quarta-feira, 20 de abril de 2011

Ele também passou pelo Amapá: Nunes Pereira

Manoel Nunes Pereira, também conhecido como Nunes Pereira - autodidata, indianista e escritor maranhense,  nasceu em São Luis do Maranhão em 26 de junho de 1893.
Como indianista, percorreu, em seus 40 anos de técnico do Ministério da Agricultura, toda a Amazônia, estudando, pesquisando.
(Reprodução de livro)
Foi um antropólogo e ictiólogo que viveu grande parte de sua vida em Manaus, e, posteriormente, na cidade do Rio de Janeiro, tendo viajado seguidamente ao interior da Amazônia
Foi, ao lado de escritores como José Chevalier,Péricles de Moraes e Benjamin Lima, um dos fundadores da Academia Amazonense de Letras.
(Reprodução de livro)
Nunes Pereira foi veterinário do Ministério da Agricultura até a sua aposentadoria e teve alguns de seus opúsculos científicos editados pela Div. de Caça e Pesca do M.A. (O pirarucu, A tartaruga verdadeira do Amazonas e O peixe-boi da Amazônia, tendo sido este último artigo científico publicado, em 1944, no Boletim do Ministério da Agricultura).
Escreveu diversos livros, sendo a sua obra mais conhecida Moronguetá - um decameron indígena, conjunto monumental de pesquisas, apresentado por Thiago de Mello (dois tomos), onde constam reproduções de páginas de cartas a Nunes Pereira emanadas de cientistas sociais como Roger Bastide e Claude Lévi-Strauss. Com esses estudiosos o antropólogo maranhense-amazonense travou contato pessoal, quando da passagem deles pelo Brasil.
(Reprodução de livro)
Carlos Drummond de Andrade escreveu, no Jornal do Brasil, uma crônica sobre o autor de Os índios maués, um dos primeiros pesquisadores mestiços brasileiros - era cafuzo, descendente de índios, negros e brancos - a obter reconhecimento científico internacional.
Foi casado com a Sra. Maria Nunes Pereira, de quem enviuvou quando estava com mais de 80 anos de idade, tendo o casal deixado numerosa prole, entre filhos, netos e bisnetos.
Faleceu em 26 de fevereiro de 1985, aos 92 anos.
Um dos amigos - Ulysses Bittencourt (foto menor) - com quem conviveu, escreveu o artigo do qual transcrevemos alguns trechos abaixo, por ocasião da morte de Nunes Pereira:
(Foto: Reprodução)
Com seu jeitão boêmio, bom bebedor que foi até findar-se aos 92 anos, Manoel Nunes Pereira, na realidade, era um estudioso metódico, um pesquisador obstinado e pertinaz. Tendo abandonado o curso de Direito, a partir daí tornou-se autodidata. Além do português, do tupi-guarani, nheengatu, dominava o inglês, o francês, o alemão e o italiano. Mantinha intercâmbio verbal ou por correspondência com os mais importantes nomes da cultura brasileira e estrangeira. Foi a síntese perfeita do homem brasileiro: branco, preto e índio. Ele mesmo dizia ter “os cabelos do português, as feições do índio e o tom de pele mulato herdado de minha mãe”. Daí ser recebido em todos os ambientes com alegria. ... De vez em quando, Nunes Pereira era tema de extensas reportagens em jornais, revistas e entrevistas na televisão. Guardo três dessas reportagens de O Globo, uma de 1974 e duas outras de 1975 e 1977. Em artigo do Jornal do Brasil, disse dele Carlos Drummond de Andrade: ”Homem de ciência agudamente provido de sensibilidade e visão humanística, eis o que é o caboclo maranhense Nunes Pereira. Daí seu livro soar um som claro, alegre, sadio, jamais instalando tédio pela informação indigesta”. ... Um sábio que era, morreu pobre, despojado e simples como sempre viveu, respeitado pela grandeza de sua obra e pelas cintilações de sua presença em qualquer meio.(por Ulysses Bittencourt (1916-1993) em “A partida do velho amigo” (7 de março de 1985)).
Fontes: Wikipédia
Com colaboração e contribuição do amigo e historiador Edgar Rodrigues.
Fotos: monstrando o trabalho de Nunes Pereira nas tribos da Amazônia - contribuição do amigo e escritor Paulo de Tarso Barros.

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