segunda-feira, 5 de março de 2018

Memória da Cidade de Macapá: Os fantásticos padres motoqueiros

Por Nilson Montoril
No início da década de 1950, os habitantes do Amapá passaram a ver velozes motocicletas trafegando pela BR-156 em demanda de Porto Grande, Ferreira Gomes, Fazendinha e Amapá, lugares para onde progressivamente se estendia a citada rodovia. Seus condutores eram sacerdotes italianos católicos que cumpriam missões nos lugares em referência que há algum tempo se ressentiam da presença de padres residentes. 
A marca das motos ficou famosíssima entre os amapaenses: Moto Guzzi. 
Pe. Angelo Biraghi (foto maior), Pe. Vitório Galliani (acima) e Pe. Salvador Zona (embaixo)
Não havia um cidadão capaz de ignorar a passagem das belas e rápidas motos e seus habilíssimos pilotos: Ângelo Pighin, Ângelo Biraghi, Simão Corridori, Vitório Galliani, Salvador Zona e outros que vieram da Itália anos depois.
A Moto Guzzi é uma marca famosa de motocicleta fabricada pela “Societá Anônima Moto Guzzi” fundada em Mandello Del Lario em 15 de março de 1921, graças ao empenho de Carlos Guzzi (idealista e construtor do primeiro modelo), Giovanni Ravelli e Giorgio Paroli, pilotos de avião e o terceiro mecânico de aviação. A ideia de fundar uma fábrica para produzir e vender motocicletas surgiu no decorrer da I Guerra Mundial, época em que os amigos serviam no Corpo Aeronáutico Militar da Itália. Após o encerramento do grande conflito armado a pretensão dos três permaneceu ativa. Giovanni Ravelli, famoso piloto e mecânico foi o único que permaneceu na aviação e acabou morrendo em um acidente aéreo. Sua ausência foi preenchida por Ângelo Paroli, irmão de Giorgio. Os irmãos Paroli integravam uma rica família genovesa que se dispôs a financiar a fabricação das motos.
(Imagem: Reprodução web)
O primeiro modelo da Moto Guzzi apresentou como logotipo uma águia de asas abertas, símbolo que ainda hoje é preservado. A águia plainando no ar é uma homenagem a Giovanni Ravelli. 
As Motos Guzzi que os padres italianos usaram no Amapá tinham sido fabricadas em 1950, tinham de 250cc a 350cc. Podiam desenvolver até 240 km por hora. Os padres motoqueiros percorriam o chão do Amapá em todos os sentidos desde que o terreno permitisse o tráfego dos veículos. O acesso para várias localidades interioranas foi iniciado por eles. As máquinas da Divisão de Obras só beneficiaram a trilha muito tempo depois. Jovens e bem afeiçoados, os padres motoqueiros faziam as moças amapaenses suspirarem quando eles passavam envergando equipamentos próprios de pilotos de corrida. Nem tudo ficou no plano da encarnação. 
O Padre Salvador Zona, por exemplo, acabou largando a batina para casar com a professora Nazaré Braga. O Padre Simão Corridori foi o único a falecer em um acidente ocorrido na Rua Leopoldo Machado, próximo à Avenida Padre Júlio Maria Lombaerd. Ele era o diretor do Orfanato São José, localizado na Ilha de Santana, e para lá se dirigia quando foi brutalmente atingido por um caminhão frigorífico da Indústria e Comércio de Minérios S.A., ficando preso entre as rodas trazeiras do veículo. Retirado ainda com vida, o Padre Simão sobreviveu por três dias no HGM.
Texto de Nilson Montoril, publicado originalmente no jornal Diário do Amapá, na edição de 19/8/2017. 
Fonte: Diário do Amapá

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