A Foto Memória de hoje,
relembra a figura deste homem simples, que foi um dos primeiros distribuidores
de jornais de outros estados, em Macapá.
Trata-se de Antônio dos Santos de Melo, ou simplesmente
“Velho Melo”, como era popularmente conhecido em Macapá; chegou por lá, entre
1953 e 1954, proveniente da cidade de Cametá, no Pará, onde nasceu filho de Jó
dos Santos Melo e Raimunda do Espírito Santo, no dia 25 de dezembro de 1925,
fixando-se na Avenida General Gurjão, nº 244, “de onde só saiu morto, (...)”,
conta Benedito Melo, um dos seus filhos adotivos.
Antônio Melo ou Velho Melo foi casado com a senhora Mercedes
Furtado de Vasconcelos e os dois, na impossibilidade de terem filhos
biológicos, criaram vários filhos adotivos, crianças que precisavam de um lar,
pessoas que educaram e encaminharam na vida, dentre eles Benedito Melo,
ex-bancário, escrivão de polícia, atleta, funcionário público; Getúlio
Albuquerque de Oliveira, pedagogo aposentado do Estado e Miguel Furtado,
professor de filosofia e língua italiana.
Velho Melo, que foi militante político no Pará antes de
trocar Cametá por Macapá, era muito amigo do gerente da Cruzeiro do Sul em
Belém do Pará, Raimundo Lima, através de quem obteve a representação de A Folha
do Norte, A Província do Pará e a Vespertina; mais adiante trouxe também para
Macapá a representação das revistas Manchete, O Cruzeiro e da Loteria Federal.
Por muitos anos a distribuição de jornais e revistas em
Macapá e a venda de bilhetes da Loteria Federal foi lucrativa, pois na época
não havia bancas de revista, internet e televisão, a concorrência era pouca;
quebrava um galho danado, para lembrar o trabalho do pequeno jornaleiro. A
cidade vivia de olho grudado no céu à espera da chegada da Cruzeiro Sul
trazendo os bilhetes da sorte para quem jogava na Loteria Federal e as revistas
com a informações que todos queriam saber.
Quantos garotos pobres tiveram que começar a trabalhar mais
cedo na venda de jornais e revistas pelas ruas e Avenidas da nossa cidade,
época em que a informação era levada pela mão do menino jornaleiro, que no
final da manhã levava um pouco para casa para ajudar no sustento da família?
Confira alguns ex-jornaleiros ilustres: os Milhomen – Evandro
e Wal Milhomen, Norberto Tavares, Ronaldo, Paulo Sérgio Picanço, Sérgio
Menezes, Wagner Gomes, Gurgelzinho, Herminio Gurgel, José Maria Menezes,
Bonifácio Alves, Lismar Barbosa, Adelmo Ramalho e outros tantos, portanto
médicos, tenente da PM, sociólogo, cantor e compositor, advogados, radialistas,
administrador, um ex-funcionário público e jogador de futebol já falecido,
gente que se virou nos trinta para chegar aonde chegou.
A título de curiosidade, Antônio Melo, foi um dos primeiros
presos do Golpe Militar de 64 no Amapá por razões que nem ele sabia; passou uma
semana preso na Fortaleza de Macapá; foi socorrido e libertado, na época, pelo
advogado paraense José Carlos Castro, que era cametaense e sensibilizou-se com
a situação do seu conterrâneo.
Depoimentos de gente próxima garantem que Antônio Melo era um
homem simples, mas de grande sensibilidade, e foi músico em Cametá antes de vir
para Macapá, tanto que criou por lá a primeira “Jazz Band” do Pará, que se
chamava “Poeira”. Antônio dos Santos Melo, o “Velho Melo”, faleceu no dia 15 de
janeiro de 1988 em Macapá e foi sepultado no Cemitério de Nossa Senhora da
Conceição, no Centro da cidade.
Texto
original, publicado na íntegra, no blog do jornalista, radialista e blogueiro amapaense João Silva, em 15 de maio de 2015.
E, com a devida licença do autor, foi adaptado para publicação no blog
“Porta-Retrato”.
Fonte: Blog do João Silva
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