sexta-feira, 1 de maio de 2015

O Amapá perde um Pioneiro: Morre aos 93 anos de idade Elfredo Távora Gonsalves

Faleceu na madrugada desta quinta-feira, 30 de abril de 2015, em Fortaleza,Ceará o pioneiro, jornalista, escritor e membro da Academia Amapaense de Letras Elfredo Felix Távora Gonsalves.
O corpo foi transladado para Macapá na sexta-feira pela manhã, e o velório foi realizado na capela de Santa Rita, próximo ao Hospital São Camilo. O sepultamento ocorreu às 17h no cemitério de Nossa Senhora da Conceicão, no Centro. Elfredo Távora, como era conhecido, também foi dirigente do PTB, fundador e diretor do Jornal Folha do Povo. No Governo Luiz Mendes da Silva foi diretor da Divisão de Produção (a época equivalente a Secretaria de Agricultura de hoje) e depois diretor da Divisão de Terras e Colonização. Foi chefe da Casa Civil no Governo Nova da Costa.
Fonte: Memorial Amapá (W.Jr.)

Veja o que professor e poeta Paulo Tarso Barros – Presidente da Associação Amapaense de Escritores – Apes, falou sobre ele: 

“Aos 93 anos, muito lúcido e ativo, Elfredo Távora ainda teve tempo de finalizar mais uma obra: "O Amapá de Outrora", cuja editoração está em andamento e certamente em breve haverá a publicação. “
“Tive o imenso privilégio de acompanhar a finalização da obra junto ao autor e sua esposa, Dona Darcy. Tivemos várias reuniões, e ele estava bastante entusiasmado para publicar mais esse trabalho. Mostrou-me as fotos, explicou-me alguns tópicos da obra onde defende algumas ideias sobre o Projeto Icomi e descreve com maestria as riquezas potenciais do Amapá.”
“Elfredo Távora deixa seu nome em destaque na história do Amapá, tanto através de suas atividades como jornalista como de servidor público, pois exerceu alguns cargos relevantes na administração pública. E, com os dois livros, seu testemunho é indispensável para que os historiadores interpretem muitos acontecimentos da nossa História.”

O jornalista João Silva também fala sobre ele:
"No jornalismo e na política, foi diretor de A Folha do Povo, militante do PTB, e militante da oposição histórica aos Nunes no Amapá. No serviço público assumiu cargos importantes, entre outros, foi prefeito, secretario de governo, diretor do Senar, e chefe de gabinete do governador Jorge Nova da Costa. Nas letras, lançou, em 2011, seu livro de memórias intitulado Folhas Soltas do meu Alfarrábio. "
Para Cesar Bernardo de Souza: "Vou pranteá-lo com muito respeito e honra... um dos maiores homens que conheci."
Para o jornalista Euclides Moraes, "Elfredo Távora está imortalizado nos anais da história do Amapá. Um dos líderes da primeira confraria de lutas pela democracia no Estado, digo, antigo Território Federal do Amapá. Com ele estavam Amauri Farias, Binga Uchôa, Zito Moraes, Zeca Serra, Duca Serra e tantos outros que me desculpem a omissão. Foram fundadores do primeiro jornal de oposição à elite dominante, a Folha do Povo. E com esses mesmos bravos fundou o Partido Trabalhista Brasileiro, de Getúlio Vargas.
Elfredo Távora deixou para as gerações que o sucederam uma grande lição. A de que vale a pena lutar pela Democracia. Boa viagem, amigo."
ELFREDO FELIX TÁVORA GONSALVES, filho do Tenente Coronel George Meyer Gonsalves, comandante de Marinha mercante, brasileiro naturalizado, comerciante e proprietário, de grandes seringais no rio Araguari e de D. Hildebranda Távora Gonsalves, cearense de Baturité, filha do Coronel João Franklin Távora, pecuarista, de grandes posses e 1.° Intendente do Município de Amapá, Nasceu em Belém, Estado do Pará, a 14 de janeiro de 1922. Estava com 10 meses de idade quando seu pai faleceu repentinamente, obrigando sua mãe a viajar com seus cinco irmãos para Ilha da Madeira, em Portugal onde seu pai tinha posses, permanecendo ai até aos 20 anos de idade, quando regressou ao Brasil, dedicando-se à exploração dos seringais da família, chegando ao Amapá a 13 de maio de 1943, quando ainda era Município do Pará. Após a criação do Território do Amapá, conheceu o então capitão Janary Gentil Nunes que havia sido nomeado Governador, a quem ofereceu um exemplar do livro "Verdadeiro Eldorado" escrito no ano de 1932, impresso na cidade do Porto, em Portugal por seu tio, o português Alfredo Gonsalves. Até o ano, de 1945 manteve boas relações com o governador do Amapá, mas quando lhe escreveu uma carta relatando fatos que considerava violentos praticados pelo Chefe de Polícia, capitão Humberto Vasconcelos, enquanto S.Exª. se encontrava no Rio de Janeiro, tudo isso mudou, porque: O Governador não deu importância às denúncias e respondeu-lhe com um telegrama agressivo: a partir desse momento começaram as hostilidades por parte do Chefe de Polícia e seus colaboradores. A euforia dos primeiros dois anos de governo começou a esfriar e surgiram os desentendimentos, resultando no afastamento do Dr. Otávio Mendonça, Diretor da Divisão de Educação. Depois foi a briga entre o Chefe de Gabinete, Dr. Paulo Eleutério Filho e o capitão Vasconcelos, atrito esse que mais tarde se acentuou quando ambos militavam na política de Belém, acabando em assassínio de Paulo Eleutério pelo seu oponente. Elfredo Távora criticava abertamente o regime paternalista adotado pelo governo. Surgiu então um manifesto na cidade, atribuído ao amapaense José Serra e Silva, extraordinária figura humana, o qual terminava com o slogan "a terra aos filhos da terra". Esses movimentos foram-se polarizando e acabaram em aglutinação de caráter político, tendo à frente Claudomiro Morais, Benedito da Costa Uchôa, Aurino, ltuassu Borges Oliveira, Aurélio Laranjeira, Jóca Furtado, Antero Furtado, Jeronimo Picanço em Macapá, Américo Saraiva, Chico Távora, Adelino Gurjão, Miguel Monteiro, Quintino Pontes, Horácio Alves e outros, convidados por Elfredo, fundaram o Trabalhista Brasileiro, no TFA, instalado na cidade de Amapá, a 26 de dezembro de 1946. Pressionado pelos homens do governo, fugiu de Macapá, permanecendo alguns meses em Belém, trabalhando na Companhia Telefônica e mantendo estreito relacionamento com a cúpula do PTB, ganhando a simpatia dos dirigentes, principalmente do Deputado Baeta Neves, Senadores Salgado Filho, Ivete Vargas e outros. Em 1950 foi para as ruas fazer a campanha de Getúlio Vargas para a Presidência da República e conseguiu do candidato uma mensagem especial ao povo do Amapá, que foi gravada no Hotel em Belém e transmitida pela Rádio Clube do Pará. Por estranha coincidência, na hora da transmissão, faltou energia em Macapá. Com a eleição do Getúlio Vargas, por força de um acordo político imposto pelo Presidente do PTB, o governo do Amapá nomeou Elfredo Távora para o cargo do Diretor da Divisão de Terras e Colonização. Com a morte de Getúlio Vargas, Elfredo foi entregar o cargo que ocupava, justificando que o acordo político era com o Presidente e esse estava morto. Voltou para oposição e nela se manteve até 1960. Casou-se com D. Maria Darcy Colares, filha do fazendeiro Ernesto Pereira Colares, do Município de Amapá, no ano de 1955, e foi residir em Porto Grande, dedicando-se à exploração agrícola de sua propriedade onde auferia recursos com o arrendamento de seus seringais. Mais tarde, contratado pelo empresário Waldemiro Gomes, foi residir as margens do rio Amapari, próximo à foz do rio Cupixizinho (igarapé dos índios), dedicando-se à compra do minério de cassiterita, Não perdeu o contato com os companheiros de partido e, em 1959, lançou o jornal "Combate" junto com Mário Luiz Barata, Dalton Cordeiro de Lima, Amaury Guimarães Farias, Raimundo Maia, José Araguarino Mont'Alverne, o qual teve duração efêmera. No mesmo ano fundou o semanário "Folha do Povo", assumindo a Direção de toda acompanha oposicionista durante os anos de 59 a 64. Com a chegada do Governador Luiz Mendes da Silva, foi nomeado para o cargo de Diretor da Divisão de Produção, permanecendo até 1967. Elfredo assumiu diversos cargos, citando-se, pela ordem cronológica; Presidente do Diretório Regional do PTB do Amapá; Diretor da Divisão de Terras e colonização; Diretor da Divisão de Produção; Presidente. da ARENA em Macapá; Chefe de Pessoal da ECICEL; Secretário executivo da Cooperativa do BNCC em Brasília. No ano de 1985, convidado pelo Governador Jorge Nova da Costa, assumiu a Chefia do Gabinete, permanecendo até o término do governo, sendo mantido no governo do Coronel Boucinha. Exerceu ainda os cargos de Presidente do Conselho Territorial; Superintendente da SENAVA e Representante do Amapá no Instituto de Altos Estudos da Amazônia. Aposentou-se em 1990 e, com 75 anos de idade, exerceu o cargo de Superintendente do SENAR em Macapá, desempenhando um excelente trabalho. É um dos homens ilustres do Estado do Amapá.
Fonte: Do livro Personagens Ilustres do Amapá - Vol 1 de Coaracy Sobreira Barbosa- Imprensa Oficial - 1997

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