quarta-feira, 13 de novembro de 2019

Foto Memória de Macapá: Sr. MAMED, um dos pioneiros da arte fotógráfica de Macapá

AHMED MAMED, este é o nome do personagem homenageado, hoje, pelo blog Porta-Retrato. Falando assim, muita gente pode não saber de quem se trata.
Era um dos primeiros da cidade: “RETRATISTA (fotógrafo)! Isto mesmo! Surgiu nas plagas amapaenses, antes dos irmãos Cruz, (do saudoso Foto Cruz), ou dos irmãos Uchôa, (do Foto Lumiére), no Centro da cidade, sem contar com os Irmãos Marinho, no barro do Trem, entre outros que chegaram depois.
Seu Mamed - como era conhecido na cidade - foi um Lambe-lambe: fotógrafo ambulante que exercia a sua atividade nos espaços públicos como jardins, praças, feiras.
“O Lambe-lambe desenvolvia seu trabalho com uma câmera-laboratório: uma caixa de madeira com uma lente apoiada num tripé. A câmera era dividida em duas partes, sendo que a inferior continha os dois banhos, revelador e fixador, que eram utilizados ao mesmo tempo, para o processamento químico de filmes e papéis. As fotos eram reveladas ali mesmo, quase que instantaneamente, o que dava ao fotografo uma mobilidade incrível, uma vez que não precisava mais se deslocar ao laboratório para revelar os filmes.” (Blog Lambe-lambe digital)
Pelo nome pode-se notar que Seu Mamed era de origem árabe. Ele nasceu dia 7 de novembro de 1895, em Damasco, capital da Síria, uma nação localizada no Oriente Médio, mais especificamente no Sudoeste da Ásia.
Filho de Mamed Ganem e Vanda Ganem.
Após a 2ª Guerra Mundial, Ahmed Mamed veio para o Brasil. Passou por São Paulo, Rio de Janeiro e fixou-se em Aracati, um município do estado do Ceará, a 150 km da capital cearense Fortaleza, onde conheceu Dona Laura Barbosa Mamed com quem se casou e teve 16 filhos, sendo 14 homens e duas mulheres. Depois de algum tempo foi para Belém do Pará.
Devido a proximidade da cidade de Macapá, ele acabou indo bater fotos dos macapaenses, durante uma Festa de São José, na capital amapaense.
A falta de fotógrafos na cidade, obrigava a empresa ICOMI - que estava sendo implantada no Território - a procurar profissionais em Belém para completar fichamento dos candidatos a serem admitidos para os trabalhos operacionais em todo seu complexo projeto.
Ciente dessa dificuldade, Seu Mamed, que estava em Macapá, foi procurado pela empresa e imediatamente contratado para prestar esse importante serviço àquela mineradora.
Bateu inúmeras fotos dos fichados, principalmente nas regiões de Porto Grande e Serra do Navio.
Durante sua breve estada por Macapá ele sentiu a urgente necessidade que a cidade tinha, da presença de um fotógrafo, para atender à população local.
Foi aí que seu Mamed, ao voltar para Belém resolveu transferir-se, em maio de 1954, com armas, bagagens e a família, para fixar residência em Macapá e montar negócio no ramo da fotografia.
Segundo o jornalista Ernani Marinho, nessa época só existia em Macapá o Seu Daniel, um funcionário público que prestava esse serviço à população através do Foto Daniel situado na presidente Vargas, praça da Matriz, à época, ao lado do beco das Pernambucanas, também conhecido como "Beco do Abieiro".
Inicialmente Mamed montou um ponto em frente ao Café Canarinho, na Rua Cândido Mendes, depois atravessou para a calçada do Frigorífico Municipal, que ficava em frente, próximo ao Mercado Central, onde permaneceu até os anos 60, quando ficou muito doente.
Seu Mamed ajudou muitos outros pioneiros, tanto seus patrícios imigrantes do oriente médio (turcos, sírios e libaneses) que lá chegavam, quanto outros brasileiros que buscavam nova forma de vida rentável, e que se constituíram nos primeiros comerciantes do recém criado Território Federal do Amapá, entre eles os Irmãos Guilherme e Humberto Cruz, filhos do pioneiro Mário Cruz, comerciante ribeirinho que encontrou as primeiras pedras de manganês na região de Serra do Navio.
Após alguns anos em Macapá, Mamed, acometido de sérios problemas de saúde, foi obrigado a abandonar sua atividade.  O filho Mamed Barbosa Neto, assumiu a profissão, até a morte do pai dele em 21 de janeiro de 1968, aos 72 anos.
Dona Laura, nascida em 25 de outubro de 1921, faleceu em 21 de janeiro de 2016, com 94 anos, em Belém/PA, coincidentemente, mesma data do falecimento de seu marido, há 48 anos.
Dos filhos do casal estão vivos 5 homens e duas mulheres:
Mamed Barbosa Neto; Azizo; Vanda; Belém; Bazet; Sâmia e Eliezer, todos com sobrenome Barbosa Mamed, na faixa etária dos 60 aos 75 anos.
Ahmed Mamed está sepultado, no Cemitério de São José, no Centro de Macapá, em jazigo da família.
Dona Laura, descansa em Paz no cemitério Max Domini, em Belém do Pará.
Registro fotográfico da produção dos retratos para documentos no Rio de Janeiro (RJ). 
Fonte: FRÓES, Leonardo. Lambe-lambe. Rio de Janeiro: Secretaria Estadual de Cultura, 1978.
MAS,   POR QUÊ, LAMBE-LAMBE?
É importante, explicar para a geração das selfies, que a origem do termo é porque se lambia a placa de vidro para saber qual era o lado da emulsão ou se lambia a chapa para fixá-la. As circunstâncias exigiam tempo mínimo de lavagem e mínima quantidade de água. Aí, para garantir a qualidade do trabalho, eles tocavam a língua nas fotos durante a lavagem para avaliar a qualidade da fixação e da própria lavagem. Os clientes e passantes que viam aquela cena não podiam entender por que aquele homem a cada instante "lambia" as fotografias.
A História conta, que os fotógrafos ambulantes surgiram nas primeiras décadas do século XX, trabalhando em praças e parques. Eram quase sempre procurados para registrar momentos especiais, familiares ou para tirar retratos para documentos do tipo 3x4.
Eles usavam um equipamento fotográfico, conhecido como máquina-caixote, que era revestido com couro cru, madeira ou metal e coberto na parte posterior com uma espécie de saco negro, com três aberturas: dois orifícios para os braços e um para enfiar a cabeça na hora de bater e revelar as fotografias.
Além de ser utilizada para o registro fotográfico, também servia para mostruário, com as laterais cobertas de fotos.
Eles batiam a foto e revelavam na câmara escura da própria máquina.
Para se obter uma fotografia convencional eram essenciais o processo de revelação, fixação e lavagem.
A secagem acontecia ao ar livre com as fotos penduradas em um cordel, fixas por um prendedor de roupas. (Wikipédia)
Para a montagem dessa biografia contamos com a colaboração de Azizo Barbosa Mamed, filho do biografado.
 (Post atualizado em 24/01/2020 às 23h30m)

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