pelo amigo João
Silva, estão: em pé, da esquerda para a direita, Valdemar Vilhena (o Vavá),
Célio Nobre e Zé Assis; agachados, Orlandino Gadelha e Osvaldo.
Uma
lembrança simples, mas carregada de afeto e da força da memória coletiva.
A fotografia
publicada hoje no Porta-Retrato nos devolve um pedaço precioso da história de
Macapá, e revela uma vasta área verde e alagada, situada na continuação da
Avenida Feliciano Coelho, no ponto em que se encontra com a Rua Tiradentes, no
bairro do Trem.
O registro
chegou até nós pelas mãos do amigo José Jair, filho do senhor Aprígio Marinho de Souza, barbeiro
do histórico Macapá-Hotel.
Reproduzida do Facebook - Colotizada por IA
A imagem, feita entre 1959 e 1960, captada dos altos
da conhecida curva da Santa Maria, retrata um tempo em que a área permanecia
alagada, de terrenos encharcados e poucas casas, onde famílias simples viviam
em estreita adaptação às condições do lugar. Mais do que um registro
fotográfico, ela guarda a memória de um espaço em transformação, revelando a
força cotidiana de quem construiu sua história em meio às adversidades do
ambiente.
Antes de ser
aterrada, essa região era chamada informalmente de Baixada do Adonias. Ao fundo é vista a´área o Remanso. Com o
tempo, foi incorporada ao bairro Santa Inês, acompanhando o ritmo de
transformação e crescimento da cidade.
Moradores
antigos lembram ainda que o lugar recebeu outros nomes, como Baixada da
Crisonta e Baixada do Jagunço, apelidos que guardam a memória das famílias que
ali viveram e deixaram suas marcas.
Em primeiro
plano, surge a casa de Dona Quiquita, mãe de José Penha — o inesquecível Zé
Crioulo, músico de talento ímpar, cuja memória ainda ecoa na cultura amapaense.
Com o passar
das décadas, a paisagem mudou por completo. Onde havia água e lama, vieram o
aterro, o saneamento e, por fim, a urbanização. O espaço transformou-se, mas
deixou para trás lembranças que hoje sobrevivem apenas em registros como este.
Agradecemos
de forma especial à Familia Marinho de Souza, pelo compartilhamento dessa fotografia de arquivo.
Com autorização de José Jair e, com o auxílio de recursos de inteligência
artificial, as pessoas que apareciam na cena foram removidas, preservando
apenas o cenário de fundo — gesto que reforça o valor histórico do registro ao
destacar a memória da área retratada.
Mais do que
uma fotografia, trata-se de um testemunho da memória coletiva. Uma ponte entre
lugares, pessoas e histórias, que preserva as raízes da capital e nos ajuda a
compreender o quanto Macapá mudou ao longo de sua trajetória.
Nos primeiros anos do Território Federal do Amapá, os tradicionais desfiles cívicos eram realizados na Praça Barão do Rio Branco, um dos marcos do centro de Macapá. O Palanque Oficial era montado na Avenida Iracema Carvão Nunes, no trecho que separa as duas praças e segue até os fundos da antiga Residência Governamental.
Esta foto sem data registra um momento marcante daquele período: a Guarda de Honra dos Escoteiros de Macapá, formada pelos chefes escoteiros Expedito Ferro (91), Clodoaldo Nascimento, Benedito Santos, Biroba e Luciano.
Na imagem, o grupo participa de um desfile cívico, marchando pela rua Iracema Carvão Nunes, em frente ao prédio dos Correios, no coração da Praça Barão do Rio Branco.
Um registro valioso que preserva a memória do Movimento Escoteiro e de uma época emblemática da história de Macapá.
Em Macapá, no fim da década de 1940, em um tempo marcado por sonhos cívicos e literários, um grupo de estudantes ousou deixar sua marca. Foi assim que nasceu o Grêmio Literário e Cívico Ruy Barbosa, mais do que uma organização estudantil — um símbolo de protagonismo juvenil, de compromisso com a educação e de amor à cultura.
Breve História dos Grêmios Estudantis no Brasil
Os grêmios estudantis são entidades formadas por estudantes com o objetivo de representar seus interesses dentro das escolas. No Brasil, essas organizações surgiram nos anos 1930, acompanhando o crescimento dos movimentos estudantis em geral. Já naquela época, os estudantes buscavam maior participação nas decisões escolares e melhorias nas condições de ensino.
Durante a ditadura militar (1964–1985), os grêmios foram proibidos e perseguidos por seu caráter organizativo e potencial político. No entanto, com a redemocratização, essas entidades voltaram a ganhar força. A Lei nº 7.398/1985, conhecida como Lei dos Grêmios, garantiu o direito à organização livre e autônoma dos estudantes.
Hoje, os grêmios seguem atuando como espaços de exercício da cidadania, onde os jovens aprendem a debater, propor soluções e participar da vida escolar de forma ativa e crítica.
O Grêmio Ruy Barbosa em Macapá
No cenário educacional de Macapá, em 12 de março de 1949, nasceu o Grêmio Literário e Cívico Ruy Barbosa, congregando alunos do então Ginásio Amapaense. Era o reflexo de uma juventude que ansiava por mais do que ensino formal — desejava espaço para pensar, discutir, escrever e agir.
Memória e Patrimônio
O prédio que abrigou o grêmio segue de pé — silencioso, porém carregado de lembranças. Recentemente, ele tem sido alvo de olhares atentos e propostas de revitalização. Há planos para que o espaço volte a pulsar com a presença juvenil, agora comocentro cultural voltado para jovens, resgatando sua função original de semear ideias e identidade.
Antigo Grêmio Cívico Literário vai virar espaço cultural para jovens
A primeira diretoria foi composta por:
José Raimundo Barata (Presidente) - Mário Quirino da Silva - Edilson Borges de Oliveira
A posse dos dirigentes ocorreu no dia 24 de março, em solenidade realizada no Salão Nobre da Escola Profissional Getúlio Vargas — espaço que, ao longo dos anos, tornou-se a Escola Integrada de Macapá, conhecida por muitos como o antigo GM.
Esse grêmio foi muito mais do que uma instância burocrática ou estudantil: foi um verdadeiro núcleo de formação cultural e política, promovendo debates, encontros literários e atividades cívicas que marcaram profundamente uma geração.
O Grêmio Literário e Cívico Ruy Barbosa simboliza um tempo em que os estudantes tinham sede de participação, de leitura e de pertencimento.
Memórias de um Tempo Elegante: Uma Noite na Residência Governamental
Por Floriano Lima (*)
Mais uma das antigas... direto do meu arquivo de memórias.
Era mais uma noite memorável na residência governamental — daquelas que permanecem vivas na lembrança pela elegância simples e pelos rostos familiares de uma época que já não volta. O jantar celebrava o aniversário de Dona Irene, esposa do então governador do Amapá, General Ivanhoé Gonçalves Martins, que esteve à frente do território entre 1967 e 1972.
Lembro do General, no seu fusquinha branco, sempre discreto, dirigindo pelas ruas de Macapá. Parava com frequência na banca de jornais da praça Veiga Cabral para comprar o jornal do dia, e não raro era visto chamando a atenção da moçada para que parasse de namorar cedo — como quem zelava, com autoridade serena, pelo bom comportamento da juventude. Era uma presença marcante, mesmo nos gestos mais simples.
A casa estava cheia. Nomes conhecidos, figuras respeitadas da sociedade local — o senhor Eloy Nunes, a carinhosa Tia Anita, o sempre simpático casal Papaléo — todos presentes com a naturalidade de quem fazia parte de um mesmo tempo, de um mesmo ciclo.
Eu conhecia a todos. Não pela política ou pelo prestígio social, mas pela simplicidade do dia a dia. Frequentavam a loja do meu pai, “A Casa Lima – Joalheria e Relojoaria”, a primeira do ramo em Macapá. Um verdadeiro símbolo de tradição e confiança. Foi ali, entre relógios, alianças e conversas, que laços se formaram — e permanecem guardados comigo até hoje.
Memórias assim são como joias raras: não perdem o brilho com o tempo — apenas ganham valor.
Na foto, à esquerda, reconheço Dona Ivaneide e seu esposo Agostinho Costa, um grande cantor nos tempos de ouro da Rádio Difusora de Macapá. À frente, estão Dona Anita e o senhor Eloy Nunes. Mais atrás, junto à parede, de bigode e terno, está o senhor Manoel Luiz, esposo da professora Terezinha Sampaio, que lecionava piano no Conservatório Amapaense de Música.
Depois, aparece o General Ivanhoé, com Dona Irene sendo cumprimentada por um dos convidados. Atrás do governador, vejo o Mauro, funcionário de uma repartição pública localizada atrás da Catedral de São José.
Estavam lá também o senhor José Maria Papaléo Paes, então presidente da CAESA, acompanhado de sua esposa. Atrás dele, identifico meus pais — Dona Iris Lima e o senhor Luiz Lima — discretamente posicionados atrás de uma senhora de vestido estampado.
São fragmentos de uma história que carrego com carinho. Partes de um tempo em que a vida social de Macapá girava em torno de encontros como esse, marcados por afeto, respeito e uma sensação de pertencimento difícil de descrever — mas fácil de sentir, mesmo tantos anos depois.
No dia 07 de junho de 1951, há exatos 74 anos, foi feito este precioso registro fotográfico que eterniza um momento de grande significado para a cultura afro-amapaense.
Na imagem, vemos a jovem Benedita Guilhermina Ramos, mais conhecida como Tia Biló, aos 26 anos de idade, entoando os versos do Marabaixo, ao lado de seu pai, o lendário Julião Tomaz Ramos, o Mestre Julião, e de sua mãe Januária Simplício Ramos.
Tia Biló, figura marcante da tradição e da resistência cultural do povo amapaense, está sendo celebrada neste ano de 2025, em razão do seu centenário de nascimento. Uma trajetória de força, fé e musicalidade que ecoa até hoje nas rodas de Marabaixo.
Essa imagem histórica faz parte do acervo do saudoso Mestre Jorge, guardião de muitas memórias do Amapá.
Uma fotografia que fala. Que canta. Que dança com a memória viva do nosso povo.
Mestre Julião e Tia Biló seguem presentes no compasso do Marabaixo, no orgulho das nossas raízes. Viva essa herança!
Há nomes que se inscrevem na história não apenas por sua imponência, mas pelo papel silencioso e essencial que desempenham no cotidiano de um povo. O rebocador Araguary é um desses nomes. Mais do que uma embarcação, ele se tornou símbolo de um tempo em que o Amapá, ainda isolado geograficamente, começava a afirmar sua identidade territorial e a construir suas primeiras conexões com o restante do país.
Nos anos 1940, com a criação do Território Federal do Amapá, o desafio logístico era imenso: rios extensos, mata fechada e quase nenhuma estrutura de transporte. Foi então que o primeiro governador do território, Janary Nunes, liderou a formação de uma frota fluvial sob a responsabilidade do SERTA Navegação (Serviço de Transportes do Território Federal do Amapá).
Rebocador Araguary - em frente à cidade de Macapá
Entre as embarcações adquiridas, o rebocador Araguary se destacou. Com capacidade para 350 toneladas, tornou-se o principal elo entre Macapá e Belém — a ponte vital do Amapá com o restante do Brasil. Junto dele, vieram a alvarenga Uaçá, as lanchas Veiga Cabral e Amapá, os iates Itaguary, São Raimundo, Macapá e São Francisco, além da canoa Liberdade e dezenas de motores de popa.
Durante cerca de três décadas, o Araguary navegou pelo rio Amazonas, enfrentando distâncias e intempéries para transportar cargas, passageiros, sonhos e progresso. Cada travessia era um esforço coletivo para manter o Amapá abastecido, conectado e em movimento.
Na década de 1970, o rebocador foi sendo gradualmente substituído por embarcações mais modernas, acompanhando a evolução dos sistemas de transporte. Seu desligamento das rotas não foi apenas um processo técnico: foi o encerramento simbólico de uma era de pioneirismo e coragem.
Hoje, relembrar o Araguary é mais do que fazer memória. É reconhecer a importância de quem navegou contra a maré do isolamento para garantir que o Amapá seguisse em frente. É valorizar os alicerces de um desenvolvimento construído com bravura, persistência e visão de futuro.
Largo da Matriz: o coração histórico de Macapá em uma imagem rara de 1946
A história de Macapá é rica em transformações que refletem o crescimento da cidade, suas tradições e a memória do seu povo. Antes mesmo da criação do Território Federal do Amapá, em 1943, o centro histórico da cidade já guardava vestígios importantes do período colonial e do cotidiano de seus habitantes.
Neste post, resgatamos a memória do Largo da Matriz — ponto central da antiga Vila de Macapá — e sua importância como palco de eventos religiosos, sociais, administrativos e culturais que ajudaram a moldar a identidade local.
Uma raridade histórica: Macapá em 1946
Entre os silêncios que o tempo impõe às cidades, às vezes uma imagem esquecida é capaz de ecoar memórias profundas. Hoje, trazemos uma fotografia rara de 1946 que revela o antigo Largo da Matriz, conhecido inicialmente como Largo de São Sebastião e, atualmente, como Praça Veiga Cabral — localizada no coração histórico de Macapá.
Essa imagem foi resgatada de um documento oficial e mostra um cenário urbano singular, ainda nos primeiros anos do recém-criado Território Federal do Amapá. Originalmente, a fotografia trazia duas pessoas em primeiro plano, mas com o auxílio da inteligência artificial, optamos por destacar apenas o cenário ao fundo — silencioso, imponente e revelador.
Para entender melhor a cena registrada na imagem, imagine-se em frente à atual Biblioteca Pública, olhando na direção da Rua Cândido Mendes, no cruzamento com a Avenida General Gurjão.
Ao centro, vemos o espaço que um dia abrigou a Escola Municipal de Macapá, hoje ocupado pelo prédio da Embratel, ao lado do Teatro das Bacabeiras.
Em frente à grande árvore que aparece na fotografia, acredita-se que foi o primeiro local escolhido para a construção do templo da Assembleia de Deus em Macapá. Porém, a obra foi transferida a pedido do governador, por estar muito próxima da Igreja de São José.
A imagem foi colorizada para destacar seus detalhes e permitir que mais olhos a alcancem, mas guardo com afeto sua versão original em preto e branco — um testemunho da cidade que já foi, e que em parte ainda é.
O antigo Largo da Matriz não é apenas um marco geográfico. Ele foi o ponto vital da vila, o espaço onde a vida acontecia, onde a história local se moldava dia após dia. Que esta imagem seja mais do que uma curiosidade — que seja uma ponte, um convite à lembrança, e uma forma de honrar o tempo e as pessoas que construíram Macapá.
Um lugar, muitas histórias
O Largo de São Sebastião foi demarcado em fevereiro de 1758, durante a fundação da Vila de Macapá, próximo ao igualmente importante Largo de São João. Com a construção da Igreja Matriz de São José, passou a ser conhecido como Largo da Matriz. Em 1924, recebeu o nome de Capitão Augusto Assis de Vasconcelos, em sua homenagem. Atualmente, o local é conhecido como Praça Veiga Cabral — um espaço cuja importância simbólica já estava consolidada muito antes da mudança oficial de nome.
Um olhar sobre o passado
No mesmo quarteirão, funcionaram também a Garagem Territorial e a primeira Usina de Força e Luz da cidade.
Um registro entre o passado e o futuro
Essa imagem é muito mais que uma simples fotografia — é um retrato da transição entre o colonial e o moderno, entre a memória e o futuro. Ao revisitar o Largo da Matriz, revisitamos também uma parte essencial da nossa identidade.
Fonte: Relatório oficial do Governo Janary Nunes, ao presidente Vargas, em 1946.
No dia 28 de junho de 2025, Macapá perdeu uma de suas figuras mais queridas e respeitadas: Thereza Tavares Coimbra, que partiu no dia em que completava 94 anos. Sua trajetória se confunde com a própria história do Amapá, especialmente nos tempos de formação da capital.
A alma da Casa Leão do Norte
Por mais de 40 anos, Thereza dedicou-se ao atendimento no tradicional comércio Casa Leão do Norte, um dos mais emblemáticos pontos comerciais do centro de Macapá. Mais do que vendedora, ela era uma conselheira, confidente e referência para os fregueses, como se dizia carinhosamente à época.
"Ela sabia exatamente onde estava cada parafuso, cada correia, cada peça de motor. Era impressionante. E sempre com um sorriso no rosto."
— relato de Leão Zagury - Médico
Uma família de pioneiros
Filha de José Rosa Tavares e Maria do Carmo Tavares, Thereza fazia parte de uma família numerosa e profundamente enraizada na história do Amapá. Era irmã de nomes marcantes como Zeca Tavares, João do Carmo Tavares (Jangito), Faustino, Biló e Quitéria, esta última também funcionária da tradicional loja dos Irmãos Zagury.
Registros históricos
VISITANDO MACAPÁ - Com as amigas/irmãs Quitéria e Thereza Tavares. Foto by Édi Prado. 2013
"Tive a honra de reencontrar dia 3 de fevereiro de 2012 no consultório do Dr. Paulo Rebelo, as amigas Maria Quitéria do Carmo Tavares, de 86 anos e Tereza do Carmo Tavares Coimbra, de 81 anos. Quitéria trabalhou na fábrica do Guaraná Flip e Tereza por muitos anos foi funcionária da empresa Irmãos Zagury."(Paulo Tarso Barros)
Sarah Zagury -> Thereza Tavares faz parte da história de Macapa.